segunda-feira, 23 de abril de 2018

Westworld - Segunda Temporada: Primeiro Episódio


O caos reina 


Quando Westworld fez sua estreia, no final de 2016, ela foi prontamente comparada com Game of Thrones, sendo inclusive apontada como sua sucessora, devido ao alto investimento de sua produtora, a HBO, tanto de forma monetária quanto criativa - Com base no filme escrito por Michael Crichton, a série tem produção executiva de Jonathan Nolan e Lisa Joy, juntamente com  J.J. Abrams, Athena Wickham, Roberto Patino, Richard Lewis e Ben Stephenson.
As comparações, no entanto, são equivocadas. Westworld não possui muitos parentescos narrativos com a westeros de George R. Martin. Mais do que isso: os complexos elementos temáticos de Westworld -que exploram elementos como vida e morte, consciência, realidade e ilusão e a diferença tênue entre essas -  tornam a aposta contínua da HBO na série apenas mais corajosa, surpreendendo a todos com o anúncio de uma segunda temporada após os números iniciais de audiência aquém do esperado.
Como já mencionado, Westworld possui uma narrativa corajosa até mesmo para a tv. Linhas temporais diferentes, versões robóticas de personagens e as costumeiras reviravoltas, que vêm não com choque, mas intrigamento - e isso mostra a força de Jonathan Nolan como contador de histórias, que, com a ajuda de Lisa Joy, utiliza temas parecidos com seu irmão mais famoso, mas consegue ser sutil no processo.

A segunda temporada segue a regra, e este primeiro episódio serve para progredir a história acima de tudo. Os momentos "grandes" estão lá, é claro, mas este primeiro episódio, que possui 1h20, se dedica a seus personagens, e explorar o que aconteceu após o ataque dos androides - os anfitriões- à festa do final da primeira temporada. Dolores (Evan Rachel Wood) continua sua jornada de libertação/vingança contra seus opressores, e suas atitudes ocasionalmente a colocam entre a vilania e o heroísmo. Teddy (James Marsden), ainda preso em sua ilusão programada, ainda questiona os atos de sua amada, ainda que seja refém da sua programação de amá-la independente de tudo, transformando-o numa espécie de refém de Dolores. Maeve (Thandie Newton) continua a procura de sua filha, independente das indagações do humano Lee (Simon Quarterman), programador que insiste que a menina não é real. Ainda assim, é Bernard (Jeffrey Wright) a quem se reserva o maior intrigamento. Após a revelação de que ele era um andróide, uma versão de um dos donos originais de Westworld - Arnold -, as ações de Bernard começaram a ser milimétricamente julgadas pela audiência. Com sua passividade, compaixão e natureza de examinador, Bernard se encontra de mãos atadas: como ajudar os humanos a capturar os anfitriões se eles são, de certa forma, sua própria espécie?

"Você me apavora as vezes", diz Bernard/Arnold para Dolores em determinado momento deste primeiro episódio. "Tenho medo do que você pode se tornar", acrescenta. Partilhamos desse temor enquanto acompanhamos o desenrolar de situações cada vez mais tensas, onde tudo intriga. Os temas estão mais que presentes: questionamentos do que é real, o podor dos sonhos e o que torna alguém humano.
Nessa teia intricada de personagens, subtramas, intenções nebulosas e mortes, o que fica ao fim reflete-se na atitude do Homem de Preto (Ed Harris) em cena chave deste episódio: após fazer um curativo em seu braço ferido, ele esboça um sorriso doentio de satisfação, pois sabe que sua necessidade pelo imprevisível e pelo perigoso será suprida. O jogo recomeçou, o caos reina e só nos resta esperar pelo próximo capítulo.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

7 Dias em Entebbe, de José Padilha


A história real do sequestro do voo 139 da Air France que se locomovia de Tel-Aviv à Paris, em junho de 1976, vira mais uma vez tema de uma produção cinematográfica - o ocorrido foi exibido anteriormente em longas como ''Resgate Fantástico'' (1976), Vitória em Entebbe (1976), Operação Thunderbolt (1977) e o documentário para a tevê ''Operação Thunderbolt: Enttebe (2000)''.  

