Uma Mulher Alta, de Kantemir Balagov


Fim do ano é um momento especial para o cinema, os blockbusters diminuem e se inicia a temporada de lançamentos cults. Aliás, muitos dos filmes estrangeiros que chegam nessa época são a escolhidos pelo seu país para representá-lo na categoria de Melhor Filme Internacional na academia.

Um destes - e talvez um dos melhores da lista de longa estrangeiros - é Uma Mulher Alta, um filme russo dirigido por Kantemir Balagov e ganhador de quinze prêmios, entre eles 'Um Certo Olhar', premiação paralela que ocorre no Festival de Cannes, de melhor diretor. Enquanto muitas das produções deste ano focam em fazer um comentário sobre o mundo moderno, esta vem para falar sobre a guerra. Especificamente, o período pós-guerra, onde já não existe um conflito armado, mas sim uma vida problemática e diferente para aqueles que precisam ir em frente, após viver um período tão traumático.

A película de Balagov é inspirada no livro escrito por Svetlana Alexievich ''War Does Not Have a Woman's Face'' (ver aqui) e conta a história de Iya (Viktoria Miroshnichenko) e Masha (Vasilisa Perelygina), duas ex-militares que moram em Leningrado, hoje São Petersburgo, em 1945, uma cidade que durante um período de três anos sofreu um cerco durante a segunda guerra mundial. As duas mulheres têm de lidar com os vários efeitos que a tragédia provocou não só na cidade, mas em nelas mesmas. Iya com seus problemas médicos ligados a um ferimento na cabeça e Masha em sua incapacidade de conseguir viver uma vida normal em um local tão caótico.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Dylda, 2019. Direção: Kantemir Balagov. Roteiro: Kantemir Balagov e Aleksandr Terekhov - inspirado no livro de Svetlana Alexievich ''War Does Not Have a Woman's Face''. Elenco: Viktoria Miroshnichenko, Andrey BykovIgor Shirokov, Konstantin Balakirev e Vasilisa Perelygina. Gênero: Drama. Nacionalidade: Rússia. Trilha Sonora OriginalEvgueni GalperineFotografiaKseniya SeredaEdiçãoIgor Litoninskiy. Distribuição: Supo Mungam Films. Duração137 minutos.
O filme tem ritmo lento e se dá forma contemplativa, porém, ao mesmo tempo é palco para o acontecimento de milhares de situações acontecendo para prender a atenção do público. Logo nos primeiros minuto, uma grande tragédia acontece, e o acontecimento acaba sendo a motivação das duas personagens por todo o longa. O destaque que se enxerga aqui é o uso excelente do som e também doa fotografia em tons esverdeados e beges. Juntas, aliás, ambas as técnicas criam perfeitamente a sensação que era se viver em uma  cidade completamente destruída e todo ela dá um novo olhar ao filme e auxilia na representação do estado mental das protagonistas. Durante os momentos onde Iya está ‘travada’ graças ao seu ferimento, por exemplo, o som fica ecoante e distante, com um tom agudo contínuo, criando agonia e um sentimento ruim que ajuda a estabelecer a complexidade e falhas de caráter das personagens.


Uma Mulher Alta pode ser considerado um drama pesado, ainda assim extremamente tocante. Há nele a menção das tragédias sofridas no período de guerra sem sequer exibir cenas fortes do ocorrido. Ademais, a vida destas duas mulheres são suficientes para mostrar a mensagem claramente, e ao mesmo tempo o filme apresenta alguns temas que ajudam ainda mais a realizar elas como pessoas reais.

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Lucas Pereira

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