sexta-feira, 20 de março de 2020

5 músicas marcantes em The O.C.


Uma das coisas que mais me faz viciar em seriados é a trilha sonora! E uma das minhas preferidas é a de The O.C. (2003-2007). Mesmo depois de 17 anos desde sua estreia, as músicas que acompanharam as cenas e trouxeram diferentes significados continuam no topo da minha playlist. Quem sabe elas não podem entrar na sua também?


Aqui estão cinco músicas que marcaram a minha vida e as cenas em que elas tocaram.
Olha só:


1. California, Phantom Planet’s
CALIFORNIA HERE WE COME! A música de abertura da série aparece pela primeira vez no episódio piloto. Sandy Cohen (Peter Gallagher), defensor público, ajuda Ryan (Ben McKenzie), e o leva pra casa.  California é a música mais marcante de The O.C., aparece em todos os episódios e frisa bem o momento em que Ryan se despede de sua casa e passa a morar em uma mansão com a família de Sandy, em Newport Beach.



2. Paint the Silence, South


Quem aí shippava muito Ryan e Marissa (Misha Barton)? A música Paint the Silence marcou a cena em que - FINALMENTE - os dois se beijam pela primeira vez na Roda Gigante, na primeira temporada. No mesmo episódio, Ryan e Marissa tiveram uma discussão sobre Luke (Chris Carmarck), ex da personagem principal. Então Ryan, para tentar uma reconciliação, corre para a roda gigante para conversar com Marissa, mas ele tem medo de altura. Então nada melhor que um beijo pra deixar o clima mais leve, né?





3. Dice, Finn Quayle & William Orbit’s
Como esquecer da cena em que Ryan corre pra encontrar Marissa a tempo na noite de ano novo? A música que dá emoção à cena é Dice de Finn Quayle & William Orbit’s. Quem é fã da série sabe que, no episódio em que a música aparece, Marissa disse ao namorado que o amava e ele respondeu com um maravilhoso e sonoro “obrigado”. O  nome do episódio já traz o que vai acontecer: “Contagem Regressiva”. Marissa aparece sozinha em uma festa de ano novo, com esperanças de que Ryan apareceria antes de dar meia noite. Assim, aos 20 segundos antes de bater o sino da meia-noite, a música começa e crescer e vai até o momento em que Ryan chega e beija Marissa, bem quando o ano vira! Se liga na cena.


 
4. Champagne Supernova, Oasis
SOMEDAY YOU WILL FIND ME! A música Champagne Supernova, clássica dos ingleses do Oasis, marcou a volta do casal Seth Cohen (Adam Brody) e Summer Roberts (Rachel Bilson)! Em uma cena emocionante, no episódio “Dia de Chuva”, Summer desiste de viajar com seu atual namorado, Zack (Michael Cassidy), e corre pra casa de Cohen. Enquanto isso, Seth tenta consertar sua TV a cabo vestido de Peter Parker, na chuva. Ele cai de ponta cabeça, e, como na cena clássica de Homem Aranha,  Summer tira a máscara de Cohen e o beija. Como esquecer?





5. Wonderwall, Ryan Adams

Eu sei que você deve estar pensando na versão do Oasis, mas te juro que essa é a versão mais linda que eu já ouvi na vida. Tá, talvez seja por causa da cena! Seth Cohen - o meu personagem preferido de todos os seriados até hoje - convida Summer pra dançar com ele, após eles terem uma péssima experiência sexual e terem dúvidas sobre o relacionamento e química dos dois. Tão fofo!



É isso pessoal!
Espero que tenham curtido.

