quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Ben-Hur (3D)


A épica jornada de Judah Ben-Hur, um rapaz de origem nobre acusado de traição que acaba sendo condenado à escravidão, é mais uma vez tema de uma produção audiovisual. O personagem já foi relembrado em inúmeras outras adaptações, desde curtas a mini-séries, além do filme oscarizado de 59 com o astro Charlton Heston.

Neste novo recorte, os roteiristas, John Ridley e Keith R. Clarke, usam de uma narrativa mais arrojada para recontar a história do contemporâneo de Cristo. Acentuam um Ben-hur motivado por vingança, contudo dão a ele tempo para se tornar misericordioso. O time de edição nos traz um projeto menos rebuscado e mais sucinto e a direção de Timur Bekmambetov escolhe um caminhar menos atencioso, menos detalhista e mais sóbrio.

O elenco vem de diversas partes do globo. Temos os atores ingleses Jack Huston e Toby Bebbell, o consagrado ator norte-americano Morgan Freeman e também as carinhas frescas de Moises Arias e Sophia Black-D'Elia, a iraniana Nazanin Boniadi, a israelense Ayelet Zurer, um pouquinho do gingado brasileiro com Rodrigo Santoro, e ainda do continente europeu o dinamarquês Pilou Asbæk e o holandês Marwan Kenzari.


A trama, segundo o próprio diretor, segue mais a risca o livro no qual é adaptada do que as produções que a antecedem. Assim, condiz mais a compará-la a obra escrita por Lew Wallace. Contudo, percebe-se aqui e ali cenas semelhantes ao filme pomposo de William Wyller.

Lá o delineamento da história é cheio de particularidades. Aqui o contorno é preciso e não perde tempo em rodeios. Mas o que o primeiro ganha em beleza o segundo é desfalcado em minuciosidade. 

Não obstante, Ben-Hur (Huston), tem uma jornada mais linear neste. Vive uma infância feliz com o irmão adotado, Messala (Kebbell), os dois crescem e seguem seus caminhos. Hur casa-se com a mulher que ama, Esther (Boniadi), e Messala entra para o exército Romano. Quando este último retorna a cidade, os conflitos mais intensos acontecem e transformam a vida de Hur e sua família. 

Apenso a isto têm-se dois planos de fundo: a guerra entre zelotes e romanos e ainda a caminhada de Jesus Cristo (Santoro) na história. A primeira é sinalizada a partir dos atos do jovem Dismas (Arias) que atenta contra a vida do recém chegado Pôncio Pilatos (Asbæk), desencadeando conflitos entre Ben-Hur e Messala. Hur, desde o principio, se mostra neutro quanto à luta de seus compatriotas com os romanos, todavia, com a sua queda e aprisionamento injustos, revê sua opinião. O segundo enquadramento aprofunda a trajetória de Jesus de Nazaré no enredo. Presença que Wyller, em 59, escolheu não dar rosto, mas que comoveu tanto ou até mais. Ben-Hur, a partir do intermédio de sua esposa Esther, vai construindo uma relação com o Messias e o encontro deles é sempre impactante para Hur.
Ben-Hur (Huston) retribui ato de compaixão ao Messias (Santoro)
E é após as viradas de rumo em sua vida, sua persistência para sobreviver ao tempo de servidão e buscar vingança de Messala , que Hur encontra Ilderim (Freeman). Um poderoso dono de postos nas corridas de biga que o ajudará a ascender novamente e saber o que houve com sua família.

Há uma clara exclusão de personagens, nesta nova re-edição da história, e inclusão de outros. Ou também contrastes distintos. O que pode para alguns não fazer diferença e para outros sim. Mas vale lembrar que tal fator não é o que deixa a trama menos interessante e sim a confusão que se fazem em algumas cenas. No clássico de Wyler, por exemplo, a corrida é uma das cenas mais belas do filme e aqui nem tanto. Outra cena que perde um pouco o contexto é a de quando Hur é escravo no navio - exatamente porque o resultado final daquele conflito dava ao personagem um ressurgimento mais classudo.

Ben-Hur de William Wyller
As atuações de Huston, Santoro, Boniadi e Freeman são as mais fortes. Jack Huston, pelo sobrenome já diz muito de si. Sobrinho de Angélica Huston e neto de John Huston, o moço vem de uma família altamente incorporada ao mundo das artes. Sua filmografia lista diversas séries, entre elas, Boardwalk Empire. Também participou de ' Trapaça (2013)' de David O. Russel e viveu o famoso escritor Jack Kerouac em 'Versos de Um Crime', também de 2013. Santoro continua a crescer no cenário internacional e em outubro estará na produção da HBO, WestWorld. Boniadi pode ser lembrada por sua participação na série de tevê 'Homeland' e Freeman dispensa comentários (by the way, adorey os dreadlocks). Toby Kebbell já esteve melhor em vários outros filmes, como exemplo: 'O Planeta dos Macacos: O Confronto' e também 'Rock'n'Rolla: A Grande Roubada' e Pilou Asbæk pôde ser visto na última temporada de Game of Thrones como Euron Greyjoy. 

Jack Huston (Ben-hur), o diretor Timur Bekmambetov e Toby Kebbell (Messala)

Timur Bekmambetov sai das direções de 'O Procurado' e 'Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros' para esta mega produção e não se preocupa muito em fazer melhor do que Wyller, pois deixa claro que tem outra mensagem para mostrar: a de como a resiliência e o perdão podem transformar vidas (uma que o Brasil, em tempos atuais, poderia muito bem adotar). 

trilha sonora de Beltrami não se alicerça em sons estridentes como a de Miklós Rósza. O filme também ganhou uma música tema na voz da cantora Andra Day (que pode ser ouvida logo no inicio dos créditos). O figurino e a direção de arte estão soberbos. Basta olhar para as roupas de Pôncio Pilatos e para os detalhes do set que fica perceptível. 
Trailer




Ficha técnica: Ben-hur, 2016. Direção: Timur Bekmambetov. Roteiro: John Ridley e Keith R. Clarke - adaptado do livro homônimo de Lew Wallace. Elenco: Jack Huston, Nazanin Boniadi, Morgan Freeman, Ayelet Zurer, Tobby Kebbell, Sophia Black-D'Elia, Rodrigo Santoro, Moises Arias, Pilou Asbæk. Nacionalidade: Eua. Gênero: Ação, Épico, Aventura. Trilha Sonora Original: Marco Beltrami. Fotografia: Oliver Wood. Direção de Arte: Roberto Caruso. Figurino: Varvara Avdyushko. Edição: Dody Dorn, Richard Francis-Bruce e Bob Murawski. Distribuidora: Paramount Pictures. Duração: 02h03min.
Em um ano permeado de remakes, reboots e continuações este aqui até que passa por mediano. Dispense o 3D.

Avaliação: Dois quilômetros de arrogância romana contra setenta e cinco sentimentos de coragem judia (2,75/5) .

Não recomendado para menores de 14 anos
Hoje nos Cinemas!

See Ya!
B-

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