segunda-feira, 6 de maio de 2024

Mostra de Cinema Europeu | Semana da Europa


Cinema europeu engajado por um mundo melhor
Filmes de nove países prometem conscientizar o público sobre a importância do meio ambiente
 
O cinema tem papel importante para a transformação da sociedade. Por meio dele é possível chamar a atenção para diversas questões e realidades, além de promover a conscientização sobre a importância de temas como o meio ambiente, reverenciado nos filmes da Mostra de Cinema Europeu. De 6 a 12 de maio, o público poderá assistir a produções da Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslovênia, Espanha, Itália, Irlanda, dos Países Baixos e de Portugal premiadas nos principais festivais de cinema internacionais, gratuitamente, no SESC 504 Sul - Unidade Alberto Vilardo. O evento integra a programação da 20ª edição da Semana da Europa. A realização é da EUNIC Brasil e Delegação da União Europeia no Brasil.

 

Segredos do Putumayo, documentário representando a Irlanda, abre a mostra, no dia 6 de maio, e narra as investigações do ativista irlandês Roger Casement, então Cônsul Britânico no Brasil, sobre a escravização e assassinato de milhares de indígenas que eram forçados a trabalhar na coleta de borracha. No filme, a voz de Casement é interpretada pelo ator Stephen Rea.
 
Já a exibição do documentário “A Ilusão da Abundância – A história da resistência e o papel das mulheres na defesa do nosso planeta, no BrasilPeru e em Honduras, da diretora Erika González Ramírez e do diretor belga Matthieu Lietaert, será seguido de debate. O filme foi selecionado por 95 festivais de cinema em 2023 e recebeu 21 prêmios, incluindo o de Melhor Documentário nos prestigiados One World (República Checa), Terra di Tutti (Itália), INFF (Áustria) e Cinema Invisible (Espanha).
 
Destaque também para o documentário Santuário representando a Espanha e produzido pelo ator espanhol Javier Bardem, que teve sua percepção sobre o clima alterada quando foi convidado por um irmão a fazer uma viagem à Antártida no navio da Greenpeace.  Impressionado com os impactos da mudança climática nos oceanos, Bardem decidiu rodar o documentário que estreou no Festival de Toronto e foi exibido em outros grandes festivais, como o Festival de Cinema de San Sebastián, Festival de Cinema de Zurique, CiBra, Festival de Cinema Espanhol de Edimburgo, Festival de Cinema e Meio Ambiente Suncine-Barcelona, Festival de Cinema de Valladolid-Seminci, Tulúm etc.
 
O filme foi oferecido gratuitamente a escolas e institutos de toda a Espanha e ganhou o Oscar Verde Honorário atribuído pela Fundação Cinema pela Paz, de Berlim.

 

Conheça a programação:

 

06/05 | Segunda-feira | 19h

Segredos do Putumayo

País: Irlanda

Ano: 2020

Direção: Aurélio Michiles

Documentário, 1h30

Coquetel de abertura após o filme

Classificação indicativa: livre

 

Sinopse:

Em 1910, o cônsul britânico no Rio de Janeiro, Roger Casement, é incumbido por Londres para investigar os crimes cometidos contra os indígenas do Putumayo pela Peruvian Amazon Company. Baseado no seu potente diário, o filme traça o quadro angustiante descoberto por Casement: uma sistemática industrial-extrativista com matanças e trabalho escravo na selva amazônica - um verdadeiro inferno verde.

 

07/05 | Terça-feira | 19h

A Ilusão da Abundância

País: Bélgica

Ano: 2023

Direção: Erika Gonzalez e Matthieu Lietaert

Documentário, 1h

Debate após o filme

Classificação indicativa: livre



 

Sinopse:

Apesar de um jogo profundamente desequilibrado, Maxima, Bertha e Carolina compartilham um objetivo comum: elas estão liderando a luta ambiental de hoje contra os conquistadores corporativos modernos. Enquanto governos e corporações estão presos em uma corrida global para obter as matérias-primas mais baratas, essas três mulheres nos contam uma história de coragem incansável: como continuar lutando para proteger a natureza quando sua vida está em risco? Quando a repressão policial, o assédio corporativo, as lesões ou até mesmo as ameaças de morte fazem parte de sua rotina diária?

 

A Ilusão da Abundância não é apenas um filme sobre aqueles que pagam o alto preço do “desenvolvimento”, é, acima de tudo, um filme sobre a globalização de sua resistência ambiental.