quinta-feira, 12 de março de 2020

O Oficial e o Espião, de Roman Polanski


Todo filme é feito por alguém — na verdade, vários alguéns. São narrativas, ou formas de ver o mundo, particulares no sentido mais estrito do termo. O Oficial e o Espião é dirigido por Roman Polanski e trata do caso Dreyfus, na França da virada do século XIX. Alfred Dreyfus foi um oficial judeu do Exército Francês acusado de traição num processo fraudulento e condenado pela Justiça francesa e pela opinião pública. Mesmo sem provas consistentes contra o militar, o caso correu por 12 anos e deixou marcas políticas e sociais na sociedade francesa entre a primeira condenação de Dreyfus, em 1884, até sua absolvição em 1906. O caso tornou-se famoso e influente na vida social e política fracensa por ter engajado figuras célebres como o escritor Émile Zola (autor da carta aberta J'accuse...! em que defende Dreyfus e acusa nominalmente os figurões do Exército de incompetência), além de evidenciar o espírito anti-semita da sociedade francesa. Um efeito rebote ao preconceito acabou sendo a fundação do movimento Sionista, por exemplo, o que demonstra a magnitude do escândalo envolvendo o acontecido. Uma disputa de narrativas que começa com acusações sobre um indivíduo vira uma discussão sobre como levar a República francesa a partir dali.

Mas O Oficial e o Espião não se interessa pelo caso em si, apenas usa sua popularidade para discutir a força de uma narrativa. Por essa razão, não vemos, por exemplo, um mosaico do processo por seus vários ângulos, mas acompanhamos a investigação do Coronel Georges Picquart (Jean Dujardin). Peça chave na prisão de Dreyfus (Louis Garrel), Picquart torna-se chefe do batalhão de Inteligência depois da condenação e percebe que cometeu um erro depois que passa a ter acesso às provas. O filme mostra Picquart em seus dilemas morais que o dividem na vida militar, enquanto defende a verdade em que acredita, e na vida pessoal, com uma subtrama de adultério com Pauline Monnier (Emmanuelle Seigner), uma mulher casada. A maneira como, de certa forma, o longa e Picquart tratam Pauline evidencia seu caráter de personagem presente para testar o protagonista. Mas deixa clara também a verdadeira intenção do roteiro e qual tema está sendo trabalhado.

Por esta razão, o roteiro trata o caso como tomada de consciência de Picquart, mas só dispõe do recolhimento de provas como instrumento para isso. A investigação se torna uma obrigação para que a narrativa avance, fica rígida e sem muitos dilemas, o que deixa tudo muito enfadonho e desinteressante. A segunda metade é focada no contra-ataque ao Estado francês, mas também sem muito peso dramático e pouca causalidade entre os fatos — o que faz Polanski utilizar textos diretos na tela para dar algumas informações. Os 132 minutos de duração parecem muito maiores do que realmente são.


O filme inteiro, portanto, soa mais como uma declaração de Polanski sobre sistemas radicalizados e o peso da opinião pública sobre um indivíduo. Essa declaração não é apenas uma opinião, mas uma defesa pessoal de alguém que foi condenado num tribunal. Em 1977, Polanski foi declarado culpado por drogar e estuprar uma garota de 13 anos em Los Angeles. Na era do MeToo, Polanski (ao lado de Woody Allen e, mais recentemente, Harvey Weinstein) e o paradigma da cultura do cancelamento afirmou que sentiu-se um pouco como Dreyfus, alvo de escárnio público e ostracismo social (veja aqui). Ele esqueceu da diferença inicial: Dreyfus era absolutamente inocente.

Mas, ao se comparar com o militar injustiçado, Polanski abre uma chave de interpretação para o filme que nos leva a crer que as duas épocas podem ser comparadas também. Na era das maravilhas tecnológicas começando a explodir com a chegada da fotografia, do cinema e do automóvel, o longa enxerga aquele mundo quase como paródia. São exemplos o comentário de um dos chefes de Picquart ao ver a foto que comprovava uma tese da investigação "olha o que é possível hoje em dia"; o escritório do grafólogo que media a circunferência do crânio das pessoas; os duelos como resolução de conflitos jurídicos. Todos esses eventos antiquados sendo usados como "provas" contra Dreyfus e que confirmam a narrativa oficial. A sociedade seria, então, essa disputa de forças em nome de suas respetivas narrativas. O que em parte é verdadeiro, no filme é colocado como esquema a ser desmascarado. O cinema é o responsável por encontrar essa verdade factual e comprová-la. No fim, é uma auto-indulgência que zomba dos processos ao dizer algo como "A objetividade da Ciência de lá não tem mais credibilidade, talvez informações tidas como reais hoje não sejam mais amanhã".


