quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

As Sufragistas


''Nunca se renda. Nunca desista de lutar''.
As mulheres lutaram muito, durante toda a história mundial, para terem um papel relevante na sociedade. A briga constante por direitos humanos e por mais representação no poder público é inegável e algo de extrema necessidade para o seu empoderamento. Afinal, além daquele espaço em que o fogão e a tábua de passar roupa se encontram, a mulher também pode e deve se encaixar em muitos outros. Nesta luta por representatividade, um dos movimentos mais cruciais em defesa dos direitos da mulher foi a luta pelo voto. No Brasil, essa vitória só chegou com o decreto de Vargas em 32, mas na Inglaterra mulheres já lutavam por seus direitos ao sufrágio em 1897 e tal poder só chegou a ser conquistado por volta de 1918. Mães, trabalhadoras, acadêmicas e mulheres da alta sociedade, todas se unirão por um único motivo: serem representadas e terem voz. Um pouco desta luta é mostrada no simbólico ''As Sufragistas'', que entra em cartaz nesta quinta-feira (24). O longa tem direção de Sarah Gravon, roteiro de Abi Morgan, produção de Teresa Moneo e Rose Garnett e conta com um baita elenco que tem como protagonista a excelente atriz Carey Mulligan (Educação), no papel de Maud Watts, e as ótimas participações de Helena Boham-Carter, Meryl Streep, Romola Garai, Anne-Marie Duff e Brendan Gleeson.


Sufragistas em dia de Protesto
Sinopse:
No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios.

O enredo é permeado de personagens fortes e audaciosas. Muitas delas inspiradas em mulheres reais do movimento, este que foi a grande causa da vida de muitas. Maud Watts, personagem de Mulligan, por exemplo, é baseada em trabalhadoras que se uniram por não aguentarem mais a exploração e assédio de seus patrões. Instigada pela colega Violet Miller (Anne-Marie Duff), Watts passa a se encontrar com o grupo e a conhecer mais o que estas senhoras pleiteiam. O que deixa seu marido (Ben Wishaw) intensamente insatisfeito, pois não tarda muito e a policia a prende junto com outras sufragistas. Durante os encontros, Watts conhece também a farmacêutica Edith Ellyn, vivida pela magnânima Helena Boham-Carter. Edith é casada com Hugh (Finbar Lynch), que é um grande apoiador da causa e de sua esposa. Ambos também tem grande responsabilidade pela proteção da líder desta marcha sem fim que é a Sra. Emmeline Pankhurst (Meryl Streep).


Pankhurst, uma das sufragistas mais famosas do movimento, costumava discursar para estas mulheres e as incentivarem a continuar lutando, mesmo com a perseguição desenfreada dos policiais. No longa, um destes perseguidores é o inspetor Arthur Steed (Brendan Gleeson) que está sempre no encalço delas. Alguns dos conselhos que esta líder propagava eram: agir com violência nos protestos - pois acreditava que esta era a única língua conhecida pelos homens - e também fazer greve de fome, principalmente, se elas estivessem presas. Emily Wilding Davinson, vivida por Natalie Press, foi uma destas sufragistas que seguiu a risca muitos destes conselhos, mas infelizmente ao participar de um ato de protesto, durante uma corrida de cavalos, sofreu um grave acidente e veio a óbito em 1913. Alguns tomaram como suicídio, mas muitos indicios dizem o contrário.

O parlamento inglês, como mostrado, fez destas mulheres gato e sapato. Permitia que elas tivessem espaço para relatarem seus desejos, mas no fim era apenas uma ilusão temporária. O que fez com que muitas continuassem se revoltando por melhores leis e mais representatividade - algo conquistado anos mais tarde, em 1918.


Meryl Streep como Emmeline Pankhurst e a própria.
As Sufragistas tem um enredo espetacular, para quem curte o gênero, que é bem delineado e reúne um elenco sublime. Há um química excelente por todo o filme e todas as atrizes conseguem trazer à tela dor, sofrimento e muita revolta. Mulligan tem chances nas próximas premiações tanto quanto Anne-Marie Duff e também Helena.

A condução de Gravon é de acordo com o que Morgan especifica no roteiro: mulheres que servem uma causa e que preferem ser rebeldes do que escravos. E ela tira isto muito bem das atrizes. O drama é bem dosado, mas pode te deixar sensível em algumas partes. A trilha sonora de Alexandre Desplat nos traz um tom digno e essencial para a grande batalha. A fotografia de Eduard Grau é puxada para tons mais sofridos e o figurino de Jane Petrie fundamenta isto muito bem. Além de ter a edição contida e precisa de Barney Pilling.

