Título original e ano: Hocus Pocus 2, 2022. Direção: Anne Fletcher. Roteiro: Jen D'Angelo com argumentos de David Kirschner, Blake Harris e Jen D'Angelo - baseado nos personagens de David Kirschner e Mick Garris. Elenco: Bette Midler, Sarah Jessica Parker, Kathy Nadimy, Hannah Haddington, Whitney Peak, Belissa Escobedo, Lilia Buckingham, Froy Gutierrez, Sam Richardson, Doug Jones, Tony Hale. Gênero: Aventura, Fantasia, Comédia. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: John Debney. Fotografia: Elliot Davis. Edição: Julia Wong. Direção de Arte: Elizabeth Newton e Stefan Gesek. Figurino: Salvador Pérez Jr. Disponível no DISNEY+. Duração: 01h47min.
sexta-feira, 30 de setembro de 2022
Abracadabra 2 - As Bruxas Estão de Volta | Assista no Disney+
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
No Outro Encontro Você, de André Bushatsky
André Bushatsky, diretor brasileiro do longa-metragem No Outro Encontro Você, foca suas lentes nos abastados brasileiros, nesta classe média/alta que não fica isenta aos problemas do país e à falta de oportunidades. Dois irmãos, a artista depressiva Bia (Carol Tilkian) e o empreendedor fracassado Marcelo (Bruno Autran), chamam um casal amigo, o investidor desonesto Rodrigo (Geraldo Rodrigues) e a infeliz dona de casa Michele (Julia Ianina), para um feriado de réveillon de despedida na sua casa de campo, que vai ser vendida pelo pai. Este quarteto de excelentes atores, nesta linda casa à margem da Represa Billings, interage na despedida da casa e do seu passado com muitas risadas, lágrimas, discussões e silêncios. Através destas sequências, vamos descobrindo pouco a pouco suas vidas frustradas, suas infelicidades e seus desejos e nestes outros nós nos encontramos.
- Título original e ano: No Outro Encontro Você, 2022. Direção: André Bushatsky. Elenco: Julia Ianina, Geraldo Rodrigues, Carol Tilkian, Bruno Autran. Gênero: Comédia dramática. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: André Abujamra. Financiamento parcial: Proac , Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Patrocínio: Usina Santa Fé e VR Entreposto de Decoração e Comércio Ltda. Apoio: Ramalho Filmes, Blimp, Set5 e Elitecam. Produção: Bushatsky Filmes. Distribuição: Bretz Filmes. Duração: 90min
A Queda, de Scott Mann | Assista Nos Cinemas
Título original e ano: Fall, 2022. Direção: Scott Mann. Roteiro: Scott Mann e Jonathan Frank. Elenco: Grace Caroline, Currey, Virginia Gardner, Mason Gooding, Jeffrey Dean Morgan, Jasper Cole. Gênero: Thriller. Nacionalidade: Reino Unido e Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Tim Despic. Fotografia: MacGregor. Edição: Robert Hall. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 1h42min.
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Meu Tio José, de Ducca Rios | BIFF 2022
- Título original e ano: Meu Tio Jose, 2022. Direção e roteiro: Ducca Rios. Assistente de direção: Marcelo Vitz. Elenco: Wagner Moura, Tonico Pereira,Cauã Levi, Arthur Nascimento, Sophie Mendonça, João Caetano, Ian Trigo, Lorena Comparato, Jackson Costa, Bertrand Duarte, Evelin Butchegger, Neyde Moura. Script Doctor: Geraldo Moraes. Gênero: Ficção. Nacionalidade: Brasil. Diretor musical e engenheiro de som: Luciano Silva. Direção de arte: Chandler Vaz e Ducca Rios. Consultora de arte: Aida Queiroz. Animação tradicional: Mário Alves. Animação: Campo 4. Produtora executiva: Maria Luiza Barros. Duração: 89min.
Confira as exibições do longa ‘Meu Tio José’ no Festival Internacional de Cinema de Brasília:
Dia 27/09, às 09h, no Cine Brasília;
Dia 27/9, às 14h, no SESC Gama;
Dia 28/9, às 9h, no Complexo Cultural de Planaltina;
Dia 29/09, às 14h, No SESC Taguatinga.
