segunda-feira, 26 de junho de 2017

Um Instante de Amor, de Nicole Garcia


Quando se trata de cinema, não podemos ser preconceituosos e dizer - "Desta água não beberei". Tenho aprendido isto ultimamente! Não sou muito fã de romance...Não gosto de filme francês...OK! Mordi a língua. rsrsrs

Um instante de Amor  (Mal de pierres - Editorial Presença) tornou conhecida Milena Agus, professora de Italiano e História de um Instituto Técnico de Cagliari, na Sardenha. Os direitos foram vendidos para países como França, Alemanha, Espanha, Holanda, Argentina e Israel e ganhou vários prêmios até que finalmente chegou ao cinema dirigido por Nicole Garcia com Marion Cotillard, Louis Garrel e Alex Brendemühl nos papéis principais.

O título original - Mal de pierres - se refere ao "mal das pedras", quer dizer, os cálculos renais, doença que atormenta a vida da protagonista Gabrielle (Marion Cotillard), uma bela mulher que vive com a família na França dos anos 50 em uma sociedade rural. As voltas com suas fantasias sexuais nada de acordo com o que se espera de uma mulher daquela época, mas sem grande sucesso com os homens.

Trailer  


Considerada louca pela família e cada vez mais perturbada pelos acessos de dor, Gabrielle é obrigada a se sujeitar a um casamento arranjado por sua mãe com o pedreiro José (Alex Brendemühl) no intuito de aplacar seu furor e problemas psicológicos, numa alusão clara ao mito da mulher histérica. Após um aborto espontâneo e constatada sua doença, Gabrielle é mandada para um tratamento de 6 semanas em um balneário nas montanhas. Lá conhece o tenente André Sauvage (Louis Garrel) que está a beira da morte. Gabrielle se apaixona por fantasias de um amorideal - ora a Deus "me dê a coisa mais importante ou me deixe morrer". Assim vive uma paixão ardente como nunca havia experimentado com o marido, ao som de La Barcarole de Tchaikovsky.

Se você gosta de romance e belas imagens este é o filme para você. A fotografia é linda e foi indicada a prêmios.Mas como todo grande amor um dia chega ao fim, Gabrielle vê seu tratamento terminar e é hora de voltar para sua bela casa e seu marido, que faz de tudo para agradá-la.

E é aí que a história tem o momento "OH!!!" que surpreende. Assista e verá.

Para mim, a narrativa terminaria aí, sem grandes explicações. Ficou um pouco longo demais e se arrasta além do necessário, mas nada que comprometa a trama.


Ficha Técnica
Título Original: Mal de Pierres | From The Land Of The Moon. Nacionalidade: França, 2016 | Duração: 120 min. Genero: Drama - Romance. Direção: Nicole Garcia. Roteiro: Nicole Garcia, Jacques Fieschi. Baseado no romance de Milena Agus. Elenco: Marion Cotillard, Louis Garrel, Àlex Brendemühl. Distribuição: Mares Filmes

Resumindo: Uma bela história de amor romântico. Não de Gabrielle, mas sim de José, que mesmo humilhado e ignorado faz tudo pelo amor de sua esposa e filho.
 
EU QUERIA QUE VOCÊ VIVESSE. 
Essa frase define o romance.

Assista e entenda!!!

29 de Junho no cinemas.

Por Helen Nice 

sexta-feira, 23 de junho de 2017

The Handmaid’s Tale



“Nolite te bastardes carborundorum”

Em 1985, foi publicada a obra “The Handmaid’s Tale” da canadense Margaret Atwood (lançado no Brasil pela editora Rocco como “O Conto da Aia”). O livro foi muito bem recebido pelos críticos, tendo ganhado vários prêmios literários, e pelo público, nunca tendo saído de circulação. Porém, houve alguns detratores que afirmavam que a distopia “era muito irrealista, afinal, a humanidade havia alcançado um estado semipleno de liberdade individual. Era impossível voltar atrás”. Em entrevistas para a promoção da mais recente adaptação do livro, Atwood declarou que hoje isso é algo que ela não escuta mais. A realidade retratada na obra não parece mais tão impossível de acontecer e isso é absolutamente assustador. 

