quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O Paraíso, de Zeno Graton | My French Film Festival

 
“Hoje, eu sei que, quando um peixe fica preso no gelo, ele não ressuscita: ele morre”! 

Nas primeiras sequências de “O Paraíso” (2023), do cineasta belga estreante em longas-metragens Zeno Graton, acompanhamos um passeio do protagonista Joe (Khalil Ben Gharbia, belíssimo) pela cidade. Ainda não sabemos que ele é interno numa espécie de reformatório para menores infratores, mas logo descobriremos: abandonado pela família, ele cresceu rebelde, e está ansioso para gozar a suposta liberdade associada à vida adulta. Mas, a cada nova fuga impensada da instituição – como este passeio inicial que testemunhamos –, ele é obrigado a passar mais algum tempo no reformatório. E, como tal, lida com um paradoxo elementar: “a liberdade depende da existência de regras”!
Joe não é um rapaz propriamente iracundo, mas sua rebeldia causa-lhe problemas, não obstante ele ser simpático e talentoso. A educadora Sophie (Eye Haidara) se esforça para direcionar a sua energia criativa para a poesia, além dos trabalhos de marcenaria que ele eventualmente executa. Joe é obcecado por música, mas tem seu aparelho de rádio frequentemente apreendido, por causa de sua desobediência eventual. Até que ele conhece um novo interno, recém-chegado ao lugar...
Advindo de ambientes agressivos, William (Julien de Saint Jean) precisou tornar-se arredio, a fim de se proteger: sua chegada à instituição é acompanhada por boatos sobre o seu caráter introspectivo, acerca de sua indisposição em fazer amigos. Joe fica fascinado pela maneira como ele se expressa através de desenhos, incluindo as tatuagens que ele exibe no corpo. Um exercício escolar envolvendo a simulação de uma câmera escura, utilizando papel, faz com que eles se aproximem ainda mais – e terminam se apaixonando torridamente! 
Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Les Paradis, 2023. Direção: Zeno Graton. Roteiro: Zeno Graton e Clara Bourreau em colaboração com Maarten Loix. Elenco: Khalil Ben Gharbia, Julien De Saint Jean, Eye Haidara, Jonathan Couzinié, Matéo Bastien, Samuel Di Napoli, Amine Hamidou, Nlandu Lubansu, Terry Ngoga, Audrey D'Hulstère. Nacionalidade: Bélgica e França. Gênero: Drama. Trilha Sonora Orignal: Bachar Khalifé. Fotografia: Olivier Boonjing. Edição: Arnaud Bellemans e Nobuo Coste. Design de Produção: Guillaume Orain Audooren . Figurino: Tine Deseure. Onde Assistir: MyFrenchFilmFestival. Duração: 01h23min.
Permeado por uma excelente trilha musical – com destaque para a linda canção “Holm”, interpretada pela cantora tunisiana Emel Mathlouthi - , “O Paraíso” parece atualizar o entrecho de “Uma Canção de Amor” (1950), única incursão cinematográfica de Jean Genet [1910-1986], para as novas gerações: da mesma maneira que acontece naquele curta-metragem, e na quase integralidade das tramas literárias deste escritor, os internos apaixonados comunicam-se através de gestos sutis e de ruídos através das paredes de suas respectivas celas. E os encontros entre eles são os mais eróticos possíveis... 
Malgrado o fascinante ponto de partida, o romance entre os dois rapazes é cerceado por um roteiro com muitos problemas de definição situacional e construção dos caracteres dos personagens. Vide o descaso na maneira com que os internos lidam com objetos perigosos, como maçaricos e objetos cortantes, ou a maneira como se manifestam os pantins de William, depois que sabe que Joe está prestes a atingir a maioridade – e, por conta disso, sair do reformatório –, que soam excessivamente melindrosos, em contraste com a rudeza do personagem até então elaborado.
                                                                                                         Créditos: © Tarantula, Silex Films, Menuetto Film
A produção está em cartaz no ''My French Film Festival'', Festival de Cinema Online da Unifrance que se iniciou em 19 de Janeiro e segue até 19 de fevereiro gratuitamente
Os diálogos do filme não são muito inspirados e a beleza física dos dois intérpretes não é suficiente para escamotear que, em conflitos dramáticos importantes, eles reajam de maneira desenxabida ou inexpressiva. O que só piora com as aparições dos demais colegas de internamento, idiotizados em suas reinvindicações. Talvez isso seja decorrente da origem possivelmente autobiográfica do enredo, que justifica uma excessiva idealização dos encontros entre os rapazes, constante no título do filme, mencionado diretamente por William, quando ele explica para Joe a origem de um de seus desenhos recorrentes... 
Para além de seus problemas de concepção, “O Paraíso” é um filme que fascina as audiências, que projetam na paixão urdida na tela as suas próprias insatisfações quanto à frieza burocrática da vida em sociedade, sob o controle das instituições estatais e/ou do Capitalismo. Resta ao protagonista evadir-se através da música e da possibilidade dos encontros com quem ama. Enquanto ode à crença nos bons sentimentos, o filme cumpre o seu papel estimulador: é um trabalho com falhas evidentes, mas sem receio de assumir-se apaixonado!
Clique aqui e assista!

