segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Se Gosta Desse Filme, Leia Este Livro


O wanna be nerd é um site muito cinéfilo, mas por aqui a gente ama cultura pop no geral! Eu mesmo costumo alternar entre períodos onde estou lendo mais, vendo mais séries ou assistindo mais filmes. Amo histórias, não importe o formato em que elas venham.

Por isso, tive a ideia de fazer um post de recomendações que ligassem filmes que eu adoro a livros que tem uma vibe semelhante e que também são muito bons. Se você não tem o hábito de leitura, espero que o motive!

➙ Se gosta de 

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 Donnie Darko, leia 

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 At The Edge of the Universe

Donnie Darko (dirigido por Richard Kelly): Donnie é um jovem excêntrico que despreza a grande maioria de seus colegas de escola. Ele tem visões, em especial de Frank, um coelho gigante que só ele consegue ver e que o encoraja a fazer brincadeiras humilhantes com quem o cerca. Um dia, uma de suas visões o atrai para fora de casa e lhe diz que o mundo acabará dentro de um mês. Donnie inicialmente não acredita, mas, momentos depois, a turbina de um avião cai em sua casa e ele começa a se perguntar qual é o fundo de verdade dessa previsão.

At the Edge of the Universe (Shaun David Hutchison): Tommy e Ozzie tem sido melhores amigos desde a segunda série e namorados desde o oitavo ano. Eles passam seus dias sonhando em escapar da cidadezinha delas, até que um dia Tommy some. Mais precisamente, ele deixa de existir, sendo apagado da memória de todos que o conheciam. Ozzie não sabe como navegar a vida sem Tommy e logo ele suspeita que algo mais está acontecendo: o universo está encolhendo.

Os dois possuem elementos fortes de sci-fi, de uma maneira um tanto bizarra. Um clima de estranhamento percorre ambas as histórias, mas no cerne de cada uma a gente tem um drama que vai te deixar reflexivo. At The End of the Universe nem de longe chega a ser tão complexo em temática e estrutura quanto Donnie Darko, mas acredito que tenha potencial para agradar os fãs do filme... e surpreender!

➙ Se gosta de 

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 O Amor Não Tira Férias, 

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 leia A Troca


O Amor Não Tira Férias (dirigido por Nancy Meyers): A norte-americana Amanda Woods tem uma carreira promissora, mas está deprimida porque terminou o relacionamento com o namorado. A inglesa Iris Simpkins é redatora de uma coluna popular e tem pouca sorte com os homens. Durante as festas natalinas, as duas decidem trocar de casa e acabam conhecendo outros homens.

A Troca (Beth O’Leary): Leena Cotton tem 29 anos e sente que já não é mais a mesma. Eileen Cotton tem 79 e está em busca de um novo amor. Tudo de que neta e avó precisam no momento é pôr em prática uma mudança radical. Então, para colocar suas respectivas vidas de volta nos trilhos, as duas têm uma ideia inusitada: trocar de lugar uma com a outra. Leena sabe que precisa descansar, mas imagina que a parte mais difícil será se adaptar à calmaria da cidadezinha onde a avó mora. Cadastrada em um site de relacionamentos, Eileen por sua vez embarca na aventura com a qual sonha desde a juventude. Dividindo o apartamento com dois amigos da neta, ela logo percebe que na cidade grande suas ideias mirabolantes não são tão complicadas assim. Ao trocar não só de casas, mas de celulares e computadores, de amigos e rotinas, Leena e Eileen vão descobrir muito mais sobre si mesmas do que imaginam. E se tudo der certo, talvez destrocar não seja a melhor solução.

O Amor Não Tira Férias é um dos meus filmes preferidos. É uma daquelas produções que aquecem o coração. Posso estar tendo um dia super stressante, é só dá play que me sinto mais leve. E ler A Troca me deixou do mesmo jeito! Claro, o principal elemento que une os dois é o elemento de troca de “realidade” e como isso transforma as vidas das personagens, as levando a se redescobrirem e olhar a vida sob novas perspectivas. Além disso, ambos tem velhinhos fofos!

Se gosta de 

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 Sky High, leia 

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 The Extraordinaries


Sky High (dirigido por Mike Mitchell): Em uma escola de treinamento em que os adolescentes aprendem a ser super-heróis, Will Stronghold vai para uma classe de estudantes que demonstram muito potencial. Gwen, sua colega de sala, acaba se aproximando dele. Will descobre que a mãe da garota é uma vilã derrotada pelo seu pai. Agora, Gwen deseja se vingar.

The Extraordinaries (T J Klune): Nick Bell? Nada extraordinário. Mas ser um dos maiores escritores de fanfic no fandom dos extraordinários conta como um super poder, certo? Após um econtro por acaso com Shadow Star, o maior herói de Nova City (e o maior crush de Nick), Nick parte em uma jornada para se tornar extraordinário. E ele irá fazer isso com a ajuda de Seth Grey, seu melhor amigo (e talvez o amor da sua vida).

Os dois são protagonizados por jovens rodeados de heróis super poderosos, mas que não tem habilidades próprias. E ambos os personagens não percebem que o/a bff está apaixonado/a por ele! São duas coincidências bem legais! Mas param por aí. Sky High é um dos meus filmes preferidos da adolescência (sempre amei tudo que envolve um poderzinho) e até hoje torço para que transformem o filme em uma série. Os Extraordinários é uma leitura muito divertida. O Nick irrita um pouco (dá até vontade de chacoalhar ele, pois não percebe o que tá no nariz dele), mas ao mesmo tempo ele é apaixonante.

➙ Se gosta de 

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Harry Potter, leia 

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 Sempre em Frente


Harry Potter (dirigido por Chris Columbus): Harry Potter é um garoto órfão que vive infeliz com seus tios, os Dursleys. Ele recebe uma carta contendo um convite para ingressar em Hogwarts, uma famosa escola especializada em formar jovens bruxos. Inicialmente, Harry é impedido de ler a carta por seu tio, mas logo recebe a visita de Hagrid, o guarda-caça de Hogwarts, que chega para levá-lo até a escola. Harry adentra um mundo mágico que jamais imaginara, vivendo diversas aventuras com seus novos amigos, Rony Weasley e Hermione Granger.