A série, que teve 10 episódios em sua primeira temporada e foi transmitida nos Estados Unidos pelo serviço de streaming Hulu (ainda sem disponibilidade no Brasil), se passa em um futuro onde um grupo extremista de direita se apossou do poder nos Estados Unidos e instaurou um regime totalitário e teocrático, onde as mulheres basicamente não têm mais direito nenhum. Elas não podem votar, expressar opinião política, andar sozinhas na rua e nem mesmo ler ou escrever. Homossexuais são assassinados como "traidores do gênero" e o sistema judiciário é baseado em interpretação literal bíblica. Nesse futuro, a poluição e o excesso de químicos fez com que a infertilidade se tornasse uma epidemia e por isso as poucas mulheres férteis são coletadas, feitas concubinas e distribuídas nas casas dos lideres do governo para gerarem filhos para eles. A cada mês, elas são estupradas pelo senhor da casa (embora, obviamente os cidadãos crentes no regime de Gilead não vejam tal prática como estupro), enquanto as esposas assistem passivas ao ato. As handmaids (aias, na versão brasileira do livro) até mesmo perdem o nome, sendo conhecidas pelo nome do senhor a quem pertencem. A protagonista da série é uma dessas handmaids, June (que mais tarde recebe o nome de Offred > of Fred > do Fred), que ao tentar fugir no começo da ocupação teve seu marido baleado e a filha sequestrada pelo governo. Ela segue a rotina de uma handmaid, obedecendo à família a quem foi designada e às leis absurdas do governo de Gileard. Porém, por trás de toda submissão, ela nutre um sentimento revolucionário de revolta e a esperança de um dia recuperar a filha e sua dignidade.



Não vou mentir, The Handmaid’s Tale não é uma série leve e "prazerosa" de ser assistida. Coração não vai ficar quentinho aqui não. Acompanhar a série é uma experiência desconfortável e visceral, mas é maravilhosa. E extremamente importante. Sério mesmo, gente. Há muito tempo não via algo que me impactava tanto. A cada episódio, eu sentia cada pelo do meu corpo arrepiar. Claro, é uma distopia. Gileard não existe. Mas muito do que é retratado aconteceu e acontece mundo afora. Nas próprias palavras da Margaret: “eu não coloquei nada no livro que não tivesse acontecido alguma vez, em algum lugar. Ou que não estava acontecendo antes; e agora”. A relevância da história é completamente apavorante. E o pior é que muitos de nós fechamos os olhos enquanto o estupro se torna cada dia mais banalizado, homossexuais são aprisionados em campos de concentração na Chechnya, garotas de oito/dez/doze anos são forçadas a casamentos, transexuais são espancadas e mortas(os) simplesmente por assumirem suas verdadeiras identidades, mulheres em algumas partes do mundo têm suas partes intimas mutiladas e a liberdade individual é cada dia mais e mais violada. A série (e o livro) serve com um grande despertar para que entendamos que é preciso estar antenado. É interessante como, na trama, o grupo extremista foi crescendo aos pouquinhos, conseguindo conquistar mentes vulneráveis e se aproveitando do ceticismo de parte da população que achava que seus direitos estavam garantidos para sempre. Tem uma cena (e peço perdão pelo pequeno spoiler) que para mim foi muito poderosa na qual, em flashback, mostra as mulheres em uma passeata protestando contra a lei que acabara de entrar em vigor que as proibia de trabalhar. Policiais invadiram as ruas, mas elas continuaram avançando. Afinal, elas pensavam, eles não teriam coragem de partir para violência, não é mesmo? As balas deviam ser de borracha. As bombas de efeito moral. Protestar é um direito. Mas o mundo já tinha mudado, mesmo sem que elas estivessem cientes disso. Os policiais começam uma verdadeira chacina. Foi aí que todos viram que os direitos humanos e a Constituição do país que antes era visto (pelos americanos neh) como “the greatest country in the world” já era. Não tinha volta. É por isso que é preciso - hoje - estarmos atentos para o que ocorre nas paredes do congresso nacional. E ao que acontece no mundo. É preciso proteger não só seus direitos, mas também os daqueles que são diferentes de você.