Vidas Passadas, de Celine Song | Assista nos Cinemas


Os mistérios do amor são insolúveis! Há milênios as artes se debruçam sobre este tema. Afinal a Ilíada começou com a procura de Menelau por sua esposa Helena, apaixonada por Páris; as Mil e Uma Noites são resultado da decepção amorosa do sultão Xariar com a traição de sua primeira esposa. Entre alegrias e decepções, as estórias deste sentimento tão maravilhoso são contadas das mais variadas formas. E agora chegou a vez do filme Vidas Passadas, dirigido pela estreante Celine Song, diretora sul-coreana-canadense, contar sua jornada de amor.

Aqui temos a linda e envolvente estória romântica de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo). Quando crianças em Seul, na Coreia do Sul, vivenciaram seu primeiro amor, interrompido quando a família de Nora migrou para o Canadá. Após 12 anos, o casal se encontrou nas redes sociais, ela morando em Nova York, ele ainda em Seul, e, conversando por vídeo, claramente demonstram o amor que ainda sentem um pelo outro, rompido de novo por Nora quando pede que, por um tempo, não se falem mais, pois ela precisa se dedicar à carreira de escritora. Um bom tempo depois, mais de uma década, o engenheiro Hae rompe com sua namorada e vai visitar a escritora Nora em Nova York, que agora está casada com um norte-americano, o também escritor, Arthur (John Magaro).

Os encontros deles por uma ''Big Apple'' deslumbrante são mágicos. Entre passeios turísticos, o amor de infância ressurge com força total, demonstrado em pequenos gestos, olhares e palavras. Arroubos não aparecem em tela, a cultura coreana não permite isso. É tudo muito delicado, sutil, com muitas desculpas e faces ruborizadas. Nesses detalhes da cultura asiática, tão diferente da brasileira, vê-se a ousadia que é um abraço, um aperto de mãos, um diálogo mais íntimo.

Créditos: Califórnia Filmes
O longa é baseado na vida pessoal da diretora que também é casada com um escritor, se mudou de país durante a infância e também teve um encontro, na companhia do esposo, com uma ex-paquera da juventude.

Os sul-coreanos acreditam no conceito de vidas passadas, que cada ser vivo passou por muitas reencarnações. A soma destas trajetórias permite que algumas pessoas encontrem suas almas gêmeas na contemporaneidade. Mas, para isto, são necessárias milhares de coincidências, de experiências, de ações, em todas estas vidas antigas. Nesta concordância de fatores, as pessoas se encontram ou se desencontram. O destino dos apaixonados depende do somatório destas sutilezas.

O par da linda Nora é o coreano Hae? O esposo norte-americano Arthur a tudo presencia, dando espaço à esposa para finalizar esta experiência do passado. Até se oferece para receber a visita do amigo de infância de sua companheira em casa, saindo os três para jantar comida italiana. Os embates do trio criam novas situações, a dificuldade de comunicação entre os dois homens pois falam línguas diferentes, sua disputa pela mesma mulher, a civilidade no trato entre os dois encobrindo ciúmes, esperanças e os encantamentos por Nora. A hostilidade e o respeito mútuo mais uma vez demonstrado em pequenos atos, em olhares e gestos.

Com indicações ao Oscar 2024 nas categorias de ''melhor filme'' e ''melhor roteiro original'', a roteirista e diretora Celine Song cria uma obra única, onde o “quase” toma tanto importância quanto o concreto. Essas subjetividades do que poderia ter acontecido vão num crescendo e, com pequenos sobressaltos ocasionalmente, roteiriza as relações amorosas de uma maneira única. Sutilmente, mas com muito sofrimentos, as escolhas dos personagens, acrescidas das experiências das vidas passadas, vai criando um presente onde alguém vai sofrer, Nora, Hae ou Arthur, representados por excelentes atores. Emoldurado por uma Nova York, magnificamente fotografada, esse encontro na Big Apple vai definir o destino de todos.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Past Lives, 2023. Direção: Celine Song. Elenco: Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro, Moon Seung-ah, Leem Seung-min, Ji Hye Yoon, Choi Won-young, Ahn Min-Young, Seo Yeon-Woo, Kiha Chang, Shin Hee-Chul, Jun Hyuk Park. NacionalidadeEUA, Coreia do Sul. Gênero: Drama, Romance. Trilha Sonora Original: Christopher Bear e Daniel Rossen. Direção de Fotografia: Shabier Kirchner. Montagem: Keith Fraase. Figurino: Katina Danabassis. Direção de Arte: Alan Lampert. Design de Produção: Grace Yun. Produtoras: A24, CJ ENM Co.,  Killer Films, 2AM. Distribuição: Califórnia Filmes. Duração: 105 minutos
Obra madura de uma excelente diretora, Vidas Passadas é uma linda estória de amor. O espectador apaixona-se pelo trio, pela luta dos três por esse sentimento que é o amor, tão desejado e inalcançável, mas que às vezes brilha na vida de algumas pessoas. As vidas passadas e a presente definem a existência de cada um dos personagens. O filme, com essas reflexões, ressoa por dias no coração de cada um dos espectadores. Impossível não se emocionar com a cena final!
Nota: 9/10.
HOJE NOS CINEMAS