Esta nova versão do trágico dia em que terroristas da 'Frente Popular Pela Libertação da Palestina ' e dois membros da Fração do Exército Vermelho, também conhecida como Grupo Baader-Meinhof, raptaram um avião, o pousaram na Líbia e depois o levaram até Entebbe, Uganda, para exigir do governo Israelense a liberação de presos é adaptada do livro escrito por David Saul (ver aqui), publicado em 2015, um dos muitos que relata o sequestro.

A película, que chega esta semana aos cinemas brasileiros, têm Rosamund Pike, Daniel Brühl, Eddie Marsan, Denis Ménochet e Nonso Anozie, no elenco. O filme conta ainda com o roteiro de Gregory Burke e direção do cineasta José Padilha.

Trailer

 

A produção consegue ser bastante informativa. Detalha dia a dia do sequestro, constrói um background para os dois alemães (Brühl e Pike) que estão ajudando os terroristas palestinos, tenta dar vida a alguns dos 'reféns' mostrando seus traumas e também exibe o outro lado: o governo israelense. Ali, o primeiro ministro Yitzhak Rabin, papel de Lior Ashkenazi, e o Ministro da Defesa do país, Shimon Peres, vivido pelo excelente Eddie Marsan, entre outros, tentam a todo custo pensar em uma saída que não seja negociar com os sequestradores. Chegam a um plano e o executam. 

A ação foi bem sucedida e é de um todo histórica exatamente pela força militar que não se deixou levar por demandas de outrem chegando a ter poucas baixas no exército de Israel bem como entre o grupo de reféns. Aliás, um dos militares atingidos, Yoni Netanyahu, ou talvez o único, virou herói nacional e, sem querer, construiu a escada para o irmão mais novo, Benjamin Netanyahu, entrar na política e se tornar primeiro ministro.


O livro de Saul ganhou um ótimo review do New York Times (ler aqui). Fala-se não só das novas informações que ele conseguiu ter acesso como também em como foi necessário que aqueles personagens ganhassem vida e detalhes específicos. Ademais, revela como Saul entrega um apanhadão consistente do resgate.

No filme, há uma certa dose de detalhes, mas vemos uma ótica perturbadora em que os sequestradores alemães tentam não serem julgados por estarem ali colaborando com a prisão de judeus. Além disso, força-se uma barra gigante para coloca-los como 'bodes expiatórios', quando claramente eles foram essenciais para o deslanchar da operação. O roteiro também peca em não explorar tanto a ligação dos terroristas com o ditador Idi Amin, afinal, ele tomou o poder dias antes do ocorrido e já tinha uma fama horrenda de seus atos cruéis.

A atuações de Daniel Brühl, Rosamund Pike e Eddie Marsan se destacam, apesar da ótica defasada que o diretor dá a história. O filme poderia ser motivo de orgulho, afinal traz uma equipe cheia de brasileiros - a edição é de Danizel Rezende (diretor de Bingo: O Rei das Manhãs), a fotografia é assinada por Lula Carbalho e a trilha sonora do músico foi composta por Rodrigo Amarante (membro do grupo Los Hermanos) - porém, só reflete o quão longe estamos de entender as guerras alheias e as nossas próprias.


Ficha Técnica: 7 Days In Entebbe, 2018Direção: José Padilha. Roteiro:Gregory Burke. Elenco: Daniel Brühl, Rosamund Pike, Eddie Marsan, Denis Ménochet, Nonso Anozie, Mark Ivanir, Lior AshkenaziGênero: Biografia, Suspense. Trilha Sonora Original: Rodrigo AmaranteFotografia: Lula CarvalhorFigurino: Bina Daigeler. Edição:Daniel Rezende. Distribuidor: Diamond Films. Nacionalidade: Reino Unido. Duração: 01h47min.


Avaliação: 2 mil civis sangrando (2/5).


19 de Abril, nos cinemas!

See Ya!


B-

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Quase Memória, de Ruy Guerra


O diretor Ruy Guerra (O Veneno da Madrugada) lança esta semana sua adaptação para os cinemas, em estilo livre, da obra de sucesso "Quase Memória", romance escrito por Carlos Heitor Cony, lançado em 1995, que fora ganhador de dois prêmios Jabuti, ''melhor romance'' e ''melhor livro do ano'', e se consolidou nas prateleiras ao atingir 400 mil exemplares vendidos. 