O longa é como uma missão para Polanski. Em seu design de produção com figurinos, canetas, papéis e mobiliário impecáveis, a câmera é certeira onde precisa estar. Uma rigidez que evoca a firmeza de um discurso claro, trazendo as informações que precisam ser dadas, mesmo que elas não sejam sobre o caso. É um filme que não respira nem dá liberdade ao espectador deduzir. Apesar da história interessante e muito comentada, o filme não traz novos olhares, informa mal, cansa mais que entretém. Mas também contribui pouco no debate sobre a radicalização de ideologias e a facilidade que isso se torna ódio e perseguição.

As interpretações encontram o ponto perfeito no desafio de longos diálogos de época que soem naturais. A ambientação do período também é impecável partindo da vida nas cidades até o mais delicado detalhe do papel utilizado como prova. O que poderia ser um ótimo ponto de partida (aliado a uma visão madura de episódios de injustiça) é só até onde O Oficial e o Espião chega. Ao se fechar para o diálogo, a produção escolhe uma abordagem quase cínica e muito pouco interessante.

Trailer

Ficha Técnica 

Título original e ano: J'accuse, 2019. Direção: Roman Polanski. Roteiro: Robert Harris e Roman Polanski - baseado no livro de Robert Harris. Elenco: Jean Dujardin, Louis Garrel, Emmanuelle Seigner. Gregory Gaebois, Hervé Pierre, Didier Sandre e Melvil Poupad. Gênero: Drama, história, thriller. Nacionalidade: França, Itália. Trilha Sonora Original: Alexandre Desplat. Fotografia: Pawel Edelman. Edição: Hervé de Luze. Figurino: Pascaline Chavanne.  Distribuição: Califórinia Filmes. Duração: 132 min.
HOJE NOS CINEMAS

Da HQ para as telas: Bloodshot


A HQ 'Bloodshot', lançada pela Valliant Comics, em 1992, alcançou enorme sucesso chegando a vender 80 milhões de exemplares do seu universo. Com a onda de êxito de adaptações dos quadrinhos para as telas, lá em 2012, se iniciou a pré produção da trama para alcançar então os adoradores do gênero. A príncipio, os atores Jared Letto e Michael Sheen estavam atrelados ao projeto, mas com o decorrer de seu desenvolvimento estes sairam e Vin Diesel e Guy Pearce assumiram os papéis deles. Diesel vive Ray Garrison e Pearce Dr. Emil Harting. O primeiro é um soldado morto em combate que ganha super poderes ao ser reanimado por uma organização que o usa como uma arma letal. Dr. Harting é o cabeça desta organização.  

A trama original foi criada por Kevin VanHook, Bob Layton, Don Perlin e nas telas o roteiro é assinado por Jeff Wadlow e Eric Heisserer e a direção é do estreante Dave Wilson. 


A introdução do filme é algo de teor comum. Vemos Ray em ação, conhecemos sua esposa Gina (Talula Riley) e o fim fatal por quais ambos passam após serem sequestrados. Na sequência, Ray acorda completamente sem memória e ao redor de rostos que nunca vira antes. Ali, o doutor Harting o mostra o que foi feito dele - sua regeneração a partir de nanotecnologia e como esta está em seu sangue o fazendo ficar ainda mais forte.

No lugar, ele entra em contato com KT (Eiza Gonzalez), Jammie (Sam Heughan) e Tibs (Alex Hernandez) e o braço direito do doutor, Eric (Siddharth Dhananjay) e começa a entender como estes também vivem a sua segunda chance: treinando bastante e aprimorando suas novas habilidades. Porém o que Ray mal pode esperar é que todo o espetáculo criado envolta dele faz parte de um roteiro batido para fazê-lo matar constantemente sem necessáriamente compreender que sua vingança é manipulada.

Diante disso, a película caminha com explicações de minuto em minuto - algo que cansa, mas deixa óbvio ao espectador que no filme quem está sendo enganado não é ele e sim o personagem. Aliás, este só vai entender um pouco mais de sua trajetória e toda a motivação de estar ali quando encontrar o hacker Wilfred Wigans (Lamorne Morris). 

É super interessante ver Pearce no filme já que o ator interpretou um 'desmemoriado' no incrivel ''Amnésia'', de Christopher Nolan (2000). O arco do personagem de Diesel nos faz lembrar também Robocop e, por que não, o amado herói Wolwerine - ainda que Ray não esteja no mesmo patamar de nenhum deles, ao menos não nesta representação cinematográfica. O aclamado ator da franquia 'Velozes & Furiosos' tem uma baita chance de sair de um estigma de 'ator de um gênero só', mas não inova tanto quanto poderia. Todos em cena aparecem bem e ele é ele.