Bizarros Peixes das Fossas Abissais | Assista nos Cinemas

 
“Tal como uma girafa que bebe a urina da fêmea para verificar se ela está fértil, eu sei o que fazer”! 

O animador Marcelo Marão é um curta-metragista consagrado, tendo recebido diversos prêmios em festivais internacionais, com destaque para o simpático “Chifre de Camaleão” (2000), no qual dois répteis disputam a atenção de uma fêmea, num cenário em preto-e-branco que, pouco a pouco, passa a ser impregnado por cores. Nas produções do diretor, o esmero visual chama muito mais a atenção que a trama em si, ainda que esta também impressione pelos flertes com o surrealismo… 

Neste seu primeiro longa-metragem, tais componentes estilísticos ficam mais evidentes: na abertura, conhecemos alguns personagens que, em ações inicialmente isoladas, logo estarão interconectadas. Primeiro, aparece um velhinho, reclamando do tamanho de seu nariz, ao qual ele se refere como “napa”; depois, uma garota que briga com alguns animais para resgatar os cacos de um determinado objeto, e os ataca fazendo com que as suas nádegas transformem-se num gorila; por fim, uma tartaruga minúscula, que sofre de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e se esforça para organizar alinhadamente as mercadorias do estabelecimento comercial para o qual trabalha. Um prólogo bastante promissor, portanto! 

Para fugir de seus agressores, a protagonista feminina de “Bizarros Peixes das Fossas Abissais” (2023) monta numa nuvem voadora, que sofre de “incontinência pluviométrica”. Esta logo será apresentada à tartaruga dublada por Rodrigo Santoro, depois que uma tempestade desorganiza as mercadorias do local onde ela estava. Em comunhão, estes personagens unirão forças para resgatar um vaso com poderes mágicos, em posse de “rinocerontes espaciais que expelem suco de graviola sem açúcar”, visto que, graças a este utensílio, a garota pode ajudar o seu avô a ser curado do Mal de Alzheimer. Como não ficar fascinado por uma trama como esta? 

Trailer



Ficha Técnica
Título original e ano: Bizarros Peixes das Fossas Abissais, 2023. Direção e Roteiro: Marão. Elenco Vozes: Natália Lage, Guilherme Briggs e Rodrigo Santoro. Nacionalidade: Brasil. Gênero: comédia, animação. Trilha Sonora: Duda Larson. Direção de Arte: Marão. Animação: Marão, Rosaria e Fernando Miller. Montagem: Alessandro Monnerat + Yohana Lazarova. Produção Executiva: Letícia Friedrich. Financiamento: Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Fundo Setorial do Audiovisual - ANCINE, BRDE e BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 75 min.
Apesar de haver um objetivo determinado para que a narrativa avance, o diretor prefere fazer com que nós contemplemos as possibilidades dos instantes de interação entre os personagens e os experimentos imagéticos, como aqueles percebidos na longa seqüência do balé aquático que ocorre quando é justificado o excêntrico título do filme. O competentíssimo dublador Guilherme Briggs empresta sua voz à simpática nuvem cúmulo-nimbo, enquanto Natália Lage é responsável pelas falas e monólogos da personagem feminina. Desempenhos mui elogiáveis, em todos os casos. 

Numa das várias seqüências prodigiosas deste filme, os personagens, antes de viajar para a Sérvia, são convidados a conhecer o mundo através dos “Olhos de Fernando Miller”, numa das várias homenagens que o diretor faz ao seu próprio universo afetivo, como quando situa um importante encontro em frente ao Armarinho Estrela Dalva, do qual é proprietário e que fica localizado no município de Nilópolis, no Rio de Janeiro. Mesmo que não compreendamos inicialmente estas referências pessoais, elas são fascinantes, bem como a conclusão abrupta do filme, que traz consigo um conselho elementar, relacionado à importância de aproveitar a vida no fulgor de seus instantes atuais, antes que estes desvaneçam, da mesma maneira que algumas memórias se perdem… 

Créditos: Vitrine Filmes
A produção faz parte da incrível ''Sessão Vitrine Petrobrás'' e chega aos cinemas com preços acessíveis

Sobremaneira criativo na exposição dos traços autoriais e peculiares do realizador, o roteiro deste filme, intencionalmente evasivo em suas proposições tramáticas, rende diálogos brilhantes, como quando a garota metamórfica alega que “precisa comer dois mil metros quadrados de grama, senão a cidade de Araraquara vai sumir” ou quando ela demonstra que, sempre que recorre aos seus poderes de transformação animal, algo de estranho acontece no mundo, como a “eliminação da letra J do alfabeto brasileiro” ou a “conversão da terça-feira em dia de descanso oficial na América do Sul”. Os chistes, enfatizamos, são divertidíssimos! 

