Lightyear, de Angus MacLane


Quando o primeiro Toy Story foi lançado em 1995, as crianças nascidas ao longo dos anos 80 ou ao inicio da década de 90 ganharam uma leva de aventuras adoráveis para os seus momentos de entretenimento. Uma que perduraria pelos anos 2000, visto que o terceiro filme só foi chegar às telas em 2010 e o quarto nove anos depois. Com Tom Hanks e Tim Allen dublando os personagens centrais na versão original, o Cowboy Woody e o patrulheiro espacial Buzz Lightyear, respectivamente, os filmes dirigidos por John Lasseter foram um tremendo sucesso mundial e todos eles entraram nas estatísticas de box office e ainda foram aclamados pela crítica especializada. As animações revelavam as peripécias dos bonecos do garoto Andy que ganhavam vida e de como estes apresentavam sentimentos diversos e passavam por inúmeras situações. As obras acabaram crescendo junto com seu público e entregando narrativas delicadas e sensíveis que falam muito da condição humana.

Agora, vinte e sete anos depois, um dos adorados personagens de Toy Story, Buzz Lightyear, volta a viver aventuras na telona em um filme origem que apresenta a história daquele que inspirou a criação do brinquedo de Andy. Uma produção que, como os filmes de Lasseter, também vai a fundo na psicologia comportamental e entrega ótimas lições. Lightyear tem direção do animador Angus MacLane que debuta na função após ter trabalhado não só no universo de Toy Story como também nas produções: ''Up: Altas Aventuras'', ''WALL-E'', ''Ratatouille'', ''Procurando Nemo'', ''Os Incríveis'', ''Vida de Inseto'' e etc. Por decisões criativas, em diversos países a voz de Buzz foi alterada. No original, o ator Chris Evans ganhou a missão e no Brasil o ator e apresentador Marcos Mion recebeu o bastão do próprio dublador de Buzz, Guilherme Briggs

O longa chega hoje aos cinemas e sua experiência cinemática vai além do que se pode imaginar, resultando em um super filme de aventura e para toda a família. Sua versão dublada tem ainda Flora Paulita, Henrique Reis, Lucia Helena Azevedo, Adriana Pissardini e César Marchetti no elenco e agrada pelo trabalho de qualidade entregue.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Lightyear, 2022. Direção: Angus MacLane. Roteiro: Angus MacLane, Matthew Aldrich, Jason Headley - baseado nos personagens e roteiros escritos por John Lasseter, Jason Headley, Pete Docter, Andrew Stanton, e Joe Ranft. Vozes Originais: Chris Evans, Taika Waititi, Keke Palmer, Peter Sohn, Dale Soules, James Brolin, Uzo Aduba, Mary McDonald-Lewis, Isiah Whitlock Jr., Angus MacLane, Bill Hader, Efren Ramirez e Keira Hairston. Dubladores: Marcos Mion, César Marchetti, Flora Paulita, Henrique Reis, Lucia Helena Azevedo, Adriana Pissardini. Gênero: Aventura, Animação. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Michael Giacchino. Fotografia: Jeremy Lasky e Ian Megibben. Supervisor de Animação: David DeVan. Edição: Anthony Greenberg. Distribuidora: Walt Disney Studios Brasil. Duração: 01h49min. 
Na trama, o patrulheiro espacial Buzz Lighyear (Mion/Evans) e sua Comandante Alisha Howthorne (Pissardini/Aduba) estão em uma missão por um planeta desconhecido averiguando a possibilidade de habitar o lugar, mas insetos e animais letais os atacam, o que os força a fugir com rapidez. Contudo, acabam ficando presos ali e constroem uma base para todos os tripulantes ficarem seguros e iniciam testes para novas fugas lideradas por Lightyear. O patrulheiro espacial, no entanto, se sente culpado pela missão ter falhado e todos terem que tentar sobreviver naquele planeta inóspito e pouco se dá conta de tudo que está acontecendo a sua volta, pois os colegas de missão resolvem criar laços uns com os outros e viverem suas vidas, sem exatamente contar com a viagem de saída que pode ou não acontecer. 

A Comandante Howthorne, por exemplo, encontra um amor e se casa. Ela e a esposa geram filhos e os vêem crescer enquanto Buzz tenta equacionar a melhor forma de tirar todos dali em segurança. Porém, sempre que este retorna, os anos se passaram bruscamente, em vista que no espaço o decurso do tempo não tem a mesma velocidade. Em algum destes retornos, é presenteado pela Comandante com um gatinho robô chamado Sox (Marchetti/Sohn). Tem um primeiro encontro com a inteligência artificial bastante resistente, mas entende que este pode ser útil e com a convivência também cria afeto pelo gatinho. 

