Chorão - Marginal Alado

 

Os fãs da banda vinda de Santos, Charlie Brown Jr., ficaram 'órfãos' de seu vocalista e fundador, Alexandre Magno, o ''Chorão'', em 2013, quando o ídolo faleceu devido a uma overdose. Mas anterior a esta perda inigualável, Chorão e a turma do Charlie Brown construíram um legado incrível e de muitos altos e baixos. 

Um recorte da vida desse cara fenomenal de talentoso ganhará as telas dos cinemas esta quinta-feira (08), e também estará disponível em inúmeras plataformas digitais, em 'Chorão - Marginal Alado'. O documentário conta com direção de Felipe Novaes, produção da Bravura Cinematográficadistribuição da O2 Play Filmes e co-produção da saudosa MTV. 

No filme, uma leva de gente da indústria musical e da mídia é convidada a sentar e soltar o verbo sobre o Chorão, entre eles, o produtor musical Ricky Bonadio, os membros da banda como Thiago, Marcão e também Champignon, bem como os músicos Marcelo Nova (Camisa de Vênus), Digão (Raimundos), João Gordo (R.D.P.), Otto, Zeca Baleiro, e também o jornalista e apresentador Serginho Groisman. Além deles, somos presenteados com entrevistas e momentos inéditos da jornada de Chorão. Arquivos que fizeram parte de programas de tevê que o músico homenageado participou também figuram aqui. Ouvimos alguns dos familiares e amigos mais próximos contarem suas histórias com Chorão e relembrar o quão intensa era sua personalidade no dia-a-dia. 

A produção recebeu o prêmio de Melhor Documentário Nacional por Voto Popular durante a 43ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2019. Chegando ainda a participar do Festival do Rio no mesmo ano.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Chorão: Marginal Alado, 2019. Diretor: Felipe Novaes. Roteiristas: Felipe Novaes, Hugo Prata, Matias Lovro. Entrevistados: Marcelo Nova, Champignon, João Gordo, Zeca Baleiro, Otto, Graziela Gonçalves, Alexandre Abrão, Ricky Bonadio, Thiago Castanho, Marcão, Serginho Groisman, Sandro Dias ''Mineirinho'', Paulinho Vilhena, Digão. Produtores: Fabio Zavala e Hugo Prata. Produção: Bravura Cinematográfica. Montagem: Matias Lovro. Produção: Bravura Cinematográfica . Coprodução: MTV. Distribuição: O2 Play. Duração: 78 minutos
''Essa não é uma história de amargar'', mas é uma extremamente polêmica e verdadeira. Daquelas que não deve surpreender os fãs de Chorão, afinal, quem simpatizava minimamente com ele, tinha acesso a um cara doce e super guerreiro. O músico era a alma da sua banda e chegou onde chegou colocando a mão na massa e entregando ao público canções belíssimas e cheias de poesia. Sim, ele era um poeta. E foi além, virou diretor, empresário e etc e tal.

Nos shows que fazia, sempre tirava tempo para mandar a real ao seu público e aqui vemos várias das vezes em que ele fez isso. Algumas delas não tanto com razão, pois evidenciam suas brigas com os integrantes do grupo, mas muitas falando sobre a realidade brasileira e motivando lindamente os que  o ouviam a não desistir dos sonhos e correr atrás do que é seu.


Novaes, em um roteiro escrito por ele, Matias Lovro e Hugo Prata, nos entrega um filme sólido e bem editado. Faz sim suas honras, mas não esquece de falar dos demônios com os quais Chorão travava luta constantemente. Desde os tumultos com outros músicos do rock brasileiro, vide a encrenca com a banda Los Hermanos ou até o desentendimento com João Gordo que, por fim, se transformou em amizade. O seu vício nas drogas e como os familiares e amigos tentaram lidar com isto também tem tempo de tela e refletem sobre a trajetória pessoal de Alexandre não deixando ele de vilão, mas também não esquecendo de mostrar suas tantas camadas.