Mas a série não vale a pena só por seu contexto social. É também um deleite narrativo e áudio-visual. A trilha sonora traz músicas contemporâneas que embalam momentos icônicos e deixam tudo ainda mais emocionante. A ambientação, o figurino e a fotografia são muito competentes em criar um clima frio, opressor e assim transportar o telespectador para Gilead. O texto também é excelente. Inclusive os roteiristas foram muito felizes em suas escolhas narrativas. Um exemplo é a escalação de atores de diversidade étnica inclusive para papéis chaves da trama. No livro, entre outros absurdos, o governo de Gilead exilou toda população que não fosse branca. Porém, os produtores perceberam que manter tal configuração na série, faria dela uma produção racista. Por falar nos atores, que elencão da p*! A começar pela protagonista da série, Elisabeth Moss (Mad Men), que é sem dúvidas uma das atrizes mais talentosas da sua geração e merece um Emmy pra ontem. Mas todo o elenco brilha na tela: Yvonne Strahovski (Chuck), Ann Dowd (The Leftovers), Samira Wiley (Orange Is The New Black), Joseph Phines (Shakespeare Apaixonado), Madeline Brewer (Hemlock Grove), O-T Fagbenle (Looking), Max Minghella (The Mindy Project) e até mesmo Alexis Bledel (Gilmore Girls), que até então eu achava que era uma atriz bastante mediana, mas aqui protagoniza cenas agonizantes e heartbreakings, sobretudo no terceiro episódio, e tem um desempenho memorável. 


O post ficou gigantesco e mesmo assim ainda poderia dar mais mil razões do porquê The Handmaid’s Tale é imperdível, mas vou parar por aqui. Espero que vejam e assim se sintam motivados a lutar para que Gilead nunca se torne real.

TRAILER

O Jardim de Bronze



Quando achávamos que já estava difícil de colocar todas nossas séries em dia, chega a HBO com  esse tiro  “O Jardim de Bronze”, sua nova produção original de suspense argentina! Quem está preparado para este novo vício?!


Inspirada no livro “El Jardín de Bronce” de Gustavo Malajovich, a série de oito episódios produzida pela HBO Latin America e Pol-Ka Producciones estreia neste próximo domingo, dia 25 de junho! 

O Jardim de Bronze é uma série de suspense que nos mostra a tensão vivida pelo arquiteto e pai de família Fabián Danúbio (Joaquín Furriel) ao se deparar com o misterioso e repentino sumiço de sua filha de quatro anos, a pequena Moira. Todo esse clima de suspense acontece enquanto ele e sua esposa, Lila Danúbio (Romina Paula), vivem momentos de dificuldades em seu relacionamento.

A história promete ser bem viciante e misturar elementos de investigação policial e suspense que já estamos acostumados a ver e a gostar. O diferencial é justamente trazer essa produção para a América Latina. Vamos conhecer Buenos Aires de uma maneira que nunca vimos antes. Acredito que vai bater aquela curiosidade de visitar os hermanos para conhecer os sets de gravação!


Trailer



Mas o que podemos esperar da série? E o que posso contar sem dar spoilers, hehe…

Olha, o primeiro episódio termina com aquele gostinho de “OMG, COMO ASSIM ACABOU AGORA?” Então, se preparem…

Os personagens são bem desenvolvidos, os atores tem uma qualidade muito boa, os cenários são lindos, a música chega no momento certo, a história é bem construída, nossa, muitas qualidades!

A gente consegue perceber que os personagens tem uma uma profundidade tanto em seu passado, quanto em sua estrutura psicológica. Acho que esse elemento de drama e suspense emocional agregam aspectos bem interessantes para a narrativa.

A estética que vemos na tela vai se adaptando para cada cena. É bem legal perceber que teve um cuidado em adequar o que vemos na imagem com o que sentimos da história. Ah, reparem no uso dos espelhos, algumas cenas se compõem lindamente com esse artifício e fazem a gente pensar: como é bonito de se ver isso bem feito! Pontos para a direção de fotografia! Hahahaha.

Sobre a trilha sonora, dá pra dizer que eles tem um ótimo timming. Ela entra em momentos certos para deixar a gente com aquela tensão e certamente fazem a série ter uma fluidez muito boa! Nem parece que já se passaram 60 minutos.

