Boneco de Neve, livro do norueguês Jo Nesbø, lançado em 2007, faz parte da série de livros sobre o detetive Harry Hole - que no Brasil ganhou publicação da Galera Record e teve um sucesso estrondoso tanto quanto nas prateleiras mundo afora.
A trama da sétima aventura do policial é estrelada pelo ator Michael Fassbender (Bastardos Inglórios) e diz respeito ao desaparecimentos de mulheres em Oslo, capital da Noruega. As vítimas são em sua maioria mães e visitaram a mesma clinica ginecológica. O detetive fica instigado pelo caso, após começar a receber mensagens anônimas com um desenho desleixado de um boneco de neve.
O filme tem ainda no elenco Val Kilmer, Charlotte Gainsbourg, J.K. Simmons, Michael Yates e Rebecca Ferguson. A produção executiva é de Martin Scorsese e a direção de Tomas Alfredson (O Espião Que Sabia Demais e Deixe Me Entrar). 'Boneco de Neve' entra em cartaz nesta quinta-feira (23)
Trailer
Quando o longa se inicia, o espectador viaja pelos campos gélidos da Noruega e conhece um pouco da infância trágica de um garoto que é bruscamente abandonado pelo pai, após a mãe revelar que decidiu contar a verdade sobre a existência da criança a outra família do homem. Há uma passagem de tempo clara e logo vemos um parque coberto de neve com casinhas e brinquedos infantis. Ali encontramos um homem deitado próximo a uma garrafa de bebida. Aquele é Harry Hole (Fassbender), policial do departamento de investigação da polícia local. Hole está abatido e aparece para o trabalho depois de tirar férias sem avisar aos seus superiores. Ao verificar sua caixa de correio, o detetive encontra uma carta anônima com uma mensagem estranha e com um desenho de um boneco de neve. Ao deixar o local, ele pega uma carona com uma colega (Ferguson) e durante o percurso eles são chamados para verificar o desaparecimento de uma jovem mãe. Na frente da casa, Hole encontra um boneco de neve similar ao desenho que recebeu na carta anônima mais cedo, todavia, não dá muita bola. Não demora muito e desaparecimentos de mulheres começam a se tornar mais contínuos e próxima a casa delas sempre há um boneco de neve. Além do caso instigante, Harry parece ainda estar muito envolvido com a ex-namorada Rakel (Gainsbourg) e o filho dela Oleg (Yates).
Na primeira foto, Fassbender (Harry) contracena com Gainsbourg (Rakel) e na segunda com Ferguson (Katrina)
O roteiro não consegue captar o tom do livro e se desequilibra diversas vezes ( no terceiro ato vemos isso claramente). Acaba confundindo onde não deveria e ao desmembrar a história deixa 'pontas soltas' para a funcionalidade de 'certos personagens e/ou acontecimentos'. Não consegue também ser tão arrepiante quanto a obra que adapta e suas poucas deixas para descobrirmos quem é o assassino são óbvias em demasiado.
A 'Hollywodização' do elenco e a língua falada na produção, obviamente o inglês, torna desnecessária a trama se passar na Noruega. Há uma inserção de atores suecos e noruegueses, mas não encontra-se identidade em nenhum deles. Os sotaques até tem sua beleza, inclusive o de Fassbender, contudo isso não faz o longa ganhar 'naturalidade local'.
A direção de Alfredson desliza por somar muitos encontros e não resultar em nada. Traz takes amplos e difíceis, mas sem muito esplendor na técnica. Vemos pouco dinamismo e muita cenas gratuitas (como uma quase pegação entre Gainsbourg e Fassbender). Ele parece exigir muito pouco dos atores e todos os que já são conhecidos do público não trazem nada de novo. A detetive Katrina de Rebecca Ferguson talvez seja a que mais se movimente ali, até mais que o protagonista, porém, não usa muito a racionalidade e se deixa levar por 'dramas pessoais'.
Chloë Sevigny interpretra as gêmeas Sylvia Ottersen e Ane Pedersen, uma delas é vítima do assassino em série. |
A aparição de Val Kilmer como o detetive Rafto faz jus a uma subtrama do enredo e auxilia na compreensão de alguns fatos, mas é também meia boca. James D'Arcy é outro que também poderia ter ficado sem esse longa no currículo. O vilão é tão raso que todo o quadro dramático criado no inicio poderia ser excluído com facilidade.
Editado com cortes confusos, o filme aparenta ser maior do que realmente é e sua fotografia obscura e gelada não cala alguns dos erros triviais aqui.
A trilha sonora de Marco Beltrami (escute aqui) entrega um suspense calmo e sem muitos sons fortes. Canções eletrônicas temperam algumas cenas e mostram o gosto europeu pelo ritmo.
Ficha técnica: The Snowman, 2017. Direção: Tomas Alfredson. Roteiro:
Peter Straughan, Hossein Amini, Søren Sveistrup -
baseado na obra ''Boneco de Neve'' de Jo Nesbø. Elenco: Michael Fassbender, Val Kilmer, Rebecca Ferguson, Charlotte Gainsbourg, Jonas Karlsson, Michael Yates, James D'Arcy, Toby Jones, J.K. Simmons, Ronan Vibert, Adrian Dunbar, Chloë Sevigny Genevieve O'Reilly. Gênero: Suspense, policial. Trilha Sonora Original: Marco Beltrami. Fotografia: Dion Beebe. Edição: Thelma Schoomaker e Claire Simpson. Distribuidor: Universal Pictures do Brasil. Nacionalidade: Reino Unido, Estados Unidos e Suécia. Duração: 01h59min.
Avaliação: Dois livros mal digeridos (2/5).
Não recomendado para menores de 16 anos
Em cartaz!
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