Sempre em frente (Raibow Rowell): Simon Snow é o Escolhido. Segundo as lendas, ele é o feiticeiro que garantirá a paz no Mundo dos Magos. Isso seria extraordinário se Simon não fosse desastrado, esquecido e um feiticeiro pouco habilidoso, incapaz de controlar seus poderes. Ele está no penúltimo ano da Escola de Magia de Watford, e, ao lado de sua melhor amiga Penelope e sua namorada Agatha, já se meteu nas mais variadas aventuras e confusões ― algumas causadas por Baz, seu arqui-inimigo e colega de quarto, outras pelo Oco, um ser maligno que há tempos tenta acabar com Simon. Quando chega o novo ano letivo e Baz não aparece na escola, Simon suspeita que o garoto esteja tramando alguma coisa contra ele. As coisas começam a tomar um rumo ainda mais estranho quando o espírito da mãe de Baz, antiga diretora de Watford, aparece para Simon afirmando que quem a matou continua à solta. Quando Baz finalmente chega a Watford sob circunstâncias misteriosas, Simon não vê alternativa a não ser ajudá-lo a vingar a morte da mãe ― o que pode ser o primeiro passo para que verdades avassaladoras sobre o Mundo dos Magos sejam reveladas. E para que tudo mude entre os dois garotos.

Essa é uma comparação óbvia já que Carry On é claramente uma sátira de Harry Potter! Shippava Harry e Draco? Pois aqui você vai ver seu shipp virar realidade! Porém, Carry On consegue ir além e imprimir sua própria marca. Você chega ao livro pelas refêrencias à Harry Potter, mas fica pelo apego aos personagens (Baz S2) e a subversão da figura “do escolhido”.

➙ Se gosta de  

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 Auto da Compadecida, leia 

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 O Auto da Maga Josefa

Auto da Compadecida (direção de Guel Arraes): As aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres que vivem de golpes para sobreviver. Eles estão sempre enganando o povo de um pequeno vilarejo, inclusive o temido cangaceiro Severino de Aracaju, que os persegue pela região.

O auto da maga Josefa (Paola Siviero): Toda lenda tem raízes na realidade e Toninho sabe disso melhor do que ninguém – a seca é apenas uma das muitas maldições que assolam o Agreste. Fantasmas, vampiros e gigantes não assustam esse jovem caçador de demônios, mas ele se surpreende ao conhecer a misteriosa Josefa, que também percorre as estradas áridas do Nordeste atrás de criaturas malignas. As intenções da maga em lutar contra os seres de outro mundo talvez sejam obscuras, mas a jornada ao seu lado certamente será uma aventura inesquecível...

Ambos são ambientados no nordeste do Brasil e brincam com o credo (o livro traz mais forte os elementos sobrenaturais). O Auto da Compadecida é um dos filmes mais amados do cinema brasileiro e tenho certeza que se você é fã, também vai apreciar muito o trabalho da Paola Siviero.

➙ Se gosta de 

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O Diário da Princesa, leia 

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  Espere Até Me Ver de Coroa
O Diário da Princesa (direção de Gary Marshall): Mia é uma garota de 15 anos que vive com sua mãe em São Francisco. De repente, ela descobre que seu pai é o Príncipe de Genóvia, um pequeno país europeu. Ela recebe a visita de sua avó recém-descoberta, que passa a lhe dar aulas de etiqueta, ensinando-a como uma princesa deve se portar. Mas quando se aproxima a data de seu aniversário, Mia precisa definir que caminho pretende tomar em sua vida: tornar-se uma princesa e se mudar para Genóvia ou permanecer morando com a mãe.

Espere Até Me Ver de Coroa (Leah Johnson): Liz Lighty sempre achou que fosse negra, pobre e estranha demais para brilhar em sua pequena cidade rica e obcecada por festas de formatura. Mas tudo bem, porque ela tem um plano: estudar na renomada Pennington College, onde fará parte de sua conhecida orquestra e, eventualmente, se tornará médica. No entanto, quando Liz descobre que não pode mais contar com a ajuda financeira que esperava, seus planos vão por água abaixo – até ela ser lembrada da bolsa de estudos que sua escola oferece para o rei e a rainha da festa de formatura. Não há nada que Liz odeie mais do que ser o centro das atenções. Ela não quer ter sua vida exposta nas redes sociais, lidar com concorrentes do nível Meninas Malvadas e ser obrigada a participar de uma série de eventos humilhantes. Mas ela está disposta a fazer o que for preciso para estudar em Pennington. A única coisa que torna tudo levemente suportável é a nova garota da escola, Mack. Ela é inteligente, engraçada, e tão estranha quanto Liz. Mas Mack também está na disputa pelo título de rainha.

Ao contrário de Mia, Liz não é uma princesa de verdade. Porém, as duas são jovens desajustadas, que estão muito contentes em permanecer longe dos holofotes. Só que circunstâncias extraordinárias acabam as colocando como centro da atenção, trazendo imenso desconforto para as personagens.

Se gosta de 

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A Proposta, leia 

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 The Ex Talk


A Proposta (direção de Anne Fletcher): Margaret Tate é uma poderosa editora de livros que corre o risco de ser deportada para o Canadá, seu país natal. Para poder permanecer em Nova York, ela diz estar noiva de Andrew, seu assistente. O jovem aceita ajudá-la, mas impõe algumas condições, entre elas ir para o Alasca e conhecer sua família excêntrica. Com um oficial da imigração sempre à espreita, Margaret e Andrew têm que seguir o plano de casamento apesar de diversos problemas.

The Ex Talk (Rachel Lynn Solomon): Shay Goldestein tem sido produtora de rádio na estação pública de Seattle por quase uma década e ela não consegue imaginar trabalhando em nenhum outro lugar. Mas ultimamente está rolando conflitos entre ela e seu novo colega: Dominic Yun, que acabou de sair de um mestrado em comunicação e está confiante que sabe tudo sobre rádio. Quando a rádio precisa de um novo conceito, Shay propõe um novo programa que seu chefe aprova com entusiasmo: no The Ex Talk, dois exes irão dar conselhos amorosos ao vivo. O chefe decide que Shay e Dominic serão os apresentadores perfeitos, devida a animosidade mútua. Nenhum dos dois gosta da ideia, mas é isso ou o olho da rua. À medida que a popularidade do programa cresce, Shay e Dominic começam a se apaixonar. Em uma indústria que valoriza a verdade, ser pegos na mentira significa o fim de mais do que somente suas carreiras.

Enemies to lovers? ✔️. Faking dating? ✔️. Fingir namorar um colega de trabalho pelo bem da sua carreira? ✔️. É impossível você não gostar de The Ex Talk se adora A Proposta! E ambas são comédias românticas muito divertidas e envolventes.

➙ Se gosta de 

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Um Grande Garoto, 

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 leia The Guncle

Um Grande Garoto (dirigido por Paul e Chris Weitz): Will é um londrino solteirão e irresponsável de cerca de trinta anos de idade. Em busca de mulheres disponíveis, ele inventa um filho imaginário e começa a frequentar reuniões de pais solteiros. Will acaba conhecendo Marcus, um garoto esquisito de 12 anos com problemas na escola. Aos poucos, os dois acabam se tornando amigos e Will ensina a Marcus como ser um garoto popular, ao mesmo tempo que Marcus o ajuda a finalmente crescer.