 

Convidadas para o debate

 

Daniela Campolina

Ativista, bióloga e educadora. Doutora e Mestre em Educação Universidade Federal de Minas Gerais com intercambio doutoral na York University (Toronto-Canadá). Integrante do Instituto Cordilheira, Co-coordenadora do Grupo de Pesquisa e Extensão Educação Mineração e Território (EduMiTe), professora na educação básica pública e integrante da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Educadora e mobilizadora em movimentos ambientalistas como o Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela e Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM).

 

Carolina de Moura

Jornalista especializada em gestão do ambiente e sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atua desde 2002 em organizações socioambientais como defensora da Natureza e dos Direitos Humanos. Atualmente é coordenadora do projeto Lótus, do Instituto Cordilheira, que promove a economia criativa de mulheres defensoras de territórios em conflito com a mineração. Representa a entidade na coordenação política da Rede Latinoamericana de Mulheres Defensoras de Direitos Sociais e Ambientais. Pratica a agroecologia familiar no Sítio Nutrealma, em Brumadinho - MG. É uma das protagonistas do premiado documentário "A Ilusão da Abundância"

 

Selma Dealdina Mbaye

Quilombola, ativista.

Formada em Serviço Social.

Articuladora Política da CONAQ.

Vice-presidente do Fundo Casa, Conselheira da Anistia Internacional e Inumeráveis.

 

08/05 | Quarta-feira |19h

O Homem Sem Culpa (The Man Without Guilt)

País: Eslovênia

Ano: 2022

Direção: Ivan Gergolet

Drama, 2h

Classificação indicativa: livre



Sinopse:

Trieste, uma cidade na costa do Adriático, na fronteira entre a Itália e a Eslovênia. Angela é uma viúva de cinquenta anos. Seu marido morreu de câncer de pulmão causado pelo pó de amianto que inalou quando trabalhava. Angela trabalha como faxineira no hospital. Ela descobre que Francesco, ex-empregador de seu marido, foi hospitalizado devido a um derrame cerebral. Lá ela conhece o filho de Francesco, que fica impressionado com os modos simpáticos de Ângela e, sem saber da ligação entre os dois, oferece-lhe trabalho como cuidadora do pai assim que ele receber alta. Como Francesco evitou uma condenação, Angela aceita a oferta de puni-lo, mas logo percebe que não pode machucá-lo. Consumida pela raiva, ela decide separar pai e filho para condenar Francesco à solidão, colocando em risco tudo o que lhe resta: a relação com a filha e a melhor amiga, bem como a sua integridade como mulher. Todas as suas ações se voltam contra ela como um bumerangue, mas quando tudo parece perdido, Angela descobre que a escuridão profunda à qual ela sucumbiu contém uma verdade inesperada. Quando o carrasco se torna vítima de si mesmo, a vingança pode se transformar em perdão e um novo começo é possível.

 

09/05 | Quinta-feira | 19h

A Mentira Verde (The Green Lie)

País: Áustria

Ano: 2018

Direção: Werner Boote

Documentário, 1h40

Classificação indicativa: livre



Sinopse:
Carros elétricos, alimentos sustentáveis, comércio justo. As grandes empresas querem nos convencer de que podemos salvar o mundo apenas com o consumo consciente, mas isso não passa de uma mentira muito difundida e perigosa. O filme percorre lugares onde testemunhamos a destruição maciça por trás da maquiagem do greenwashing: desde a queima de uma floresta na Indonésia, que dá lugar a mais plantações para de óleo de palma, até a indústria do carvão, que provê energia aos carros elétricos, passando pela expulsão de povos indígenas no Brasil para a expansão de enormes fazendas de criação de gado e plantações de soja, milho e cana-de-açúcar.
 
10/05 | Sexta-feira | 19h

Queridas Crianças do Futuro (Dear Future Children)

País: Alemanha

Ano: 2020

Direção: Franz Böhm

Documentário, 1h30

Classificação indicativa: 14 anos


 

Sinopse:

Três regiões do mundo, três conflitos, três protagonistas: Hilda no Uganda, Rayen em Santiago do Chile e Pepper em Hong Kong. O filme conta os desafios, as motivações e as consequências pessoais do seu ativismo. Quer se trate de justiça climática, de problemas de desigualdade social ou de ameaças à democracia, o futuro está sempre em causa.