A direção aqui assume um papel descontraído e deixa claro que, não só a trama, se assemelha a filmes que já vimos antes como também pega dessas refências para entreter. O visual do filme é espetacular. Trabalhar cenas em slowmotion, lutas com inúmeros ângulos e efeitos especiais plausíveis. A fotografia tem um tom mais scifi e em certos momentos é vermelha como o sangue poderoso de seu protagonista. A trilha sonora vem bem no estilo e consegue ritmar bem as cenas de ação. Rola também um momento para o ouvido do espectador mais jovem conhecer a banda Talking Heads, já que Tobby Kebbell dança ao som da contagiante 'Psicho Killer'.

Em Suma, Bloodshot, não surpreende. Talvez divirta os amantes de produções com muita porrada, bomba, falas engraçadinhas (ou de efeito) e inúmeros tiros, mas não vai além disso.
Trailer



Ficha Técnica


Título original e ano: Bloodshot, 2020. Direção: Dave Wilson. Roteiro: Jeff Wadlow e Eric Heisserer - baseado na HQ de Kevin VanHook, Bob Layton, Don Perlin. Elenco: Vin Diesel, Guy Pearce, Tobey Kebbell, Eiza González, Sam Heughan, Talula Riley, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Lamorne Morris, Siddharth Dhananjay, Alex Hernandez. Gênero: Ação. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Seve Jablonsky. Fotografia: Jacques Jouffret. Edição: Jim May. Supervisor de Efeitos Especiais: Cordell McQueen. Distribuição: Sony Pictures Brasil. Duração: 01h49min.
Para quem curtir o filme, independente do que ler por ai ou por aqui, fica a dica: os quadrinhos originais e todos o universo do personagem pode ser encontrado nas redes da Social Comics gratuitamente (veja aqui).

Avaliação: Dois ciborgues confusos. (2/5)

Hoje Nos Cinemas


See ya
-B

Aprendiz de Espiã


É impressionante a capacidade que alguns filmes têm de não despertar empatia alguma. Aprendiz de Espiã é um deles. Pra começar, ninguém do elenco principal emana algum carisma. E quando por “ninguém” eu quero dizer nem mesmo uma criança de nove anos, fica claro que isto não é culpa dos atores, mas um problema da direção.

Claro que o roteiro também tem sua parcela de responsabilidade. A criação de personagens consegue ser bastante desastrosa e inconsistente. O filme se inicia com uma sequência que tende criar identificação com Sophie, vivida pela atriz mirim Chloe Coleman. Para isso, o longa-metragem a retrata como uma menina madura e sensível, sem muito tato social e desprezada pelos colegas de escola.

No entanto, essa personagem é descartada no instante em que a protagonista entra em contato com os dois espiões J.J. (Dave Bautista) e Bobbi (Kristen Schaal) no andar de cima de seu apartamento. No lugar desta, surge outra Sophie. Uma que não tem medo de ameaça alguma e é apta para ser cruel com adultos perigosos através de palavras e atos insensíveis.

Quando o tio da menina surge como um vilão frio e propenso ao assassinato, não conseguimos como público temer pela vida da pequena. Primeiro porque ela não demonstra medo até estar amarrada dentro de um avião prestes a cair de um precipício. Segundo porque, honestamente… não nos importamos com ela. Assistindo ao filme, fica claro que ela não existe. Não há um segundo de imersão em que esqueçamos deste fato e consigamos sofrer e vibrar junto a essa família. 


Direção e roteiro tentam fazer com que a criança seja fofinha e engraçada, inteligente e frágil e acaba não conseguindo transmitir nada disso. Ela é a criança que chora e sai correndo quando tem uma demonstração de que J.J. não estará a seu lado ou é a que manipula e chantageia ele até quase fazê-lo chorar?