Como um todo, é um filme que merece público. Que é destinado a um certo público, mas que também pode ser visto por todo e qualquer público - exceto menores de 14 anos.


 Trailer


Ficha Técnica: Suffragette, 2015. Direção: Sarah Gravon. Roteiro: Abi Morgan. Elenco: Meryl Streep, Helena Boham-Carter, Carey Mulligan, Anne-Marie Duff, Geoff Bell, Grace Stotor, Romola Garai, Ben Wishaw, Brendan Gleeson, Adam Michael Dodd, Natalie Press, Finbar Lynch. Trilha Sonora: Alexandre Desplat. Figurino: Jane Petrie. Edição: Barney Pilling. Fotografia: Eduard Grau. Nacionalidade: Reino Unido. Gênero: Drama, Biografia, História. Distribuição: Universal Pictures. Duração: 0146min.

Para fechar, só queria lembrar que tivemos um ano repleto de grandes filmes e séries com mulheres à sua frente (Jessica Jones, Furiosa (mad Max), Rey (Star Wars), Super Girl) e isso deu muita força pela luta por igualdade de gêneros. Foi um grande passo, mas não foi uma grande vitória, pois as mulheres ainda lutam por muitas causas essenciais à sua vida. O ''Vote For Women'' do passado hoje é liderado pelo movimento de empoderamento da mulher e luta por diversos direitos desde o aborto seguro, a direto de usar a roupa que quiser ou ainda ao seu estabelecimento como trabalhadora competente que merece respeito e um salário digno.


 Avaliação: Quatro rebeldes cheias de garra para lutar! (4/5, ótimo)

24 de Dezembro, nos Cinemas!

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Pegando Fogo, de John Wells


Tem algum tempo que a TV, em todos os lugares do mundo, aprendeu a mostrar receitas de uma forma mais alternativa e a investigar de outro aspecto o mundo dos chefs de restaurantes três estrelas. Dezenas de reality shows sobre cozinhas de hotéis, sobre confeiteiros famosos, sobre comidas de outros países ou ainda que mostram a guerra que é competir para ver quem se sai melhor no manejo do fogão, encheram a nossa telinha, nos últimos tempos. No cinema, esta imersão se deu através de filmes como a adorável animação Ratatouille, de 2007, e os apreciados longas Sem Reservas (2007),  Julie & Julia (2009) e também, o mais recente, Chef com Jon Favreau. Entra agora para este time seleto a película 'Pegando Fogo', uma narrativa ficcional que traz a tentativa ferrenha do chef de cozinha norte-americano Adam Jones, vivido pelo ator multifuncional Bradley Cooper, para conseguir requinte ao seu restaurante em Londres. Com direção de John Wells (Álbum de Família), o filme tem ainda em seu elenco: Emma Thompson, Uma Thurman, Sienna Miller, Omar Sy, Daniel Brühl e Matthew Rhys.

Sinopse:
O chefe de cozinha Adam Jones (Bradley Cooper) já foi um dos mais respeitados em Paris, mas o envolvimento com álcool e drogas fez com que sua carreira fosse ladeira abaixo. Após um período de isolamento em Nova Orleans, ele parte para Londres disposto a recomeçar a carreira e conquistar a sonhada terceira estrela no badalado guia Michelin de restaurantes. Para tanto, ele conta com a ajuda de Tony (Daniel Brühl), que gerencia um restaurante na capital britânica, e recruta uma equipe de velhos conhecidos que se completa com a entrada da novata Helene (Sienna Miller). 
 
Atingir a perfeição pode não ser tão fácil quanto se parece, mas eleva o nível de muitas coisas em nossas vidas. Inclusive, nosso ego. Adam Jones (Cooper), após ter obtido grande sucesso em um restaurante na França, vê sua vida mudar por completo exatamente por tal motivo. Se deixou levar pela arrogância e pela ciência de que sabia fazer os melhores pratos de Paris. Seu gênio forte e temperamental acaba o levando de volta a América só para fazê-lo repensar suas ações e então partir para Londres e refazer sua jornada. Lá encontra alguns ex-parceiros como Michel (Sy) e Tony (Brühl) e os convence em recomeçar um restaurante. Jones, por ser quem é, é aconselhado por Tony a ir procurar a Dra. Rosshilde, sua terapeuta, que talvez possa o fazer refletir sobre seus erros e vitórias e ajudá-lo a acalmar suas ânsias. Mas é sua persistência em continuar e também sua força que o fazem se focar com dedicação total à sua cozinha.






















