quarta-feira, 20 de maio de 2015

Crimes Ocultos


A Rússia Stalinista do anos 50, clamava um lema indubitável, comum aos governos ditatoriais, ''Não Há Crimes no Paraíso''. Portanto,  todo e qualquer problema decorrente no sistema seguro, que era o soviético, não era tido como tal, mas como 'mero acidente'. Desta maneira, seus agentes deveriam explanar os fatos à nação, como lhes fora ordenado, sem questionar ou incentivar dúvidas.

Contudo, um destes fiéis investigadores, o agente da MGB Leo Demidov, interpretado pelo irreverente ator britânico Tom Hardy, outrora herói de guerra e policial de status, começa a acreditar que há algo de muito errado acontecendo em Moscou e em cidades próximas dali, quando uma série de assassinatos misteriosos envolvendo crianças são identificados como 'os ditos acidentes'.

Simultaneamente à situação, Leo (Hardy) está vivendo 'turbulências' em seu casamento com a professora Raisa (Noomi Rapace) e vem sendo perseguido por companheiros que querem o seu cargo dentro da corporação. Tais conflitos pessoais ganham maior amplitude após um suspeito espião, vivido por Jason Clarke, indicar o nome de Raisa como suposta traidora do Estado perfeito de Stalin. Leo é então orientado a entrega-la para tortura, mas se nega a fazê-lo e, por isto, os dois são transferidos dali para iniciarem uma nova vida na cidade de Volsk.

Produzida por Ridley Scott, a trama tem direção do sueco Daniel Espinosa (Protegendo o Inimigo) e chega aos cinemas nacionais esta quinta-feira (21). Adaptada do best-seller ''Criança 44',' do escritor Tom Rob Smith, a intrigante jornada de Leo Demidov nos conduz por uma bela tentativa de trazer a verdade à tona e não se deixar enganar pelas forças invisíveis de um Estado controlador.

Hardy tem ganho papéis incrivelmente fortes, nos últimos anos. Assim, em Crimes Ocultos, ele mais uma vez, nos presenteia com uma ótima performance. Seu agente correto, dentro de um Estado desregular, elimina qualquer chance de não nos agraciarmos de sua rígida presença. Até mesmo quando se descobre que há resistência por parte de Raisa (Rapace), em aceitá-lo como marido. Fator, todavia, que se resolve durante o caminhar da película e nos deixa ainda mais encantadas com a delicadeza do personagem.
A versatilidade em si, que o ator demonstra, dá o tom certo ao papel e rende um ótimo bate-bola com Rapace. Eles trabalham juntos pela segunda vez e trazem uma química certeira ao que lhes é solicitado. A teatralidade misteriosa de Rapace, mostra Raisa como uma interrogação, por grande parte do longa, e apesar disso, seu crescimento no enredo nos revela que a moça não é exatamente a vilã que podíamos acreditar ser. O casal tem ainda que lidar com a constante perseguição do agente Vasili (Joel Kinnaman) e do Major Kuzmin (Vincent Cassel), mas contornam a tragédia das mortes das crianças com a ajuda do General Mikhail Nesterov (Gary Oldman).


A direção de Espinosa é louvável. Ele consegue fazer a trama correr no tempo certo e acentua sua direção com o ótimo roteiro de Richard Price. Fica tudo muito bem costurado ali. O enredo consegue destacar temas como: paranoia da época, o sistema educacional, orfanatos e como a homossexualidade era vista na URSS. Todos os conflitos e reviravoltas são bem jogados na tela. Suas resoluções são, de um todo, nobre. Outros fatores relevantes são a trilha sonora, que assinala a tensão, e a fotografia que preenche a tela com cores mais sóbrias e frias. O figurino, da renomada Jenny Beaven, também marca bem a trama e se exibe para um contexto próprio.

O elenco estelar é dignamente muito apropriado e tem uma sintonia lapidada pelos anos. Até porque, além de Hardy e Rapace, muitos deles já trabalharam juntos, como Jason Clarke e Gary Oldman e também Joel Kinnaman e Daniel Espinosa.

A obra na qual o filme fora baseado faz parte de uma trilogia. ''Criança 44'' é a primeira parte dela. Seguida de 'O Discurso Secreto' e finalizada com "O Agente 6'.  O escritor Inglês Tom Rob Smith, se baseou na história de vida do assassino russo Andrei Chikatilo, responsável por 52 assassinatos na União Soviética, para escrever o livro. (Não li nenhum dos três, mas já encomendei o primeiro deles para dar inicio, pois realmente é uma película fantástica). 