The Guncle (Steven Rowley): Patrick sempre amou seus sobrinhos, Maisie e Grant. Isso é, ele gosta de passar tempo com eles quando eles o visitam em Palm Springs, ou quando ele vai vê-los em Connecticut no natal. Mas cuidar dos dois por dois meses após o falecimento da mãe deles, é um pouco demais pra ele.

Adultos imaturos que precisam cuidar de uma criança e esse contato os obriga a amadurecer e a encarar questões de suas vidas que até então eles vinham tentando ignorar. About a Boy é mais dramático, The Guncle é mais bem humorado, mas ambas as histórias vão te emocionar.

➙ Se gosta de 

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 Delírios de Consumo de Becky Bloom, 

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 leia Samantha Sweet , Executiva do Lar


Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (dirigido por P J Hogan): Rebecca mora em Nova York e tem o sonho de trabalhar para uma renomada revista de moda, mas ainda não conseguiu essa façanha. Contudo, ela consegue um trabalho como colunista para uma revista financeira que pertence à mesma empresa. Sua coluna torna-se um sucesso da noite para o dia, mas ela está a ponto de arruinar sua vida e sua carreira por ser uma compradora compulsiva.

Samantha Sweet , Executiva do Lar (Sophie Kinsella): Samantha Sweet é uma advogada poderosa em Londres. Trabalha dia e noite, não tem vida social e só se preocupa em ser aceita como a nova sócia do escritório. Ela está acostumada a trabalhar sob pressão, sentindo a adrenalina correr pelas veias. Até que um dia... comete uma grande mancada. Um erro tão gigantesco que pode destruir sua carreira. Samantha desmorona, foge do escritório, entra no primeiro trem que vê e vai parar no meio do nada. Ao pedir informação em uma linda mansão, é confundida com uma candidata a doméstica e lhe oferecem o emprego. Os patrões não fazem ideia de que contrataram uma advogada formada em Cambridge, com QI de 158, e que não tem a menor noção de como ligar um forno! O caos se instala quando Samantha luta com a máquina de lavar... a tábua de passar roupa... e tenta fazer cordon bleu para o jantar... Mas talvez não seja tão incapaz como doméstica quanto imagina. Talvez, com alguma ajuda, ela possa até fingir. Será que seus patrões descobrirão que sua empregada é de fato uma advogada de alto nível? Será que a antiga vida de Samantha irá alcançá-la? E, mesmo se isso acontecer, será que ela vai querer de volta? A história de uma mulher que precisa diminuir o ritmo. Encontrar-se. Apaixonar-se. E descobrir para que serve um ferro de passar.

Eu tô roubando nesse aqui! Becky Bloom é baseado em outro livro da Sophie Kinsella então o elo é óbvio haha. Eu simplesmente amo o humor da Sophie (inclusive pretendo fazer um post só sobre os livros dela). O filme da Becky é bem diferente do livro, mas surpreendentemente isso não é algo ruim! É um dos poucos casos em que em minha opinião o filme é melhor que a obra de base.

➙  Se gosta de 

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 Fear Street,  

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 leia Nova Jaguaruara

Fear Street (dirigido por Leigh Janiak): Após uma série de assassinatos brutais, um grupo de adolescentes enfrenta uma força maligna que aterroriza uma cidade há séculos.

Nova Jaguaruara (Mauro Lopes): Um antigo e curioso evento acontece todos os dias em Nova Jaguaruara, uma pequena cidade no interior do Ceará: à meia-noite, as luzes se apagam e a cidade cai na escuridão por exatamente um minuto. Vicente e sua equipe de trabalho chegam à cidade para estudar as condições para a instalação de torres de energia eólica na região e, quem sabe, resolver o estranho problema de queda de energia. O que eles não sabiam, entretanto, é que a cidade esconde uma terrível história relacionada ao desaparecimento de pessoas desde o início do século XX. A única coisa de que são alertados desde o primeiro dia é o fato de não poderem se aproximar de uma igreja abandonada na beira da estrada, um pouco afastada de Nova Jaguaruara. Infelizmente, o aviso não é o suficiente e logo Vicente e sua equipe encontram-se presos nos terríveis mistérios da cidade.

As duas obras são ambientadas em cidades do interior que abrigam terríveis maldições. Fear Street é mais slasher. Nova Jaguaruara dá mais medo. Mas se gostou do filme, recomendo que dê uma chance a esse maravilhoso livro nacional!

E ai, alguma obra te interessou? Me conta!

Love, Vitor

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Encanto | Assista nos Cinemas


 A Walt Disney Studios nunca deixa de entregar filmes coloridos e cheio de mensagens íncriveis. Em ''Encanto'', seu mais recente lançamento, a família colombiana Madrigal é o foco de toda a história. Tudo começou quando Alma e o esposo procuravam um lugar para viver e parar de fugir, porém, uma tragédia se deu. Da escuridão, a mulher achou a luz e um lugar mágico se formou para que ela aconchegasse os filhos pequenos em uma montanha isolada. Ali um casarão mágico surgiu e uma vila foi construída. Ademais, Alma e as crias foram aos poucos ganhando poderes e tal feito foi ocorrendo de geração em geração da família até que um dia, Alma já avó, chegou a vez da encantadora Mirabel receber esse chamado e...bem. Não rolou pra mocinha. Ainda assim, outras crianças que nasceram após ela, conseguiram seu poder. Além disso, as irmãs dela, uma com o dom da força e a outra de comandar as flores, todas já encaminhadas na vida, bem como as tias, tios e primos.


Interessante reparar que, apesar da produção não creditar o livro ''Cem Anos de Solidão'', de Gabriel Garcia Marquez, como inspiração para o filme, declara que há inúmeras referências a história e aqueles que leram vão perceber que quase tudo lembra muito a obra de Gabriel (a família do autor está produzindo um série da história para a Netflix Colômbia, aliás, e deve sair em breve). Desde o uso do realismo mágico, a simbologias como borboletas e etc. Ademais, os Buendía ganham, por assim dizer, uma homenagem animada que entrará nas mentes de crianças do mundo inteiro quando, por sua vez, o livro é mais adulto e lido por uma faixa etária acima da classificação aqui.


Sim, o filme é repleto de canções por todo ele, como quase todas as animações do estúdio. Desta vez, temos tanta representatividade que o coração explode de emoção. Há personagens latinos, negros, mulheres e todos com protagonismo devido. O realismo mágico na história faz dela ainda mais fofa e a mensagem familiar sobre aceitação daqueles que te cercam consegue chegar a quem necessita, além de muitas outras como a amizade, a união na horas que mais necessitamos e ajuda ao próximo. A personagem da 'Abuela Alma' nos faz entender como somos duros com os mais parentes e muitas vezes sem necessidade. Ainda assim, também é importante para reforçar que laços podem ser reconstruídos.