Sobre o Festival:
O Festival Internacional de Cinema de
Brasília (BIFF), pioneiro no setor ao realizar um festival no formato
híbrido, comemora dez anos em 2022. O evento acontece entre os dias 23
e 30 de setembro. O evento promove uma
grande e merecida homenagem em memória de Agnes Varda, diretora
belga-francesa, referência e ícone do cinema feito por mulheres. Além
disso, promove o BIFF JR, que oferece ao público presente uma
programação internacional diversa, e também o
Mosaico Brasil O Novo Cinema Brasileiro, pela primeira vez no BIFF, uma
aposta potente na vitrine e janela de produções nacionais que dialogam
com novas tendências, conteúdos e olhares.
Carmen, de Valerie Buhagiar| Abertura BIFF 2022
O 8º BIFF, Festival Internacional de Cinema de Brasília, teve seu ponta pé inicial na última sexta-feira (23) e segue com sessões no Cine Brasília e em diversos ambientes culturais do Distrito Federal até o dia 30 de setembro. O festival conta com filmes de diversos países e também do Brasil divididos em várias mostras: Competitiva Internacional, BIFF Júnior, Panorama África, Cinema Latino, Mosaico do Novo Cinema Brasileiro, Arco-íris Sueco (de curtas com temática LGBT), além de pré-estreias e uma homenagem à cineasta Agnès Varda.
Em sua abertura, o festival contou com o filme maltês-canadense Carmen dirigido por Valerie Buhagiar, filha de malteses que se mudaram para o Canadá em uma onda de migração ocorrida nos anos 1960. Durante a apresentação do filme no palco do Cine Brasília, a cineasta contou que, em uma visita para apresentar Malta e os familiares malteses ao filho canadense, conheceu uma tia distante que vivia como beata a serviço do irmão religioso. Segundo a tradição maltesa (e presente em alguns outros países católicos), era comum que algumas mulheres fossem “dadas” aos homens da família que se tornassem padres. Essa mulher não tinha direito a estudo nem a uma vida própria, sendo obrigada a servir ao padre por toda a vida em todas as suas necessidades, como limpeza e manutenção da casa, alimentação, serviços gerais e qualquer outra coisa que o homem religioso mandasse. Lembra bem o dito infantil sobre quem chega por último em uma brincadeira, vira “mulher do padre”. Ou seja, não tinha qualquer gerência sobre a própria vida. Ao conhecer a história de sua tia, uma mulher muito fiel a seus deveres, devota e piedosa, a diretora Valerie começou a pensar: “e se…?”.
Ficha Técnica
- Título original e ano: Carmen, 2022. Direção e Roteiro: Valerie Buhagiar. Elenco: Natascha McElhone, Michela Farrugia, Steven Love, Richard Clarkin, Henry Zammit Cordina, Peter Galea, André Agius, Pauline Fenech e Paul Portelli. Gênero: Drama. Nacionalidade: Canada, Malta. Trilha Sonora Original: Richard Feren. Fotografia: Diego Guijarro. Edição: Matt Lyon e Peter Strauss. Direção de arte: Jon Banthorpe. Figurino: Gina Bonello. Distribuidora: Elite Filmes. Duração: .
Começa então a perambulação da protagonista pela cidade tentando não ser notada. A igreja é o único espaço que conhece e, assim como nos interiores profundos do Brasil, é o centro social da cidade maltesa. É onde as vidas de todos se cruzam, das jovens sonhadoras que precisam viver a vida que lhes foi dada, das crianças da escola que vão com a professora se confessar, das senhoras casadas que encontram conforto longe do marido.
