Mulheres no Poder, de Gustavo Acioli


O poder é o camaleão ao contrário: todos tomam a sua cor.
Millôr Fernandes 

Alçado por um argumento bem humorado e analítico do cenário político no país, o roteirista e também diretor, Gustavo Acioli, compartilha junto ao público o seu mais novo longa, Mulheres no Poder. Com distribuição da Downtown e também da Paris Filmes, a película rodada com o recorte político de Brasília, traz as atrizes Dira Paes e Stella Miranda na pele de duas mulheres influentes, no congresso nacional, que ao acertar um conchavo para burlar um processo licitatório revelam um futuro não muito diferente do presente. A produção, que chega aos cinemas esta quinta-feira (27), tem ainda em seu elenco: Gabrielle Lopez, Milena Contrucci Jamel, João Velho, Paulo Tiefenthaler, Susana Ribeiro, Roberto Maia, Totia Meireles, Chica Xavier, Elisa Lucinda e Rogéria.


A trama começa a dar seus passos em uma realidade futurística onde as mulheres assumiram todos os cargos públicos de poder. Por lá, estas fazem e são a lei - tal qual os políticos que ocupam nossa realidade cotidiana. Elas, inclusive, legitimam projetos que tem carga de relevância minúscula para o povo, fazem troca de favores, usam o conhecido 'jeitinho brasileiro' na resolução dos pepinos e mostram atitudes familiares a do sexo que outrora fora dominante no palanque.

A atriz Dira Paes vive a senadora Maria Pilar, estadista de pouca experiência que não demora a aprender como o jogo das cadeiras funciona, no congresso. A sua staff é composta por Laila (vivida pela atriz brasiliense Gabrielle Lopez) uma assistente ambiciosa que vai em busca do que quer, e também o motorista George (interpretado pelo ator João Velho), a personificação do' laranja' no enredo. A senadora, ávida em angariar fundos para beneficio próprio, se aproxima da Ministra Ivone Feitosa (Stella Miranda) para ter informações sobre a licitação do projeto 'Brasil Brasileiro', mas é orientada pela chefe de Estado a procurar a secretária-executiva do ministério, Madalena (Milena Contrucci Jamel), para acertar todos os detalhes da armação. Contudo, o resultado do jogo, que já tinha sido definido, se altera quando agentes não beneficiados do plano percebem que podem virar a mesa.


O filme tem um tom de TV mesclado ao cinema. Sua dosagem de piadas e sacadas traz reflexão e indaga o quão atual a trama é e pode ser, se analisada com profundidade - ainda mais neste momento que o pais vive. Também chama a atenção pelo fato das mulheres terem um papel reverso e não significar mudança em muita coisa, principalmente no caráter de cada um e é ai que a ferida dói. Afinal, se tem algo que precisa ser idealizado e fomentado pela sociedade brasileira é a mudança do pensamento. Das atitudes. Do dizer chega de pequenas corrupções. E, isto, Acioli questiona com fundamento quando ironiza a situação, como um todo, e compara um futuro não tão distinto do presente.  

O diretor e roteirista,  que esteve presente durante a coletiva de imprensa, realizada após a sessão do longa, imprime sua carga de referências com clareza. Faz uso também de uma linguagem popular e repleta de jargões que deixa o longa acessível ao entendimento popular, sem que se precise consultar os manuais técnicos para provas do Cespe.

Durante a coletiva, Acioli mencionou que adora o trabalho com o elenco, fator que se torna perceptível pelo entrosamento do mesmo. Dira, que é vista em quase todas as cenas do filme, está ótima e bate na cara dos amigos e inimigos, com prazer! Stella, abrilhanta a tela com uma interpretação muito viva de 'chefas de alto escalão' e revelou se inspirou nos 'políticos da velha guarda' para se jogar em cena ( do tipo que se vê em o Bem Amado), Gabriella e Milena também tem um crescimento visível na película, mas é João Velho, Roberto Maia e Paulo Tiefenthaler (Larica Total) que trazem o humor às cenas. As participações de Rogéria, Totia Meireles, Susana Ribeiro e Elisa Lucinda, são complementares e pitorescas. E tem uma participação mínima de Arlete Sales - é quase um bônus das cenas, abra bem o olho que dá pra perceber!

Sente-se falta de uma trilha sonora mais acentuada, mas as externas em Brasília, mostrando a fotografia da esplanada dos ministérios e o eixo, se tornam um outro atrativo do filme. O figurino formal, condiz bem com as normas dos órgãos públicos e ajuda o telespectador a contextualizar  a realidade.

Ficha Técnica: Mulheres no Poder, 2015
Direção e Roteiro: Gustavo Acioli. Elenco: Dira Paes, Stella Miranda, Gabrielle Lopez, Milena Contrucci Jamel, João Velho, Paulo Tiefenthaler, Susana Ribeiro, Roberto Maia, Totia Meireles, Chica Xavier, Elisa Lucinda e Rogéria. Produção: Lavoro Produções. Produtora: Lara Pozzobon. Produção Executiva: Lara Pozzobon e Luiz Alberto Gentile. Direção de Fotografia: Pablo Baião e Pablo Hoffmann. Direção de Arte: Elsa Romero e Júlia Pina. Figurino: João De Freitas Henriques. Maquiagem: Evelyn Barbieri. Montagem: Luiz Guimarães De Castro. Desenho de Som e Mixagem: Ricardo Cutz. Som Direto: Rodrigo Maia. Trilha Sonora: Lucas Marcier e Fabiano Krieger. Direção de Produção: Ciça Bertoche. Produção Brasília: Cor Filmes. Pós-Produção de Imagem: Afinal Filmes. Abertura e Créditos Finais: Bruno Ribeiro. Coprodução: Afinal Filmes e Canal Brasil. Distribuição: Downtown Filmes e Paris Filmes. Duração: 93 min.

Trailer



Avaliação: Tão real quanto os três milhões de processos referente à desvios de verba pública e uma leve mistura de palhaçada com seriedade!  Vale sua atenção pela reflexão !


HOJE NOS CINEMAS!!!!!!!!!!

See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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