Foram tantas surpresas boas vinda de uma produção nova que bate aquele orgulho dos nossos vizinhos! Acho que é uma série que certamente vai ter uma ótima repercussão para os amantes de suspense!



Ah, uma coisa que fiquei pensando sobre a série e que estou doido para ver o próximo episódio é sobre qual é a pegada do suspense? Existem alguns elementos na história que levantam uma dúvida se a série é estritamente realística ou se possui algum traço de ficção fantástica… Mas isso eu deixo aberto e quero saber de vocês. Depois de domingo, comentem aqui o que acharam!

No mais, só posso dizer: CHEGA LOGO DOMINGO!

Avaliação: 4 jardins cheios de suspense! (4/5)

Ficha técnica
Direção: Hernán Goldfrid e Pablo Fendrik
Roteiro: Marcos Osorio Vidal com Malajovich
Direção de Arte: Marcelo Salvioli
Produção Executiva: Luis F. Peraza, Roberto Ríos, Paul Drago e Néstor Hernández (HBO Latin America Originals) e de Adrián Suar e Diego Andrasnik (Pol-Ka Producciones).









quinta-feira, 15 de junho de 2017

Baywatch: SOS Malibu (3D)



Guarda-vidas com roupas coladas e corpos esculturais no padrão midiático: esse é Baywatch. Mitch Buchannon começa a treinar os três novos integrantes da equipe, à medida que descobre um crime que tem acontecido com frequência na praia de Malibu. Muito "devoto" ao próprio trabalho, não se contenta em apenas salvar vidas de quem está se afogando ou foi ferido por uma água-viva (entre outros animais que o nome não me vem à mente) e tenta solucionar o caso.

Dirigido por Seth Gordon (Quero Matar Meu Chefe), o novo Baywatch conta com o The Rock Dwayne Johnson (Velozes e Furiosos 6) e o Troy Bolton Zac Efron (High School Musical) no protagonismo. Acompanhando os saradões guarda-vidas, estão a mulher dos olhos hipnotizantes Alexandra Daddario (Percy Jackson), Kelly Rohrbach (Café Society), Ilfenesh Hadera (Oldboy: Dias de Vingança) e Jon Bass (Loving). Ah, e é claro, no papel da não convincente vilã está Priyanka Chopra (Quantico).



O filme até que consegue proporcionar uma grande quantidade de risadas. As referências a Grey's Anatomy, High School Musical (que fica melhor ainda, já que o Zac Efron faz parte do elenco), Jonas Brothers, New Kids on the Block, One Direction, Justin Bieber, Breaking Bad e muitas outras são diversão garantida para quem as conhece. O longa-metragem tenta, quase que o tempo todo, ser engraçado. Assim como consegue às vezes, também sabe ser muito forçado outrora. Tem uma cena com teor pornográfico que é prova disso.

As mulheres do elenco são desnecessariamente objetificadas, inclusive com os movimentos de câmera e quantidade de frames. Tá, ok, haters alguns fãs poderão dizer que Efron e Johnson também têm os corpos exaltados em certos momentos. No entanto, meu caro, não é nada, se comparado ao que ocorre com as mulheres. Ao mesmo tempo em que a direção faz isso, o roteiro aparentemente tenta compensar (ou balancear, talvez) com o aparecimento de um certo girl power das personagens. Mas não, not enough, my friend não funciona e não convence. 


Por falar em elenco, Dwayne Johnson não faz além do mesmo de sempre; Zac Efron se esforça demais, mas não chega em um bom resultado. E ambos dão agonia de olhar, porque esses tanquinhos tão apavorantes, de verdade. Alexandra Daddario, como usualmente, entrega um trabalho que até dá um leve prazer de ver. Só que o grande destaque mesmo é Jon Bass, que interpreta o cômico Ronnie. Um ponto interessante deste Baywatch, inclusive, é dar espaço para atores iniciantes no mundo cinematográfico, como também são os casos de Rohrbach e Hadera.

A trilha sonora é um ponto positivo, apesar de ser utilizada como uma ferramenta de humor. Artistas como Lionel Richie, Bee Gees e The Beach Boys fazem parte dela. A fotografia e as belas paisagens (Malibu, né) também são um acréscimo à obra. Já a duração... Um total de quase 120 minutos de filme é extremamente desnecessário - é muita enrolação para preencher o tempo. Talvez fosse o caso de manter em 100 minutos (105, no máximo). 

