Macabro, de Marcos Prado


Se para quem nasceu nos anos 90 a história dos 'irmãos necrófilos' não é algo tão fácil de se recordar, imagina-se que para a geração 2000 esse caso de terror real, deflagrado na região serrada do Rio de Janeiro, em Nova Friburgo, seja desconhecido. A história é escabrosa e não há quem não se revolte. Acontece que os irmãos Ibraim e Henrique foram acusados de cometer crimes aterrorizantes na Serra dos Órgãos e a vida de um total de oito mulheres, um homem e uma criança foram perdidas à epoca. A situação estava tão bizarra que mais de cem militares do BOPE foram chamados para fazer rondas na região e tentar encontrar os irmãos para descobrir o que estava havendo e parar os ataques a população bem como cessar os assassinatos onde as vítimas tinha seus corpos violados e partes íntimas mutiladas.

Baseado na história real de Ibraim e Henrique, mas não necessariamente seguindo passo a passo os ocorridos, o filme ''MACABRO'', de Marcos Prado, ganhou vida e roteiro da dupla Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo. Na trama, o sargento do Bope Téo, vivido pelo ator Renato Góes, é enviado ao local com uma leva de outros militares e deve investigar as mortes e prender os suspeitos, os irmãos Ibraim e Henrique, no caso. O sargento tem familiares na região e também um ex-amor e teme pela vida dos entes queridos. Com o passar das buscas e conversas com os moradores começa a perceber que os irmãos tem sérios traumas por conta de um pai bêbado e abusivo, além de terem sofrido um aparente racismo praticado por todos ali. A mãe dos meninos, totalmente aérea ao que está havendo só saber pedir para que não os matem, enquanto isso, as moças da vizinhaça só saem e voltam para casa acompanhadas e armadas. 

Trailer

Ficha Técnica


Título originale ano: Macabro, 2020. Direção: Marcos Prado. Roteiro: Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo. Elenco: Renato Góes, Amanda Grimaldi, Guilherme Ferraz, Diego Francisco, Eduardo Tomaz, Juliana Schalch, Flávio Bauraqui, Paulo Reis, João Pydd, Claudia Assunção, Osvaldo Mil, Thelmo Fernandes. Gênero: Suspense, Terror. Nacionalidade: Brasil.Trilha Sonora Original: Plínio Profeta. Diretor de Fotografia: Azul Serra. Montadores: Lucas Gonzaga e Quito Ribeiro. Diretora de Arte: Ula Schliemann. Figurinista: Ana Avelar. Editor de Som: Tomás Alem e Bernardo Uzeda. Editor de Som: Tomás Alem e Bernardo Uzeda. Produtores: Marcos Prado, João Queiroz Filho e Justine Otondo. Produtores Associados: José Alvarenga Jr. e Rodrigo Pimentel. Produtoras Executivas: Justine Otondo e Mariana Bentes. Distribuição: Pandora Filmes. Duração: 01h52m.
O inicio da película mostra ao espectador a jornada de Téo na polícia e como ele tem enfrentado problemas por conta de operações em que atingiu e matou pessoas inocentes pelas favelas cariocas. Sem exatamente ir a julgamento, o policial é então enviado para região de Nova Friburgo com um baita batalhão para dar fim aos crimes que tem acontecido no local. Tem a sorte de que uma das vítimas consegue fugir de um ataque em uma cachoeira onde estava com o namorado e indica à ele quem são os criminosos que mataram seu companheiro e a estupraram. Por ser uma vila interiorana, claro, as pessoas são acolhidas pela igreja e Téo aproveita para tomar alguns depoimentos, após os encontros religiosos.

Ao chegar também revê sua tia Ligia (Cláudia Assunção), o tio José (Paulo Reis) e a crush Dora (Amanda Grimaldi) e logo sabemos um pouco do passado familiar do sargento. Ao contatar o pai dos irmãos foragidos, Tião (Flávio Bauraqui), se dá conta que nem este e nem a mãe dos meninos tem tido contato com eles, mas todos avisam que os jovens conhecem bem a região e estão escondidos na mata como faziam quando era criança. O pai, aliás, é sempre visto realizando rituais, mas pouco se sabe pra quê. Téo tem então uma super tarefa e quando o perigo começa cercar as pessoas que ele ama é que realmente ele se vê obrigado a dar um basta na situação.


Macabro tem cara, corpo e alma de filme de terror e merece a investida. Isto devido ao fato de que ele se valida trazendo uma boa técnica fotografica, uma direção instigante e momentos de suspense bem realizados. Se o texto de Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo escolhe caminhos diferentes da história real, imagina-se que isto não afete tanto o resultado final e que a decisão surja pela naturalidade de dramatizar os ocorridos, os dando um outro olhar. Há a tentativa clara de humanização da policia, mas talvez não punição pelos seus erros. Trabalha-se também a idéia de que Henrique não tenha cometido crimes e sido apenas cumplice ao assistir - dado relatado no tribunal onde o homem se declarou inocente. A violência e o medo no filme causam horror, mas não é algo feito de forma explicita e sim calculada. Por exemplo, um ou outro crime, o espectador verá as costas de um dos irmãos praticando, e ao fim verá a forma com que o corpo da vítima foi encontrado. 

Os irmãos necrófilos não só matavam, mas estupravam as vítimas, após estarem mortas e cortavam suas genitálias. Cometeram crimes odiosos entre 1991 e 1995, o que cumilnou na morte de Ibrahim durante a época das buscas e a prisão e julgamento de Henrique. O homem foi condenado a 34 anos.

Avaliação: Três cidades amendontadas (3/5).


MACABRO teve circuito de estréia em julho e inicio de agosto no Cine Belas Artes Drive-In, em São Paulo, e hoje tem sessão especial no Cine Drive In de BRASILIA, às 22 horas.

See Ya !

B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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