 

11/05 | Sábado |17h30

Trapo (Stracci)

País: Itália

Ano: 2021

Direção: Tommaso Santi

Documentário, 1h

Classificação indicativa: livre


 

Sinopse:
Um documentário que narra a sustentabilidade da moda através dos olhos daqueles que sempre reciclaram roupas usadas e transformaram resíduos têxteis em uma nova matéria-prima. A história começa em Prato (na região Toscana, Itália), mas alcança todo o mundo, para mostrar o impacto ambiental da indústria da moda e uma experiência extraordinária, antiga e altamente relevante em economia circular: a reciclagem de lã pelas indústrias têxteis do distrito de Prato.

 

11/05 | Sábado |19h
Santuário
País: Espanha
Ano: 2019
Direção: Carlos Bardem e Álvaro Longoria
Documentário, 1h15
Classificação indicativa: livre


Sinopse:
Javier Bardem era um mero doador do Greenpeace quando foi convidado, por meio de seu irmão Carlos, a fazer uma viagem à Antártida no navio da organização para ajudar a aumentar a conscientização e a pressão pela criação de um santuário oceânico na região. Dali, surgiu a ideia de fazer o documentário Santuário, dirigido por Álvaro Longoria e produzido pelos irmãos Bardem. São mais de 70 minutos de imagens que refletem a necessidade urgente de proteger os oceanos.

 

12/05 | Domingo | 17h30
Fordlandia Malaise
País: Portugal
Ano: 2019
Direção: Susana Sousa Dias
Documentário, 1h26
Classificação indicativa: livre



Sinopse:
Filme sobre o presente e a memória de Fordlândia, uma company town fundada por Henry Ford na Floresta Amazônica em 1928, para escapar ao monopólio britânico da borracha. Hoje, o que permanece das construções atesta a escala do fracasso deste empreendimento neo-colonialista que durou menos de uma década. Atualmente, a Fordlândia é um espaço suspenso; suspenso entre tempos (séculos XX e XXI), entre utopia e distopia, entre visibilidade e invisibilidade: construções arquitetônicas de aço, vidro e alvenaria ainda permanecem em uso enquanto vestígios da vida autóctone não deixaram qualquer marca no solo.

 

Embora Fordlândia seja conhecida devido ao curto período Fordiano, não se pode esquecer a história anterior e posterior a estes anos. Dando voz aos habitantes que, rejeitando o rótulo de cidade-fantasma, reclamam o direito de escrever a sua própria história, Fordlandia Malaise combina imagens de arquivo, filmagens de drone, testemunhos, contos e narrativas, mitos e canções.

 

12/05 | Domingo | 18h30
O Território
País: Países Baixos
Ano: 2022
Direção: Alex Pritz
Documentário, 40 min
Classificação indicativa: 12 anos



Sinopse:
Em O Território, o povo indígena Uru-eu-wau-wau viu sua população diminuir e sua cultura ser ameaçada desde o contato com os brancos brasileiros. Embora prometida a autonomia sobre seu território de floresta tropical, eles enfrentaram incursões ilegais de extração de madeira e mineração ambientalmente destrutiva e, mais recentemente, invasões de grilagem de terras. Tendo o desmatamento como consequência, o problema se tornou global. Com acesso inédito e coproduzido pela comunidade Uru-eu-wau-wau, o documentário coloca o público no centro desse conflito. Jovens líderes indígenas e ativistas ambientais arriscam suas vidas para defender a floresta, montando sua própria equipe de mídia independente, usando a tecnologia para expor a verdade e revidar.


Serviço:

 

Mostra de Cinema Europeu

De 6 a 12 de maio

SESC 504 Sul - Unidade Alberto Vilardo

Entrada franca

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Conduzindo Madeleine, de Christian Carion | Assista nos Cinemas


“O que são dez minutos na vida?”… 

No início de “Conduzindo Madeleine”, de Christian Carion, somos apresentados ao rabugento Charles (Dany Boom), um motorista de táxi endividado e prestes a perder a sua Carteira de Habilitação, tamanha a quantidade de multas acumuladas. Teimoso, entretanto, ele continua a praticar pequenos delitos de trânsito, quase involuntariamente, como ultrapassar o sinal vermelho ou falar ao telefone enquanto dirige. Precisa de um milagre para conseguir se recompor financeiramente!

