Gloria Bell


Em 2014, o mundo conheceu 'Gloria', o quarto longa do diretor e roteirista Sebastián Lelio. A película chilena que trazia uma mulher depois dos cinquenta vivendo suas vontades e curtindo os anos pós casamento e filhos passou por uma dezena de festivais de cinema e chegou a ser indicada a dezenove prêmios, levando quatorze destes. Não chegou a ganhar um Oscar, como aconteceu ao argentino 'O Segredo dos Seus Olhos', porém como este último também chamou a atenção e , portanto, abriu caminho para que uma versão norte-americana fosse pensada. 

Ano passado, a trama idealizada por Sebastian Lelio e Gonzalo Maza se transformou em um roteiro adaptado por Alice Johnson Boher onde o próprio Lelio foi o condutor - o que colaborou para que a essência de Glória não seja despedaçada. O papel que fora de Paulina García, em um primeiro momento, é passado aqui para Julianne Moore. E esta se sai tão bem quanto García. O elenco se completa com John Turturro, Michael Cera, Sean Austin, Alan Ubach, Brad Garrett, Jeanne Tripplehorn, Rita Wilson, Holland Taylor e Barbara Sukowa.


Glória é uma mulher divorciada passando pelos cinquenta anos sem sequer perceber. Super ativa no trabalho e na vida pessoal, ela passa suas noites de folga indo se divertir em clubes de dança, em Los Angeles. Os filhos, Veronica (Alana Ubach) e Peter (Michael Cera), já estão criados e com suas vidas próprias e não a dão nenhum tipo de preocupação. Vez ou outra ela se encontra com eles ou com a mãe (Holland Taylor) e assim vai levando. Amante de música, ela sempre tem um bom tune em alto e bom som nos passeios de carro ou em casa mesmo. Certo dia, Gloria conhece Arnold (John Turturro) e os dois começam a ter noites quentes. Porém, as filhas de Arnold e a ex-mulher ainda o são bastante co-dependentes dele e este não sabe levar uma vida sem estas também - o que põe o relacionamento em cheque e logo começa a andar pra trás. 


















A temática pode até atrair um público mais maduro aos cinemas. Contudo, o conjunto da obra em si vale a pena para o espectador que quer sair da rotina ou fugir dos blockbusters. Até mesmo porquê fica fácil se interessar por essa mulher tão dona de si e altamente disposta a se doar. E o roteiro busca trabalhar a personagem não como uma coitada, mas como uma mulher independente e sensata. Que se entrega, é amiga, solidária e, como qualquer outro ser humano, corre o risco de ser enganada. Ainda assim Glória não deixa de viver e se joga mesmo na pista. Sai com amigos, tenta vencer novos desafios, como fazer uma aula experimental de yoga com a filha que é professora, e até se empenha para não estressar com o vizinho barulhento. 

Lelio experimenta aqui cenas parecidíssimas com a do original (se atente para o momento em que os personagens estão no elevador ou até os segundos em que Gloria passa observando um esqueleto marionete) e por mais que uma ou outra não se adequem a realidade norte-americana muitas delas conservam a narrativa e o tom da história. O que de certa forma é positivo. Se aquele vinha em tons mais pastéis e também quentes, este se joga para vibe mais moderna e trabalha o rosa, o azul e o roxo. A caracterização da personagem, aliás, é similar e tem todo sentido em ambas as versões. Aqui vemos atores de diferentes universos atuando juntos, mas em sintonia, pois muitos deles se destacam em filmes alternativos como a própria Moore ou Turturro. Aliás, o casal que se forma tem exatamente a sintonia que se pede. 

 O filme se movimenta com uma trilha sonora (escute aqui) regular, mas é sua lista de canções (escute aqui) que o faz ganhar vida. A música tema da personagem leva, inclusive, seu nome e se as escolhas na versão original ajudavam a trama, esta aqui a á brilho. Por fim, temos uma edição bem contornada e sem exageros e não há motivos para achar este menor ou pior por ser um remake. Pelo contrário, ele chega para uma tarde divertida com você e é capaz de deixar leveza por sua boa mensagem.

Trailer


Ficha Técnica

Titulo original: Gloria Bell. Direção: Sebastián Lelio. Roteiro: Alice Johnson Boher e Sebastian Lelio - baseado em roteiro de Sebastián Lelio e Gonzalo Maza. Elenco: Julianne Moore, John Turturro, Michael Cera, Sean Austin, Alan Ubach, Brad Garrett, Jeanne Tripplehorn, Rita Wilson, Holland Taylor e Barbara Sukowa. Gênero: Romance, comédia dramática. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Matthew Hebert. Fotografia: Natasha Braier. Edição: Soledad Salfate. Figurino: Stacey Battat. Distribuição: Sony Pictures. Duração: 01h41min.
O remake consegue trazer boa parte da essência do original e é uma boa pedida para fugir dos filmes populares.

Avaliação: Três potes de disposição para dançar pela vida (3/5).


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B- 

Escrito por Bárbara Kruczyński

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