Os superiores de Lightyear, após inúmeros retornos sem um resultado 100% efetivo das missões, decidem encerrar o projeto, mas o patrulheiro persiste na vontade de ''corrigir seu erro'' e esta última missão traz surpresas positivas e negativas, pois apesar de descobrir a forma correta da viagem, quando ele volta a base tudo está mudado e houve uma invasão de robôs alienígenas no planeta que deixou a todos presos ali de vez. Ele se junta então aos recrutas e patrulheiros inexperientes Izzy (Paulita/Palmer), Mo (Reis/Waititi) e Darby (Azevedo/Soules) para juntos salvarem a população. Uma das recrutas é bem familiar ao piloto e a amizade que ele criou com ex-colegas de missão, que já não estão mais vivos, começa a se desenvolver com estes últimos.

A animação é espetacular por trazer uma apresentação do personagem sólida e com muita bagagem. Buzz Lightyear é o típico herói que vemos nos filmes. O líder capacitado para missões difíceis, inteligente e sempre pronto para o trabalho. Suas conexões humanas são somente com os colegas patrulheiros e tem uma amizade enorme com a Comandante Howtorne. Ao passo que ele ganha novos amigos e até um bichano robótico, ele tem a chance de mudar isto. Repensar sua forma de trabalhar e até mesmo a sua vida pessoal - que não necessariamente teve grandes mudanças. Por ser dedicado a tudo que faz, se sente muito culpado pelo acidente que acontece e demora a entender que ser individualista não é o caminho e que é ok parar e pedir ajuda, pois o trabalho em equipe pode sim funcionar muito bem. Basta dar oportunidades para isto.


As cenas e diálogos são emblemáticas e trazem referências não só a série de filmes ''Toy Story'' como também ao universo do cinema em si - Star Wars, Os Vingadores e etc. Lightyear é mais humano e as camadas que são dadas à ele nos fazem entender melhor o jeitão do brinquedo Buzz Lightyear que, a principio, não agradou em nada Woody.

Personagens coadjuvantes vem com muita representatividade e o melhor de tudo é que soa natural e não ''para lacrar''. Não só a comunidade negra é vista tendo papel efetivo como também a LGBTQIA+ e, sinceramente, se o público perceber isto, sequer precisará levantar bandeiras, pois como sabemos bem, geralmente e prévio a este século, é em maior quantidade o número de produções explicitamente permeadas por arcos padrões.




A decisão criativa de trocar a voz do personagem que inspira a criação do brinquedo é muito acertada. Tudo porquê o filme insere um contexto de referências ao próprio trabalho de Chris Evans como Capitão América. Também ganha um outro patamar quando não só reflete a nostalgia para os que cresceram com os filmes de Toy Story, mas para os novinhos que estão aficionados pelo mundo dos heróis na telona. 

No Brasil, Marcos Mion, ator e apresentador, bem como todo o elenco, trouxeram muita propriedade aos personagens e a joavilidade de Mion é trocada aqui por muita seriedade e entrega. Impressionando, mas não surpreendendo, pois o ator é sim um multi-artista e merece reconhecimento por toda dedicação em tudo que faz. 


A trilha sonora original, assinada por Michael Giacchino, é deslumbrante e sem muitos exageros retumbantes, já que filmes sobre o espaço se apropriam mais de sons tecnológicos e futuristas. Ainda no trailer do longa é possível ouvir uma versão de ''Starman'', canção do ilustre David Bowie, e que faz todo o sentido de ter ganho espaço na trilha. Mais pontos para a produção. As ambientações e cenários se alternam entre o lugar terroso e difícil de se viver para os espaços dentro das naves ou até na galáxia, o que joga cores quentes e geladas em contraste. O terceiro ato do filme, onde conhecemos o grande vilão, é mais obscuro, contudo, mas revela leveza quando o personagem central supera seus medos e a si mesmo. 

MacLane tem uma estreia empolgante como diretor e também está no time de roteiristas e dubladores, então sentimos que sua participação é completa e cautelosa. Para tempos em que a união e o trabalho em equipe é algo extremamente difícil devido a falta de respeito pelo outro, a mensagem principal aqui ganha muita força. Corra para assistir.

Avaliação: Quatro viagens ao infinito e além (4/5)

HOJE NOS CINEMAS

See Ya!


B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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