quarta-feira, 24 de abril de 2019

O Ano de 1985



Escrito Por Yen Tan com história de Hutch e dirigido por Tan, “O Ano de 1985”, segue o período em que o jovem Adrian (Cory Michael Smith) retorna à sua cidade natal de Fort Worth, no sul dos Estados Unidos, para passar o Natal, após ter se mudado para Nova York há 3 anos. O estranhamento entre ele e seus pais é evidente desde a primeira cena; eles, extremamente conservadores (apesar de sua mãe ser secretamente democrata) e ele um homossexual não-assumido.

Trailer

Normalmente, filmes que trazem temas como a AIDS em sua narrativa tendem a focar nos aspectos físicos da doença; há quase sempre muita dedicação aos doentes que ficam aos poucos irreconhecíveis e morrem. Em “O Ano de 1985”, entretanto, não há morte. A AIDS é mostrada em relatos e como um fantasma que assombrava as pessoas naquela época. Adrian perdeu amigos, namorado, conhecidos; em um dado momento ele diz à sua amiga de infância Carly (Jamie Chung) que dentro de um ano aconteceram cerca de seis enterros.


Filmado em preto e branco, em 16mm “O Ano de 1985” faz com que cada cena pareça uma fotografia. O roteiro revela mais da história quando coloca seus personagens em silêncio; enquanto Adrian e seu pai, Dale Lester (Michael Chiklis), um ex-veterano de guerra e agora mecânico, bebem uma cerveja e, apesar de estarem próximos fisicamente, não sabem o que dizer um para o outro, ou ainda quando o silêncio de Adrian o impele diante do relato de seu irmão mais novo Andrew Lester (Aidan Langford) a lhe contar que o pai jogara todas as suas fitas da Madonna no lixo, e também entre Adrian e sua amiga de infância Carly (Jamie Chung) que ficam paralisado ao perceberem que retomar uma amizade é muito mais difícil do que eles imaginavam.


O final do filme, à primeira vista, pode parecer clichê, todavia, diante de tanta desesperança e sofrimento, ele busca oferecer uma perspectiva esperançosa ou conforto para alguns personagens, principalmente para o pequeno Andrew. Além disso, o filme consegue ser bem-sucedido porque não julga nenhum dos protagonistas e antagonistas; cada um tem seu conflito da mesma maneira que cada um tem sua parcela de responsabilidade, por menor que seja no caso de Adrian, no porquê desse distanciamento tão grande entre este e a família. Logo, “O Ano de 1985” consegue mergulhar nesse conflito familiar e revelar em qualquer cena suas contradições, o carinho que ainda resta mesmo diante de tanta estranheza e a angústia de toda uma geração que sofreu por conta da epidemia da AIDS.

Titulo original: 1985
Direção: Yen Tan. Roteiro: Yen Tan com argumentos de Hatchu. Estrelado por: Cory Michael Smith, Virginia Madsen, Michael Chiklis, Bill Heck e Jamie Chung.
| Estados Unidos | 2018 | 85 minutos | Drama
Distribuição: Supo Mungam Films



Programação de estreia do filme O ANO DE 1985, de 25 de Abril a 1 de Maio:


O PAULO
Espaço Itaú de Cinema Augusta
Cinesala

RIO DE JANEIRO
Estação NET Rio
Cine Laura Alvim

PORTO ALEGRE
Guion Cinemas

BELO HORIZONTE
Cinema Belas Artes

BRASÍLIA
Espaço Itaú de Cinema Brasília
Cine Cultura Liberty Mall

CURITIBA
Espaço Itaú de Cinema Curitiba

SALVADOR
Espaço Itaú de Cinema Salvador

FLORIANÓPOLIS
Paradigma Cine Arte

SANTOS
Espaço Santos Miramar


O Último Lance



Após o bem-sucedido “O Esgrimista” (Miekkailija), o diretor finlandês Klaus Härö e a roteirista Anna Heinämaa se juntam novamente em “O Último Lance”, produção que gira em torno de Olavi (Heikki Nousiainen). Um viúvo e dono de galeria de arte que luta para se manter no mercado mesmo diante da competição e da modernização do universo de comércio de pinturas. Prestes a se aposentar, durante um leilão, o homem nota um quadro sem assinatura que chama sua atenção. A busca pela identidade do autor e o esforço para conseguir dinheiro suficiente para comprar o quadro o aproximam de seu neto de quinze anos Otto (Amos Brotherus) e traz à tona fantasmas do passado e de sua distante relação com a filha Lea (Pirjo Lonka), mãe de Otto.

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O roteiro é relativamente simples: um drama familiar não muito surpreendente. Entretanto, é na maneira com a qual os personagens são desenvolvidos e na atenção que o texto e a direção dão aos pequenos detalhes da rotina de Olavi que fazem com que o filme se sobressaia dentro do gênero de dramas familiares. Optando por cores mais puxadas para o marrom e ocre, a direção de fotografia, feita por Tuomo Hutri, faz com que cada cena tenha semelhanças com os quadros que Olavi vende em sua galeria. Galeria esta que é apresentada nos mínimos detalhes pela câmera de Klaus Härö; desde seu teto mais baixo, até as notas fiscais feitas à mão por Olavi e as fichas de clientes já amareladas por conta do tempo.