O longa tem um andamento moderado, reviravoltas convincentes e personagens bem consolidados. Talvez um pouco caricatos, mas bem assertivos no que tem que fazer em tela. A participação de chefes reais de cozinha (e também a dedicação dos atores) trazem muita realidade ao ambiente e aprofundam com delicadeza certas viradas no enredo.

Bradley Cooper está bem em todas as línguas e seu tempero consegue pegar. Sienna Miller agrega muito e Daniel Brühl vive o amigo que todo mundo queria ter. Omar Sy, com toda sua simpatia, surpreende ao sair de cena vingstivo. Emma Thompson e toda sua elegância mostram um charme digno das senhoras londrinas e Uma Thurman é um plus com sua pequena participação.

Em suma, roteiro e direção são bem alinhados e não inovam, mas emplacam drama e comédia em boas doses. Trilha Sonora, fotografia, edição e figurino fazem também um trabalho moderado e deixam que a história se leve sozinha sem muitos retoques ou maquiagenm.

Vale investir e sentir aquele gosto bom do requinte londrinho e também da loucura demasiada dos chefes perfeccionistas.


O longa recebeu consultoria dos chefes Gordon Ramsay, Mario Batali, Marcus Wareing e Marco Pierre White e alguns deles deram treinamento aos atores bem como estão em cena para ajudar nas confecções dos pratos. Quem recebeu a tarefa de treinar Cooper foi o excêntrico e genioso Ramsay. O chef é famoso por seus reality shows em todo o mundo. Se gostarem desse estilo de programa, provavelmente, já devem o ter visto em ''Hotel Hell'', Hell's Kitchen ou ainda o Masterchef dos Estados Unidos.
Ficha Técnica. Titulo original e ano: Burnt, 2015. Direção: John Wells. Roteiro: Steven Knight e Michael Kalesniko. Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Uma Thurman, Emma Thompson, Matthew Rhys, Alicia Vikander, Daniel Brühl. Gênero: Drama, Comédia. Nacionalidade: Eua. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h42min.

Trailer


Avaliação: Três ostras levemente temperadas! (3/5) Bom

Divertido, moderado e com um elenco sublime, Pegando Fogo entra em cartaz em 10 de Dezembro, nos Cinemas!


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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O Natal dos Coopers


Com direção de Jessie Nelson (Uma Lição de Amor) e roteiro de Steven Rogers (Lado a Lado), O Natal dos Coopers, é daqueles filmes que chega na temporada certa para agradar a quem gosta do estilo. Com um elenco recheado de atores renomados e um enredo peculiar, a tentativa é morna, mas não deixa de ter boas cenas de comédia.

Sinopse
A família Cooper se reúne todos os anos para celebrar a magia do natal. Desta vez, em especial, Charlotte (Diane Keaton) e Sam (John Goodman), esperam que a filha Eleanor (Olivia Wilde) traga um convidado e, felizmente. ela traz o seu 'noivo' Joe (Jake Lucy). O filho mais velho do casal, Hank (Ed Helms) também se junta a família com os filhos Madison (Blake Baumgartner), Bo (Maxwell Simkins) e Charlie (Timothée Chalamet) e logo mais Bucky (Alan Arkin) pai de Charlotte e da sempre atrasada Emma (Marisa Tomei) também chegam. Bucky ainda traz a sua preciosa amiga Ruby (Amanda Seyfriend). Mas as confusões, surpresas e chegadas inesperadas fazem da noite uma verdadeira bagunça, testando o espírito familiar de cada um deles.
Permeado de diálogos sobre relacionamentos, vida, trabalho, amor, natal, amizade, ''O Natal dos Coopers'' mostra uma família parecida com a de muita gente. Crianças fofas, brigas familiares, tia engraçadas e um cachorro que adora comer tudo o que vê pela frente. Ah, e a propósito, o cachorro é quem narra a história - com a ajuda da carismática voz do ator e comediante Steve Martin. Tudo o que vemos (ou quase tudo), tem a adição de suas reflexões.