Por motivos óbvios, o conteúdo deste longa-metragem animado é direcionado proritariamente às platéias juvenis e adultas, possuindo variegados elementos de cariz psicodélico. Mas, como é um filme que possui elaborado cuidado com os jogos de cores, sobreposições e reconstituição das características extravagantes de seres submarinos pouco conhecidos, pode seduzir também o público adolescente, que esteja disposto a viajar pelas amplidões sensórias do realizador, da mesma maneira que o avô da protagonista que, numa situação resolutiva, identifica parte de seu corpo com um brontossauro da era Mesozóica. É um enredo que fez uma cuidadosa pesquisa biológica, além de contar com os adequados temas musicais do compositor Duda Larson. Muito, muito bom: à altura do que esperávamos de um artista tão consagrado quanto inspirado!

HOJE NOS CINEMAS

Nosso Lar 2 - Os Mensageiros | Assista nos Cinemas


A natureza não dá saltos! Tudo segue a vontade de uma inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Está grafado nas obras de Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita. Sendo assim, após um longo período de preparação, chega aos cinemas, nesta quinta-feira (25), o filme dirigido por Wagner de Assis, Nosso Lar 2 – Os Mensageiros

O roteiro do próprio Assis é baseado na obra “Os Mensageiros”, escrita por Chico Xavier, e que aborda a jornada do espírito André Luiz. No elenco temos: Edson Celulari (Aniceto), Renato Prieto (André Luiz), Fábio Lago (Vicente), Mouhamed Harfouch (Isidoro), Julianne Trevisol (Isabel), Felipe de Carolis (Otávio), João Barreto (Gregório), Rafael Sieg (Dr. Fernando), Vanessa Gerbelli (Amanda).

Para quem não se recorda, “Nosso Lar – O Filme” [Wagner de Assis, 2010 - disponível na Star+] apresentou ao público a chegada de André Luiz ao mundo espiritual, após seu desencarne precoce devido a uma vida desregrada. A obra narra o período em que ele, descrente da vida além-túmulo, fica à mercê de criaturas inferiores, sofrendo dores e infortúnios, como se ainda estivesse preso ao corpo físico, resultado de uma mente desequilibrada. Ao ser resgatado, André é conduzido a colônia Nosso Lar, onde recebe auxílio de espíritos fraternos e abnegados, que o orientam na nova Vida.

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Ficha Técnica
Título Original e Ano: Nosso Lar 2 - Os Mensageiros, 2024. Direção e Roteiro: Wagner de Assis - adaptação do livro de Chico Xavier. Elenco: Edson Celulari, Fabio Lago, Othon Bastos, Fernanda Rodrigues, Henrique Neves, Renato Prieto, Vanessa Gerbelli, Leticia Braga, Rafael Sieg, Julianne Trevisol, Aline Prado, Mouhamed Harfouch, Nando Brandão, Felipe de Carolis, João Barreto, Camila Lucciola, Ju Colombo. Gênero: Drama, Adaptação, Fantasia. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Guto Graça Mello. Fotografia: Lílis Soares. Edição: Livia Pimentel e Zeca Esperança. Direção de Arte: Ula Schliemann. Figurino: Reka Koves. Maquiagem: Juliana Mendes. Desenho de Som: P.C. Azevedo. Produção: Iafa Britz e Wagner de Assis. Produção: Cinética Filmes. Produtor Executivo: Richard Silva e Camila Medina. Produtores Associados: Elizabeth Marinho, Luiz Augusto de Queiroz e Luis Erlanger. Distribuição: Star Distribution Brasil. Duração: 01h51min.

No Plano Espiritual a contagem de tempo não segue o padrão terreno. Então sabe-se que após um longo tempo de aprendizado evolutivo André Luiz está agora apto a trabalhar como aprendiz em um dos muitos grupos de mensageiros que realizam socorro espiritual junto a crosta terrestre. A narrativa temporal situa-se no período entre o pós Grande Guerra e os dias atuais.

O médico aprendiz será membro do grupo liderado por um generoso benfeitor e emissário consciente de nome Aniceto. Este é um espírito superior que não precisa mais reencarnar e vive nas esferas superiores, mas que está sempre pronto para ajudar, desde que o necessitado queira esta ajuda.

