52º Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - 6º Dia de Mostra Competitiva


Na reta final do Festival de Brasilia, as produções começaram a se mostrar mais profundas e com teor delicado. Na última quinta-feira (28), houve comoção do público presente ao sentir que aquelas histórias na tela eram reais demais e representavam a realidade ensanguentada de um Brasil covarde.

Abaixo os comentários. 

Curtas-metragens





Filme: Marco (Ficção, 20min46s)





Diretora: Sara Benvenuto

Estado: CE
Classificação indicativa: 10 anos
Exibição: 28/11, às 21h, no Cine Brasília; 28/11, às 20h30, em Planaltina, Samambaia e Recanto das Emas; e 29/11, às 18h, Museu Nacional (Reprise).

Sair de casa nunca é fácil para os filhos ou para os pais e reencontros entre estes se fazem ainda mais complicados se o temperamento de ambos vive em ponto de ebulição. E é assim que 'Marco' aparece, mostrando o retorno de uma jovem mulher a casa dos pais, porém este não acontece para um momento de alegria e sim para que esta dê um último adeus a seu pai.

O reencontro com amigos vem, com casinhos antigos também e trapalhadas e confusões são inerentes. No entanto, é o encontro da filha de personalidade forte com a mãe em luto, pela morte do marido, que fazem os olhos do espectador se encharcarem. Uma relação frágil que, em um primeiro momento, se mostra em conflito e, na sequência, forte para superar qualquer distância. Um laço afetado por um acontecimento inesperado que logo se vê carente de si mesmo. 

Tocante. Universal.  

Avaliação: Quatro amores fraternos em dia de partida (4/5)

Filme: Chico Mendes – Um legado a defender (Documentário, 10min10s)


Apresentação da equipe do filme




Diretor: João Inácio
Estado: DF
Classificação indicativa: 10 anos
Exibição: 28/11, às 21h, no Cine Brasília; 28/11, às 20h30, em Planaltina, Samambaia e Recanto das Emas; e 29/11, às 18h, Museu Nacional (Reprise)


Curto e bastante direto, o filme coloca na tela amigos, a filha, trabalhadores sindicais e personalidades artísticas para falar um pouco da jornada de um homem que muito fez pela defesa dos seringueiros, Chico Mendes. E sua causa e trabalho é comentada com dor, devido ao assassinato covarde que aquele sofreu, mas também com alguns detalhes específicos, por exemplo, adoção da ideia de que para Mendes o trabalho dos seringueiros ser competente estes últimos teria de haver suporte à eles, alfabetização e uma estrutura melhor. 



Com caráter de homenagem o filme até traz cartas com dizeres de Mendes e seu olhar que era voltado ao povo vivendo em propriedades rurais e cuidando da floresta é simples, mas verdadeiro. Sua força para criar reservas, chamar atenção política e fortalecer a luta pelas causas ambientais segue vivo.


Avaliação: Três sindicatos que continuam na luta (3/5).

Longa-metragem


Filme: O tempo que resta (Documentário, 73 min)
Apresentação da equipe do filme



Diretor: Thaís Borges
Estado: DF
Classificação indicativa: Livre
Exibição: 28/11, às 21h, no Cine Brasília; 28/11, às 20h30, em Planaltina, Samambaia e Recanto das Emas; e 29/11, às 18h, no Museu Nacional (Reprise)


''Eu ainda vou voltar para a minha casa'' são palavras que mexem fundo com a alma dos sensíveis e foi o que disse uma das 'protagonistas' do documentário ultra real de Thaís Borges durante a apresentação da produção. A fala é clara e se refere a situação que se deflagra dia a dia no interior do país: pessoas sendo ameaçadas de morte apenas por morarem, cuidarem e trabalharem pelo nosso Brasil rural. 

Mas mais que isto o documentário segue a vida de duas mulheres que resistem. Que lutam por suas famílias, plantam, colhem, e passam seus dias cercadas de simplicidade. Levadas por uma força ativista, elas também defendem o seu meio e claro o ambiente. São conscientes e de lá tiram o que lhes fortalece. Para uma, a defesa de sua casa, da família e do que ela construiu é essencial. Para a outra, levar a palavra e falar aos seus é essencial para não deixar que as forças sindicais percam força - ainda que esta tenha ou não proteção policial.

É dolorido assistir uma situação tão forte, tão provocante e tão frustrante. Mulheres e homens que ao denunciarem o abuso de coronéis e gente poderosa são marcadas para sempre. Uma coragem que muitos não têm e que talvez nem saibam o que vem a ser.  

Impactante.

Avaliação: Quatro dores indescritíveis (4/5).

Escrito por Bárbara Kruczyński

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