Mas essa postura “fantasmagórica” de Carmen não segue por todo o filme, uma vez que a proposta aqui é justamente dar à luz a personagem. Corporificá-la, parir Carmen ao mundo de vez. A partir de algumas viradas que vão cada vez mais trazendo Carmen à convivência em sociedade, o filme conduz a personagem por um turbilhão de aventuras e sentimentos conflitantes. Quem ganha somos nós que vivemos tudo isso junto à protagonista. Ao vermos a personagem precisar descobrir as coisas simples do mundo, as emoções mais adolescentes, os perigos mais óbvios, o filme conduz perfeitamente quem assiste pelas emoções e ideias de uma pessoa ingênua que só agora pode agir e pensar por si mesma.
Carmen atravessa histórias de amor, encontros com Jesus Cristo, riscos de violências, roubos à igreja e até um vestido novo se mostra algo surpreendente e libertador. Tudo é conduzido de forma leve e que afaga o coração, mesmo se baseando numa realidade que pode se mostrar tão penosa. Afinal, uma vida inteira de serviços a outrem sem direito à educação e a dizer “não” daria muita abertura a representações menos esperançosas.
O roteiro acaba sofrendo um pouco por conta disso ao tentar fechar demais todas as pontas e explicar quase todos os motivos que trouxeram Carmen até aquele momento. Tudo isso enquanto conta sua história de paixão e sua relação com a cidade e a história recente de Malta. Nada que se perca muito uma vez que os sentimentos trazidos são sempre postos em primeiro plano.
O filme de Valerie Buhagiar se mostra como respiro pela facilidade de condução da diretora, mesmo que não assuma tantos riscos em sua forma de contar histórias. O sentimento final é de encontro com as coisas simples da vida. As que realmente valem a pena.
Festival Internacional de Brasília
Data: 23 a 30 de setembro
Local: Cine Brasília, Sesc 504 Sul, Sesc Gama, Sesc Ceilândia, Sesc Taguatinga e Complexo Cultural Planlatina
Sessões Gratuitas, sujeita à lotação dos espaços.
Sobre o Festival:
O Festival Internacional de Cinema de
Brasília (BIFF), pioneiro no setor ao realizar um festival no formato
híbrido, comemora dez anos em 2022. O evento acontece entre os dias 23
e 30 de setembro. O evento promove uma
grande e merecida homenagem em memória de Agnes Varda, diretora
belga-francesa, referência e ícone do cinema feito por mulheres. Além
disso, promove o BIFF JR, que oferece ao público presente uma
programação internacional diversa, e também o
Mosaico Brasil O Novo Cinema Brasileiro, pela primeira vez no BIFF, uma
aposta potente na vitrine e janela de produções nacionais que dialogam
com novas tendências, conteúdos e olhares.
quinta-feira, 22 de setembro de 2022
Eike: Tudo ou Nada, de Andradina Azevedo e Dida Andrade
Trailer
Ficha Técnica
- Título original e ano: Eike: Tudo ou Nada, 2022. Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade. Roteiro e Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade. Elenco: Nelson Freitas, Carol Castro, Thelmo Fernandes, Xando Graça, Marcelo
Valle, Juliana Alves, Bukassa Kabengele, Lipy Adler, André Mattos, Jonas
Bloch, Isabel Fillardis, Adriano Toloza, Carol Melgaço, Pablo Spyer. Gênero: Drama, Biografia. Nacionalidade: Brasil. Fotografia: Andradina Azevedo. Montagem: Maria Rezende, EDT. Direção de Elenco: Ciça Castello. Trilha Sonora Original: Flávio Iannuzzi. Direção de Arte: Dina Salem Levy. Figurino: Inês Salgado. Maquiagem: Rose Verçosa. Som Direto: Felipe Machado. Desenho de Som: Ricardo Cutz, A3pS e Matheus, A3pS. Mixagem: Ricardo Cutz, A3pS. Produção de Finalização: Thiago Pimentel. Produção Executiva: Mauro Pizzo. Produção: Tiago Rezende. Produtores Associados: Mariza Leão e Marcio Fraccaroli. Produção: Morena Filmes. Coprodução: Star Productions. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 100min.
