quinta-feira, 29 de abril de 2021

Do Outro Lado da Lei, de Pablo Trapero | Assista no Belas Artes à La Carte

 

Pablo Trapero sempre traz ao cinema estórias de casos reais ou que denunciam e criticam injustiças sociais. Trabalhando ativamente na indústria desde 1999, o diretor já teve produções em diversos festivais e chegou a dirigir o ator brasileiro Rodrigo Santoro no excelente 'Leonera' (2008). Seis anos anterior a este trabalho, aliás, Trapero lançava 'Do outro Lado da Lei', produção que segue a jornada de Zapa (Jorge Román). Um serralheiro que se junta a policia argentina e tem de lidar com situações duras, após sua formatura. 

Na polícia, obviamente, Zapa conhece os modos corruptos do trabalho de seus superiores e ao se sobressair nas ações e medidas que a corporação tem diariamente, acaba até subindo de cargo. Durante sua formação, conhece Mabel (Mimí Ardú), professora e militar responsável pelas turmas, e eles acabam se envolvendo por algum tempo, mas a conduta profissional e pessoal do homem acaba sendo um obstáculo para que a professora insista na relação.

Até entrar no serviço militar, o serralheiro vivia em um vilarejo mais distante dali e mantinha contato constante com a família. Com esta nova vida, isto só volta a ocorrer quando situações do cotidiano o colocam em perigo. 

Cardápio da semana


Ficha Técnica

Título original e ano: El Bonaerense, 2002. Direção: Pablo Trapero. Roteiro: Nicolas GueilburtRicardo RagendorferDodi ShoeuerPablo Trapero e Daniel ValenzuelaElenco: Jorge Román, Mimí Ardú, Darío Levy,  Hugo Anganuzzi, Victor Hugo Carrizo. Gênero: Crime e Drama. Nacionalidade: Argentina, Chile, Holanda e França. Trilha Sonora Original: Pablo Lescano. Fotografia: Guillermo Nieto. Edição: Nicolás Goldbart. Duração: 01h45min.

Trapero é sagaz ao mostrar a vida simples e suas dificuldades. Não nos faz julgar os personagens que conhecemos, mas nos deixa entender seus atos ou até ter empatia por suas escolhas. Se estas são certas ou não, o destino final de cada um poderá dizer e justificar. 

O personagem central aqui, Zapa, anteriormente somava responsabilidades mais comuns em seu dia a dia e o novo trabalho não chega a ele exatamente por vontade própria. Tem também a necessidade, entre outros fatores. Mas o intrigante na jornada que assistimos é como se dá a sua transformação visto ao que ele vê dentro da corporação e a como reage ao que apreende. Ao espectador, fica a chance de pensar não só nas complexidades do trabalho de policial como também ao comportamento dos homens que acaba sendo exagerado para com todos, até mesmo para com as mulheres que tem um certo afeto.

Avaliação: Três homens brutos (3/5).

Serviço:

Planos de assinatura com acesso a todos os filmes do catálogo em 2 dispositivos simultaneamente.

Valor assinatura mensal: R$ 9,90 | Valor assinatura anual: R$ 108,90

Super Lançamentos: Com valores variados, a sessão ‘super lançamentos’ traz os filmes disponíveis no cardápio para aluguel por 72hs.

Para se cadastrar acesse: www.belasartesalacarte.com.br e clique em ASSINE.

Ou vá direto para a página de cadastro:

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Aplicativos disponíveis para Android, Android TV, IPhone, Apple TV e Roku. Baixe Belas Artes À LA CARTE na Google Play ou App Store.

India Song, de Marguerite Duras | Assista no Belas Artes à La Carte



Escrito e dirigido por uma das grandes escritoras francesas do século XX: Marguerite Duras, sofisticada e culta romancista que aqui no Brasil ficou conhecida pelo best-seller O Amante, o filme India Song expande os limites da linguagem cinematográfica numa obra vanguardista e sedutora de duas horas de duração. 

Realizado em 1975, o filme surpreende ainda hoje com sua visão do cinema e de como uma estória deve ser contada. Esse frescor na narrativa é muito bem-vindo, pois educa o olhar do espectador ao novo e amplia sua compreensão da 7ª arte, visto que atualmente, praticamente temos uma leva gigantesca de blockbusters sendo exibidos nas telas dos cinemas. Mas para que isso aconteça, é importante que o cinéfilo entre no ritmo do filme e perca-se na sua dança, a princípio estranha, até mesmo difícil, mas belíssima ao final.

Anne-Marie Stretter, interpretada pela atriz icônica Delphine Seyrig, de O Ano Passado em Marienbad e outros clássicos, é a esposa aborrecida e entediada de um diplomata francês em Calcutá, que passa o tempo traindo o marido com outros europeus insatisfeitos na Índia. Eles moram em uma mansão onde vivem dando festas. Rodeada por homens, Anne-Marie seduz a todos com danças e olhares lânguidos.

Cardápio da semana


Ficha Técnica

Título original e ano: India Song, 1975. Direção e roteiro: Marguerite Duras. Elenco: Delphine Seyrig, Michael Lonsdale, Mathieu Carriére. Gênero: Drama, fantasia e Romance. Nacionalidade: 1975. Fotografia: Bruno NuyttenTrilha Sonora Original: Carlos d'Alessio. Distribuição: Imovision. Duração: 2rs.