São muitos clichês, estereótipos explícitos, reviravoltas óbvias e pares românticos desnecessários. Contudo, se você não tiver muito o que fazer e quiser passar um tempo leve, enquanto ri facilmente de coisas toscas, assista ao novo Baywatch. É "legalzinho".

P.S.: Aos fãs da série de 1989: aguardem surpresas!


Até a próxima!
Deborah

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Colossal, de Nacho Vigalondo


A vida de Glória (Anne Hathaway) muda completamente de curso quando ela, desempregada, precisa deixar sua rotina de 'party girl' em Nova York e voltar para sua cidade natal. Para completar a derradeira chegada ao fundo do poço, seu noivo, Tim (Dan Stevens), decide terminar a relação entre eles e seguir em frente. Após a mudança, Glória vê nos jornais que uma criatura gigante está destruindo Seoul, na Coreia do Sul, e aos poucos compreende que o incidente está conectado à ela e suas noites de farra com o amigo de infância Oscar (Jason Sudeikis).

Com direção e roteiro do espanhol Nacho Vigalondo (Crimes Temporais), 'Colossal' transita entre gêneros como drama, fantasia e comédia e é competente. Entrega mais personagens do sexo masculino de relevância do que exatamente femininos e trabalha questões de abuso emocional, empoderamento e perseguição por uma ótica interessantíssima.

Em cartaz a partir desta quinta-feira (15) - finally - a película tem também Austin Stowell, Tim Blake Nelson, Hannah Cheramy e Nathan Ellison, em seu elenco.


O roteiro inusitado de Nacho evidencia não só o período frágil da vida de Glória, mas sua jornada para se tornar uma mulher no controle de suas ações. Isto porque aos poucos a personagem entende que 'estar fora do eixo' deu aos que a cercam a oportunidade de se aproveitar dela emocionalmente. Assim, é ao tentar proteger outras pessoas que estão sofrendo que ela encontra forças para derrotar seus próprios inimigos.




Nessa trajetória, Glória é motivada a rever seu comportamento com o auxilio de dois outros personagens centrais, Tim e Oscar. Mas ainda que ambos sejam responsáveis pela transformação da moça, cada um impõe tal fator de forma distinta.

Tim, como noivo, sabe do potencial da moça e acredita que ela esteja perdendo tempo e não caminhando por estradas mais frutíferas. Já Oscar vê a volta da amiga para casa como uma oportunidade de reaproximação e quem sabe de algo mais. Logo, faz o possível para agradá-la e 'supostamente' ajuda-la. Por fim a convida para trabalhar com ele em seu bar, mas não gosta nada quando Glória não o dá atenção que ele crê merecer.


Nacho, conhecido por seus thrillers psicológicos, muda de campo aqui e denuncia de uma forma muito perspicaz um tema bastante em alta no mundo feminino atualmente. Sua condução é pontual e a surrealidade da história não se explica bem, mas convence o que propõe.

O desenho dos personagens está sensacional. Anne Hathaway aparece como a personificação de uma 'messy girl' com um figurino hipster e o cabelo de Hermione Granger, Dan Stevens é o tipico cara adultão e responsável, Tim Blake Nelson e Austin Stowell interpretam Garth e Joel, respectivamente. Os dois são os amigos que Oscar, Jason Sudeikis, preserva antes de Glória chegar no pedaço. Sudeikis, aliás, faz muito bem o caipira 'amigão' e suspeito. O ator e Anne, são os destaques aqui.

Bem contemporâneo, o filme emprega uma fotografia com tons que diferem, claro, o oriente, o ocidente e todos os outros mundos da protagonista. Cria-se dinamismo devido a essas ambientações e visualmente funciona. 

A trilha sonora (aqui) é assinada por Bear McCreary e canções setentistas como ''The Lady With The Braid, de DoryPrevin'' ajudam a injetar um tom adulto no longa.