O diretor avisa que a produção sofre alterações de seu enredo original, devido as 'claras regras de orçamento', e a dica básica do WBN, em casos assim é, para o espectador que já leu o texto original, assistir o longa com a mente aberta e aceitando as diferenças e distâncias das linguagens. 

Guerra, que não filmava há dez anos e aparenta nunca ter parado, traz aqui o reencontro de um homem consigo mesmo, em fases distintas de sua vida, que ele, de certa maneira enigmática, revisita.

No elenco: Tony Ramos, Charles Fricks, Mariana Ximenesm, João Miguel e Antonio Pedro.


Trailer


Na trama,  o jornalista Carlos Campos encontra a si mesmo em dois períodos da vida: na juventude e na velhice. Esta dobra no tempo gira em torno de um misterioso pacote, supostamente enviado por pelo pai de Carlos, Ernesto, e que gera um grande enigma ao homem. 

A divisão fica assim: o ator Charles Fricks interpreta Carlos em 1968, logo após o AI 5, e Tony Ramos aparece nos nostálgicos dias do anos de 1994, logo após a morte de Airton Senna. Duas versões de Carlos, frente à frente e recordando os fatos da vida.

Estas quase memórias distorcidas pelo tempo e pela visão que cada um guardou delas compõe o roteiro do filme. Se por um lado há a perspectiva do homem maduro e dono da verdade, por outro lado estão as recordações confusas do idoso já cansado e preparando-se para partir.


FICHA TÉCNICA 
Diretor - Ruy Guerra. Produtora - Janaina Diniz Guerra. Baseado no romance de Carlos Heitor Cony. Roteiro - Ruy Guerra, Bruno Laet e Diogo Oliveira. Diretor de Fotografia - Pablo Baião. Diretor de Arte - Marcus Figueiroa.  Produtor Associado e Diretor de Produção - Fernando Zagallo. Produtora Executiva - Gisela Camara. 1º Assistente de Direção -Dandara Guerra. Produtor de Elenco - Fabio Meira. Som Direto - Evandro Lima. Figurino - Tatiana Rodrigues. Maquiagem - Lucila Robirosa.  Produtores Associados - J. Sanz Produção Audiovisual, Zaga Filmes, Tacacá Filmes. Uma produção Kinossaurus Filmes. Coprodução: Globo Filmes. Patrocínio: BNDES, FSA, Petrobras, Eletrobras, Riofilme, Oi Futuro, Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Filme realizado utilizando recursos do Fundo Setorial do Audiovisual/ AncineApoio: Polo Audiovisual de Barra do Piraí. Ano: 2015. Gênero: dramédia . Classificação: 12 anos

Somos apresentados às lembranças sobre o pai Ernesto (João Miguel) e suas histórias incríveis; idealista e romântico mesmo diante das dificuldades da vida, a mãe (Mariana Ximenes) mais pé no chão e querendo colocar ordem na família e de outros personagens que circulam ao redor. O ponto de encontro de todas estas recordações é o misterioso pacote amarrado com o jeito do pai já falecido.

De forma teatral vamos seguindo as lembranças das personagens por vezes coloridas e alegres contrastando com cenas tristes, sombrias e restritas ao interior da casa. Tony Ramos dá uma aula de interpretação nas cenas de reflexões sobre as lembranças, o esquecimento inevitável que a velhice carrega e as desilusões da vida.

Resumindo: o filme propõe que na vida não é tanto a história que importa, mas as memórias que guardamos ou não dela e os sentimentos que estas (quase) memórias remetem.

Dia 19 nos cinemas. 
Vale conferir!

Por 
Helen Nice
@n.dacoruja

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Severina, de Felipe Hirsch


O amor pela literatura latina é exibido em 'Severina' de uma forma tão encantadora que fica difícil não indicar que todos saiam de suas casas e sigam rumo ao cinema para assisti-la. A produção tem roteiro e direção do precioso Felipe Hirsch - com certeza vocês já leram esse nome antes por ai, afinal, Hirsch foi responsável pela série 'A Menina Sem Qualidades', uma das últimas produções de peso da falecida MTV BRASIL - e conta ainda com produção da RT Features (a mesma de ''Me Chame Pelo Seu Nome'').  