Maribel, diferente das irmãs, não ganhou um poder, e vive se metendo em confusão, ainda assim é super atenciosa com as crianças da vila e com os pequenos da familia. Isso auxilia com que estes últimos não fiquem com medo e enfrentem o seu destino de ganhar um poder. Quando ela 'perde' um pouco da compreensão da avó, acha em outros familiares consolo e juntos vivem inúmeras aventuras para reunir a familia Madrigal novamente.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Encanto, 2021. Direção: Byron Howard e Jared Bush. Co-direção: Charise Castro Smith. Roteiro: Charise Castro Smith e Jared Bush - com argumentos de Lin-Manuel Miranda, Nancy Kruse, Jason Hand, Byron Howard, Charise Castro Smith e Jared Bush - Referências claras ao livro de Gabriel Garcia Marquez ''Cem Anos de Solidão''. Vozes originais de: Stephanie Beatriz, John Leguizamo, María Cecília Botero, Wilmer Walderrama, Adassa, Maluma, Diane Guerrero, Mauro Castillo, Angie Cepeda, Jessica Darrow Rhenzy Feliz e Carolina Gaitán. Vozes nacionais: Jennifer Nascimento, Mari Evangelista, Márcia Fernandes, Sérgio Rufino, Claudio Galvan, Lara Suleiman, Andrezza Massei, Veridiana Benassi, Larisa Cardoso, Roberta Rocha, Filipe Bragança, Lucas Kumode e Felipe Araújo. Gênero: Animação, fantasia, familia. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora OriginalGermaine Franco e Lin-Manuel Miranda. Distribuidora: Disney Studios Brasil. Duração: 01h39min.

A produção é encantadora e reverbera positividade, mas não esquece de passar ensinamentos e fazer a nossa dureza interior amolecer. 

Avaliação: Três velas poderosas (3/5).


HOJE NOS CINEMAS

Casa Gucci | Hoje nos Cinemas

 

O universo da moda por si só já é bem pesado e tóxico e ter a oportunidade de conhecer um pouco da vida das famílias que construíram marcas e grandes empresas do mundo fashion é algo que pode ser ainda mais surreal. Os Versace, italianos como Os Gucci, passaram por um baque quando seu designer e fundador Gianni foi morto, em 1997, por um serial Killer, na entrada de sua mansão. A empresa foi inaugurada ao fim dos anos 80, diferente da concorrente que vigora desde os anos 20 e foi criada por Guccio Gucci. 

Ao fim dos anos 30, os filhos de Guccio, Aldo, Roldolfo, Ugo e Vasco, começaram a trabalhar na empresa e ela se tornou ''um negócio de familia''. Rodolfo, o filho do meio de Guccio, chegou a construir uma carreira artística com o nome artístico de 'Maurizio D'ancora' e quando teve um filho o deu o nome de Maurizio. O menino que anos depois da morte do pai viria a se tornar presidente do grupo Gucci - tendo que batalhar na justiça contra o tio Aldo antes. O homem, anteriormente a tomar posse de sua herança, se casou, mediante grande onda contrária dentro da família, com Patrizia Reggiani Martinelli. A mulher responsável por sua morte. Patrizia não suportou o fim do casamento e o ex-marido ter iniciado um novo caso amoroso e tramou junto a sua conselheira, Pina Auriemma, um modo de se vingar. Maurizio foi morto em 27 de março de 1995, aos 46 anos. Na entrada da empresa. E é essa história, ou ao menos parte dela, que Casa Gucci, novo lançamento da Universal Pictures, tenta recontar na telona. 

Com direção de Ridley Scott e roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna, com texto adaptado a partir da obra de Sarah Gay Forden (veja aqui), a produção tem Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino, Jared Leto, Salma Hayek e Jack Huston no elenco. 

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: House of Gucci, 2021. Direção: Ridley Scott. Roteiro: Becky Johnston e Roerto Bentivegna - baseado no livro de Sarah Gay Forden. Elenco: Al Pacino, Lady Gaga, Adam Driver, Jack Houston, Jared Leto, Jeremy Irons, Salma Hayek, Florence Andrews, Reeve Carney, Alexia Murray, Vincent Riotta. Gênero: Drama, biografia. Nacionalidade: Canadá, EUA. Trilha Sonora Original: Harry Gregson-Williams. Fotografia: Dariusz Wolski. Edição: Claire Thompson. Design de Produção: Arthur Max. Direção de Arte: Cristia Onori. Figurino: Janty Yates. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h37min.

O longa, em sua cena inicial, nos exibe Maurizio (Adam Driver) andando de bicicleta ao chegar no trabalho. Um homem alto, viril, bem vestido. Em minutos, ele é chamado e olha para o lado. Dali somos transportados ao passado dele e entramos nos dias em que estudava para se tornar advogado e conheceu a bela Patrizia Reggiani (Lady Gaga). Os dois, ao que se parece, se conheceram em uma festa e ela passa a se interessar por ele ao ouvir seu sobrenome. Depois deste dia, investe em Maurizio seguindo e tentando fazer com que ele fique cada vez mais próximo dela. Não é atoa, acabam se casando - mesmo que o pai dele, Rodolfo (Jeremy Irons), não queira. Maurizio até chega a se distanciar da familia para ficar com Patrizia, mas as reviravoltas da vida o trazem para perto do Tio Aldo (Al Pacino) e do primo Paolo (Jared Leto). Enquanto isso, o assistente do pai, Domenico (Jack Huston), tenta fazê-lo entender como tudo funciona na empresa do clã luxuoso, isto porquê Rodolfo acaba caindo doente e falecendo. A esta altura, Maurizio já tem filhos com Patrizia e os dois entram nos negócios de vez, mas não necessariamente são experts em nada. Por outro lado, Paolo vive sendo humilhado por seu pai. Aldo acredita que o filho não tem talento algum como designer e nega a ele tal posição dentro da grife.

A nova função de Maurizio, mais próximo do tio e dentro da Gucci, acaba deixando Paolo irritado, mas Patrizia consegue fazer com que o designer entre para o time deles. Todavia, em pouco tempo Aldo é sabotado e Maurizio chega a presidência da empresa. Viagens, roupas e carros caros dão ao herdeiro um status único e com as novas vivências seu casamento esfria. Logo, ele também acha um novo amor e se este lado começa a dar certo, uma crise econômica, devido aos gastos pessoais, assola a empresa e Domenico entende que é hora de reajustar a Gucci e não deixar a marca morrer. Por fora da situação, tem se uma ex-mulher com ego ferido e cheia de raiva articulando com sua conselheira (Salma Hayek), como reverter toda a situação e se vingar de Maurizio.