O elenco magnânimo dribla superficialidades, mas não consegue fugir da presença de alguns clichês, a  mãe controladora, o pai legal, a filha autossuficiente que não consegue se relacionar e etc. A tal mágica do Natal, pouco se vê. Ou vê-se em alguns momentos. Por exemplo, quando Sam e Charlotte começam a se ver mais de perto e sentem novamente seu amor de antigamente, ali caem se as cortinas estendidas no primeiro ato e revela-se que a família é o que importa para eles. Seu filho Hank, já descontente dos acontecimentos recentes, fica agradecido por estar perto dos filhos e também de uma nova amiga. O velho Bucky, ao dar um susto em todos, une mais ainda o clã. E Emma leva um bom conselho para casa do policial Williams (Anthony Mackie).

A direção de Jessie (que já trabalhou como roteirista em outros filmes e foi parceira de Steven naquela área), mostra confiança, todavia, é monótona e simples. Ela, que tem em sua filmografia o belíssimo 'Uma Lição de Amor', não conduz este com ritmo e perde o foco em alguns momentos. Aliás, o filme cria contextos para algumas cenas e depois se esvai. Talvez o roteiro tenha culpa, mas ele até se valida com um ou outro bom diálogo e as boas pitadas de comédia.



Enfim, a película, não consegue acalantar muito bem o coração de alguém passando o natal em um frio de -13 e perde para muitos de seu gênero.

Ficha Técnica: Love The Coopers, 2015. Direção: Jessie Nelson. Roteiro: Steven Rogers. Elenco: Diane Keaton, John Goodman, Anthony Mackie, Marisa Tomei, Olivia Wilde, Ed Helms, Jake Lucy, Alan Arkis, Amanda Seyfried. Gênero: Comédia. Distribuidor: Paris Filmes. Duração: 01h47min.


Trailer


Avaliação: Dois Papais Noéis robustos e meio saco de presente! (2,5/5)


HOJE NOS CINEMAS!

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B!


À Beira Mar



Em 'Sr. e Sra Smith', de 2005, Angelina Jolie e Brad Pitt passaram horas e horas em uma longa e divertida sessão de terapia, nas cenas iniciais e finais da película. Dez anos mais tarde, o casal volta às telas, mas não em um formato tão bobinho e engraçado. Em 'À Beira Mar', longa distribuído pela Universal Pictures, a dupla interage de forma dramática e tenta superar uma crise matrimonial de forma muito mais terapêutica do que em seu primeiro contato. Jolie, que pela primeira vez assina Angelina Jolie Pitt, é também a roteirista e condutora do longa que traz ainda a estonteante Mélanie Laurent (Truque de Mestre), Melvil Poupaud e Niels Arestrup, no elenco.

Sinopse:Vanessa (Angelina Jolie Pitt), uma ex-bailarina e Roland (Brad Pitt), um escritor, vivem uma crise no casamento. Em viagem pela França se hospedam em um resort litorâneo e, após trocas de experiências com funcionários do hotel e os turistas Lea (Melanie Laurent) e François (Melvil Poupaud), tentam se acertar.

Traumas pessoais permeiam o enredo do filme como o seu principal conceito. A perda de um filho, de um amor, da alma, de uma carreira. Uma vida que antes era repleta de vivacidade agora tem sua vista perdida no além. Vanessa (Jolie) e Roland (Pitt), visivelmente se amam, mas se encontram distantes pela necessidade de um e pelo ócio criativo do outro. Abalados por algo que se revela com muita demora, o casal tenta se recuperar de um jeito intrigante. Hospedados em um hotel, na França, eles iniciam uma amizade com os recém-casados Lea (Laurente) e François (Poupaud), seus vizinhos de quarto e acabam olhando demais as vidas uns dos outros. Logo ali perto, o atencioso bartender Michel passa a vida a contar suas dores e felicidades aos turistas, inclusive, à Roland. Que para se encher de inspiração, não se nega um bom e aceso copo de bebida.


Há muita solidez na escrita de Jolie e em sua terceira tentativa como diretora, é visivel como sua percepção está mais branda. Contudo, não há, em suma, uma boa edição do drama. Alonga-se uma dor excruciante ao invés de se mostrar mais curativos, mais reflexão. Porém, o enredo é elegante, intimista e tem um tom europeu muito bem aplicado.