Ficha Técnica: Colossal, 2017. Direção e roteiro: Nacho Vilagondo. ElencoAnne Hathaway, Dan Stevens, Jason Sudeikis, Austin Stowell, Tim Blake Nelson, Hannah Cheramy e Nathan Ellison. Trilha Sonora Original: Bear McCreary. Gênero: Comédia, Ação, Drama. Nacionalidade: Espanha e Canadá. Fotografia: Eric Kress. Figurino: Antoinette Messam. Edição: Ben Baldhuin e Luke Doolan. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h30min.
Garotas, assistam este filme!!!

Não recomendado para menores de 12 anos

Avaliação:  Quatro monstros dançando de alegria (4/5).

Hoje nos cinemas!

See Ya!












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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins (3D)


Mulher-Maravilha sempre foi um personagem com alto poder de atrair o público de diversas idades. Criada por William Moulton Marston, lá nos anos 40, a super-heroína representava um suspiro meio a dominação masculina nos quadrinhos. Sua força chegou a tevê nos anos 70, com Lynda Carter no papel principal, e fez sucesso. Também foi vista em inúmeros desenhos animados, durante as décadas seguintes, mas um filme só dela era algo ainda improvável de ser realizado (na verdade, que só foi possível depois de quase 20 anos de planejamento).

Ano passado, em 'Batman vs Superman: A Origem da Justiça', o público conheceu pela primeira vez o rostinho que daria vida a Mulher-Maravilha, a atriz israelense Gal Gadot (conhecida por sua participação na franquia Velozes e Furiosos). Sua estréia não foi lá grandiosa, mas causou efeito e de imediato o filme solo com as origens da personagem se encaminhou - seguindo, claro, os planos do estúdio de trazer ao público produções com todos os personagens da 'Liga da Justiça' a telona. 

Filha de Zeus e criada entre amazonas na ilha de Themyscira, Diana Prince, tem a missão de lutar pela justiça e pela verdade e o longa, dirigido por Patty Jenkins (Monster: Desejo Assassino), que chega hoje aos cinemas, vem  com a tarefa de mostrar algumas das aventuras da guerreira antes de se juntar aos superamigos.

Além de Gadot, ainda estão no elenco, Chris Pine, David Thewlis, Robin Wright, Danny Huston,Connie Nielsen, Danny Huston, Eugene Brave Rock, Said Taghmaoui, Lucy Davis, Elena Naya, Lilly Aspell, Emily Carey e Ewen Bremner. 

A rainha das amazonas, Hippolyta (Nielsen) e a pequena Diana (Aspell)

Filha da rainha amazona Hippolyta (Nielsen), Diana (Aspell) inicia ainda pequerrucha seu treinamento com Antiope (Wright), comandante das amazonas e irmã de sua mãe, almejando proteger a ilha e também ser uma forte guerreira. Um dia, já adulta, o avião do piloto Steve Trevor (Pine) cai próximo a Themyscira e Diana descobre que o mundo dos humanos está em guerra. É quando a semideusa decide deixar seu lar e ajudar Steve a acabar com o conflito.

Os dois partem para Londres e por lá encontram Sameer ( Taghmaoui), Charlie (Bremner) e Chefe (Brave Rock). Steve apresenta ao grupo informações sobre um gás poderoso desenvolvido pela Doutora Maru (Naya) para que as forças inimigas ganhem a guerra sob o comando do general Ludendorff (Huston). O piloto ainda pede auxilio aos seus superiores, mas não consegue, contudo, não desiste da ideia e vai com o grupo para o meio da guerra impedir que os planos do general se concretizem. 

Saiam da frente: Mulher-Maravilha (Gadot) indo pra cima no campo de batalha

O roteiro nos dá a origem da personagem de forma bastante sólida. Trabalha as fases da vida de Diana, constrói nuances para cada uma delas e destaca que apesar da amazona ser inteligente e forte, ela carrega em si muita doçura e pureza.

O contato com o mundo exterior e desconhecido traz ótimas cenas de comédia. Diana chega a Londres em um período em que as mulheres estão lutando pelo voto e que ainda não tem força alguma perante a presença masculina. Não ocorre exatamente um choque, mas ela lida com tais questões sendo ela mesma e não dando a minima para os comandos autoritários do sexo oposto.