O filme tem quase três horas de duração e, apesar de não ser tedioso, entrega uma leva de cenas altamente desnecessárias para a construção da história. Ao passo que alguns personagens são  retratados de forma caricata e sem vida, como o Paolo de Jared Leto e até o protagonista de Adam Driver, Lady Gaga consegue agradar com sua ''viúva negra'' italiana. Não é exatamente uma atuação dos deuses, mas ela ganha bons diálogos. Ademais, tem ótimos adereços para se  transformar (inúmeras perucas e figurinos acertadissimos), além de trabalhar na imitação do sotaque italiano ao falar inglês. Al Pacino e Jack Huston tem destaque quando aparecem e Salma Hayek não nos dá nada que já não vimos antes. 

O roteiro em si trabalha por mais de uma hora toda a questão do casamento de Maurizio e, na sequência, seu divórcio e jeito ricaço de ser. Como espectadores, sabemos da tramóia da vingança, mais ao terceiro ato, porém, é rápida a transição para os informes finais e não é exibido nenhum tipo de investigação criminal sobre o ocorrido da morte. Apenas joga-se na tela os dados do julgamento e seu resultado: 29 anos de cadeia para a acusada de assassinato. Além disso, como está a empresa atualmente e quem são seus donos - não mais os Gucci.

Se as atuações são desequilibradas e exageradas, temos explicações para certas situações e para outras não. Como toda biografia, nem tudo em tela é verídico e há erros factuais, como a data que o casal se conhece ou a quantidade de filhos que tiveram. Aliás, as filhas deles não tem força alguma na trama.  Os conflitos principais ficam a mercê do casamento e a personagem vilanesca não necessariamente é tão forte quanto deveria. Não há levante de bandeira em nome dela, ao menos isso. 


Com uma fotografia impecável, um figurino que se destaca e marca as épocas pelos cabelos e estilos dos ternos, Casa Gucci até seria bem visto, mas faltou uma melhor construção da estrutura da trama e, sem sombra de dúvidas, uma edição mais enxuta. A trilha sonora entrega músicas de David Bowie, Blondie, Nancy Sinatra e outros e consegue fisgar o fã de musica dos anos 80, neste ponto.

A direção de Ridley não parece a mesma que seu mais recente filme, O Último Duelo, ou qualquer outro que ele já fez antes, e o resultado aqui é caótico e problemático. 

Avaliação: Dois paletós amassados e meio conhaque amargo (2,5/5).

HOJE NOS CINEMAS

O Novelo, de Cláudia Pinheiro

 
Dona Alzira teve cinco meninos. No dia do nascimento do quinto, foi abandonada pelo marido. A esta altura, seu filho mais velho não passava dos dez anos. Com as costuras sob encomenda, conseguiu manter a família por mais cinco ou seis anos, quando uma doença tirou-lhe a vida. O primogênito, então, abdicou da adolescência e assumiu o papel de pai para os demais, trabalhando para mantê-los alimentados e na escola.

Mauro, Cicinho, Zeca, João e Cacau assumem cada um uma faceta da masculinidade típica. Um encarna o papel de provedor e não admite que ninguém lhe cuide; outro desconta as amarguras da vida no excesso de bebida; um terceiro apropria-se da homofobia mais rudimentar e crê que seu poder aquisitivo pode resolver qualquer problema; enquanto outro não aceita falar de seus sentimentos; e por fim, o caçula trata a namorada como um objeto ao oferecê-la como forma de quitar uma dívida, além de usar de adjetivos como “louca" para referir-se à ela.

No entanto, percebe-se que estes são resquícios estruturais, uma vez que essa família representa justamente uma quebra da socialização masculina problemática. Um dos irmãos vai ao salão de beleza constantemente para, dentre outros cuidados, fazer as sobrancelhas; outro deles é extremamente vaidoso e faz questão de ajudar financeiramente o restante da família; outro assume os cuidados domésticos e a cocção da comida. Não é coincidência que o protagonista mais apegado à figura paterna seja também o mais machista.


Todavia, a quebra mais evidente é a do afeto. Vemos em tela homens que se abraçam, que choram, que cuidam uns dos outros e verbalizam suas afeições. Mais importante: são cinco corpos negros que fazem isso. Não há como negar que a masculinidade negra se difere da masculinidade branca. A primeira, embora não usufrua do poder do status quo, constantemente carrega ainda mais o estigma da violência e da hipersexualização.

Em coletiva de imprensa na qual o WBN estava presente, Sérgio Menezes (Zeca) expôs que o roteiro foi escrito sem levar em consideração a questão étnica, que só surgiu quando da escalação do elenco. Para ele, isto mostra que a história é universal. Discordando do colega, Nando Cunha (Mauro) afirmou que a partir do momento que um elenco negro foi escolhido, a questão racial foi imediatamente pautada e lamentou que os corpos negros sejam retratados majoritariamente de forma brutalizada e animalizada pela mídia. O ator ainda valorizou o trabalho da diretora Cláudia Pinheiro e fez um apelo para que atores negros como ele e seus companheiros sejam vistos como quaisquer atores, chamados para todo tipo de papel.


O trabalho de ambos os atores, assim como o dos demais protagonistas, brilha em tela devido a um roteiro pautado em diálogo e uma direção eficiente, mas simples, que não chama atenção para si. É fabuloso poder prestigiar uma obra audiovisual brasileira de grande representatividade negra sem que se trate de uma história sobre escravidão ou crime.

Talvez a única falha do filme que salta aos olhos seja uma virada forçada que vem ao final da narrativa, Nesse momento, o afeto e os personagens perdem força para dar lugar a uma trama boba que parece ter como único objetivo balançar a audiência. (SPOILER A SEGUIR) É claro que Mauro teria motivos suficientes para fazer o que fez, mas isso não explica como seria possível que um desconhecido coincidentemente da idade e tipo físico do pai dos protagonistas estivesse com o número de telefone deles no bolso. Por sorte, isto ocorre nos últimos minutos de tela e não chega a comprometer a experiência.

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: Novelo, 2021. Direção: Cláudia Pinheiro. Roteiro: Nanna de Castro. Elenco: Nando Cunha, Rocco Pitanga, Michel Gomes, Gustavo Bispo, Sérgio Menezes, Rogério Brito, Sidney Santiago, André Ramiro. Gênero: Drama. Nacionalidade: Brasil. Fotografia: Carlos Firmino. Edição: Bruno Autran e Diego freitas. Casting: Joisi Freire. Preparação de Elenco: René Guerra. Produtores Associados: Jaraguá Produções, Bárbaros Produções, João Queiroz, Justine Otondo e Rachel Braga. Distribuição: O2Play. Duração: 95 minutos.