                                                                          Créditos: Star Original Productions / Cinética Filmes
A performance do ator Edson Celulari é o grande destaque do filme de Assis 

Nesta obra, em especial, André Luiz irá descrever sua primeira experiência de ajuda aos encarnados. A narrativa apresenta diversas referências a citações teóricas de obras da Doutrina Espírita e algumas situações típicas, que talvez não sejam do conhecimento do público em geral. Deixando de lado esse aspecto, o filme se apresenta como uma excelente narrativa de ficção, de fácil assimilação. 

Aniceto conduzirá André, Vicente e outros aprendizes na missão de instaurar o intercâmbio entre o mundo espiritual e os encarnados. Enquanto estavam desencarnados, três espíritos afins com resgates a realizar, Isidoro, Otávio e Fernando, assumiram o compromisso com um projeto da criação de uma (entre milhares existentes) oficina espiritual do Nosso Lar, uma casa de caridade. Eles contariam com o auxílio de esposas e filhos, abnegados companheiros de jornada. A voz do narrador explica as condições das reencarnações e as faltas que cada espírito terá que responder um dia. Tudo aquilo que parecia fácil no plano espiritual, agora estava prestes a falhar perante os esquecimentos naturais e os desafios da vida corpórea.

                                                                          Créditos: Star Original Productions / Cinética Filmes
            “Saber que a vida não acaba não é suficiente. É importante saber o que fazer depois!”

O mau uso da mediunidade, a ganância, a arrogância, as belas palavras sem fundamento, os maus tratos ao corpo físico, a sintonia com esferas inferiores, o desequilíbrio energético, pensamentos obsessivos, estavam levando os planos ao fracasso. Agora era vital descobrir onde as linhas se desataram. Aniceto e os aprendizes só poderiam interceder quando permitido, confiando acima de tudo na lei do amor.

A grande mensagem aqui é que entre o planejar uma encarnação e a realização dela há um grande obstáculo – o próprio encarnado. Entretanto, sempre haverá uma nova oportunidade de acertar tudo ou atrasar a própria evolução, mas a próxima vida é sempre a mais importante, desde que tudo seja realizado com amor. Cada ser que reencarna é a prova que Deus acredita na humanidade!

Nosso Lar 2 – Os Mensageiros nitidamente é uma produção destinada a um público-alvo específico, o que não impede de ser vista e apreciada por aqueles que desconhecem detalhes dos três pilares da Doutrina Espírita: Ciência, Filosofia e Religião. 

Uma obra com grande significado e repleta de mensagens edificantes!!

HOJE NOS CINEMAS

As Bestas, de Rodrigo Sorogoyen | Assista nos Cinemas


Estudo quase antropológico dos camponeses da Galícia em um mundo rural dominado pela ganância, xenofobia e crueldade, o filme apresenta um caso real ocorrido na Espanha (temática do também filme ''Santoalla'', de 2016). Dirigido num estilo quase documental pelo espanhol Rodrigo Sorogoyen, já indicado ao Oscar pelo curta-metragem Madre em 2019, o longa ganhou os prêmios de melhor filme, direção, ator, ator coadjuvante, roteiro original e várias outras categorias técnicas no Goya Awards 2023, honraria máxima do cinema espanhol, exemplificando a importância do longa-metragem neste momento específico da Europa.
No embate entre galegos nativos e franceses recém-chegados, emoldurado pelas belas paisagens deste recanto da Espanha. o meio rural explode em um crescendo de tensão e violência entre duas famílias vizinhas, com resultados trágicos. Falado em francês, espanhol e em galego, muito próximo ao português, a hostilidade dos irmãos da Galícia, região que se localiza a noroeste da península Ibérica, Xan (Luis Zahera) e Lorenzo (Diego Anido) contra o casal francês Antoine (Denis Ménochet) e Olga (Marina Fois) inicia-se por causa da recusa dos estrangeiros recém-chegados em ceder suas terras para a montagem de torres eólicas. Ambas as famílias sobrevivem a duras penas do árduo trabalho no campo e a venda das terras poderia solucionar os problemas financeiros de todos.
O que se inicia com piadas xenofóbicas, chistes de bar, brincadeiras ao carro, vai se exacerbando num ritmo galopante até chegar a um assassinato, típico das bestas do título. Essa violência é mostrada com toda sua brutalidade numa sequência muito bem montada e encenada, com uma trilha sonora impecável, que remete à primeira cena do filme, do trato com animais por ocasião da castração. Assim acaba o primeiro ato do filme, muito centrado nas figuras de Antoine e Xan, os dois machos que lutam para defender suas famílias e seus ideais. 
No segundo ato, a ótica passa a ser feminina. A viúva Olga está sozinha cuidando da propriedade rural e procurando o corpo do marido nos momentos de folga. Sem apoio da polícia espanhola, tentando ser ludibriada pelos galegos por ser uma mulher sozinha, ela resiste, mesmo sofrendo pressão por parte de sua filha Marie (Marie Colomb) para que retorne à França. Nessa teimosia em ficar e seguir o sonho do marido, demonstra todo seu amor por Antoine, o que acaba comovendo Marie.
Trailer