Ah, mas é só um filme para divertir”. Pois é também o que eu esperava. Mas nem o humor funciona. É incompreensível a decisão de trazer um humorista do calibre de Ken Jeong para desperdiçá-lo em um papel sério e tão pequeno. Kristen Schaal é um problema a parte. Se a humorista não funciona nem nos contextos atrapalhados e desconfortáveis típicos da única personagem que sabe interpretar, por que tentar fazê-la performar em cenas dramáticas? O sofrimento é tão falso que não toca ninguém e o descabimento é de um tipo de ridículo que não chega a gerar comicidade.

O humor que de fato funciona é o da dupla de vizinhos Carlos e Todd (Devere Rogers e Noah Danby). É escrachado, é clichê… mas funciona. O papel que a obra inteira deveria ter. Mas assim como Jeong, eles ganham apenas pontas.

Trailer



Ficha Técnica

Título original e ano: My Spy, 2019. DireçãoPeter SegalRoteiro: Erich Hoeber, Jon Hoeber. Elenco: Dave Bautista, Kristen Schaal, Ken Jeong, Parisa Fitz, Henley, Greg Bryk, Chloe Coleman, Nicola Correia Damude, Noah Dalton Danby, Michelle McLeod, Laura Cilevitz. GêneroComédia. Nacioalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Dominic Lewis. Fotografia: Larry Blanford. Edição: Jason Gourson. Distribuição: Diamond Films. Duração: 100 min.
HOJE NOS CINEMAS

A Maldição do Espelho, Aleksandr Domogarov


Um problema grande no cinema, e que não se aplica só a ele, é a tentativa de encontrar a galinha dos ovos de ouro em forma de filme. A natureza industrial já o fez nascer dentro, e profundamente, do conflito entre as aspirações artísticas e o sucesso de público. Como filmes são muito caros de fazer, o retorno financeiro precisa ser garantido, o que acaba gerando algumas fórmulas do que se imagina que vá dar em dinheiro. O terror é um gênero muito claro em suas intenções e mecanismos, o que torna muito real o perigo de surgirem histórias e direções repetitivas.

A Maldição do Espelho é uma produção que sucumbe a tal medo caminhando então em terreno mais seguro. E este temor, ou estranheza, se mostra ao descobrirmos que esta é uma tentativa de franquia russa, pois é continuação de um filme de 2015 (Queen of Spades: Dark Rite, de Svyatoslav Podgaevskiy) com a mesma entidade maligna e com uma sinopse bastante similar também. E a tentativa de deixar as escolhas mais familiares se estende à distribuição brasileira que trouxe cópias dubladas em inglês para o país.

A adolescente Olga (Angelina Strechina) e o pequeno Artyom (Daniil Izotov) ficam órfãos depois que a mãe deles morre afogada. Mandados para um colégio interno, Artyom começa a ter visões com a mãe enquanto Olga vive seu trauma perto dos amigos desajustados e rebeldes. Depois que Artyom entra na parte interditada do casarão, Olga e os amigos vão atrás dele e descobrem o espelho com marcas macabras. Mas o nerd do grupo (Vladimir Kanuhin) estava junto a eles e para alertar dos perigos do espelho, ele conta o que eles não podem fazer: falar o nome da bruxa por três vezes e fazer um pedido. Mas é claro que todos fazem seus pedidos.


O título em português e o que se espera de terrores adolescentes já nos dão o que precisamos para apenas sentar e apreciar a obra. A Maldição do Espelho cai sobre todos que fizeram seus pedidos, um por um, e, depois de um ceticismo inicial, o grupo precisa lutar contra a própria irresponsabilidade. Nesse meio tempo, são apresentadas as origens da Rainha de Espadas, a bruxa assassina de crianças. Mas a história corre tanto entre as maldições, que não nos importamos tanto com esses personagens que estão morrendo e o espaço de tela para desenvolvimento é dividido entre o flashback bruxa desamparada e as loucuras de Artyom.

Quando tudo já está em seu devido lugar, apenas esperamos o esquema se desenrolar. E isso, neste caso específico, traz mais vantagens que prejuízos. A honestidade da película é tamanha que em certas cenas parece dizer para o público adolescente e/ou o espectador adulto para que beije a sua paquera mesmo, ou que brinque com o susto que o amigo levou. Quando entramos no terceiro ato, uma ação direta e corajosa de Olga dá um novo gás pelos próximos minutos — o que inclusive dá a deixa para o punch final do filme com cara de gancho para um terceiro. (Contudo, é breve e acaba decepcionando um pouco, pra falar a verdade.)