O filme se inicia com cena que destaca a infância de Eike na Alemanha ainda nas asas da mãe e sendo disciplinado a saber exercitar sua ambição. Dali partimos para os anos 2000 onde o menino já é um homem de sucesso e empolgado com seu trabalho no ramo do minério. Recebe notícias de uma nova jogada do governo que pode o fazer ganhar ainda mais grana e sai em busca de patrocínio de amigos ricos da família, mas não consegue atenção e é chamado de maluco por tentar entrar em um negócio que talvez não tenha tanto conhecimento. Com sua equipe, e roubando mais gente da maior petroleira do país para a integrar, consegue então todo o dinheiro de investimento necessário para colocar em prática seu plano. Dá carta branca a um de seus novos subordinados, Odorico (Graça), e deixa alguns outros com a pulga atrás da orelha. Afinal, o risco era enorme e ele poderia perder tudo caso o responsável por achar petróleo não o encontrasse.
Paralelo aos acontecimentos profissionais, o envolvimento com a então modelo Luma de Oliveira (Castro) vira um escândalo na mídia, pois o homem acaba se divorciando para ficar com ela e o bebê que esta espera. Sem tomar muito tempo em tela, o assunto do ''romance'', só retorna para falar de uma possível traição que o homem sofre. E sempre sem muita exploração de toda a história, algo que provavelmente não aconteceria caso ele fosse uma personagem feminina. Mas Eike tem problemas maiores do que o romance que entram em questão: o abandono de funcionários da OGX, a empresa criada para buscar petróleo, a perca de dinheiro rapidamente, além da fuga de patrocinadores. Ademais, a queda de cabelo se torna frequente e seu físico vai exibindo também alguma forma de decadência.
Nem o envolvimento de Eike com o ex-governador do rio, ou políticos da região, são esmiuçados, mas temos a contextualização de que este mantinha relações com gente muito grande emprestando jatinhos e etc. Não era aclamado entre aqueles de sua classe, mas possuia acesso aquele meio. Com a movimentação negativa da empresa sendo exposta, um mandado de prisão é expedido, mas o homem já havia ido para Nova York. Retorna ao Brasil e se entrega e fica preso até iniciar os processos de delação e acordos com a justiça. E, claro, o filme busca em informações letrais a exibição da jornada de Eike pelos últimos anos.
O mínimo dos problemas do filme, que teve potencial para mais e não conseguiu atingir, é o elenco. As atuações realmente vão ao pé da letra e é isso. Não há em si algo exagerado da parte do protagonista ou dos coadjuvantes e segue-se uma linha normal do que vemos em biografias. A caracterização de Nelson Freitas está de parabéns, pois vende bem a similaridade com o empresário. Carol Castro, que adentra em pouquíssimas cenas, também é uma Luma perfeita. Grande parte dos personagens que trabalham com Eike ganham nomes fictícios e há até uma escolha de um elenco mais diverso.
Temos uma direção que não faz muito pelo roteiro e ao mesmo tempo que a produção começa ambiciosa, termina sem se validar. Destaque para a fotografia e as caracterizações.
Avaliação: Dois barris de petróleo. (2/5)
O Perdão, de Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha
Nota: 8/10
Trailer
Ficha Técnica
- Título original e ano: Ghasideyeh gave sefid, 2021. Direção: Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha. Roteiro: Mehrdad Kouroshniya e Maryam Moghadam, Behtash Sanaeeha. Elenco: Maryam Moghadam, Alireza Sani Far, Pouria Rahimi Sam, Avin Poor Raoufi. Gênero: Drama. Nacionalidade: Irã, França. Fotografia: Amin Jafari. Edição: Ata Mehrad eBehtash Sanaeeha. Figurino: Atoosa Ghalamfarsaie . Distribuidora: Imovision. Duração: 105 min.