Assim, com um ótimo caminhar, elenco, roteiro e direção alinhadas, 'Crimes Ocultos' é a boa pedida da semana! (Além de ser o segundo filme de Hardy a entrar em cartaz este mês).
Ficha Técnica: Child 44, 2015. Direção: Daniel Espinosa. Roteiro: Richard Price, adaptado do livro 'Child 44' de Tom Rob Smith. Elenco: Tom Hardy, Gary Oldman, Noomi Rapace, Xavier Atkins, Joel Kinnaman, Fares Fares, Jason Clarke, Vincent Cassel. Gênero: Suspense. Distribuidora: PARIS FILMES. Nacionalidade: Eua, República Tcheca, Reino Unido, Romênia. Trilha Sonora: Jon Ekstrand. Duração: 2h18min.
Trailer



Avaliação: Nove traidores sanguinários! (9/10)

21 de Maio nos Cinemas!


See Ya!
B-


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria (3D)


O diretor e roteirista George Miller, é o principal responsável pela criação do mundo caótico e perturbante de ''Mad Max (1979)'' e suas sequências, ''A Caçada Continua (1981)'' e Além da Cúpula do Trovão (1985)''. A trilogia em si, tem seus altos e baixos. Mas se valida com vigor perante muitos dos filmes dos anos 80. Aliás, abriu espaço para  diversas produções que viriam a ser lançadas posteriormente, como é o caso da também franquia 'Exterminador do Futuro' do idealizador James Cameron. Na saga de Mad Max, Miller nos introduz e nos guia por uma narrativa visionária de seu mundo pós-apocalíptico, onde os limites da humanidade são testados ao extremo. Somos postos a contemplar um caos preponderante, no qual o enredo trilha pelos três longas. Não há mais lugar seguro, não há mais mundo e nem sociedade civil. Apenas um rastro do que outrora existira. E quem sobrevive para contar é o ex-policial Max Rockatansky que, logo após perder a família, tem de lutar arduamente para continuar vivo.

Max, que ali fora vivido pelo ator Mel Gibson, foi rei das tardes de cinema de muitos (aqui em casa, pelo menos, o primeiro e o segundo brilharam bastante. O terceiro já não se deu tanta bola). Portanto, quando fora anunciado, há alguns anos atrás, que Miller vinha tentando trabalhar em uma sequência para sua trilogia e que o ator britânico Tom Hardy encararia a difícil tarefa de dar vida a esse Max adequado aos tempos atuais. Algo pulsou forte nos corações de muito cinéfilos - deu até pra imaginar um emoji chorando de alegria, hahaha.

Bem, nesta quinta-feira(14) tem-se, enfim, a estreia da aguardada mega produção de Miller, ''Mad Max - Estrada da Fúria'', que vem com seu dedinho, como de costume, no roteiro e na direção. Tom Hardy assume mesmo o papel de Max ( e com a benção de Gibson), Charlize Theron vive a corajosa Imperatriz Furiosa e o ator Hugh Keays-Byrne dá vida ao ditador brutamontes Immortan Joe. Ele que, inclusive, participou também do primeiro Mad Max, lá em 79, mas aqui tem novo personagem. Complementam o elenco, Nicholas Hoult, Josh Helman e Zoë Kravitz.

Quando o longa se inicia adentramos a cabeça de Max (Hardy) e seus traumas vividos no passado. Ele continua perambulando pelo deserto e tentando sobreviver à escassez de vida e também aos muitos donos do pedaço. Mas não demora e ele é capturado pelos inúmeros seguidores de Immortan Joe (Byrne), uma criatura de beleza desarmônica que vive no alto de uma caverna e detêm poder sobre a água e a terra fértil dali. Além daqueles que esperam por migalhas e um pouco de caridade para se sobreviver à fome e a sede do deserto. O tirano vive cercado de seus filhos, amas de leite, serviçais dedicados e mulheres parideiras para atender suas vontades. Contudo, estas últimas se unirão a valente Imperatriz Furiosa (Theron) para escapar dos comandos da figura opressora de Joe e irem em busca de um lugar menos asqueroso para se viver. No meio do caminho, encontrarão Max e talvez ganharão um aliado.















