Po, de John Asher



Nem sempre é fácil comentar sobre filmes. Afinal, ainda que o argumento seja consistente, como lidar quando a execução tem saldo negativo? Até porque quaisquer critica sobre o longa pode parecer que se está ignorando detalhes importantes dele como o tema principal da narrativa.

Po, de John Asher, cai nesse dilema. Por um lado, a produção transmite uma ótima mensagem - abordando com delicadeza a vida de um garoto com deficiência mental, suas dificuldades devido a condição que tem e também como as pessoas a sua volta afetam o jeito que ele pensa e vive.

Contudo, essa reflexão não vem mastigada e é preciso ir além das entrelinhas. Isto porque o filme não entrega personagens de personalidades marcantes e seus diálogos, são em maioria, robóticos passando a sensação que as situações propostas não são muito realistas. Ainda que tal fato ocorra, é necessário dar crédito para a atuação do protagonista, o ator Julien Feder (Po). Aqui ele consegue se sobressair ao material fraco que recebe e faz um ótimo trabalho ao nos impressionar com seu menino autista. Detalhista, porém, nunca exagerado e transparecendo um bom ensaio para o que é apresentado.

O que fica inadmissível de aceitar são as atuações difíceis e fracas de outros personagens. 
Como é necessário que muitos dos coadjuvantes tenham tete a tete com Po, é preciso que haja um bate bola de igual para igual e o receptor da mensagem não seja prejudicado e isto não se valida. Exemplo disso, é a pouca empatia que você sente pelo pai do garoto quando ele não reage da forma que deve ou como a normalidade o pediria que agisse.

Trailer


Ficha Técnica
Titulo Original: A Boy Called Po, 2016. Direção: John Asher. Roteiro: Colin Goldman e Steve C. Roberts. Elenco: Christopher Gorham, Andrew Bowen, Sean Gunn, Byran Batt, Julian Feder e Kaitlin Doubleday. Gênero: Drama, fantasia. Trilha Sonora Original: Burt Bacharach. Fotografia: Steven Douglas Smith. Edição: John Asher. Distribuição: Cineart Filmes. Duração: 95 min

Em suma, Po acaba sendo um filme com uma ótima mensagem - que pessoas são pessoas, não importa quais são seus problemas, e que merecem ser tratadas bem - todavia, é complicado captar esta ideia espalhada amplamente pela história e quando o diretor nos pede para que acreditemos nas possibilidades de seu realismo não o conseguimos o fazer. Talvez com um roteiro mais focado e costuradinho, a produção teria um resultado mais consolidado, o que não acontece devido aos muitos pontos sem nexo que aparecem jogados ali no meio simplesmente para criar mais situações onde alguém talvez se solidarize com o papel deste pai ao criar um filho tão especial.

O longa estréia neste dia 22 de novembro apenas: nas cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Vitória.

Escrito por Lucas Pereira

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