Ficha Técnica
Título Original e ano: As Bestas, 2022. Direção: Rodrigo Sorogoyen. Roteiro: Rodrigo Sorogoyen e Isabel Peña. Elenco: Denis Ménochet, Marina Foïs, Luis Zahera, Diego Anido, Marie Colomb, Luisa Merelas, José Manuel Fernández Blanco, Federico Pérez Rey, Javier Varela. Gênero: Drama, Suspense. Nacionalidade: França e Espanha. Direção de Fotografia: Álex de Pablo. Desenho de Produção: Jose Tirado. Trilha Sonora: Olivier Arson. Montagem: Alberto del Campo. Figurino: Paola Torres. Produção:  Ibon Cormenzana, Ignasi Estapé , Anne-Laure Labadie, Jean Labadie, Nacho Lavilla, Thomas Pibarot, Rodrigo Sorogoyen, Jérôme Vidal, Eduardo Villanueva. Distribuição: Pandora FilmesDuração: 137 minutos.
Entre os detalhes brutais desse crime horrível, temas caros à comunidade europeia são debatidos, como a xenofobia entre os países, o desaparecimento das antigas tradições, o amor pelo cultivo à terra, a pobreza de quem opta pelo meio rural e a ganância das multinacionais. Todos esses assuntos imiscuído nas linhas dos diálogos, sem panfletarismo ou nada parecido. Num estilo quase documental, com muitas sequências filmadas na luz natural, e cenas detalhistas do trato com o solo e com os animais, o filme, no seu ritmo pausado, mostra uma Europa rural, com homens e mulheres simples, as bestas, que matam e morrem por suas terras e convicções, bem distantes dos seus compatriotas urbanos, em vidas confortáveis nas belas cidades.
Créditos: Pandora Filmes
O primeiro filme de Rodrigo Sorogoyen a ser exibido no Festival de Cannes
Magnificamente bem interpretados, todos os personagens brilham face a atuações naturalistas e sem tiques. A emoção é criada pelo próprio desenrolar trágico da história. A trilha sonora pontuando o crescendo da violência faz-nos estremecer frente à irracionalidade das bestas, que somos todos nós, quando precisamos nos defender. Nos cinemas de várias capitais, esse belo e violento filme, que desperta várias pautas para reflexão, deve ganhar a sua atenção!
Nota: 7/10
HOJE NOS CINEMAS

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Os Sobreviventes - Depois do Terremoto | Assista nos Cinemas


“Lá fora, as pessoas estão brigando entre si: elas deveriam ser mais solidárias, umas em relação às outras”! 

A excelência técnica do cinema sul-coreano atingiu reconhecimento de público e crítica, entre os lançamentos contemporâneos, de modo que, além de arrebatar prêmios nos principais festivais mundiais, os filmes produzidos neste país são também capazes de obter volumosas bilheterias. É o que merece acontecer com este “Sobreviventes – Depois do Terremoto” (2023, de Um Tae-Hwa), uma superprodução que traz à tona tanto os impressionantes efeitos especiais dos filmes sobre catástrofes quanto os dilemas morais relacionados às situações-limites de sobrevivência… 

Após um interessantíssimo prólogo sobre a tendência ao confinamento em apartamentos cada vez mais altos – o que denota uma irrevogável condição privilegiada de classe, em comparação às pessoas que vivem amontoadas em bairros residenciais tradicionais –, uma tragédia inexplicada faz com que toda uma cidade seja destruída, exceto por um opulento complexo predial, a “utopia de concreto” do título internacional. E, neste ambiente, os moradores precisarão delimitar várias regras de convivência, a fim de continuarem vivos em condições árduas, como baixas temperaturas e a escassez de alimentos… 

Neste contexto, encontramos o casal Min-Seong (Park Seo-Joon) e Myeong-Hwa (Park Bo-Young), que vive no sexto andar. Ele é servidor público e ela é uma enfermeira que enfrentou um aborto espontâneo, recentemente. Ao se depararem com a paisagem urbana destruída e amplamente calamitosa, eles fazem uma averiguação rápida de quanta água e comida ainda possuem e se esforçam para não sucumbirem à malevolência das pessoas que os circundam, que chegam a decidir em votação a expulsão dos desabrigados que imploram para ficar no vão do único prédio que permanece firme na cidade…

Depois de abrigar uma senhora e uma criança, após a insistência benevolente de sua esposa, Min-Seong testemunha a formação de uma comissão de controle e vigilância no prédio, em que o imperioso Yeong-Tak (Lee Byung-Hun) é eleito delegado e, de maneira violenta, não apenas expulsa os desabrigados – a quem ele chama de “baratas” – como recruta esquadrões de busca entre os homens de dezesseis a sessenta anos de idade, para que saqueiem as áreas devastadas circunvizinhas, em busca de algo que possa ser aproveitado entre os moradores do prédio. Temos uma primeira crítica social através do roteiro (co-escrito pelo diretor), baseado na ‘webtoon’ “Pleasant Bullying”, de Kim Sung-Nyung