Não Se Preocupe, Querida, de Olivia Wilde | Assista nos Cinemas
Nos anos 1950, um deserto na Califórnia esconde a utópica cidade de Vitória. Sua estrutura cosmopolita e vizinhança amigável sugere nada além de perfeição e harmonia. Alice (Florence Pugh) é uma dedicada dona-de-casa apaixonada por seu marido Jack (Harry Styles). A dinâmica entre o casal é simples: ele é um esforçado funcionário do chamado Projeto Vitória; ela cuida do lar e não faz perguntas. O mesmo modelo é seguido pelos demais casais da cidade, vivendo o sonho americano em suas casas impecáveis e relações superficiais. O idealizador da comunidade, o guru Frank (Chris Pine), alimenta as mentes de residentes com frases motivacionais e discursos sobre comprometimento e sacrifício em nome de um “bem maior”. Em troca, Frank recebe uma lealdade inabalável que beira a adoração. O desaparecimento de uma das moradoras e uma série de acontecimentos estranhos fazem Alice desconfiar que Vitória esconde mais segredos do que se imagina.
- Título original e ano: Don't Worry, Darling. Direção: Olivia Wilde. Roteiro: Katie Silberman, Carey Van Dyke, Shane Van Dyke. Elenco: Florence Pugh, Harry Styles, Olivia Wilde, Nick Kroll, Chris Pine, Sydney Chandler, Kate Berlant, Asif Ali, Douglas Smith, Timothy Simons e Ari'el Stache. Gênero: Drama, Suspense. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: John Powell. Fotografia: Matthew Libatique. Edição: Affonso Gonçalves. Design de Produção: Katie Byron. Figurino: Arianne Phillips. Distribuidora: Warner Bros Pictures. Duração: 02h02min.
O thriller de Olivia Wilde parte de uma premissa instigante: o estranhamento daquilo que é familiar, uma situação em que nada é o que parece. A construção da ambientação do longa é muito bem-sucedida em estabelecer a sensação de desconforto vivido pela protagonista de Florence Pugh. A crescente claustrofobia de Alice é compartilhada com o público através de cenas perturbadoras e enfatizada pela ótima trilha de John Powell, que inclui vocais femininos lamentosos distorcidos que refletem a espiral de medo e paranoia vivenciada pela personagem. A convincente atuação de Pugh coroa algumas das sequências do filme como pesadelos vivos prontos pra assombrar. Infelizmente, tudo isso é posto a perder com escolhas questionáveis envolvendo a consistência da trama e a construção dos demais personagens da obra. Quando a grande reviravolta da história é revelada, ‘Não Se Preocupe, Querida’ entra no piloto automático ao invés de acelerar.
Horas depois da première da película no Festival Internacional de Cinema de Veneza, comentários jocosos na Internet definiam o filme como uma versão muito menos inspirada de ‘Corra!’. Verdade seja dita, tal comparação não é de todo injusta. Ainda que o suspense de Olivia Wilde não se aprofunde no subtexto social como o filme de estreia do cineasta Jordan Peele, ‘Não Se Preocupe Querida’ claramente busca construir questionamentos ficcionais que têm um pezinho na realidade. Só não dá pra entender ao certo se o filme compreende o que fazer com estas intenções, pois elas nunca são aproveitadas satisfatoriamente. Exemplo disso é a personagem Margaret, vivida por KiKi Layne. Margaret é uma das poucas moradoras racializadas da comunidade de Vitória. O destino violento encontrado pela personagem, o preço pago por ousar desafiar as intenções misteriosas do Projeto Vitória, pode ser interpretado como uma alegoria ao racismo estrutural que vê a perfeição apenas na branquitude, como se outras vivências não fossem válidas. Uma crítica bastante válida, inclusive. Mas, se for o caso, o filme deixa tal intenção tão implícita que se torna um desafio reconhecer tal mensagem. A outra hipótese é a de que o filme não tem qualquer pretensão de trabalhar questões raciais em sua trama, o que torna o arco da personagem soar no mínimo problemático. Ao arquitetar diversas possibilidades narrativas, mas escolher as mais óbvias sem se aprofundar em quase nenhuma delas, ‘Não Se Preocupe, Querida’ acaba por desperdiçar muito do potencial de seu roteiro promissor. O resultado é um punhado de enigmas, mas sem muito conteúdo a ser oferecido.
