Morto Não Fala, de Dennison Ramalho


Nos últimos anos, nós estamos cada vez mais recebendo uma leva de produções nacionais com um baita estilo 'internacional'. O fator não é em si um problema, aliás, temos muitos diretores dedicados a fazer histórias únicas e realizadores que se propõem a experimentar novos universos, todavia, é perceptível como o nosso famoso jeitinho brasileiro consegue trabalhar com gêneros populares não só aqui, mais mundialmente.

Morto Não Fala, de Dennisson Ramalho, perpetua então nossas características tupiniquins e acentua um terror à la 'Invocação do Mal'. Sua prosa trabalha as ligações religiosas e mediúnicas e se conclui de forma eletrizante. Ramalho usa vários ferramentas clássicas dessa nova era do gênero, porém, as insere dentro de um contexto nacional.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Morto Não Fala, 2019. Direção: Dennison Ramalho. Roteiro: Dennison Ramalho e Claudia Jouvin - baseado em um conto de Marco de CastroSupervisão de Roteiro: Jorge Furtado e George Moura. Elenco: Daniel de Oliveira, Marco Ricca, Annalara Prates, Cauã Martins,  Bianca Comparato e Fabíula Nascimento,  Gênero: Terror. Nacionalidade: Brasil. Diretor de Fotografia: André Faccioli. Diretor de Arte: Fabio Goldfarb. Figurinos: Rosângela Cortinhas. Diretor de Produção: Glauco Urbim. Montagem:  Jair Peres, AMC. Som Direto: Rafael Rodrigues. Música Original: Paulo Beto. Supervisão de Som: Miriam Biderman, ABC. Desenho de Som: Ricardo Reis, ABC. Produção de Elenco: Alessandra Tosi e Simone Buttelli. Caracterização/Maquiagem de Efeito: Britney Federline. Esculturas e Próteses de Efeito: Marcelo Amp. Direção de Efeitos Visuais:  Guilherme Ramalho. Produção Executiva: Nora Goulart. Produtor Associado: Guel Arraes. Distribuição: Pagu Pictures. Duração: 110 minutos

O filme conta a história de Stênio (Daniel de Oliveira), um plantonista de um necrotério que consegue conversar com os mortos. Logo de início, vemos como tal dom/maldição o afeta. Stênio sempre tenta conversar com os corpos que cuida. Quer saber mais sobre a vida daquelas pessoas, mas ao mesmo tempo - em parte também pela linha de trabalho - têm uma vida familiar problemática, onde as suas tais conversas com os mortos acabam afetando a sua personalidade.



Apesar das conversas o abalarem, Stênio ainda não se envolve nas vidas passadas dos defuntos, mesmo que estes o peçam para ajuda para vingá-los. Assim, certo dia um corpo de um conhecido chega no lugar e acaba contando-o um segredo que envolve sua mulher. A partir daí, o filme toma realmente o estilo de terror para si. Afinal, Stênio fica irritado com a descoberta desse segredo e decide então fazer atos que o comprometam com um espírito vingativo. 



A película abraça o horror com inteligência e se molda bem ao ter cara de Brasil. Vê se isto a partir do seu conflito principal que não se passa em uma casa nos subúrbios e nem é majestosa, pelo contrário, seu ambiente é de uma residência típica do interior de São Paulo. 

O protagonista, ao invés de pedir ajuda a algum tipo de padre ou caçadores paranormais, na verdade, encontra auxílio em um morador da sua cidade. Grande parte do tempo simplesmente não cuida da família e isto se deve muito ao seu trabalho noturno. 



O longa funciona muito bem e se consolida como um terror moderno. Durante o seu decorrer, toma tempo para tratar de alguns temas bem realistas, como a forma com que lidamos com traições e a a própria experiência da morte. Todavia, diferente do recente 'A Sombra do Pai' que pula de cabeça em tais temáticas querendo passar mais uma mensagem do que assustar, Morto Não Fala acaba se perdendo um pouco, pois a tentativa em criar uma narrativa mais atraente a um público específico faz com que o desfecho da trama pareça apenas uma história divertida quando outra alternativa estava ali bem ao seu alcance.

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Lucas Pereira

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