Matrix Ressurections | Assista nos Cinemas


A cultura pop que fortalece e é um dos alicerces do universo do cinema atual, já há alguns anos, tem auxiliado cineastas, roteiristas e produtores a formular e desenvolver produtos que cheguem às telas mundiais para enaltecer gerações anteriores e esbanjar nostalgia para um público necessitado de boas memórias.

Matrix, trilogia criada por Lana e Lilly Wachowski, fez um enorme sucesso logo no início dos anos 2000 e inovou não só a forma de se fazer cinema como se tornou emblemática. Assim, ao passo que o enredo apresentado pelas irmãs ganhou introdução (The Matrix), desenvolvimento (The Matrix Reloaded) e conclusão (The Matrix Revolutions), muitos sequer poderiam imaginar que uma retomada da história pudesse caber. No entanto, quase vinte anos depois do início de tudo, aqueles que uma vez libertaram suas mentes e seguiram o coelho branco tem a chance de retornar a Matrix para acompanhar a ressurreição de ideias originais sendo não exatamente reinventadas, mas turbinadas com a abertura de novas portas dentro da mesma narrativa.

Voltam aos seus papéis o astro Keanu Reeves e as atrizes Carrie Ann-Moss e Jada Pinket-Smith e Lana aparece sozinha na direção. O roteiro tem agora David Mitchell e Aleksandar Hemon, além da própria Lana.

Também estão no elenco: Yahya Abdul-Mateen II, Jonathan Groff, Jessica Henwick, Neil Patrick Harris, Pryanka Chopra Jonas, Christina Ricci, Lambert Wilson, Andrew Caldwell, Toby Onwumere e Max Riemelt.


Thomas Anderson, ou Neo (Reeves), salvou a humanidade ao fim de "Revolutions", e até onde sabíamos, o protagonista e sua amada, Trinity (Moss) não sobreviveram ao final da jornada. Logo, o start de Ressurections leva a capitã Bugs (Henwick) e os tripulantes de sua nave ao mundo da Matrix para assistir um experimento do início de tudo, porém, os acontecimentos vão se modificando durante o decorrer dos eventos e esse modal em andamento se torna curioso para eles.

A capitã inicia então uma busca por elementos chaves da historia de Neo e por fim se depara com eles em um estado que ninguém poderia fantasiar, pois para além do acordo que Neo estabeleceu com as máquinas, outras estratégias foram criadas para sustentar a paz mundial.

Desta maneira, quando Thomas Anderson entra em cena somos apresentados novamente ao embate entre a ilusão e a realidade e este sistema bruto em qual Neo vive é novamente uma prisão. Toda sua memória do que aconteceu agora é revista e aclamada através de algo trivial e que não faz jus a sua caminhada. Todavia, são reencontros e buscas esperançosas que trazem à tona os heróis que uma vez conhecemos.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Matrix Ressurections, 2021. Direção: Lana Wachowski. Roteiro: Lana Wachowski, David Mitchell e Aleksandar Hemon - baseado nos personagens criados por Lana Wachowski e Lilly Wachoski. Elenco: Keanu Reeves, Carrie Anne-Moss, Yahya Abdul-Mateen II, Jonathan Groff, Jessica Henwick, Neil Patrick Harris, Jada Pinkett Smith, Pryanka Chopra Jonas, Christina Ricci, Lambert Wilson, Andrew Caldwell, Toby Onwumere, Max Riemelt, Joshua Grothe, Eréndira Ibarra, Michal X. Sommers, L. Trey Wilson, Telma Hopkins, Chad Stahelski, Amadei Weiland, Elle Hollman. Gênero: ação, Scifi. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Johnny Klimek e Tom Tykwer. Fotografia: Daniele Massaccesi e John Toll. Edição: Joseph Jett Sally. Design de Produção: Hugh Bateup e Peter Walpole. Supervisor de Direção de Arte: Maya Shimoguchi e Stephan O. Gessler. Figurino: Tom Davies e Barbara Munch. Distribuição: Warner Bros Pictures Brasil. Duração:02h28min.