A química do elenco retrata cenas muito belas e melancólicas. O casal Jolie-Pitt se mostra maduro e comovente. Se por um lado, a personagem de Jolie alivia seus traumas em um 'prototipo' que faz de seu próprio marido. Ela também mostra sua fragilidade e sua própria culpa. Já ele se mantêm afastado e se achega quando acha cabível. Também se aproveita do momento de observador para se inspirar e dar vida ao papel sem história de sua máquina de escrever. Laurent joga seu charme e se sai sutil juntamente com Poupaud e Arestrup é quase o psicólogo de Pitt com suas reflexões de vida.

O não esquecimento de que a trama se passa em um país de idioma diferente do americano se faz valer. E os diálogos são cativantes naquela lingua.

O visual de uma França setentista e o figurino do elenco representam um bom gosto afinado e a trilha sonora constrói o seu próprio ritmo.












Não é um filme para qualquer público e há um jogo proposital de detalhes cinematográficos que podem o fazer parecer ruim. Mas analisando com cautela, a película se finaliza com uma reflexão singela.
Ficha Técnica: By The Sea, 2015. Direção e Roteito: Angelina Jolie Pitt. Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Angelina Jolie Pitt, Melvil Poupaud, Niels Arestrup, Richard Bohringer. Fotografia: Christian Berger. Trilha Sonora Original: Gabriel Yared Edição: Martin Pensa e Patricia Rommel. Gênero: Drama. Nacionalidade: Eua. Distribuidor: Universal Pictures. Duração: 2h12min.
Trailer


Avaliação: Três olhares instintivamente profundos e complexados.  (3/5 Bom)

03 de Dezembro, Nos Cinemas!

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O Presente


Joel Edgerton é roteirista, diretor e um dos protagonistas do longa 'O Presente', suspense interessante que chega aos cinemas esta semana. O australiano boa pinta, que talvez você tenha ouvido falar e com certeza já viu alguns de seus filmes, possui uma filmografia que se destaca. Ele esteve em cartaz, semanas atrás, no excelente "Aliança do Crime'' com Johnny Depp. Em 2013, participou do remake de 'O Grande Gatsby' e também atuou em 'Guerreiro' ao lado do sempre ótimo Tom Hardy. Recentemente, Joel aparece listado entre os atores 'Time A' de Hollywood pela revista The Hollywood Reporter, onde revela um pouco de suas artimanhas no showbiz. Seu primeiro trabalho como condutor de uma película foi tão bem recebido lá fora que arrecadou seu orçamento de produção e muitos outros milhões.
Sinopse:
Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall) casaram há pouco tempo e estão muito felizes até o dia em que ele reencontra Gordo (Joel Edgerton), um colega de escola. Um segredo do passado dos dois vem à tona e Robyn se sente cada vez mais insegura perto do companheiro.

'O Presente' é misterioso em todo o seu caminhar e entrega, aos poucos, detalhes do passado de Simon (Bateman). Ele que outrora fora um aluno super popular na escola e agora leva uma vida cheia de responsabilidades ao lado da esposa, vivida pela majestosa Rebeca Hall. O reencontro de Simon com Gordo (Joel Edgerton), o antigo colega de escola, soa um tanto quanto estranho. E quando este começa a visitar o amigo e sua esposa, diariamente, pulgas começam a pular atrás da orelha do espectador. Há uma concepção pesada, até mais ou menos metade do filme, de que Simon tenha bom caráter e Gordo não. Contudo, em certo ponto do longa, uma reviravolta bem estruturada nos faz ver a situação e os personagens com outros olhos.



O enredo é realmente hiper, mega, blaster surpreendente. O fator principal disto se deve a como 'o emprego equivocado de uma idéia', na mente de alguém, pode levar o futuro de outrem a ser totalmente diferente do que se esperava. E o longa consegue transmitir uma ótima concepção do que pode ser uma 'troca de papeis'. Onde em um plano você é o causador de uma ação e no outro você sofre com a ação de outro participante do jogo. Talvez até caia no jogo da vingança, mas a mensagem do filme se mostra mais complexa e contundente que isto.

A construção dos três personagens principais é muito bem feita. E ambos os atores entregam boas performances. Bateman, inclusive, sai da comédia e joga bem neste cenário mais dramático. Edgerton te faz sentir calafrios (e muitos outros sentimentos) e Rebeca. Bem, é sempre bom vê-la atuando, pois ela se doa de forma inigualável.

