O Auto da Boa Mentira | Hoje nos Cinemas

 

Se a arte tem o papel de nos fazer pensar e refletir, ela pode também nos entregar momentos leves e divertidos. Aliás, tais características estão sempre alinhadas as mensagens das obras do grande escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, falecido em 2014. Este, nos últimos anos de sua vida era super proativo e estava sempre fazendo palestras e concedendo entrevistas, além do oficio de produzir e publicar histórias. Alguns dos 'causos' e contos que Suassuna externou em tais momentos foram adaptados a uma obra cinematográfica e entra em cartaz hoje nas salas recém abertas a partir das determinações de higiene pelo Ministério da Saúde.

Com direção de José Eduardo Belmonte, 'O Auto da Boa Mentira', traz ao moviegoer histórias de grandes e bons mentirosos com aquele jeitinho cordialíssimo e engraçadíssimo de Suassuna. Os contos são estrelados por Leandro Hassum, Rocco Pitanga, Nanda Costa, Renato Góes, Cassia Kiss, Jackson Antunes, Luiz Miranda, Johnny Massaro, Cacá Ottoni, Sérgio Loroza, Jesuita Barbosa e Chris Masson

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: O Auto da Boa Mentira, 2021. Direção: José Eduardo Belmonte. Assistente de Direção: Julia Moraes. Roteiro: João Falcão, Tatiana Maciel, Célio Porto. Elenco: Leandro Hassum, Rocco Pitanga, Nanda Costa, Renato Góes, Cassia Kiss, Jackson Antunes, Luiz Miranda, Johnny Massaro, Cacá Ottoni, Sérgio Loroza, Jesuita Barbosa e Chris Masson. Gênero: Comédia. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: Kika Cunha. Montagem: Quito Ribeiro, ZéPedro Gollo. Edição de Som e Mixagem: Ricardo Cuts. Direção de Arte: Daniel Flaksman. Figurino: Ana Avelar. Maquiagem: Uirandê Holanda. Produção Executiva: Rômulo Marinho. Produção: Cinegroup. Coprodução: Globo Filmes. Distribuição: Imagem Filmes. Classificação indicativa: 12 anos.

No filme de Belmonte, roteirizado pelo trio João Falcão, Tatiana Maciel, Célio Porto, adentramos ao mundo mágico de quatro tramas distintas, mas como uma ligação essencial e que acontece a partir de uma ação dos personagens centrais.

O primeiro arco é protagonizado por Leandro Hassum e este vive um funcionário de RH que é confundido com um comediante famoso e embarca na confusão para assim viver os benefícios daquela vida que não é a sua. Hassum contracena com Nanda Costa e Rocco Pitanga e vê um pouco de sua história de vida misturada a do personagem. 

Outra das histórias vem a partir da morte de um pai e a necessidade de uma mãe que pede ao filho que a ajude a enterrar o defunto de forma requintada e que custa uma fortuna. O rapaz é vivido por Renato Góes (Macabro e Legalize Já) e Cassia Kiss vive a mãe. O intrigante do arco é que uma mentira envolvendo  o palhaço do circo e a mãe do jovem faz este se questionar sobre seu verdadeiro pai e cometer ações que talvez não sejam bem pensadas e sofrer por estas. Ainda assim, a dupla Góes e Kiss nos faz rir com leveza e sutilidade. 



Ao passo que conhecemos mais a história do filme, ficamos embasbacadas com a expertise de um gringo em uma comunidade carioca querendo se safar de um encontro de amigos usando o jeitinho brasileiro de contar lorotas como '' ah, não fui, pois fui assaltado''. Dai a confusão se arma quando os que o cercam e tem grande afeto por este contatam o ''dono do lugar'' para entender o roubo e tomar providências. Jesuita Barbosa, Sergio Loroza e Chris Masson nos deliciam com momentos de tensão e alivio aqui. 

Se você nunca ouviu Ariano contar sobre as pessoas elitizadas que dividem o mundo em quem já foi a Disney e quem não foi, veja já o vídeo no youtube. Assim, é com essa deixa que o último ato do filme se realiza. Ali temos uma equipe de uma agência modernosa com chefes e coordenadores ocupados que mal prestam atenção ao trabalho da estagiária Lorena e só quando esta vai a um festa de confraternização é notada. Contando com Luiz Miranda, Cacá Ottoni e Johnny Massaro, as cenas que vemos ali tem muito a ver com o espaço das agências e consegue com louvor não só nos fazer rir das trapalhadas da moça como chamar atenção para ambientes de trabalho tóxicos e gente descompensada.
 


O filme não é um documentário, mas registra em algumas das cenas as falas de Ariano nas quais foi baseado e para quem já havia assistido, a memória fica fresca. Ao contrário de quem está conhecendo estes causos pela primeira vez.

Todas as tramas exibidas trazem comédia ao passo que conseguem fazer o espectador se lembrar de cenas do cotidiano que já tenha visto acontecer ou passado em sua pele. E assim é a escrita do paraibano mais honrado deste país, uma que relata ocorridos que qualquer um consegue facilmente se identificar.  

Com menos de uma hora e meia, a produção tem uma boa mão da direção e performance no ponto de seu elenco. Não perde o tom e nem se desequilibra resultando assim em um filme agradável para acalmar as almas tão estressadas e esquentar os corações de gelo.

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński

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