Estreia dia 25 de novembro nos cinemas selecionados e nas plataformas de streaming: Itunes, Google, Now, Vivo, Looke, Xbpix, Youtube Filmes e Apple TV+.

sábado, 20 de novembro de 2021

Dia da Consciência Negra: 10 Indicações de Livros Escritos por Pessoas Pretas


Hoje, 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra, um dia para trazer visibilidade às lutas que as pessoas pretas travam na sociedade. Para comemorar a data, queria trazer visibilidade à literatura preta! Afinal, eu acredito muito no poder da arte. Tentei pegar 10 livros, mas de diferentes gêneros, voltados para diferentes faixa-etárias. E se você tiver mais indicações, fique a vontade para dizê-las nos comentários. 

Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie
Eu sou muito grato a este livro porque me obrigou a refletir sobre muita coisa que eu ignorava, em relação à experiência de pessoas pretas em nossa sociedade. Apesar de ser um homem branco filho de pai negro, meu pai nunca compartilhou muito do que vive/viveu e eu cresci em uma bolha. É muito importante se reconhecer como uma pessoa privilegiada que precisa abrir os olhos para a complexidade da existência do outro. 

Americanah é protagonizado por Ifemelu, uma jovem nigeriana que deixa seu país para estudar nos Estados Unidos. O livro começa com ela prestes a voltar para a Nigéria e através de flashbacks acompanhamos suas experiências nos EUA e seu relacionamento com Obinze, namorado da juventude de Ifemelo, que deixou a Nigéria para morar na Inglaterra.


The Black Flamingo - Dean Atta

Estruturado em versos, o livro acompanha o coming of age de Michael, um adolescente que aprende a valorizar sua identidade como gay e birracial através da arte do drag. É uma leitura bem rápida, mas muito inspiradora. Inclusive, para quem pretende começar a tentar ler em inglês é uma ótima opção.


Eu Sei Porque o Pássaro Canta na Gaiola (I Know Why the Caged Bird Sings) – Maya Angelou

Maya Angelou é um dos nomes mais importantes da literatura norte-americana contemporânea. “I Know Why the Caged Bird Sings” é uma obra auto-biográfica (a primeira de cinco). Não é de forma alguma uma história confortável de ler. O que essa mulher passou... me dói só de lembrar. Porém, é uma leitura necessária. O livro acompanha a jornada de Angelou da infância até seus 16 anos. Perguntada sobre o porquê de contar sua história, Angelou respondeu: "alguém precisa falar para os jovens: escute, eu fiz isto e eu fiz aquilo. Você pode encontrar muitas derrotas, mas você não deve ser derrotado."

Filhos de Sangue e Osso (Children of Blood and Bone) - Tomi Adeyemi


Você gosta de fantasia e mitologia? Então vai adorar esse livro, que trás uma história inspirada pela cultura ioruba (da África ocidental). E olha que legal: a autora estudou cultura africana em Salvador, lugar onde ela teve a inspiração para começar a obra!

Zélie vive em um mundo sem magia, mas nem sempre foi assim. Os seres humanos possuíam ligação com os deuses, o que lhes garantia poderes imensos e os fazia serem conhecidos como Maji. Até que um dia essa ligação foi rompida pelo tirano rei Saran, que temia a magia. Porém, forças rebeldes mantem as tradições vivas. Quando a filha do rei rouba um objeto que pode ser a chave para restaurar o poder dos Maji, o caminho dela se cruza com Zélie. As duas, juntamente do irmão de Zélia, Tzain, então recebem dos deuses a perigosa missão de levar três artefatos até o Templo Sagrado ou a magia estará perdida para sempre.

Identidade (Passing) – Nella Larsen


O livro é ambientado nos 20 e acompanham Irene Redfield e Clare Kendry, duas mulheres negras birraciais que, por terem a pele mais clara, conseguem se passar por mulheres brancas. Enquanto Irene usa desse fato para fazer coisas simples, mas vetadas para pessoas negras na época (como tomar um refresco em um restaurante de hotel), Clare construiu toda uma vida baseada na mentira, o que pesa sobre ela. Ao encontrar Irene depois de anos, Clare começa a reavaliar suas escolhas. A obra expõe questões relacionadas ao colorismo, um tema que, admito, apenas recentemente comecei a entender. É uma leitura sucinta, mas impactante. Eu só acho que poderia ter ido mais fundo na complexa psique dos personagens. Talvez pela própria inadequação que as personagens sentem em relação a suas identidades. Este ano saiu uma adaptação cinematográfica na netflix!

As Irmãs Brown (The Brown Sisters) – Talia Hibbert

Esse aqui é para quem ama comédias românticas! Na verdade, é uma trilogia, com cada livro acompanhando a história romântica de uma das irmãs Brown (por enquanto só tem o primeiro no Brasil). O primeiro eu achei mediano (embora ainda aqueça o coração), mas os outros dois são muito bons! “Acorda Para a Vida, Chloe Brown” conta a história da hipocondríaca Chloe, que se apaixona pelo seu vizinho motoqueiro, Red, alguém que inicialmente ela detestava. “Take a Hint, Dani Brown” segue Dani e seu relacionamento falso com um ex-jogador de futebol, Zafir, que claro vira algo de verdade com o desenrolar da história. E “Act your Age, Eve Brown” é centrado na mais maluquinha das irmãs: Eve. Ela acaba sendo obrigada a trabalhar com o chef Jacob, que é o oposto dela. Os dois não vão com a cara um do outro, mas a medida que são obrigados a conviver, isso muda.


Kindred – Octavia Butler


Eu já fiz um post aqui falando desse livro! Me impactou tanto que após lê-lo me senti inspirado a escrever sobre ele. A história nos apresenta a Dana, uma escritora negra do ano de 1976. Um dia, ela sente uma tontura muito forte e se vê transportada para um rio, onde uma criança se afoga. Ela consegue salvar o menino, mas a atitude dos pais da criança para com ela não é nada menos que hostil. Assustada, ela volta para casa, onde encontra o marido confuso com o fato de que ela estava em um cômodo da casa e segundos depois apareceu em outro canto e toda molhada. Pouco tempo depois, acontece de novo. Não demora muito para que Dana perceba que não está mais no século XX, mas nos Estados Unidos pré- guerra civil. Dana vê seu destino entrelaçado a do filho de um senhor de escravos e precisa agora de alguma forma tentar sobreviver aos horrores do regime escravocrata. Kindred não é um livro tão grande. Sua linguagem não é rebuscada e os olhos saltam de uma página para outra com facilidade. Porém, apesar de ser, em termos práticos, uma leitura fácil é, paradoxalmente, extremamente angustiante. E doloroso.