Numa determinada manhã, ele recebe a notícia de “uma boa corrida” (título original do filme), uma convocação para percorrer toda a cidade de Paris com uma passageira, o que lhe renderá um pagamento volumoso. Entusiasmado, mas ainda desconfiado, ele dirige-se ao endereço indicado. Após buzinar muitas vezes, é abordado por uma senhora de noventa e dois anos de idade, Madeleine Keller (Line Renaud), que operará uma verdadeira transformação em sua vida… 

Sem evitar os clichês sentimentais e/ou melodramáticos, o roteiro – escrito pelo próprio diretor, em parceria com o dramaturgo Cyril Gély – destacará as conversas entre a passageira e o taxista, ao longo do percurso. Ela fala bastante, enquanto ele demonstra-se calado, taciturno. A fascinante história de vida da primeira enternecerá o segundo, o que culminará num desfecho previsível e positivamente emocionante. O tipo de catarse lacrimal esperada em tramas como essa, com pitadas benfazejas de empoderamento feminino temporão. 

Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Une Belle Course, 2022. Direção: Christian Carion. Roteiro: Christian CarionCyril Gely. Elenco: Line Renaud, Dany Boon, Alice Isaaz, Jérémie Laheurte, Gwendoline Hamon, Julie Delarme, Thomas Alden, Hadriel Roure. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Direção de Fotografia: Pierre Cottereau. Desenho de Produção: Chloé Cambournac. Trilha Sonora: Philippe Rombi. Montagem: Loïc Lallemand. Figurino: Agnès Noden. Distribuição: Califórnia Filmes. Duração: 91 min.

Na adolescência, pouco após a II Guerra Mundial, Madeleine (então interpretada por Alice Isaaz) apaixona-se por um soldado norte-americano, mas ele volta para o seu país, três meses depois de um inesquecível idílio romântico. Tal situação aparece em ‘flashback’, à medida que a idosa Madeleine relata os eventos de sua juventude para o empedernido Charles. Pouco a pouco, ele se demonstrará muito interessado naquilo que ela tem para contar. Principalmente, depois que ela revela que foi presa… 

Criando sozinha o seu filho, Madeleine casa-se com um homem violento, Ray (Jérémie Lahuerte), numa década, a de 1950, em que as mulheres são judicialmente subjugadas aos seus maridos. Ray a espanca freqüentemente, mas ela suporta a violência relacional, pelo bem de seu filho, a quem Ray tacha de “bastardo”. Quando o garoto pergunta à mãe o que quer dizer esta palavra, Madeleine constata a toxicidade de sua relação. Como ela terminou solteira, na velhice? Ainda há muito a ser contado… 

Créditos: Une Hirondelle Productions, Pathé e TF1 Films Production
A co-produção franco-belga ''Conduzindo Madeleine'' chegou a ser indicada a prêmios em festivais no Japão e em Beijing.

A intervenção protetoral de Madeleine, quando Charles é interrogado por policiais, faz com que ele se sinta irreversivelmente próximo a ela. Comem juntos, passeiam por lugares que ela visitara na juventude, compartilham experiências e lembranças. Uma amizade sincera é construída, num filme que se parece com tantos outros, mas que também possui um charme discreto e singular. Não há sobressaltos na direção ou nos demais elementos técnicos do filme, exceto pelas interpretações dos dois atores principais, que são ótimas. É um filme que, em sua simplicidade, nos comove. Como não se apaixonar pela força de Madeleine? 

Em determinado momento, sabemos que ela está indo para um asilo, onde ficará internada, visto que mão possui nenhum parente vivo. O espectador começa a imaginar como será o desenlace dessa viagem, sendo que, muitas vezes, acompanhamos a contagem do taxímetro no automóvel de Charles. Teria ele coragem de cobrar à adorável velhinha a alta conta associada à corrida? Será que eles possuem algum parentesco? Charles compreenderá a relevância das viagens e das lembranças, conforme insiste Madeleine, em seus conselhos benevolentes? São perguntas um tanto óbvias, mas que funcionam bem na cadência leve e discreta desta narrativa entremeada pela carência afetiva, afinal solucionada pela graça fortuita de um encontro. São noventa minutos de duração que compensam a entrega espectatorial: uma fofura de filme! Sem arroubos autorais, mas terno naquilo que propõe, em meio às variegadas convenções do gênero dramático. Vale o preço da corrida! 

HOJE NOS CINEMAS

Love Lies Bleeding - O Amor Sangra, de Rose Glass | Assista nos Cinemas


A escritora e diretora Rose Glass, aclamada por seu primeiro trabalho "Saint Maud" (2019), entrega ao público seu segundo longa-metragem “Love, Lies, Bleeding”, no Brasil o filme tem o subtítulo "O Amor Sangra". Sensual, sangrento, selvagem, sobrenatural, fantasioso, e mais uma gama enorme de adjetivos pode ser atribuída a pelicula. Chega a ser corajoso tentar defini-la e impossível sair da sala de cinema indiferente à ela. Uma viagem muito louca de anabolizantes. 

