Morte no Nilo, de Kenneth Branagh

 
Em 2017, começamos a companhar as aventuras do detetive Hercule Poirot no cinema com a estréia de ''Assassinato no Expresso do Oriente'' (leia resenha aqui). O personagem saído dos livros de Agatha Cristhie ganhou vida e direcionamento com o fenomenal Kenneth Branagh e agora sua segunda aventura cinematográfica chega as telas de todo o mundo. Morte No Nilo é baseado no livro lançado em 1934 e já teve antes uma adaptação para o cinema. Uma que foi estrelada por Peter Ustinov e Mia Farrow, em 1978.

Com elenco formado por Gal Gadot, Annette Bening, Armie Hammer, Letitia Wright, Emma Mackey, Tom Bateman, Ali Fazal, Rose Leslie, Jennifer Saunders, Russell Brand, Sophie Okonedo e Dawn French, a produção reapresenta Poirot investigando um novo assassinato, todavia, antes de todos os conflitos e amarrações, conhecemos melhor o passado do detetive onde um amor perdido e uma vida militar eram seus guias.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Death at the Nile, 2022. Direção: Kenneth Branagh. Roteiro: Michael Green - baseado no livro homônimo de Agatha Christie. Elenco: Gal Gadot, Armie Hammer, Kenneth Branagh, Letitia Wright, Emma Mackey, Tom Bateman, Ali Fazal, Rose Leslie, Annette Bening, Jennifer Saunders, Russell Brand, Sophie Okonedo e Dawn French. Gênero: Drama. Nacionalidade: Estados Unidos e Reino Unido. Trilha Sonora Original: Patrick Doyle. Fotografia: Haris Zambarloukos. Edição: Úna Ní Dhonghaíle. Distribuição: 20th Century Fox. Duração: 02h07min.

O inicio da pélícula nos leva ao passado do jovem Hercule Poirot (Branagh) quando este estava na guerra. Os tensos momentos em fronte de batalha são retratados em preto e branco e conseguem registrar a seriedade da situação. Poirot já se mostrava racional e inteligentissimo ajudando aos seus superiores a melhor agir em campo, porém estes nem sempre eram tão astutos. O chefe da tropa, após seguir uma dica certeira de Poirot e se dar bem ao pegar os inimigos desprevenidos, acaba causando uma explosão, pois pisa em uma granada. Dali, cortamos para o momento em que o detetive está na ala hospitalar e sua amada o encontra. Entendemos também o porquê do seu bigode tão exagerado. O homem sofreu um corte no rosto durante a explosão.

Muitos dias depois, estamos na Londres barulhenta e uma banda toca em um pub um Jazz fervoroso. Uma cantora e sua sobrinha estão ali ganhando seu dinheiro com os músicos e fazendo a festa do povo londrinho. Poirot está no local e assiste o casal Jacqueline de Bellefort (Mackey) e Simon Doyle (Hammer) dançar fervorosamente quando a amiga da mulher, a herdeira Linnet Ridgeway (Gadot) chega ao local e encanta Simon. Poirot percebe o descontentamento de Jacqueline, mas somente dias depois, quando está de férias no Egito é que vê como terminou toda a história. Linnet e Simon acabam se casando. O amor a primeira vista venceu a amizade das duas mulheres.

No local, Poirot conhece Bouc (Bateman) e sua mãe Euphemia (Benning). Também a assistente de Linnet, Louise Bourget (Leslie), o primo da rica mulher, Katchadourian (Ali Fazal), o médico Windlesham (Brand), as senhoras Mary van Schuyler (Sanders) e Bowers (French) e volta a rever a musicista do pub, Salome Otterbourne (Okonedo) e sua sobrinha Rosalie (Wright). O grupo acaba festejando junto com o recente casal o inicio da relação como marido e mulher. No entanto, a ex de Simon, Jacqueline começa a persegui-los onde vão. 

Certo dia, o grupo decide ir visitar lugares turísticos e um acidente quase mata Linnet e Simon. Na sequência, o casal decide passar alguns dias no rio Nilo e leva todos consigo, mas Jacqueline também está na embarcação. Estranhamente, Poirot acaba passando mal em uma das noites e acorda com a notícia de que Linnet foi assassinada. Todos presentes no barco tem algum tipo de álibi, inclusive o marido dela que também está ferido. O detetive tem novamente um super caso nas mão e começa a descobrir todos os segredos dos acompanhantes da falecida. No ato derradeiro do filme, é apresentada a solução do mistério e mais uma vez assistimos a inteligência do investigador em cena.


Michael Green foi roteirista do primeiro filme e Kenneth Branagh, além de estrelar, também o dirigiu. Os dois voltam a trabalhar juntos. A direfença é mesmo a mudança de palco e o restante do elenco. O texto é tão inteligente quanto a condução. Temos durante a trama a apresentação de inúmeras ferramentas que auxiliar na solução do caso e também a entendermos melhor o detetive. Da mesma forma que o longa anterior. Ademais, as camadas de cada arco dos personagens vem sendo entregues vagarosamente para que a suspeita sobrecaia sobre cada um deles, ainda que seja óbvio quem está por trás de tudo. O tom sarcástico e cômico dos dialogos é brilhante. 

O filme tem um figurino impecável e uma fotografia permeada de cores quentes que o fazem lindissimo visualmente. Pela obviedade da situação, o espectador pode resolver na sua cabeça o conflito principal muito rapidamente, todavia, é demais como somos levados a entrar na história de cabeça. A gafe aqui vem de deixa feita ao fim de Expresso do Oriente onde Poirot é chamado para resolver um crime no Nilo e não é bem assim que tudo se inicia em Morte no Nilo.

Branagh é com certeza exemplar em sua perfomance como o protagonista. Usufrui do poder que tem sobre a língua inglesa ao falar com sotaque francês, mas também é visto falando frases inteiras além de ''Bonjour e Oui''. Russell Brand aparece como um médico sério e de cabelos curtos e nos deixa embasbacados pela entrega. Afinal, o ator sempre vive malucões em comédias escrachadas. Emma Mackey lembra, fisicamente, Margot Robbie e para o cinéfilo mais atento isto pode se sobressaltar. Faz uma mulher abandonada e revoltada com muita elegância. Annette Bening é vista como uma mãe controladora que não quer o casamento do filho Bouc com qualquer uma. Rosalie e a tia Salome estão conectadas a estes personagens e revelações entre eles fazem a história caminhar. As performances de Tom Bateman, Letitia Wright e Sophie Okonedo estão super pontuais. Jennifer Sanders e Dawn French são uma dupla misteriosa e ainda assim agradam. Nossa vítima é vivida pela belíssima Gal Gadot e o papel não exige muito dela. 

Morte no Nilo é com certeza um filme inteligente, cheio de sacadas cômicas e indicado a quem adora bancar o investigador. 

Avaliação: Três tiros astutos e certeiros. (3/5)


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Escrito por Bárbara Kruczyński

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