O Ódio Que Você Semeia (The Hate U Give) – Angie Thomas


Starr estuda em uma escola de elite, que é frequentada em sua maioria por alunos brancos. Ela cresceu e mora em um bairro periférico e sente que precisa impedir seus mundos de se chocarem, pois seus colegas de escola não entenderiam a realidade das pessoas de seu bairro. Em uma noite, voltando de uma festa com seu amigo de infância, eles são parados por um policial branco. Mesmo desarmado, o jovem é morto pelo policial. O acontecido gera uma onda de protestos e agora Starr precisa decidir se vale a pena arriscar seu anonimato para lutar por justiça estando à frente do movimento. Ao mesmo tempo, essa experiência a faz começar a questionar seus relacionamentos e suas atitudes em frente à atos de racismo do dia a dia.

O livro, obviamente, lida com temas muito atuais e, sendo direcionado para o público adolescente, é uma ótima introdução para se refletir Black Lives Matter e injustiça social. É uma história muito impactante. O livro virou um filme em 2018, estrelado pela maravilhosa Amandla Stenberg, que é igualmente bom.

Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus 


Quarto de despejo não nasceu como uma obra literária, mas como diário que a Carolina de Jesus mantinha. Mesmo tendo apenas dois anos de estudo, a autora conseguiu registrar sua realidade com imensa sensibilidade e muito boa desenvoltura. Isso me faz pensar em quantas vozes potentes talvez não tenham a oportunidade de usá-las. Felizmente, temos acesso às memorias de Carolina, onde ela narra o seu dia a dia nas comunidades pobres de São Paulo. É um relato brutal da má condição e dos maus tratos que sofrem as pessoas das regiões menos favorecidas. Hoje, Carolina - que infelizmente faleceu em 1977 - é considerada uma das escritoras mais importantes da história literatura brasileira contemporânea. 

Sulwe – Lupita Nyong’o



Representatividade é tão importante. Não há como mensurar o poder de se enxergar na tela ou nas páginas de um livro! A atriz Lupita Nyong'o em Sulwe oferece às crianças uma representatividade que ela sente que faltou para ela na sua infância. O livro é encantador, om ilustrações lindíssimas. Conta a história de Sulwe, uma menina preta retinta que não queria ter a pele escura como a noite, pois nenhum dos seus familiares ou amigos é assim. Porém, uma jornada mágica faz Sulwe se apaixonar pela cor de sua própria pele.

 Love, Vitor

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

8 Presidentes, 1 Juramento, de Carla Camurati

 
O documentário de Carla Camurati, ''8 Presidentes, 1 Juramento'', nos faz caminhar pela história social e política brasileira por quase duas horas e meia e rever os momentos assombrosos por quais o povo teve de passar. O Brasil, não diferente de outros países da América Latina, viveu uma ditadura por intensos 21 anos e celebrou como nunca a publicação de sua Constituição. Ainda seguindo por caminhos tortos, viu a união de inúmeras figuras do cenário politico por uma causa maior, a necessidade do voto e da eleição de um presidente novamente. Logo, assistiu-se Tancredo Neves ser votado indiretamente em uma disputa contra Paulo Maluf, ainda nos anos 80. Neves, nem mesmo chegou a assumir devido ao adoecimento seguido de morte que lhe acometeu, pois teve de passar por quase 40 cirurgias em um periodo minúsculo de tempo. 

Assistimos então seu vice, Sarney, a figura mais eterna deste meio, subir ao poder e ali ficar perante o sangramento do povo com uma inflação que fez muito mal a nação. Quando chegamos a desejada eleição de um candidato que significasse o novo Brasil e novos ares, o pior deles foi eleito, Fernando Collor, o galã das donas de casa e imperador das falácias e falácias. Collor sequer foi a debates (quem diria que veriamos algo assim voltar acontecer nos dias atuais, hein?!), pois lhe pareceu mais interessante assistir a algum filme na ''tela quente'' da emissora que o ajudaria a ganhar . Bem, por mais que este tentou ser um homem público e deu a mão a politicos internacionais, sua estadia a frente do planalto caiu quando o seu impeachment foi instaurado e deferido. Seu aliado PC Farias, denunciado por corrupção e suborno pelo irmão do presidente fez com que um esquema viesse à tona, mas a morte do homem anos e anos depois nunca trouxe muita luz a tudo que realmente aconteceu. Outra vez um vice assumiu e mais escandâlos políticos se dera (esquemas das empreteiras e etc). Mais a frente, o ex-Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, faria sua caminhada ao poder com o auxilio de sua politica econômica bem como a troca da moeda, melhor acertada que em tempos anteriores. 

A era FHC evidenciou viagens internacionais com encontros importantes com os lideres do Reino Unido, Africa do Sul, Estados Unidos da América e etc. Também foi o Brasil das privatizações, do desemprego, do medo internacional que o Brasil não cumprisse suas promessas e de uma oposição forte da esquerda e, para a conveniência de Cardoso, da estruturação da reeleição. Aliás, figuras como Lula, José Genoino, José Dirceu, são vistos volta e meia pelo documentário, pois circulavam esse universo e lutavam pela chegada do Partido dos Trabalhadores a cadeira de Presidente. Também é possível ver Bolsonaro, Michel Temer e Aécio Neves em várias das imagens editadas dando as caras nos palanques e sendo o que são. 

Se a chegada dos anos 2000, propiciou o crescimento da tecnologia, também trouxe esperança ao país. Lula, após conchavos e alianças, fez uma campanha eloquente e com elegância ganhando com grande porcentagem de votos e fazendo o olhinho dos brasileiros brilharem. Prometeu trabahar pelo fim da fome e pela educação inclusiva do país e cumpriu o que disse. O Brasil, pela primeira vez, começou a crescer com força e o mundo inteiro percebeu sua alavancada econômica. A política internacional do presidente foi uma das mais bem sustentadas e construiu inúmeros caminhos para o futuro. Se no governo FHC, a cultura era apenas ''lembrada que existia'' é com Lula que esta ganha aval para ter base e se equilibrar. 

Não passando pano para os erros, o documentário permite mostrar a corrupção que se deu na era Lula e que o fez chegar a um segundo mandato com um pouco mais de dificuldade. E, se ele trabalhou pela eleição da primeira presidente mulher, foi ainda mais dificil que ela segurasse as cordas que amarravam todo o projeto de governo que o PT iniciou lá atrás. E são estes cruciais momentos que ajudaram a direita ou até a extrema direita pegar fôlego e tomar as redéas de tudo. 

Dilma sofreu impeachment por um processo disfarçado de ''golpe'' e seu vice, Michel Temer, a tirou do poder. Não obstante, se aquela situação era injusta, o que viria a frente, seria frustrante. Uma nação revoltada com os erros da esquerda e do PT elegeu Jair Messias Bolsonaro, uma versão piorada de Collor e que baseou sua campanha em manipulação de informações, dizeres religiosos, e evocação da familia tradicional e do conservadorismo. Batata! Jogo ganho!