Na trama, um dono de livraria começa a receber visitas constantes de uma moça ao seu estabelecimento, mas não para comprar livros e sim os roubar. O rapaz, contudo, se encanta por ela e se entrega por completo aos seus caprichos.

Protagonizada por Javier Drolas (Medianeras e A Menina Sem Qualidades) e Carla Quevedo (O Segredo dos Seus Olhos), a produção entra em cartaz hoje.

Trailer

É ao organizar eventos literários em sua pequena livraria que R (Drolas), um homem com trinta e poucos e um completo apaixonado pela literatura, começa a receber visitas de uma jovem ladra (Quevedo) de livros. A principio, ela sempre o escapa, no entanto, não tarda e a gatuna é pega no flagra. R não faz exatamente uma denúncia sobre a moça, mas sai em busca de informações sobre ela pelo bairro, pois está atraído pela estranha. A amante de livros percebe a chance que tem com o livreiro, mais um em sua grande lista, e dá a ele a oportunidade de viver dias cheios de aventuras ao seu lado e pelas páginas de seus livros prediletos.

O romance dá a R inspiração para escrever e expor todas as suas idéias não expressadas, mas também o põe frente a frente com a instabilidade de uma mulher sem limites e fronteiras.




'Severina' tem uma narrativa muito gostosa de se acompanhar. Apresenta nos personagens interessantes, diria até apaixonantes. Com diálogos profundos e um tom para comédia que é bem acertado. Acontecem algumas surrealidades e isto embasa as loucuras de amor que os personagens se propoem a viver.

Felipe Hirsch, que trouxe o denso livro de Juli Zeh para a tevê, se baseia aqui na obra de Rodrigo Rey Rosa e faz o espectador ficar maravilhado com os caminhos da trama e todas suas singularidades. Seu olhar adentra um campo romântico e reflexivo sobre a vida. Algo que o cinema latino americano tem feito muito bem nos últimos anos e dá orgulho de ver um diretor brasileiro perambular por tais estradas. Hirsch, recentemente, obteve sucesso no teatro com a peça ''Comédia Latino Americana'',  texto que também trazia muito da escrita regional do continente e assegurava o seu trabalho em parceria com atores diversos, brasileiros ou argentinos. Aliás, o espetáculo foi a sua segunda parceria com Drolas, que dirigiu em 2011 na série para a EMETVÊ.


A trama explora o amor aos livros de um jeito sem igual, autores clássicos como Jorge Luis Borges aparecem aqui e ali, poetas são exaltados, poemas são recitados e ideias são debatidas, ademais, ela trata de falar de amor e perdão sem esconder as falhas e as qualidades dos amantes. 

Javier Drolas, ator argentino magnifico que tem tudo para ser ainda mais adorado que Ricardo Darin, sabe se portar em cena com tanta emoção e sutileza que fica óbvio o porquê Hirsch o convocou para o papel - e deve continuar trabalhando com ele em muitos outros projetos. Drolas não só é dramático na medida certa como cômico e melancólico. Tem uma fala calma, um olhar expressivo e um jeito de garoto solitário que dá vontade de embalar e guardar próximo ao coração. Seu personagem caminha por terras minadas e vez ou outra se surpreende com as atitudes de 'Severina', no entanto, ele está tão entregue a este delírio amoroso que lida muito bem com os machucados que sua amada o causa e aguenta todo o processo de viver ao lado dela sabendo que cada minuto não será igual ao outro. 

Carla Quevedo, interprete da ladra de livros,  nos mostra uma mulher ligada mais ao mundo da imaginação que a vida real e joga bola com Drolas lindamente. Seu semblante nos faz recordar atrizes francesas, mas ela como Javier é argentina e também tem um caminhar bonito pelas artes - pode ser que você já tenha a visto nas séries 'O Hipnotizador' e 'Show Me A Hero', da HBO, ou até no aclamado longa 'O Segredo dos Seus Olhos'. Alfredo Castro e Daniel Hendler aparecem em algumas cenas e o público amante das películas portenhas devem o reconhecer prontamente.