A Maldição do Espelho, apesar de uma continuação, funciona sozinho, ou seja, tem uma narrativa fechada em si mesma. Mas com o modelo esquemático adotado pelo filme, não tinha como ser muito diferente. Para os fãs de filmes de terror, aqueles que adoram os sustos e maldições sem torcer o nariz, este pode ser um longa interessante para ver o que a Rússia anda produzindo dentro do gênero. Quem estiver a procura de um filme para um encontro descompromissado com certeza terá assunto para quebrar o gelo durante o lanche. 
Trailer


Ficha Técnica
Ficha Técnica

Titulo original e ano: Pikovaya dama. Zazerkale, 2019. Direção: Aleksandr Domogarov Jr. Roteiro: Maria Ogneva. Elenco: Daniil Muravyov-Izotov, Angelina Strechina, Vladislav Konoplyov, Anastasia Talyzina, Alyona Shvidenkova, Vladimir Kanukhin. Gênero: Terror. Nacionalidade: Rússia. Fotografia: Aleksey Strelov. Trilha Sonora Original: Sergei Stern. Edição: Vladimir Markov. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 83 minutos. Classificação indicativa: 16 anos.

HOJE NOS CINEMAS

sexta-feira, 6 de março de 2020

Troco em Dobro I Netflix Content I


A dica de hoje é para ser curtida no aconchego do lar, em ótima companhia e com aquele balde de pipocas cheinho. O resto deixem com a Netflix que é diversão garantida!!

Troco em Dobro, que no original se chama Spenser Confidencial, chega hoje a plataforma mais aclamada do planeta e promete muita ação e pancadaria, porém, não deixando de entregar uma boa dose de bom humor (para uma sexta-feira, e como ninguém é de ferro, o que o ser humano quer mesmo é rir e ficar deboas, né não?)

Pois bem, dirigido por Peter Berg (22 Milhas), com roteiro de Sean O'Keefe e Brian Helgeland, o filme tem um elenco pra lá de bom. No papel principal está Mark Wahlberg como o policial Spenser, um cara linha dura que tenta fazer justiça com as próprias mãos e acaba em maus lençóis. Preso, cumpre sua pena, e ao se ver livre até tenta não se envolver em mais encrencas, mas estas o perseguem ( lógico!).



Junto com o engraçado e tranquilão Hawk, interpretado por Winston Duke - um ex presidiário que que tentar carreira no box - Spenser decide desvendar uma conspiração que envolve o assassinato de policiais e que tem por trás a pior espécie do submundo das ruas de Boston. Spenser ainda tem de lidar com a ex-namorada Cissy (Ilyza Shlesinger) e a moça é pura encrenca e sedução - Ilyza está bem divertida no papel e garante boas risadas.

Envolvido com policiais corruptos, como Boylan (Michael Gaston), amigos falsos, como Driscoll (Bokeen Woddbine) e toda uma gangue que adora brincar com facas, é muita sorte que Spenser possa contar com a amizade de Henry Cimoli (Alan Arkin), isto porquê o velho treinador de box consegue o apoiar em qualquer situação.



A história é inspirada no livro Robert B. Parker's Wonderland (ver aqui) escrito por Ace Atkins que assumiu a franquia literária, após a morte do criador citado que escreveu cerca de quarenta romances. Assim, da mesma maneira, é provável que a saga de Spencer origine uma possível franquia de filmes com produção da Netflix.

O público mais ''maduro'' deve se recordar do ator Robert Ulrich, lá nos anos 80, como Spencer e dando um show. Joe Mantegna também encarnou o policial em alguns filmes para tv e agora Mark tem a sua chance. Ele e Bokeen já trabalharam juntos antes e tem aqui um reencontro. O cantor do momento, Post Malone, faz sua estréia em filmes com a produção.

A trilha sonora do filme, assinada por Steven Jablonsky, está incrível e mantém o ritmo e adrenalina da trama. Ah, e na lista de canções que ouvimos ali temos até tempo para uma clássica do Aerosmith, Sweet Emotions.