Créditos: Climax Studio e BH Entertainment / Paris Filmes
O longa foi a escolha da Coréia do Sul em submissão na categoria de ''Melhor Filme Internacional'' no Oscar 2024

Numa sacada bastante inventiva, Geum-Ae (Kim Su-Young), a presidenta da Associação de Mulheres do prédio onde estão confinados os personagens, expõe as principais normas da comissão de controle e vigilância, olhando diretamente para a câmera e, assim, fazendo com que o espectador se torne cúmplice (e, ao mesmo tempo, juiz) das decisões tomadas em grupo. A partir daí, somos levados a imaginar como nos comportaríamos frente a acontecimentos semelhantes. E, obviamente, as tendências à corrupção logo serão detectadas, bem como a desconfiança quanto aos caracteres daqueles que alegam zelar pelo bem-estar coletivo. 


Através de ‘flashbacks’, conhecemos as motivações escusas de Yeong-Tak, além de descobrirmos como ele tornou-se morador daquele luxuoso apartamento, o que faz com que a chegada de uma inquilina até então desaparecida, a jovem de cabelo rosado Hye-Won (Park Ji-Hu), configure uma ameaça aos seus desígnios controladores. Os atos deste delegado, na insistência pela entoação de ‘slogans’ e gritos de guerra, emula os determinismos fascistas, na maneira como conclama os seus asseclas a considerarem-se melhores que os demais habitantes, por estarem reunidos numa área em que gozam de direitos de propriedade. E, curiosamente, algumas das pessoas que aparecem como mendicantes são justamente moradores de outros ambientes ainda mais privilegiados que, em momentos anteriores ao desastre, tratavam com rispidez os sobreviventes. As críticas sociais são abundantes e muitas vezes direcionadas a personagens que pareciam inicialmente simpáticos, mas que revelam-se progressivamente pérfidos. 


A duração estendida do filme (duas horas e dez minutos) faz com que, em determinado momento, as situações fiquem repetitivas e os desmandos de Yeong-Tak tornem-se exagerados ou caricatos, como quando ele invade, de maneira vilanaz, os quartos de pessoas que ele considera suspeitas de estarem abrigando “baratas”. A fotografia do filme é muito bonita na aplicação de tons crepusculares, em conjunção com uma direção de arte acachapante, em que um único complexo predial se destaca em meio a tantos escombros. Ainda que não seja explicitamente esperançoso – pois o desastre inicial, ao não ser esclarecido, torna-se passível de ocorrer novamente –, o desfecho do filme possui uma válida mensagem humanista, na exortação à capacidade intrínseca dos homens em reorganizarem-se em sociedade. Porém, até que isso aconteça, diversos obstáculos materiais e imateriais precisarão ser superados: trata-se de uma superprodução oriental que não deve em impacto aos melhores ‘blockbusters’ hollywoodianos! 

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: Konkeuriteu yutopia, 2023.Direção: Tae-hwa Eom. Roteiro: Tae-hwa Eom e Lee Shin-ji - baseado no webtoon ''Pleasant Outcast -  Part II'', de Kim Soong-nyung. Elenco: Park Seo-joon, Lee Byung-hun, Park Bo-young, Kim Sun-young, Park Ji-hu, Na Chul, Kim Do-yoon, Kim Hak-sun, Nam Jin-bok, Kwak Min-gyu, Kim Dong-gon. Gênero: Drama. Nacionalidade: Córeia do Sul. Fotografia: Cho Hyoung-rae. Edição: Han Mee-yeon. Som Direto: Kim Hyun-sang. Trilha Sonora Original: Kim Hae-won. Design de Produção: Cho Hwa-sung. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 02h10min.

HOJE NOS CINEMAS

Mergulho Noturno, de Bryce McGuire | Assista nos Cinemas

 
Em 2014, Bryce McGuire e Rod Blackhurst dirigiram o curta-metragem de horror ''Night Swim'' que foi distribuído pela Frank and Paul Films e lançado em outubro daquele ano. A produção exibe em seus quase quatro minutos uma mulher nadando em um piscina durante a noite e sendo assombrada por algo aterrorizante que parece a assistir. O encontro acaba com a mulher sumindo dentro da água e deixando o espectador intrigado. A produção teve seus direitos adquiridos pela Atomic Monster, produtora de James Wan, em 2018, e ganhou total aval do diretor e produtor para que a própria dupla criadora ficasse a frente de um filme baseado no curta. Assim nasce ''Mergulho Noturno'', longa que retrata a família Waller a procura de uma nova casa, após Ray (Wyatt Russell) se machucar e necessitar de tempo para se recuperar, pois é um renomado atleta de Baseball. O homem é casado com Eve (Kerry Condon) e pai de Izzy (Amélie Hoeferle) e Elliot (Gavin Warren). Os dois acabam chegando a esta casa simples, mas que se adequa ao que necessitam e o melhor, o lugar possui uma piscina que poderá ser usada para que Ray faça fisioterapia sem precisar sair do lar. O que pouco sabe a família é que há algo de misterioso na piscina e muitos anos antes uma criança desapareceu ali.