R (Drolas) e Severina (Quevedo) são incrivelmente apaixonantes

A direção de arte do filme merece toda a sua atenção também, pois está deveras formosa. A ambientação, os espaços, o figurino e o tom escuro da fotografia casam graciosamente com os desprazeres e a brandura que o longa imprime. 

Composta por Arthur de Faria, a trilha sonora sublinha também as temáticas do filme e para consideração vale saber que foi realizada com a colaboração de músicos de diversas cidades. Na verdade, a equipe toda da película é composta por diversas nacionalidades (uruguaios, portugueses, brasileiros, argentinos e por ai vai) e o resultado disso exibe uma fusão maravilhosa.

Severina é aquele encontro literário que você não deve faltar. Uma leitura de almas livres e inquietas que se encontram e impactam uma a outra. 


A película teve exibição do Festival do Rio, ano passado, e também foi selecionado no Festival de Locanno.



Ficha Técnica
Direção e roteiro: Felipe Hirsch. Baseado na obra de Rodrigo Rey Rosa. Elenco: Javier Drolas, Carla Quevedo, Alejandro Awada, Alfredo Castro e Daniel HendlerNacionalidade: Brasil, Uruguai. Ano: 2016.Gênero: Drama, RomanceDiretor de Fotografia: Rui Poças. Som Direto: Fabían OliverMixagem: Jesse Marmo. Montagem: Helena Maura. Trilha Sonora: Arthur de Faria. Direção de arte: Gonzalo Delgado. Distribuição: RT Features. Produzido por: Rodrigo Teixeira. Produção Executiva: Daniela Santos, Bibiana Osório. Coprodução: Diego Albino- Oriental Features. Idioma: Espanhol. Duração: 103min.
Avaliação:  Quatro obras escritas com amor, poesia, entrega e muita credibilidade (4/5).

Confira os cinemas parceiros onde você pode assistir a produção pelo projeto ''Sessão Vitrine Petrobrás'' a preços de R$6 (meia) e R$12 (inteira): bit.ly/2uTSW0ESee Ya!

B-

Rampage - Destruição Total (3D)


Falar que o jovem hoje não tem opção de entretenimento no cinema é ousadia das mais sérias. Nesta quinta-feira (12), por exemplo, entra em cartaz um filme que tem destruição pra tudo que é lado, monstros horripilantes, ator de série de zumbis famosa (Jeffrey Dean Morgan, o Negan de The Walking Dead) e ninguém mais, ninguém menos que o idolatrado astro da nova geração de ''action movies'' Dwayne ''The Rock'' Johnson.

''Rampage - Destruição Total'' traz para as telas as aventuras do game homônimo criado, nos anos 80, por Bally Midway (responsável também por Mortal Kombat, Pac-Man, Tron entre outros) onde humanos com o DNA alterado se transformavam em monstros como macacos, lagartos e lobos gigantescos. Há alterações sim da versão original do enredo, afinal, é uma adaptação, mas a essência do caos que o jogo proporciona se mantêm. 

Ainda no elenco, Naomie Harris, Malin Åkerman, Joe Manganiello, Jake Lacy, Marey Shelton e P.J. Byrne. A direção é de Brad Peyton (Terremoto - A Falha de Saandreas e Viagem 2: A Ilha Misteriosa, ambos filmes protagonizados por The Rock).

Trailer

A película se inicia com uma introdução corriqueira para justificar como animais selvagens se transformaram em bestas colossais. 

Ocorre que a corporação administrada pelo irmãos  Claire e Brett Wyden (Åkerman e Lacy) estava estudando a alteração de DNA humano em animais em uma estação espacial, porém, um acidente joga tudo em risco e a doutora Kerry Atkins (Shelton), única sobrevivente do lugar, é impelida de salvar as mostras restantes na estação. Os genes, claro, são poupados e chegam a terra atingindo animais em locais diferentes do planeta, mas Kerry não consegue ter o mesmo fim.  Dali partimos para o santuário de animais em Los Angeles onde o primatologista Davis Okoye (Johnson) passa seus dias. Okoye ama estar junto dos animais, até mais que de pessoas, e compartilha um vínculo adorável com o gorila albino George (Jason Liles é o ator por trás do 'motion caption') que tem cuidado desde o seu nascimento. Infelizmente, uma das amostras do experimento genético que deu errado no espaço atinge o local e o primata é infectado. George acaba ficando sem controle, se junta aos outros animais que foram contaminados e saem destruindo tudo pelo caminho. Para tentar salvar seu amigo e impedir maiores catástrofes, Okoye se uni então a  Dr. Kate Caldwell, ex-pesquisadora da empresa dos irmãos Wyden, e ao agente secreto Harvey Russell (Morgan) para assim tentarem conseguir um antídoto e acalmarem a situação.