Chorão tinha paixão enorme pelo Skate e a cultura toda do universo underground é muito rica no que diz respeito a música e arte. Seu inicio vem dali, onde até chegou a competir em campeonatos. Sua ida para a música surge depois de basicamente roubar a cena enquanto o vocalista de uma banda no bar em que estava de bobeira foi ao banheiro. Porém quando ele monta o Charlie Brown, a correria para fazer a banda ser ouvida vira sua meta de vida. E não é atoa. Seu perfeccionismo o faz chegar as mãos certas e ele grava a demo da banda em 1995. O Baixista do Charlie Brown, Champignon, foi seu primeiro parceiro, pois o conheceu muleque e só depois que Marcão, Pelado e Thiago entram en cena. 

Aliás, o documentário não faz essa caminhada passo a passo ou até mesmo fala detalhadamente da infância de Chorão, mas exibe pontos importantes do inicio do seu trabalho musical e de como ele não teria direcionamento para nenhuma outra área que não o rock. Logo, o momento de virada, é quando Chorão já está nas mãos do produtor Rick Bonadio e joga pra fora todas as suas composições - seu metodo rápido de escrita é bem enaltecido no filme. Ricky deixa claro que assim que começam a trabalhar juntos, entende que o que vem surgindo será sucesso. A questão é o tempo. Assim, não mede esforços para ajudar a produzir a banda e até mesmo empresta dinheiro ao vocalista para que consigam fazer o que precisa. 

Se Otto, Zeca Baleiro e outros compositores só tem louvores a pessoa de Chorão, é ao contar como  o conheceu, que o músico Marcelo Nova revela a imensidão da alma simples do vocalista. Diz que a aproximação veio de Alexandre. Que este chegou quietinho em um ensaio e se declarou super fã do trabalho de Nova. Anos mais tarde, gravaram juntos música para o acústico do Charlie Brown e consolidaram a parceria que já era amizade. 



Marcão, Thiago e Champignon são entrevistados e observam como foi trabalhar e conviver com Alexandre, também não nos deixam surpresos com muitas das histórias que contam. Os três, aliás, chegaram a sair da banda depois do desgaste da relação cotidiana que tinham. A entrevista do baixista mais adorado do rock nacional, aliás, antecede também seu falecimento. Champignon se suicidou em setembro de 2013.

Ao lançarem então o seu terceiro disco, ''Preço Curto... Prazo Longo'', atingem o grande público em cheio e uma de suas música vira tema de folhetim adolescente. Embarcam no sucesso indo a programas dominicais e ganhando prêmios na MTV, inclusive, a tevê brasileira sempre desempenhou papel fundamental para o sucesso do Charlie Brown. Nâo só atingiram as rádios com a divulgação que veio por conta de participações em programas do tipo do 'Program Livre', de Serginho Groisman, como chegaram exatamente na era em que jovens, em fase de desenvolvimento, assistiam a Music Television e buscavam sua identidade a partir dos artistas e bandas que tinham seus clipes exibidos. E quem mais que Chorão e turma para entregar tal pedido, neh?!

Para completar, conhecemos um pouco também da história de amor entre Chorão e Graziela Gonçalves. Uma que foi tema do livro que esta lançou em 2018 ''Se não eu, quem vai fazer você feliz? Minha história de amor com Chorão'. Vem a tona também a  simplicidade do músico na vida com o filho, Alexandre Abrão, e como ele se prontificou a cuidar da mãe, após o pai falecer no inicio dos anos 2000. Os amigos de Chorão não esquecem de comentar como sua maneira de colocar todos debaixo de sua asa era um peso para ele, mas que Chorão o fazia com seu jeitão e estava sempre ali para quem precisasse.

Portanto, se o Charlie Brown teve uma longa jornada com o super homem que Chorão era, essa trajetória que assistimos em Marginal Alado consegue exaltar com bravura toda sua luta e com a ajuda de seus fãs, amigos, colegas de banda e familiares, ele estará na história do Rock Brasileiro para sempre. 

Avaliação: Três Skates de muita responsa (3/5).


HOJE NOS CINEMAS

Assista também nas plataformas NOW, Google Play, Apple TV, Vivo Play, Looke e Youtube.

Escute a Trilha Sonora do filme aqui.

Escrito por Bárbara Kruczyński

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