De início há um profundo estranhamento entre avô e neto. Otto precisa estagiar em algum estabelecimento para completar os créditos que faltam para a escola e então passa a trabalhar com o Olavi. Inicialmente desinteressado no que o avô faz, o menino logo descobre que não só tem talento para vendas, mas também pode ajudar na busca pela identidade artista responsável pelo quadro.

Agindo quase como um canto do cisne, o filme deixa de ser apenas sobre a dita missão comercial e mais como uma última tentativa de Olavi de remendar sua relação com Lea e Otto. Além disso, uma chance deste não ser completamente ofuscado pela modernização do comércio de obras de arte. Em meio à competitividade, boicotes e tropeços enfrentados pelo homem em um mercado em processo de mudança, é no pequeno quadro sem nome que ele encontra a maior oportunidade de sua vida.

FICHA TÉCNICA
Título original e ano: Tuntematon mestari, 2018.
Direção: Klaus Härö
Roteiro: Anna Heinämaa
Direção de Fotografia: Tuomo Hutri.
Edição: Benjamin Mercer
Elenco: Heikki Nousiainen, Amos Brotherus, Pirjo Lonka.
País: Finlândia 
Duração: 95 min.
Classificação: livre
Distribuição: Cineart Filmes. 


25 de abril nos cinemas

Sobibor



Sobibor foi um campo de extermínio nazista localizado na Polônia. Sendo parte da Operação Reinhardt, plano que buscava eliminar judeus poloneses, estimam-se que cerca de 250 mil pessoas foram assassinadas neste campo entre 1942 e outubro de 1943. No dia quatorze de outubro de 1943, em Sobibor, cerca de seiscentos prisioneiros se revoltaram, assassinaram onze guardas da SS e tentaram fugir. Desses, metade conseguiu escapar. 

Escrito por Michael Edelstein, Anna Tchernakova e Ilya Vasiliev, dirigido e estrelado por Konstantin Khabensky o representante russo no Oscar de 2019 “Sobibor” conta a história dessa revolta. 
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Sobre o processo de desenvolvimento do filme, Khabensky diz: “- Em um determinado momento, senti que queria olhar para a história de uma forma mais geral, de cima, para entender como as diferentes tramas interagem e combinam em uma única imagem. O assunto também desempenhou o papel importante: há muitos filmes sobre a guerra, mas a história sobre a vida das pessoas nos campos de extermínio é um assunto raro no cinema russo”. O longa atinge seu propósito na medida em que há diversas cenas em que os presos conversam entre si e desenvolvem meios para conseguirem organizar a fuga.




Muito da estrutura do filme surge da dualidade colocada em cena entre os soldados nazistas e os presos; os àqueles são sádicos, mesquinhos e estes últimos ainda buscam um mínimo de humanidade em meio à claustrofobia do terror do campo. Ademais, enquanto os militares competem entre si constantemente para terem os melhores itens achados entre os pertences dos vitimas assassinadas, os prisioneiros tomam tempo e conseguem se unir para causar a rebelião. 

Retratar os horrores, as torturas e os assassinatos cometidos pelo regime nazista não é necessariamente uma novidade em películas sobre a Segunda Guerra, todavia, “Sobibor” busca direcionar sua atenção para os dias que antecedem a rebelião e, assim, focar na história da coragem desses presos. Agindo quase como uma contagem regressiva, o filme é dividido entre os treze dias nos quais os prisioneiros arquitetam a rebelião.

O líder da revolta, Alexander 'Sasha' Pechersky (Konstantin Khabenskiy), russo e filho de um advogado judeu, era um soldado do Exército Vermelho que foi capturado por soldados alemães durante a Batalha de Moscou de 1941. Depois de ser capturado, descobriram sua descendência judaica e o enviaram para um campo de concentração localizado em Minsk, na Bielorússia. No dia 18 de setembro de 1942, ele e outros milhares mantidos em cativeiro foram encaminhados para o campo de Sobibor. Pechersky sobreviveu à fuga e dedicou sua vida a seguir os criminosos nazistas que serviram no campo, buscando os membros do movimento de fuga que se espalharam por todo o mundo, tentando manter essa história e o feito heróico dessas pessoas vivo e presente na memória de todos.

Título Original e ano: Sobibor, 2018.
Direção: Konstantin Khabenskiy.
Roteiro: Anna Chernakova, Michael Edelstein, Ilya Vasiliev.
Direção de fotografia: Ramunas Greicius.
Edição: Yuriy Troyankin.
Duração: 110 minutos.
Classificação etária: 16 anos.
Gênero: drama, história, guerra.
Elenco: Konstantin Khabenskiy, Christopher Lambert, Mariya KozhevnikovaMichalina Olszanska, Philippe Reinhardt, Maximilian Dirr, Mindaugas Papinigis, Wolfgang Cerny e Roman Ageev.
Distribuição: A2 Filmes.

25 de abril nos cinemas