Amor, Sublime Amor (2021)


A história de amor proibida mais popular do mundo deve ser Romeu e Julieta, não somente pela quantidade de adaptações que surgiram do romance, mas dos enredos que vieram em livre inspiração da tragédia de Shakespeare. Um bom exemplo disso está no musical West Side Story, que estreou em 1957 e apresentava uma nova roupagem do clássico.

Originalmente em Romeu e Julieta, a trama acontecia no século XVI na Itália, já na nova história somos levados para a década de 50 no bairro da zona oeste de Nova York, o Upper West Side do título. No projeto do musical, ao invés da rivalidade entre Montecchios e Capuletos, a história apresenta a rivalidade entre gangues de jovens. Romeu agora era Tony e passou a ter origem de imigrantes poloneses e irlandeses, enquanto Julieta ganhou o nome de Maria, uma descendente de porto-riquenhos.

Após o sucesso de crítica uma nova versão foi apresentada em 1961, adaptação cinematográfica dirigida por Jerome Robbins e Robert Wise, causando uma revolução para os padrões de musical em Hollywood na época, incorporando ideias teatrais, expandindo cores, cenários e novos movimentos de câmera. Influenciando também uma nova leva de filmes do gênero que ainda viriam pela história.

Amor Sublime Amor, de Jerome Robbins e Robert Wise (1961)

Nos últimos anos o cinema de Hollywood está mais ativo nesse processo de resgate de clássicos para a nova geração. West Side Story, ou no bom português, Amor, Sublime Amor, retorna em uma versão ambiciosa nas mãos do renomado diretor Steven Spielberg. Com 74 anos, Spielberg demonstra que está no ponto mais alto de sua carreira, apresentando uma releitura vibrante que é guiada por performances incríveis e coreografias impecáveis.


Assim como no enredo original, o embate entre as gangues é o ponto de convergência do filme. O contraste é focado para os líderes Riff (Mike Faister) e Bernardo (David Alvarez). Riff é fruto de uma geração desamparada e desconta suas frustrações nas costas dos imigrantes latinos que “querem se apropriar dos trabalhos” das pessoas de bem. Bernardo, por sua vez, reclama por direitos e tem como principal objetivo deixar um legado para sua família e para aqueles que se inspiram nele. É nesse contexto que surgem Tony (Ansel Elgort) e María (Rachel Zegler). Tony, que é o melhor amigo de Riff. E Maria, que é irmã de Bernardo. Em um baile, o destino dos dois se cruza, dando origem a uma série de reviravoltas e buscam provar que o amor pode ter maior força que a guerra.






Este é o primeiro musical da carreira de Spielberg, que revelou em uma entrevista que dirigir o clássico ''é um sonho de infância''. Fazendo questão de destacar os diálogos integralmente em espanhol, Spielberg parece levar a sério a questão da diversidade no filme e traz em sua maioria atores latinos. A atriz porto-riquenha Rita Moreno, que teve sua pele escurecida para interpretar a personagem Anita na primeira versão para o cinema, hoje com 89 anos, volta às telas nesta releitura no papel de Valentina, uma personagem que não existia no musical original, mas que Spielberg tomou a liberdade de criar.

A produção merece e deve ser apreciada além da guerra racial retratada no filme, a trama toca em questões sociais e econômicas trazendo um filme mais político do que o original em uma competente revisitação ao clássico.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: West Side Story, 2021. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Tony Kushner — adaptação do livro/peça de Arthur Laurents. Elenco: Rita Moreno, Rachel Zegler, David Alvarez, Ariana DeBose, Mike Faist, Cory Stoll, Brian d’Arcy James, Josh Andrés Rivera e Ansel Elgort. Gênero: Musical, Romance. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Leonard Bernstein. Fotografia: Janusz Kaminski. EdiçãoSarah Broshar e Michael Kahn. Distribuição: 20th Century Studios. Duração: 01h47min.

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Andrei Morais

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