As imagens de acervo que assistimos no filme de Camurati consegue trazer frustração e até vontade de vomitar. Um país tão promissor que tantas vezes se deixou liderar por figuras públicas corruptas e sem moral alguma teve rompantes de esperança com a esquerda no poder, mas infelizmente, não conseguiu ainda ter um desenvolvimento desapegado das alianças que se montam para entrega dos projetos de governo.

Se vimos corrupção em quase todos esses anos de democracia, imagina se esta não tentasse, a trancos e barrancos, existir. Seria ainda pior. 

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: 8 Presidentes, 1 Juramento, 2021. Direção, produção e roteiro:  Carla Camurati. Codireção: Mario Andrada. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Música original: André Abujamra. Montagem: Joana Ventura Edt. Pesquisa de imagens: Antonio Venancio. Coordenação de produção: Carlos Proença. Edição de som e mixagem: Ariel Henrique e Luana Leobas. Produção e distribuição: Copacabana Filmes. Coprodução: Globo Filmes, GloboNews e Globoplay. Duração: 02h30.
Didático, coberto de uma boa coleção de imagens do nosso passado e do nosso presente recente, o filme pode ser instrutivo e reflexivo e ainda estranhamente grotesco por termos visto tantas vezes presidentes jurarem perante a constituição e falharem em suas missões. Dois deles talvez não por completo.

Avaliação: Três bandeiras rasgadas e meia revolução (3,5/5).

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Galeria Futuro | Assista nos Cinemas

 
Copacabana, Rio de Janeiro. Os amigos Valentim, Kodak e Eddie, interpretados respectivamente pelos atores Marcelo Serrado, Otávio Muller e Ailton Graça, possuem lojas em um prédio falido que não necessariamente tem uma leva enorme de clientes. Belo dia, a celebridade de reality shows Paula, personagem vivida por Luciana Paes, chega na porta com malas cheias de produtos para levar a uma loja que comprou ali e os três homens ficam alvoroçados ao vê-la,  mas discutem entre si e se seguram para não fazerem pose de machos em alerta. Ainda assim, alguém passa perto da moça e a assedia. 

Paralelo a abertura do Salão de Paula, a administração convoca uma reunião para informar das dividas do espaço e todos ficam ainda mais desanimados. Contudo, ficam sabendo que há uma proposta de compra do prédio e de todas as lojas, mas nem todos estão afim de sair e recomeçar. Principalmente, Valentim, Kodak e Eddie. Os três reagem com revolta e querem permanecer ali. Kodak é do ramo da fotografia, Eddie tem uma loja com artigos para mágica e Valentim é gerente de uma locadora de filmes. 


O trio representa um passado de quase três décadas que hoje só é saudado pelos nostálgicos da impressão de fotos, os que curtem mágicos em festas ou os que ainda tem um aparelho de VHS/DVD em casa. E mesmo assim, não necessariamente se tira muito dinheiro dali. Logo, a trama de Galeria  Futuro, filme da dupla Fernando Sanches e Afonso Poyart,  se esbalda em evidenciar o que o Brasil viveu desde os anos 70, mas que não vingou nos anos 2000 e esses três resistem em não abandonar o passado para viver um futuro incerto.

O que nenhum deles esperava é que houvesse um baú cheio de drogas guardado na loja de Kodak, por quase trinta anos, e que o achado pudesse os ajudar a pagar as dividas e manter a Galeria. Paula os ajuda então com o repasse do alucinógeno a quem ela conhece dos inúmeros empregos que tem (a mulher é maquiadora em filmes pornô também e poucos sabem). Assim, eles vão entrando no mercado ilícito e perigoso desse mundo sem saber que o tráfico local é comandado por Mesbla (Milhem Cortaz) e estão atrapalhando o negócio do bandido. Claro, a confusão está armada e entre o segundo e o terceiro ato assistimos esses quatro cambalear para salvar a pele, o dinheiro que conseguem e a sua adorada galeria.


Com uma edição de 90 min, o filme não deixa o espectador dormir. Tem comicidade, boas e ilustres participações e inúmeras confusões. O texto exibe falas que relembram um passado sem ''o politicamente correto'' em vigor, mas também tenta trabalhar com o futuro. Não deixa de enaltecer as décadas passadas e mostra o dia a dia de pessoas comuns que, por mais que se glorifique no inusitado, é bem identificável. Existem, aliás, inúmeras Galerias do Futuro  ao redor do Brasil. Lugares comerciais mortos que aos poucos vão ganhando caras modernas pela transformação das cidades. E, de certa forma, fazendo com que o passado seja enterrado.

O elenco é sucinto e não deixa a peteca cair. Cada um dos atores principais ganham bons arcos e jornadas e se o Kodak de Muller tem sua familia para agradar, o Valentim de Serrado não vê a hora de sair com Paula. Graça tem um tôm cômico e consciente e é tão eficiente quanto Paes. Eles ainda tem de lidar com o 'velho modernoso das lives e mobiles' que Taumaturgo Ferreira interpreta e no fim tudo se ajeita.

Sanches e Poyart trabalham um roteiro escrito por mais de quatro mãos (Matheus de Souza, Pablo Padilla, Cristiano Gualda, Bia Crespo e Fernando Sanches) e mais acertam do que erram quando não pesam no drama e deixam a ação comandar os últimos minutos de filme.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: GaleriaFuturo,2021. Direção: Fernando Sanches e Afonso Poyart. Roteiro: Matheus de Souza, Pablo Padilla, Cristiano Gualda, Bia Crespo e Fernando Sanches. Elenco: Marcelo Serrado, Otávio Müller, Ailton Graça, Luciana Paes e Taumaturgo Ferreira. Gênero: Comédia. Nacionalidade: Brasil. Direção de Arte: Mariana Falvo. Figurinista: Melina Schleder. Maquiagem: Rafaela Figueiredo. Direção de Fotografia: Carlos Zalasik. Som Direto: Denis Melito. Montadores: Saulo Simão e Alexandre Boechat. Pós-Produção: Picma Post. Som e Mixagem: Pipoca Sound. Trilha Sonora: Lucha Libre. Produção: Afonso Poyart, Diane Maia, Marcio Fraccaroli e Sandi Adamiu. Produtor Associado: Carlos Diegues, Marcelo Serrado e Otavio Muller. Produção Executiva: Emerson Rodrigues e Angela Farinello. Direção de Produção: Jair Neto. Produção de Elenco: Renata Kalman. Coprodução: Globo Filmes e Universal Pictures. Distribuição: H2O Films. Duração: 90min.
A produção já está em cartaz e pode te ganhar pelo bom tom de comédia.

Avaliação: Dois discos de vinis e meio alucinógeno 'dubom' (2,5/5)


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