quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O Manicômio



No longa alemão O Manicômio (Heilstätten, 2018), um grupo de youtubers se desafia a passar 24 horas dentro de um hospital nazista abandonado e postar o resultado para seus seguidores em seus respectivos canais. O filme segue o estilo found footage, usando as câmeras pessoais dos personagens como ferramentas diegéticas e extradiegéticas. Como cada personagem tem a sua própria câmera, contamos com vários tipos de imagem: umas mais “limpas” e profissionais, outras filmadas a partir de um aparelho de celular, algumas com modo noturno e até infravermelho.

As primeiras horas de estadia no local, supostamente mal-assombrado, são tranquilas. O grupo estabelece sua base, coloca as câmeras a postos e começa a ficar a vontade, fazendo pegadinhas uns com os outros o tempo todo. Mas quando a noite cai e o gerador misteriosamente deixa de funcionar, presenças sinistras começam a se revelar e os youtubers logo se arrependem de terem ido brincar com algo tão sério. Principalmente quando se descobrem presos ali.

Marnie, a garota sensível e sensitiva do grupo, logo associa os acontecimentos à famosa Paciente 106 – uma mulher que foi usada como cobaia de diversos experimentos médicos até morrer nesse mesmo prédio. Enquanto seus amigos vão desaparecendo e sendo feridos, a garota entende as ações da fantasma como uma forma de se comunicar e, usando a lógica, tenta ajuda-la para fazer o pesadelo parar.

Marnie é a única que está ali para algo além de filmar um desafio e ganhar visibilidade com isso. É também o papel menos raso. Nesse sentido, o filme tenta construir uma crítica acerca dos jovens fúteis que consomem entretenimento barato, só ligam para fama e fazem qualquer coisa para consegui-la. O outro personagem que foge disso é Theo, ex-namorado de Marnie, que não está interessado em produzir conteúdo de humor. Todos os demais (Charlie, Finn, Beth e Emma) parecem ser a mesma pessoa em termos de personalidade.

O diretor (Michael David Pete) se vale do pretexto da falta de iluminação no prédio para usar ainda mais facilmente o recurso dos jump scares a todo momento. O escuro e a câmera móvel e trêmula são usados para confundir o espectador quanto ao que está acontecendo e onde os protagonistas estão. Apesar de numerosos, com o tempo os sustos se tornam cansativos. E não há cenas violentas ou gráficas, pois tudo é mostrado muito rapidamente justamente devido ao movimento constante da câmera na mão. Portanto, sentir medo com esse filme é uma tarefa um tanto árdua.

De todos os pontos fracos, o roteiro definitivamente é o pior. Há um grande plot twist perto do fim, mas ele serve mais para deixar a audiência confusa que para surpreendê-la ou assusta-la. Além disso, a motivação do vilão é apresentada, mas não convence. O ponto alto poderia ser a imersão, visto que a claustrofobia da construção e da escuridão nos aproxima um pouco dos personagens. Mas a distribuição do filme no Brasil se deu apenas em sua versão dublada e as vozes falsas não transmitem qualquer empatia ou sensação de perigo real.

Trailer


Ficha técnica
Título Original: Heilstätten, 2018. Direção: Michael David Pete. Roteiro: Ecki Ziedrich e Michael David Pete. Elenco: Nilam Farooq, Farina Flebbe, Senja Gerhardt, Maxine Kazis, Lisa-Marie Koroll, Emilio Sakrava, Tim Oliver Schultz, Davis Schultz, Timmi Trinks. Nacionalidade: Alemanha. Gênero: terror. Trilha Sonora Original: Andrew Relch. Fotografia: Pascal Schmit. Edição:Michael David PeteDistribuição: Paris Filmes. Duração:01h29min.

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