A trama dá um enfoque G-I-G-A-N-T-E-S-C-O ao papel que a mulher exerce na história  e a emprega como dona de seu destino. Faz isto como ''uma atualização para o contexto atual universal'' e institui que não é só de testosterona que se faz um filme de ação. Assim, Max não é de um todo o protogonista do enredo, pois o papel de Theron tem mais destaque, mais força, mais diálogos. Há espaço para o mocinho e para o vilão, mas quem supera ambos são as personagens femininas. Unidas, destemidas e empoderadas por sua escolha de lutar contra a dominação masculina e buscar aquilo que as pertence, a liberdade. Hardy tem seu destaque merecido nas cenas inusitadas de ação. Sua atuação vem de contraste a relevância que Theron tem, mas talvez, isto signifique que este tenha sido um longa introdutório, afinal, o ator assinou contrato para mais três filmes do personagem.

Charlize Theron é realmente quem sacode a poeira. Seu personagem direciona o filme para uma looooonga perseguição e o traz de volta quando decide derrotar, de uma vez por todas, os monstros que tornam possível a depreciação das vidas restantes ali. Perdidas no deserto, ela e as esbeltas esposas de Joe, se deixam guiar por Max e tem também a ajuda do renegado Nux, o ótimo Nicholas Hoult. Byrne faz um vilão perverso e assustador, mas também perde força frente ao girl power presente no filme e a estranheza generalizada do restante dos personagens traz aquela nostalgia da trilogia lançada no passado.

Miller foi muito, mas muito esperto. Nos deu um gostinho do que está por vir e manteve o lema caótico de sempre. Contextualizou a história e trouxe um lado que talvez não tivesse sido explorado no começo da iniciativa com tanta critica construtiva sobre o papel submisso que a mulher tem como escrava sexual. Porém, houve uma surpresa generalizada ao saber do tom feminista que a trama ganhou e que Hardy não exatamente estava na liderança. Isto se deve ao fator do astro ''ser a crista do momento'' e estar listado como o favorito de muitos cinéfilos no cenário atual. Aliás, houve uma baita comoção na internet quando seu nome foi associado ao longa. A ansiedade era enorme e o público queria logo esse filme nos cinemas. No entanto, mesmo que essa introdução não tenha sido o que se esperava, acredita-se que dá pra superar, pois chances de vê-lo brilhar, é o que não vão faltar.

Como a produção foi filmada na Namíbia, a fotografia traz a beleza insuperável de um deserto fervoroso. E a mesma é também um ponto alto do longa metragem. As cenas em que nuvens de areia invadem a telona, meio a perseguição dos carros, é um belo exemplo. Além também da trilha sonora, que te pega de jeito e mostra a ótima levada de percussão e sons pesados de guitarras que te deixarão grudados na trama. O figurino de Max deu uma melhorada significativa e nos faz esquecer as luzes futurísticas e o mega hair de Gibson. Em suma, é um projeto ousado e muito bom, como alguns dos outros do diretor, que lista em sua filmografia produções como ''As Bruxas de Eastwick'', ''O Óleo de Lorenzo'' e também a animação Happy Feet e sua sequência.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Mad Max: Fury Road, 2015. Direção e Roteirto: George Miller. Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Zoë Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley, Riley Keough, Abbey Lee, Hugh Keays-Byrne, Josh Helman, Nathan Jones, Courtney Eaton. Distribuidora: Warner Bros. Genero: Ação, Guerra, Ficção Cientifica. Duração: 2h0min

Vale o ingresso, vale a tentativa, vale ver mesmo se você não conhecer os outros filmes! ( e vale fazer marotona deles também).

Avaliação: Cinco tempestades de areia enoooooooooooooormes! (5/5)

HOJE NOS CINEMAS!!!!

PS:  Se puderem, assistam no formato 3D!
See Ya.
B-

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O Franco-Atirador


O Franco-Atirador, longa dirigido por Pierre Morel, é daqueles filmes que você vai querer assistir de imediato quando se der conta dos atores fantásticos que estão nele - estou certa disso. Mas de repente você pode mudar de opinião depois que ler este post. Programado para estrear hoje nos cinemas nacionais, o longa traz o ótimo Sean Penn na pele do personagem principal, o franco-atirador Terrier.

