Eu, Tonya


A jornada da ex-patinadora de gelo, que mais tarde também se tornaria ex-boxeadora, Tonya Maxene Harding ganha as telonas hoje em todo o pais e foca na conturbada vida pessoal da atleta para então falar do polêmico momento em que foi expulsa do campeonato de patins, em 1994, e banida das pistas por ser cúmplice a um ataque planejado pelo ex-marido Jeff Gillooly e seu segurança Shawn Eckhardt a colega de profissão Nancy Kerrigan.

Escrito por Steven Rodgers (o mesmo roteirista do drama 'Lado a Lado' e também da comédia romântica 'P.S. Eu Te amo') e dirigido por Craig Gillispie, responsável pela maravilhosa produção 'A Garota Ideal', a cinebiografia com tons variados entre drama e comédia é estrelada por Margot Robbie, Allison Janney, Sebastian Stan e Paul Walter House


O longa passou por diversos festivais internacionais de cinema, entre ele o de Toronot, recebeu indicações ao Globo de Ouro, sindicato de atores de Hollywood, Baftas e Oscar e já contabiliza diversos prêmios com destaque para atuação da diva Allison Janney.

Trailer
 

Já nos primeiros anos de vida, a pequena e interiorana Tonya (Robbie) começa a demonstrar que tem um talento distinto para a patinação artística no gelo. Sua mãe, LaVona Golden (Janney), é uma mulher agressiva e, apesar de incentivar o talento da filha, acredita que as crianças devem ter seus limites testados para se tornarem pessoas de sucesso - mesmo que isto signifique anos e anos de uma educação permeada por maus-tratos e humilhações. O pai da menina abandona a esposa pelo uso do mesmo comportamento para com ele e Tonya cresce em uma família desestruturara

Ao chegar a adolescência, a jovem conhece Jeff Gillooly (Stan) e os dois iniciam um romance. Ou diria ainda um relação de guerra diária com abusos sofridos e cometidos por ambos os lados. Jeff, no entanto, não deixa de acompanhar a carreira da mulher, mesmo com idas e vindas, e ao se aproximarem os Jogos Olímpicos provoca um ataque a uma de suas oponentes para que Tonya chegue as finais do evento. O ocorrido envolve ainda o segurança Shawn (Walter House) e terceiros.   


Baseado em fatos reais e com aquele sabor a mais de dramatização Hollywoodiana, ''Eu, Tonya'' revela uma mulher forte e polêmica com um estereotipo claramente redneck, ou melhor dizendo, caipira. 

Nada feminina e com um padrão de beleza desequilibrado, Tonya está sempre tentando se provar como uma patinadora e não tolera não ser o centro das atenções. Recebe críticas de todos os lados, inclusive da mãe com quem sempre teve uma relação péssima, e é ao se casar e deixar o lar em que cresceu que seu temperamento 'arretado' abrocha mais ainda. O filme não traz o seu relacionamento com Nancy, mas procura trazer culpados e mostrar suas punições.

 Margot em cena com Janney e Stan

O roteiro de Rodgers consegue não ser pretensioso e não levanta bandeiras entre vilões e mocinhos, mas transparece sim uma leva de ''péssimos comportamentos'' e a falta de ética destes personagens reais. Desde a figuraça que é a mãe de Tonya, bem como ela, o marido e também o malucão do segurança. Algo que a escrita exagera talvez seja o mundaréu de cenas entre Tonya e o marido brigando. Compreende-se rápido que a relação não é das melhores e quase vinte minutos desse lenga-lenga poderia se excluído. 

A produção se transforma em 'um quase documentário', ás vezes, e faz isso ainda melhor quando os personagens 'quebra a quarta parede' e conversam com o espectador. 

Não vemos lados ou verdades absolutas, mas sim retratações significativas da vida de Tonya Harding. Tudo feito com uma condução valiosa de Craig Gillispie, diretor da produção. Seu olhar nos faz sentir pena, ódio, remorso e até amor pela protagonista. Fora toda a boa ambientação dos anos 90 que sua equipe consegue nos mostrar. Há takes muito comuns, mas também muito diversos. Somos aproximados aos movimentos de Tonya com uma técnica incrível e realmente parece que estamos na arena a assistindo patinar.


O que falar das ótimas atuações de Robbie, Janney, Stan e Walter House? Janney, inclusive, ganhou muita força nas premiações de ouro e já é quase certo que leve seu Oscar de atriz coadjuvante para casa no dia 04 de março. Afinal, vive uma mulher lúcida de seus atos, mas muito cara de tia doida e cruel da família. A caracterização, que no fim do filme se confirma idêntica a original, a deixa quase irreconhecível e reforça o quão envolvida e centrada a atriz é.

Stan e Robbie têm ótimas deixas e caracterizações (bigodes, perucas). Em conjunto ou solo. Ele faz um tipo norte-americano muito comum. Machão, apaixonado e dono de si. Ela o dobro disso com a adição de rainha da zorra toda. É espetacular como Robbie cresce em cena e sua demonstração de pânico, loucura e culpa se evidencia. 
*Para as cenas andando de patins, a atriz está em alguma delas, porém, em sua maioria, são profissionais realizando o famoso triplo axel de Tonya. O que deu um big trabalho a equipe de efeitos especiais e eles se saem bem em não deixar você perceber tanto essa troca.

Vale muito destacar as cenas de comédia sem fim em que Paul Walter House aparece. Seu personagem, convencido de que é um ex-agente do FBI ou afins, tenta arduamente se postar como ''o cara''. Mas falha, pois não é (como acontece com a personagem de Janney, ganhamos um pedacinho de entrevista do Shawn original logo no fim da produção e se prepare para se esbaldar no riso frouxo).

Momento histórico em que Tonya teve problemas nos cardaços é revivido por Margot Robbie 
O longa traz os anos 90 de volta em peso, assim, mullets, cabelos esvoaçantes, franjas e roupas maiores que o corpo de quem as veste preenchem a tela. Jennifer Johnson, figurinista, bem como a equipe de cabelo e maquiagem, fazen você se perguntar como sobreviveu aquela época? (Isto se você não se sentir bem por não ter passado por ela). 

A trilha sonora é composta por Peter Nashel e há ainda uma incrível seleção de canções (ouça aqui). Já de inicio, ouvi-se ''Passenger'' na voz Iggy Pop.


Ficha técnica: I, Tonya, 2017Direção: Craig Gillespie. Roteiro: Steven Rogers. Elenco:Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney, Paul Walter Hauser, Julianne Nicholson, Bobby Cannavale, Mckenna Grace.  Genero: Drama, Biografia, Comédia. Trilha Sonora Original: Peter Nashel. Fotografia: Nicolas Karakatsanis. Figurino: Jennifer Johnson. Edição: Tatiana S. Riegel. Distribuidora: Califórnia Filmes. Nacionalidade: Estados Unidos. Duração: 121min.

Taí uma boa opção para quem ama biografias e todo o mundo dos esportistas.
Avaliação:  Quatro cadarços de ouro e trinta e quatro manobras triplas   (4,34/5).



15 de Fevereiro, nos cinemas!
See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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