A condução de Edgerton debuta ângulos intimos e dosa bem o ritmo do suspense. Seus espaços são bem aproveitados e percebe-se que os personagens de Bateman e Hall estão ali para reagirem ao seu toque de caos. Aliás, relatam por ai que ele filmou todas suas cenas primeiro para que pudesse então colocar os outros atores no ponto focal certo. E a tática parece ter funcionado.

Trilha Sonora, fotografia, montagem e edição completam o pacote e fecham o placar do jogo muito bem. 



Ficha Técnica: The Gift, 2015. Roteiro e Direção: Joel Edgerton. Elenco: Jason Bateman, Rebeca Hall, Joel Edgerton, Busy Philipps. Fotografia: Eduard Grau.Trilha Sonora Original: Danny Bensi e Saunder Jurriaans. Edição: Luke  Doolan. Gênero: Drama, Suspense. Nacionalidade: EUA. Distribuidor: Playarte Pictures. Duração: 01h48min.
Trailer



Avaliação: Três caras de surpresa e meio grupo de pessoas traumatizadas. (3,5/5 - Bom)


03 de Dezembro, nos cinemas!


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Tudo Que Aprendemos Juntos

 
Com cara e coração de filme comovente, 'Tudo Que Aprendemos Juntos', embarca o espectador na vida do músico Laerte. Um violinista dedicado que se sente pressionado a mudar de vida, pois quer se tornar um musicista de uma orquestra de renome, mas não quer sentir culpa por deixar seus alunos para trás vivendo uma realidade sem controle.Interpretado por Lázaro Ramos, o protagonista do longa de Sérgio Machado, imprime o lado egocêntrico e fraternal de todos nós e revive o desejo mundial por um futuro melhor para as crianças. O drama entra em cartaz nesta quinta-feira (03).

Sinopse:
Laerte (Lázaro Ramos) é um violinista que, após não passar em um teste para a OSESP, vai dar aulas em uma favela na periferia de São Paulo. Lá descobre um garoto com talento excepcional e por meio da música o incentiva a abandonar as más companhias e o trafico de drogas para redirecionar as escolhas de para sua vida.


O longa faz um retrato real, mas também ficcional das origens da Sinfônica de Higienópolis. E traz por meio da música um modo consistente de se educar jovens e crianças com dignidade.

Ali tem-se amostra dramas pessoais, pobreza, tráfico de drogas, gangues e violência. Temas que se detalham com congruência e descomplicam qualquer campo de visão turvo dos problemas reais de uma comunidade pobre.

Tragédias são vivenciadas na pele dos adolescentes e trazem reviravoltas inesperadas para quem não conhece muito da história do grupo.  Suas exposições são claras e confronta uma realidade perfeita, vivida fora dali. Muitos deles tem de levar a vida como dá, mas acham um jeito de fazer isto com a música e o personagem de Lázaro os conduz medianamente para isto. Já que ele próprio tem seus medos e aflições.

Há, como um todo, na verdade, várias histórias em uma só. E esta junção torna o desenvolvimento do longa simples, mas nem por isto menos convincente. 


Mesmo com um elenco basicamente de atores juvenis e muito inexperientes, dá para sentir força real do filme. Lázaro, Fernanda, Hermes (você vai reconhecer a voz dele na hora) e Sandra consolidam o grupo que ainda tem o rapper Criolo fazendo uma participação como um poderoso chefe do morro.

O diretor que esquece de sua jornada e escolhe traçar uma caminho mais natural, não faz feio. Mas não se mostra tão potente como em 'Cidade Baixa' ou 'Abril Despedaçado'.

A trilha sonora perambula pelo filme como um personagem a parte e envolve o telespectador com força e beleza. Os sons das orquestras, quando bem repassados, fazem bem e trazem o bem de um projeto maravilhoso.
Ficha Técnica: Tudo que Aprendemos Juntos, 2014. Direção: Sérgio Machado. Roteiristas: Maria Adelaide Amaral, Sérgio Machado, Marta Nehring e Marcelo Gomes. Elenco: Lázaro Ramos, Fernanda de Freitas, Criolo, Graça de Andrade, Sandra Coverloni, Hermes Baroli, Thogun Teixeira. Gênero: Drama. Nacionalidade: Brasil. Distribuidor: Fox Filmes. Duração: 01h40min.

Trailer



Avaliação Três violinos stradivarius afinados na rusticidade da favela. ( 3/5, Bom)

03 de Dezembro, nos Cinemas!

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