O moço tem uma relação amorosa com a bela Annie (Jasmine Trinca) e está trabalhando no Congo disfarçado como voluntário em um projeto de ajuda a famílias carentes, ou pelo menos é o que Annie acredita ser a causa da estadia de seu amado ali, só que, na verdade, Terrier está contribuindo com uma operação, guiada pelo negociador Felix (Javier Bardem), para assassinar o Ministro da Energia daquele país. Ele e diversos mercenários ficaram a cargo de concluir a missão e desaparecer por completo. Mas tal decisão trará um futuro nebuloso para o grupo quando derrepente todos os membros começarem a ser assassinados. Meio a isso, Terrier ainda terá de lidar com a inveja que Felix sente da relação que o franco-atirador tem com a mulher.


Baseado no livro  ''The Prone Gunman'' de Jean-Patrick Manchette'', Franco-Atirador tem uma premissa até interessante, mas se revela bem menos sedutor nas telas do que aparenta no trailer. O enredo passa por poucos altos e muitos baixos e parece não costurar a história como se deve. E nem a ótima escolha de atores faz dele merecedor de palmas. Sean Penn encarna o zé gatão surfista da parada e faz um draminha bobo de ''amo, mas preciso partir'' com a personagem de Jasmine. Esta última, é a mocinha traída da história que tem seu amor disputado por Sean e Bardem. Aliás, o ator espanhol tem olhares super incisivos e uma presença que deixa qualquer um estático, mas aqui não há em suma uma performance digna de louvores. Dá-se ainda um leve destaque para os atores Ray Winstone, Mark Rylance e Edris Elba, este último que chega quase ao terminar da película.

Marco Beltrami nos presenteia com um clima sempre misterioso e tenso em sua trilha sonora concisa e a fotografia de Martinez visita Londres, Congo e Barcelona e nos deixa com aquele gosto de ''já vimos isto antes''. A direção é, como um todo, sem surpresas e o roteiro segue na mesma linha. Mas se bagunça ainda mais por não dar à trama base estrutural suficiente para seguir de forma mais envolvente.

Desta vez, tive a chance de conferir a cabine com um colaborador. O señorito Marcelo Andrade. Bem, assistimos com outros representantes de veículos da cidade, como o habitual, e assim como eu, meu parceiro tinha grandes expectativas quanto a produção devido ao elenco bem-apessoado. E ele vai falar um pouquinho sobre o que achou da experiência. A bola está contigo, Marcelo. ; )
Não serei exatamente um exímio aprofundador das questões que foram apontadas no filme. Afinal, a Bárbara já me fez o mega favor de transparecer o que acontece de forma clara e crítica. Porém, vos deixo a minha simples consideração de que poderia ter sido um filme ótimo, mas a condução não foi certeira e o desenvolvimento foi atormentado por longas cenas de tédio. Não entendi ao certo se Sean Penn queria ter feito um romance ou um filme de ação e o Javier me perturbou bastante quando dava umas miradas no Sean como quem queria ter até os seus pelos pubianos. Ponto positivo pra ele. E negativo para todo o resto.                                                                                                                
Obrigado ao WBN (e seus parceiros) por me proporcionar a emoção de ver o filme em primeira mão e também de comentar sobre o mesmo aos olhos públicos. É isso ae! Continuem mandando ver!

Ficha Técnica: The Gunman, 2015. 
Direção: Pierre Morel. 
Roteiro: Don Macpherson, Sean Penn & Pete Travis - ''adaptado do livro ''The Phrone Gunman'' do autor Jean-Patrick Manchette.
Elenco: Sean Penn, Javien Barden, Jasmine Trinca, Idris Elba, Mark Rylance, Ray Winstone e Peter Franzen. 
Fotografia: Flavio Martinez Labiano.
Trilha Sonora: Marco Beltrami
Distribuidora: Paris Filmes. 
Gênero: Ação, Crime. 
Duração: 01h57min.


Trailer

Trailer
Pra fechar, (eu, B) queria dizer que deu sono o longa todo - muito mistério e nada de solução dá nisso. E em nenhum momento o filme me convenceu. Talvez se você for muuuito fã dos atores, veja sim, mas, caso contrário, espere passar na tv.

Hoje nos Cinemas!


See Ya.
B-

Ps: Não alcança nem o nível tosquice hilária de longas de ação trash tipo ''O Último Desafio'' (2013).