A Taça Partida | 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


Competição Novos Diretores

Indo na contramão da recente tendência de realização de filmes com protagonistas femininas em situação de opressão dentro de relacionamentos abusivos, em A Taça Partida o diretor e roteirista Esteban Cabezas decide acompanhar tal conjuntura sob o ponto de vista do ex-marido que não aceita o término de seu casamento. Longe de pintar o protagonista Rodrigo como vítima, a trama apenas convida o espectador a acompanhar de perto as loucuras do homem.

Certa manhã, Rodrigo aparece na casa de sua ex sem ser convidado, sob o pretexto de visitar o filho. Com muita chantagem e insistência, ele consegue permissão para entrar, ver o garoto fora do dia combinado, buscá-lo no colégio e levá-lo a uma visita ao planetário. Carla sai para o trabalho deixando o antigo companheiro encarregado de trancar a casa e ir embora quando a van escolar buscar a criança. Mas não é o que acontece.


Após ter insistido para entrar, insistido para ver o filho, insistido para buscá-lo na escola e insistido para levá-lo ao passeio, quebrando gradualmente todos os combinados estipulados entre o ex-casal, Rodrigo permanece na casa, onde toma um banho, recebe um amigo, se masturba em sua antiga cama e vasculha os pertences do novo companheiro de Carla, chegando a vestir suas roupas. O protagonista vai, aos poucos, ultrapassando cada limite e barreira que Carla tenta estipular, como alguém que pede uma mão e de repente toma o braço e, em seguida, o corpo inteiro. Há, nesta dinâmica, algo que lembra O Invasor vivido por Paulo Miklos no filme homônimo de 2001.

A obra tem uma execução de baixíssimo orçamento, o que é evidenciado por alguns defeitos de fotografia ao longo dos oitenta minutos. Outras características de produções de baixo custo são convertidas a favor da narrativa, como o elenco enxuto e a história passada em praticamente uma locação, o que confere certa tensão para o desenrolar da trama.



Ficha Técnica

Título original e ano: La Taza Rota, 2021. Direção: Esteban Cabezas.  Roteiro: Álvaro Ortega, Esteban Cabezas. Elenco: Juan Pablo Miranda, María Jesús González, Moisés Angulo, Román Cabezas, Rodrigo Soto, Daniel Antivilo. Gênero: Drama, Ficção. Nacionalidade: Chile. Edição: Rodrigo Fernandez. FotografiaCristián Petit-Laurent. Duração: 73min.

Apesar de acompanhar os acontecimentos pelo olhar de Rodrigo, o diretor deixa claro que é a mulher quem mais sofre com toda a situação. É Carla quem tem que equilibrar as vontades de seu filho, seu namorado e seu ex-marido em uma sinuca de bico em que qualquer atitude pode fazer algum deles se voltar contra ela.

Se estende um pouco além do necessário, perdendo a oportunidade de fechar no momento perfeito. Ainda assim, o longa vale-se de recursos de linguagem interessantes e tem um roteiro que cativa pelo desconforto causado, prendendo o espectador. Vale comentar também que conta com uma ótima cena que surge inofensiva, mas dá sentido à metáfora do título e resume todo o filme em uma “ideia governante” (termo de Robert Mckee).

Vinheta da 45ª Mostra

Assista no Mostra Play (clique aqui).

SERVIÇO:
MOSTRA PLAY

São inúmeros títulos confirmados na Mostra Play, cada um deles terá um limite de visualizações!

Serão oferecidos três pacotes exclusivos (não são válidos para nenhuma exibição presencial) e devem ser solicitados via e-mail (pacote_mostraplay@mostra.org). O pagamento deve ser realizado via transferência bancária. Quantidade e valores: 5 ingressos (R$ 57,00), 10 ingressos (R$ 105,00) ou 15 ingressos (R$ 150,00).

A programação da Mostra Play e das salas tem outro formato, isto se deve porque nem todos os filmes que estão disponíveis nas salas poderão ser assistidos também virtualmente. O ingresso individual para cada título da Mostra Play estará disponível a partir do domingo, 17 de outubro, custa R$ 12,00 e pode ser comprado diariamente no site https://mostraplay.mostra.org (pagamento por cartão de crédito das bandeiras visa ou mastercard). Após a compra, os filmes ficam disponíveis por 72 horas e, após o play, por 24 horas.

Escrito por Luana Rosa

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