Em 1989, Lou (Kristen Stewart) é a gerente nada sociável de uma academia no Novo México. O lugar é dominado pela violência, por sujeitos trogloditas e por uma polícia corrupta. Lou vem de uma família disfuncional. A mãe, sumiu. O pai esconde uma vida de crimes. A irmã vive uma relação abusiva, submetendo-se de livre e espontânea vontade a um marido violento, em nome de uma família de fachada. 

Subitamente, chega à cidade uma atleta, Jackie (Katy O’Brian) que está viajando de carona com destino a Las Vegas. A moça deseja realizar seu maior sonho, vencer uma competição de fisiculturismo e não mede esforços para isso. Ela é linda, corpo monumental, músculos bem torneados, mas esconde um passado misterioso. O corpo escultural acoberta traumas e raivas contidas. 

              Créditos: A24 Filme e Escapa Plan Productions 
A produção estreou no Festival de Sundance deste ano com muitos aplausos e aclamação. No Festival de Berlim, em fevereiro passado, chegou a receber indicação a "melhor filme".

O amor entre Lou e Jackie é intenso, visceral, sensual e violento.  Jackie, antes uma couraça de força, se torna vulnerável pela relação de cumplicidade entre ambas.  A trama apresenta reviravoltas surpreendentes tornando- se sombria e sobrenatural, com toques de drama policial. O tipo de narrativa envolvente que só se define assistindo. 

Ed Harris está irreconhecivelmente crível como o vilão mafioso, Sr. Lou. Jena Malone é a irmã Beth e Dave Franco é o cunhado J.J. Kristen Stewart entrega uma personagem que vai da inicial apatia evoluindo para uma mulher fria e calculista, capaz de matar para proteger quem ama.

O Amor Sangra e transforma. Para o bem ou para o mal. E apesar de tudo, ainda pode ser chamado de Amor.

Trailer 

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Love Lies Bleeding, 2024.  Diretora: Rose Glass. Roteirista: Rose Glass e Weronika Tofilska. Elenco: Katy O'Brian , Kristen Stewart, Anna Baryshnikov, Dave Franco, Jena Malone, Eldon Jones, Ed Harris. Gênero: Drama, Ação, Policial, Misterio, Suspense. Nacionalidade: Rua, Reino Unido. Trilha Sonora Original: Clint Mansell. Diretor de Fotografia: Ben Fordesman. Figurino: Olga Mill. Edição: Mark Towns. Design de Produção: Katie Hickman. Produzido Por: Andrea Cornwell e Oliver Kassman. Produtores Executivos: Susan Kirr, Ollie Madden, Daniel Battsek e David Kimbangi. Empresas Productoras: A24, Filme e Escape Plan Productions. Distribuidora: Synapse Distribution. Duração

O longa contou com pré estréia nos últimos fins de semana em algumas cidades e capitais brasileira e chegou aos cinemas nesta quarta-feira (01).

Avaliação: Três bíceps bem definidos. (3/5)

Em Exibição nos Cinemas 

Verissimo, Ângelo Defanti | Assista nos Cinemas


“Se me escolherem como candidato a algo, eu desisto antes; se eu for eleito, a Lúcia governa em meu lugar”! 

Quem já teve a oportunidade de ler “Ed Mort e Outras Histórias” (publicado inicialmente em 1979), “O Analista de Bagé” (1981), “Sexo na Cabeça” (1982), “Comédias da Vida Privada” (1994) e “As Mentiras que os Homens Contam” (2000), entre tantos outros títulos, reconhece o octogenário Luis Fenando Verissimo como um dos mais engraçados autores brasileiros. Inteligente e irreverente, ele é também muito tímido em sua vida privada, sendo a sua introspecção destacada em várias de suas biografias. É o que acontece aqui, mais uma vez! 

Diferentemente do que foi feito no documentário “Luis Fernando Verissimo – O Filme” (2023, de Luzimar Stricher), este novo longa metragem sobre ele não possui depoimentos de terceiros nem faz um inventário cronológico acerca de sua carreira. O cineasta fluminense Ângelo Defanti, que já adaptara o autor – muito bem, por sinal – em “O Clube dos Anjos” (2020 – resenhado aqui), prefere uma abordagem mais intimista, quase camerística, respeitando a tendência do escritor ao recolhimento doméstico. 