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Ficha Técnica

Título original e ano: Spenser Confidencial, 2020. Direção: Peter Berg. Roteiro: Sean O’Keefe e Brian Helgeland - Levemente baseado nos personagens escritos por Robert B. Parkers e nos livros em seguimento de Ace Atkins. Elenco: Mark Wahlberg, Winston Duke, Alan Arkin, Iliza Schlesinger, Bokeen Woddbine, Post Malone, Marc Maron, e Austin Post. Gênero: Crime, Drama Mistério. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original:Steve Jablonsky. Fotografia: Tobias A. Schliessler. Edição: Michael L. Sale. Produção: Mark Wahlberg, Peter Berg e Neal H. Mortiz. Empresas produtoras: NETFLIX, Films 44 e Original Film. Duração: 01h51. 

Disponível na NETFLIX BRASIL

quinta-feira, 5 de março de 2020

Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica, de Dan Scanlon


Ian (voz de Tom Holland na versão original) e Barley (voz de Chris Pratt) vivem em um mundo como o nosso. Ou quase. A nova animação da Pixar se passa em um universo ocupado por elfos, trolls, centauros e fadas no lugar de humanos também se vê unicórnios e dragões serpenteados no lugar de cachorros. Mas à exceção disso, a vida é basicamente a mesma. Ir à escola, trabalhar, se locomover de carro e usar smartphones para tudo.

Barley Lightfoot, o irmão mais velho, é um entusiasta do passado. Ele protege monumentos históricos de serem demolidos pela prefeitura e tem um estilo de vida retrô. Acontece que Barley tem um motivo a mais que os jovens da Terra para fazer isso: no mundo dele, reza a lenda, havia magia antes da tecnologia tomar conta.

Não, o filme não cai no erro de demonizar a tecnologia de forma trivial e pregar um retorno à tradição por princípios morais. A aventura que Barley e Ian experienciam demonstra que é possível viver o presente pensando no futuro sem deixar de honrar o passado e a ancestralidade, combinando o melhor de dois mundos. E como se trata da Pixar, é óbvio que isso não se refere apenas a luta entre magia vs tecnologia. A narrativa fantástica é pano de fundo para uma discussão madura sobre seguir em frente apesar dos traumas e, bem… saber aliar o melhor de dois mundos quando se trata de convivência familiar.


Aqui, temos o estúdio de animação em seu melhor, como vimos em Up - Altas Aventuras (2009) e Divertidamente (2015). Não são poucos os momentos em que o filme te faz rir alto e também não há só um o instante em que cai aquele cisco no olho. Dois Irmãos diverte igualmente adultos e crianças. Mas tem um público em que o filme acerta em cheio: os jogadores de RPG.

Conforme os irmãos Lightfoot vão desvendando a magia de seu mundo, elementos claramente baseados em Dungeons and Dragons vão aparecendo em tela. São mantícoras, dragões e cavernas, cubos gelatinosos e magias que fazem referência direta aquelas existentes no jogo. Mas caso você não faça parte desse público, relaxe! Definitivamente não é nada que vá te deixar perdido. Isso porque Ian também não entende nada de magia e criaturas encantadas. Então fica tranquilo que o Barley tá sempre ensinando tudo, mesmo que com seu jeito atrapalhado.


Vale dizer que o filme também bate mais forte pra quem tem irmãos. E é uma bela lição sobre convivência pacífica. 

Ultimamente tem sido cada vez mais comum encontrarmos apenas cópias dubladas dos filmes em exibição nas grandes redes de cinema do Brasil. Embora a falta opção na hora da escolha por parte do público seja um problema sério nesse contexto, assim, não fique triste caso isso aconteça com a produção. E sim, todo mundo queria ouvir as vozes de Julia Louis-Dreyfus (mãe dos protagonistas) e Octavia Spencer ( ela vive a personagem Mantícora). Mas a dublagem brasileira não deixa por menos, está fan-tás-ti-ca.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Onward, 2020. Direção: Dan Scanlon. Produção: Kori Rae. Roteiro: Dan Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin. Elenco: Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Octavia Spencer. Gênero: Animação, aventura, comédia. Nacionaliadade: EUA. Trilha Sonora Orginal: Mychael Danna, Jeff Danna. Cinematografia: Sharon Calahan, Adam Habib. Edição: Catherine Apple. Distribuição: Disney. Duração: 01h42min. 
HOJE NOS CINEMAS