Temos aqui a conhecida fórmula de um blockbuster que mistura comédia, ação e pitadas de suspense. Fórmula que não é nova para o diretor e que ele tem usado bastante em sua carreira. 

O roteiro é assinado pelo quarteto Ryan Angle, Carlton Cuse, Ryan J. Condal e Adam Sztykel e entrega diálogos cômicos, sérios e altamente previsíveis - mas nem por isso ruins. Na verdade, o filme segue uma jornada comum para chegar a seu ápice e agrada em muitos momentos.

O elenco é pequeno e certeiro. O astro, The Rock, é aquela coisa de sempre. Mesmas caras, expressões e um jeito todo corretinho de 'atuar', mas entrega o que lhe é pedido e se sai ok - as cenas com o gorila George são as melhores, aliás. Sua parceira de cena, Naomie Harris, tem um personagem comum e consegue ter química com Rock. Jeffrey Dean Morgan, ator conhecido por papéis nas séries Grey's Anatomy, Supernatural e The Walking Dead, além dos filmes 'Watchmen' e 'P.S. Eu Te Amo', encarna um agente com muito sotaque sulista e cheio de cartas na manga até mesmo para engambelar o coronel Blake, personagem de Demetrius Grosse. O grandalhão Joe Manganiello tem uma pequena participação no longa também como um militar, mas sai de cena rápido. Os vilões não são de todo os monstros e Malin Ackerman e Jake Lacy ganham traços conhecidos de empresários ambiciosos e malignos. Malin que, geralmente, está loira nos filmes, ganha um  cabelo e figurino de morena diabólica e Lacy de cúmplice sem sal.


A técnica de efeitos especiais é o grande destaque. Os monstros aparecem com características impressionantes. Lizzie (que no game é uma humana em forma de lagarto) vira um jacaré enorme com detalhes pré-históricos sensacionais - aliás, o monstro é um dos últimos a aparecer e é quase a cereja do bolo. O lobo Ralph ( inspiração para o nome do personagem  principal da animação 'Detona Ralph) é outro que surpreende. Nos atos finais, a besta mostra mutações genéticas que fazem você soltar aquele ''TÁ PEGA!'' e o gorila George ganha geral pela simpatia antes mesmo de se transformar em um baita monstrão.

A trilha composta por Andrew Lockington, outro que também é parceiro de Peyton de longa data como The Rock, se faz forte no ato final e consegue dar bastante enfase a grande parte das cenas de destruição.



Ficha Técnica: Rampage, 2018. Direção: Brad Peyton. Roteiro: Ryan Angle, Carlton Cuse, Ryan J. Condal e Adam Sztykel - baseado no jogo criado por Bally Midway. Elenco: Dwayne Johnson, Naomi Harris, Malin Ackerman, Jeffrey Dean Morgan, Jake Lacy,  Joe Manganiello, Demetrius Grosse, Jason Liles, . Gênero: Aventura, Ação. NacionalidadeEUA. Trilha Sonora Original: Andrew Lockington. Efeitos Especiais: J.D. Schwalm. Figurino: Melissa Bruning. Fotografia: Jaron Presant. Edição: Bob Ducsay e Jim May. Distribuidora: Warner Bros Pictures. Duração: 01h47min.


Uma produção ao tamanho de 'The Rock'' que deve ter público e que se você estiver animado para assistir, considere o 3D!

Avaliação:  Dois monstros bombadões fazendo linguagem de sinais e meio (2,5/5).

12 de abril nos cinemas!

Não esqueçam de fazer o download, para IOS e Android, do jogo  que Warner Bros lançou em comemoração a chegada do filme (link aqui).

See Ya!

B-