Esteticamente impecável, o retorno de Olivia Wilde ao cargo de direção, após o aclamado ‘Fora de Série’, acaba por não corresponder às expectativas criadas pelo hype. Apesar de bons momentos pontuais, o que poderia ser um dos maiores acontecimentos do ano, soa vazio e anticlimático. Talvez Você Devesse Se Preocupar, Sim, Querida.
O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy | Assista nos Cinemas
Lori é uma jovem mulher que leciona para o ensino infantil em uma escola do Rio de janeiro. Como educadora, não subestima a inteligência de seus pequenos alunos e os apresenta temáticas que vão além do aprendizado teórico e apropriado a idade deles, os instigando a refletir e crescer. Em seu tempo livre, vive sua sexualidade a flor da pele e não tem vergonha disso. A personagem é vivida pela esplêndida Simone Spoladore que contracena ainda com o ator Javier Drolas (Medianeras, The Good Intentions e Severina), intérprete de Ulisses, um professor de filosofia argentino com quem tem muitas conversas paradoxais e intrigantes. O Livro dos Prazeres também conta com participação do sempre excelente Felipe Rocha, na pele de Davi,o irmão de Lori. E fecham o elenco: Gabriel Stauffer, Martha Nowill, Leandra Leal, Julia leal Youssef, Ana Carbatti e Teo Almeida.
FICHA TÉCNICATítulo original e ano: O Livro dos Prazeres, 2020. Direção: Marcela Lordy. Elenco: Simone Spoladore, Javier Drolas, Felipe Rocha, Gabriel Stauffer, Martha Nowill e Teo Almeida. Participação Especial: Leandra Leal, Julia Leal Youssef e Ana Carbatti. Roteiro: Josefina Trotta e Marcela Lordy. Direção de Fotografia: Mauro Pinheiro Jr, ABC. Montagem: Rosário Suárez, SAE. Desenho de Som e Música Original: Edson Secco. Direção de Som: Federico Billordo. Direção de Arte: Iolanda Teixeira. Direção de Produção: Manuela Duque. Assistência de Direção: Renata Braz. Produção de Elenco: Marcela Altberg e Gustavo Chantada. Preparação elenco: Tomás Rezende. Produção: Deborah Osborn, Marcela Lordy, Felipe Briso e Gilberto Topczewski. Coprodução: Hernán Musaluppi, Natacha Cervi e Marcello Ludwig Maia. Produção Executiva: Marcello Ludwig Maia, Deborah Osborn, Camila Nunes e Rocío Scenna. Produtoras Associadas: Camila Nunes, Simone Spoladore. Empresas Produtoras: bigBonsai e Cinematográfica Marcela. Empresas Coprodutoras: Rizoma, República Pureza e Canal Brasil. Distribuidora: Vitrine Filmes. Duração: 01h39min.
Cordialmente Teus, de Aimar Labaki | Assista nos Cinemas
O roteiro é confuso para quem não conhece a história do Brasil. A curta duração de cada episódio não permite uma introdução adequada do momento histórico. Mas o sentimento de inquietude e revolta permanecem, mesmo que quem esteja assistindo não consiga compreender a totalidade do que está acontecendo. O nosso país não é fácil, definitivamente não é para iniciantes.
Ficha Técnica
- Título original e ano: Cordialmente Teus, 2022. Direção e roteiro: Aimar Labaki. Elenco: Liz Reis, Marcos Breda, Agnes Zuliani Thaia Perez, Mawusi Tulani, Miriam Mehler, Maurício Xavier, Marina Mathey, Clovys Torres, Natalia Molina, Eduardo Silva, Igor Kovalewski, Debora Duboc, Diego Avelino, Ana Negraes, Edgar Castro, Eduardo Parisi, Aury Porto, Mariana Dias, Anderson Kari Baia, Taty Godoi, Daniel Breda, Luah Guimarães, Vinicius Albano. Gênero: Drama. Nacionalidade: Brasil. Figurino: Anne Cerutti. Fotografia: Jacob Solitrenick, ABC. Montagem: Pedro Jorge. Direção de Arte: Ana Rita Bueno. Produção: Liz Reis, Ricardo Aidar. Distribuição: Pandora Filmes. Duração: 94min.