Filmado em setembro de 2016, quando se comemorava justamente os oitenta anos do biografado, o diretor utiliza este ponto de partida celebratório para permear a sua narrativa documental: acompanhamos o cotidiano do escritor das duas semanas anteriores à data do seu aniversário até o dia seguinte à festa, quando ele retorna às suas atividades habituais. E conhecemos bastante sobre a sua rotina…


Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Veríssimo, 2024. Direção: Angelo Defanti. ParticipaçõesFamília Verissimo - Luis Fernando, Lucia Helena, Clarissa, Fernanda, Mariana, Pedro, Lucinda, Davi, Andrew, Ricardo, Mafalda (in memoriam) e Erico (in memoriam). Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: Angelo Defanti e Bruno Polidoro. Montagem: Eduardo Aquino. Desenho e Edição de Som: Felippe Mussel. Mixagem: Bernardo Adeodato. Coordenação Executiva: Veronika Berg. Produtor Associado: Daniel Ribeiro. Produção Executiva: Bárbara Defanti e Diana Almeida. Produzido por: Bárbara Defanti, Diana Almeida, Angelo Defanti. Empresas Produtoras: Sobretudo Produções, Lacuna Filmes, Canal Brasil. Distribuidora: Boulevard Filmes. Co-distribuição: Vitrine Filmes e SP Cine. Duração: 90min.

Muitíssimo bem casado, há mais de sessenta anos, com Lucia Verissimo (nascida Lúcia Helena Massa), o casal reside em Porto Alegre e é continuamente visitado por seus filhos e netos. No filme, vemo-lo digitando algumas de suas crônicas contemporâneas, além de realizar exercícios de fisioterapia e brincar com as crianças. Sons de relógios, campainhas e telefonemas são freqüentes. Mas Luis Fernando fala pouco: gosta de assistir aos jogos de futebol de seu time do coração, o Internacional, que não estava numa boa fase na época em que o filme foi gravado. Quando o time faz um gol, ele comemora de maneira discreta, quase como se estivesse sussurrando. 


Filho do célebre romancista gaúcho Érico Veríssimo [1905-1975], Luis Fernando constata que está prestes a ficar dez anos mais velho que ele. Sempre simpático, apesar de sua extrema discrição, ele aceita diversos convites interestaduais, por conta do lançamento de uma nova obra, de caráter infantil, “As Gêmeas de Moscou” (2016). Em São Paulo e no Rio de Janeiro, ele participa de inúmeras entrevistas, e, quando lhe perguntam “como é completar oitenta anos de idade?”, ele sempre responde da mesma maneira: “a gente se distrai e, de repente, estamos com oitenta anos”! 


Créditos: Boulevard Filmes, Vitrine Filmes e SP Cine
O filme esteve na seleção de competição da 29° Edição do Festival "É Tudo Verdade" este ano e chega agora aos cinemas de Aracaju, Belo Horizonte, Brasilia, Caxias do Sul, Cruz Alta, Cuiabá, Fortaleza, Niteroi, Poços de Caldas, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo


Espirituoso, Luis Fernando Verissimo demonstra que as tiradas chistosas de seus personagens são aproveitadas no seu dia a dia. Vide o instante em que, ao ser questionado sobre qual livro ele levaria para uma ilha deserta, ele dispara: “um livro sobre como construir uma canoa para sair dali”. Um gênio, indubitavelmente, mas que não é efetivamente apresentado, neste filme, para quem não o conhece – caso ainda haja alguém nesta situação: ele não compartilha muitos causos, não fala sobre o período em que foi músico de jazz, não lista as suas obras. Ele é apenas ele mesmo, diante da câmera, movimentando-se com dificuldade, por causa do envelhecimento. O que não deixa de ser uma proposta arriscada, por parte do diretor. 


Terminada a sessão, mui reverente, fica-se com a sensação de que falta algo, de que o escritor não foi suficientemente explorado, quanto à multiplicidade de interesses despertados. Já que a abordagem é datada (setembro de 2016, conforme mencionado acima), este recorte temporal – ainda que justificado pelo importante aniversário do autor – soa contingente, por mais que se cantem parabéns, muitas vezes, ao longo dos noventa minutos de duração. É sobremaneira válido assistir às sutis movimentações do escritor, feliz e merecidamente homenageado em vida, mas, enquanto filme, não acrescenta muito ao que já foi realizado sobre ele. Algo foi modificado no projeto original, talvez? Da maneira como ficou, decepciona quem alimenta expectativas a partir da menção sobrenominal titular… 


Hoje nos Cinemas