A trama se desenvolve com a mesma lógica do primeiro filme onde o mundo é dividido em duas realidades, contudo, inúmeras ferramentas e personagens de suas sequências são também utilizadas para reanimar ou até mesmo zombar do que antes era visto com teor mais sério. Assim, o público adentra o universo da Matrix para repensar sua dualidade, ou seu "código binário", e ver o mesmo mundo dialogar com duas forças e não somente uma.

Usa-se novamente o tom bíblico da salvação da humanidade, mas também trabalha-se a forte ideia dos gêneros. Trinity e Neo não são agora o que eram, pois estão adormecidos por uma manipulação ''terapêutica ou cibernética'' que a todo momento diz que "lembranças e sonhos" são fantasia e não realidade.

Trinity (Moss) e Neo {Reeves) em Matrix (1999) e Matrix Ressurections (2021)

A primeira vista, o baque será grande e por quase uma hora de filme o roteiro vai convencer com argumentos bem impressionantes acerca da causa e do motivo real da ressurreição da dupla ou da repaginada que Morpheus sofreu. O encaixe de outros personagens, contudo, talvez embarque o espectador numa repetição de atos sem sentido, como o tempestuoso Agente Smith (Groff) que volta a duelar com Neo e o valor de sua presença seja por quase todo o filme uma incógnita. Niobe (Pinket-Smith) sempre foi uma personagem crítica a questão do Salvador e seus milagres e aparece ainda mais realista frente aos novos acontecimentos. A mulher se torna general e está no comando da segurança do povo de Io, lugar que ela ajudou a construir após o acordo de Neo e as máquinas. Bugs e sua turma representam a busca pela compreensão do passado e do agradecimento àqueles que ajudaram a mudar um pouco do presente e não é muito difícil não gostar de cara de todos ali. 

Se o telefone ainda era um artefato altamente usado nos filmes anteriores, aqui o campo desta ferramenta tecnológica se altera para o caminhar por espelhos - que não é algo novo, mas que joga com a brincadeira da própria continuação da trama escrita por Lewis Carroll, Alice Através do Espelho, obra muito referenciada aqui. Representações dos personagens do mundo real na Matrix também se tornam mais comuns e apesar de não serem hologramas, tem a mesma proposta.

A guerra toma outro direcionamento e "lado a e parte do lado b" se unem formando uma aliança inteligente e frutífera. O controle e o detenção das mentes agora reverbera pela "uberização". Ou seja, o conformismo de uma situação de aprisionamento que prefere estar onde está e pensa ser dono do seu próprio eu, quando na verdade, está pior e é explorado ainda mais. 

Não distante desse debate, a produção evoca a equalização dos gêneros e diz que a troca de posições é valida e também traz de volta sua tese utópica do romantismo, explicitamente evidenciada em Revolutions. Todavia, o que realmente agrega é ver o empoderamento feminino ganhando cena como ainda não havíamos visto. O questionamento da realidade da mulher e seu papel essencial para toda a história.

Lana Wachowski fez um filme impactante, com boas pitadas cômicas e que deve agraciar sim o espectador de inúmeras formas. Sua direção se faz vibrante e cheia de pirotecnias, por vezes similares aos seus trabalhos anteriores, mas com um olhar ainda mais detalhado e, infelizmente, muito explicativo.

O roteiro que tenta fazer mais sentido do que realmente tem, tem furos aqui e ali, e não entrega um resultado alinhado. Mas convence no que pode e decepciona onde não deveria. A trilha sonora tem seus momentos, but poderia ter ainda mais. Se a trilogia teve captura de imagens em formato de 35mm e uma fotografia esverdeada simbólica, em Ressurections o modo digital é pleno e tem também sua beleza.

Destaques no elenco: prestem bastante atenção em Jéssica Henwick, Jonathan Groff, Neil Patrick Harris e Toby Onwumere.

Em suma, se em 2021, o público tem a chance de revisitar este universo e conferir outros ângulos dessa trama clássica. Porque não?

Avaliação: Três coelhos brancos e meio espelho codificado (3,5/5).

HOJE NOS CINEMAS

atualizado em 25/12/21, às 19:48

Escrito por Bárbara Kruczyński

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