Certamente, nasce um romance entre Diana e Steve (que nos quadrinhos e na série de tevê é seu marido e a conhece durante a guerra). Aliás, o tempo da película ocorre no período da primeira guerra (e não da segunda, como em outras produções). A escolha acontece para dar a personagem carga dramática e vivência. Já que em Batman vs Superman, Diana diz ter visto muita brutalidade no mundo e ter dado as costas para isto. Além do uso de referências históricas reais (criação do gás mostarda), o roteiro também discorre sobre a origem grega de Diana e alguns contos da mitologia grega.

Há uma motivação muito especifica no ato final que desconstrói um pouco o discurso de empoderamento da personagem, mas, levando em conta que chegamos lá com ótimas surpresas, inclusive, o plot twist de quem é realmente o vilão, há de se reconhecer o bom resultado do filme.

O roteiro se baseia bastante nos quadrinhos mais recentes da heroína ( os lançamentos 'The New 52', por exemplo).

Sameer ( Taghmaoui), Trevor (Pine), Diana (Gadot),  Chefe (Brave Rock e Charlie (Bremner)

Como primeira diretora a conduzir um filme de uma super-heroína, Patty Jenkins conseguiu trazer não só esperança para os fãs da DC como ainda chamar a atenção para a necessidade de termos mulheres em destaque. A consistência que Jenkins consegue imprimir vai desde as tomadas mais amplas até as sensacionais cenas de ação com o uso da câmera lenta. Ela supera qualquer expectativa não criada para a produção e traduz versatilidade em seu cinema empoderado.

O casting é sempre algo que influencia muito no resultado final do filme e este aqui não é de um todo permeado de grandes astros, mas sim de bons atores. David Thewlis e Danny Huston tem a chance de representar homens fortes e o fazem ótimamente bem. Um lorde inglês e o outro um general alemão. A escolha para a turma de combate em que Diana entra é outro grande ponto notável. Dentre eles o mais conhecido é o inglês Ewen Bremner, de Trainspotting e sua sequência. Mas Said e Eugene complementam muito bem e fazem até você se lembrar dos personagens nos desenhos. Lucy Davis aparece como a secretária de Trevor e não sai despercebida. Chris Pine foi dono de muitas cenas engraçadas e emplacou um romance com leveza que faz o expectador se atentar as faíscas dos olhares entre ele e Gal Gadot. Já a nossa mulher-maravilha estava prontíssima para o papel e deu seu charme tanto quanto Lynda Carter na série de 75. Trabalhou distintos ângulos da protagonista  e fez com que todas as suas ações e reações se integrassem. Connie e Robin abrilhantam ainda o casting de amazonas e bate-se palmas pela diversidade mostrada ali.

O figurino da nossa adorada heroína, bem como das amazonas e do resto do elenco, foi desenhado pela ganhadora do Oscar Lindy Hemming e a artista revela que houve um cuidado muito especial para que as armaduras não só refletissem elegância como também não atrapalhasse nas cenas de luta. E quando vocês baterem o olho nas cenas em que Diana bota pra quebrar vão entender o porquê. A fotografia da película se transporta de um ambiente divino, em uma ilha paradisíaca (planos filmados na Itália), para o tom sombrio das cenas de guerra.

A trilha sonora é assinada por Rupert Gregson-Williams (ver aqui) e vem com sons magistrais em muitas dos takes de batalha. O longa também ganhou tema na voz da cantora Sia.

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: Wonder Woman, 2017. DireçãoPatty Jenkins. Roteiro: Allan Heinberg com argumentos de Zack Snyder, e Jason Fuchs - baseado no personagem criado por William Mouton Marston. ElencoGal Gadot, Chris Pine, Robin Wright, David Thewlis, Connie Nielsen, Danny Huston, Eugene Brave Rock, Said Taghmaoui, Lucy Davis, Elena Naya, Ewen Bremner. Trilha Sonora Original: Rupert Gregson-Williams. Gênero: Ação, Romance, Aventura, Fantasia. Nacionalidade: Eua. Figurino: Lindy Hemming. Fotografia: Matthew Jensen. Edição: Martin Walsh. Distribuidora: Warner Bros. Duração: 02h21min.

IMPERDÍVEL (em 2D ou 3D)!!!!!!!

Não recomendado para menores de 14 anos

Avaliação:  Duas amazonas destemidas e oitenta corações (2,8/5).

Hoje nos cinemas!

See Ya!















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