O terror é uma co-produção entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido e tem McGuire na direção. Blackhurst aparece na co-autoria do texto ao lado deste último. No elenco, o ator Wyatt Russell das séries Monarch: Legado de Monstros (AppleTv+, 2023) e Falcão e o Soldado Invernal (Disney+, 2021) e também a atriz Kerry Condon do premiadíssimo ''Os Banshees de Inisherin'' (2022). Sem exatamente entregar um grande filme de terror, #NightSwim, título que não só é do curta, como do longa, consegue deixar o espectador agoniado e simpatizar com as escolhas da direção e toda a construção da narrativa.

A produção chega ao Brasil esta semana e tem distribuição da Universal Pictures.

Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: Night Swim, 2024. Direção: Bryce Mcguire. Roteiro: Bryce Mcguire e Rod Blackhurst - baseado no curta-metragem de Bryce Mcguire e Rod Blackhurst ''Night Swim'', de 2014. Elenco: Wyatt Russell, Kerry Condon, Amélie Hoeferle, Gavin Warren, Jodi Long, Eddie Martinez, Elijah J. Roberts, Rahnuma Panthaky, Ben Sinclair, Ellie Araiza. Gênero: Terror, Horror. Nacionalidade: Australia, Eua e Reino Unido. Trilha Sonora Original: Mark Korven. Fotografia: Charlie Sarroff. Edição: Jeff McEvoy. Design de Produção: Hillary Gurtler. Direção de Arte: Paul Moyle. Figurino: Christie Wittenborn. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 01h38min.
Como é comum aos filmes de terror, é em seus primeiros minutos que a audiência terá conhecimento de que algo macabro acontecerá no palco principal da história, no caso, a piscina. Logo, assiste-se a uma criança que levanta no meio da noite para procurar seu barquinho e acaba se afogando com o auxilio de algo sobrenatural que sai do bueiro da piscina e deixa as águas negras por alguns instantes. Quando vemos o lugar novamente, está totalmente coberto por uma lona azul e sendo avaliado pelo jogador de Baseball Ray Waller que procura uma nova casa para viver com a família. O homem e a esposa decidem então ficar com o local, ainda que ele tenha caído na piscina e sentido algo diferente da água - mas que vê de forma positiva.

A família se muda e aos poucos coisas estranhas começam a ocorrer, a primeira delas, o sumiço do gatinho da família. Ao passo que Ray, Eve, Izzy e Elliot iniciam a limpeza da piscina acham um liquido preto e acabam chamando um técnico para verificar. O homem consegue achar indícios de que a água vem de uma nascente ou lago próximo e ''aparentemente'' resolve o problema e uma água super azul e límpida preenche o espaço. Enquanto Ray inicia um conjunto de exercícios para fortalecer o joelho, a mulher e os filhos começam a nadar e brincar com moedas dentro da piscina. A principio, eles não percebem, mas o ato acaba despertando o mal que há ali e o desejo de recuperação física de Ray começa a afetar sua sanidade e colocar em risco a vida dos familiares.

                                                                                                        © 2023 Universal Studios. All Rights Reserved
James Wan disse em entrevista de bastidores do filme (assista aqui) que tem uma missão clara em apre-sentar ao público novos diretores e roteiristas que ainda não tenham visibilidade.

Mergulho Noturno é instigante! Tem um texto distinto, consegue chegar em bons lugares e traz um misticismo sobrenatural que trabalha a questão da ''fonte dos desejos'' de forma obscura. Moedas que caem na piscina não são mágicas, mas trazem esse simbolismo. Respostas são dadas ao longo do filme e não soam tão previsíveis, mas se tornam boas justificativas. Os atores são convincentes e fazem uma construção compassada no poder sobrenatural que vai afetando um a um durante a estadia na casa. As cenas de susto não são exageradas e não temos muitos jumpscares. É tudo bem bolado e mais preocupado em não deixar o espectador perder o interesse na trama e ele não perde. Como entretenimento, é um terror que cai na média e convence.

Nos vídeos de divulgação do filme, ouve-se aqui e ali a canção ''Bury a Friend'', de Billie Eilish, e cai muito bem com a temática sobrenatural de ''sumiço''. Judas Priest e No Devotion, contudo, estão na lista de canções usadas no filme. A trilha sonora original é assinada por Mark Korven (O Farol e O Telefone Preto).

Para os fãs do gênero, é uma boa pedida nesse mês de férias.

Avaliação: Dois litros de água negra e meio susto em família (2,5/5)


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