O filme é praticamente uma sucessão de flertes e a fotografia remete a uma série de pinturas vivas, numa encenação artificial da realidade, com muito luxo e glamour. O som é incrível, uma polifonia de vozes dialogando literariamente, com enxertos de vozes dos nativos da Índia e seus cantos, numa fusão que converte o filme numa poesia oral bela e original. Esta junção de cenários belíssimos, diálogos literários e sons captados na Ásia é o que representa a originalidade do filme, que o transforma em obra única e difícil de ser imitada, verdadeiro legado dessa diretora ao cinema mundial.

Na minha opinião, é uma obra-prima indiscutível, pois gosto deste tipo de película vanguardista, ousada e transgressora da linguagem cinematográfica. Se você gosta de uma linguagem mais tradicional, permita-se perder nessa sofisticada narrativa de Marguerite Duras e deslumbre-se com sua beleza! Este filme encantador e poético estreia hoje dia 29/04/2021 na plataforma de streaming Petra Belas Artes.

Nota 9/10.

Serviço:

Planos de assinatura com acesso a todos os filmes do catálogo em 2 dispositivos simultaneamente.

Valor assinatura mensal: R$ 9,90 | Valor assinatura anual: R$ 108,90

Super Lançamentos: Com valores variados, a sessão ‘super lançamentos’ traz os filmes disponíveis no cardápio para aluguel por 72hs.

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O Auto da Boa Mentira | Hoje nos Cinemas

 

Se a arte tem o papel de nos fazer pensar e refletir, ela pode também nos entregar momentos leves e divertidos. Aliás, tais características estão sempre alinhadas as mensagens das obras do grande escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, falecido em 2014. Este, nos últimos anos de sua vida era super proativo e estava sempre fazendo palestras e concedendo entrevistas, além do oficio de produzir e publicar histórias. Alguns dos 'causos' e contos que Suassuna externou em tais momentos foram adaptados a uma obra cinematográfica e entra em cartaz hoje nas salas recém abertas a partir das determinações de higiene pelo Ministério da Saúde.

Com direção de José Eduardo Belmonte, 'O Auto da Boa Mentira', traz ao moviegoer histórias de grandes e bons mentirosos com aquele jeitinho cordialíssimo e engraçadíssimo de Suassuna. Os contos são estrelados por Leandro Hassum, Rocco Pitanga, Nanda Costa, Renato Góes, Cassia Kiss, Jackson Antunes, Luiz Miranda, Johnny Massaro, Cacá Ottoni, Sérgio Loroza, Jesuita Barbosa e Chris Masson

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: O Auto da Boa Mentira, 2021. Direção: José Eduardo Belmonte. Assistente de Direção: Julia Moraes. Roteiro: João Falcão, Tatiana Maciel, Célio Porto. Elenco: Leandro Hassum, Rocco Pitanga, Nanda Costa, Renato Góes, Cassia Kiss, Jackson Antunes, Luiz Miranda, Johnny Massaro, Cacá Ottoni, Sérgio Loroza, Jesuita Barbosa e Chris Masson. Gênero: Comédia. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: Kika Cunha. Montagem: Quito Ribeiro, ZéPedro Gollo. Edição de Som e Mixagem: Ricardo Cuts. Direção de Arte: Daniel Flaksman. Figurino: Ana Avelar. Maquiagem: Uirandê Holanda. Produção Executiva: Rômulo Marinho. Produção: Cinegroup. Coprodução: Globo Filmes. Distribuição: Imagem Filmes. Classificação indicativa: 12 anos.

No filme de Belmonte, roteirizado pelo trio João Falcão, Tatiana Maciel, Célio Porto, adentramos ao mundo mágico de quatro tramas distintas, mas como uma ligação essencial e que acontece a partir de uma ação dos personagens centrais.

O primeiro arco é protagonizado por Leandro Hassum e este vive um funcionário de RH que é confundido com um comediante famoso e embarca na confusão para assim viver os benefícios daquela vida que não é a sua. Hassum contracena com Nanda Costa e Rocco Pitanga e vê um pouco de sua história de vida misturada a do personagem. 

Outra das histórias vem a partir da morte de um pai e a necessidade de uma mãe que pede ao filho que a ajude a enterrar o defunto de forma requintada e que custa uma fortuna. O rapaz é vivido por Renato Góes (Macabro e Legalize Já) e Cassia Kiss vive a mãe. O intrigante do arco é que uma mentira envolvendo  o palhaço do circo e a mãe do jovem faz este se questionar sobre seu verdadeiro pai e cometer ações que talvez não sejam bem pensadas e sofrer por estas. Ainda assim, a dupla Góes e Kiss nos faz rir com leveza e sutilidade. 



Ao passo que conhecemos mais a história do filme, ficamos embasbacadas com a expertise de um gringo em uma comunidade carioca querendo se safar de um encontro de amigos usando o jeitinho brasileiro de contar lorotas como '' ah, não fui, pois fui assaltado''. Dai a confusão se arma quando os que o cercam e tem grande afeto por este contatam o ''dono do lugar'' para entender o roubo e tomar providências. Jesuita Barbosa, Sergio Loroza e Chris Masson nos deliciam com momentos de tensão e alivio aqui. 

Se você nunca ouviu Ariano contar sobre as pessoas elitizadas que dividem o mundo em quem já foi a Disney e quem não foi, veja já o vídeo no youtube. Assim, é com essa deixa que o último ato do filme se realiza. Ali temos uma equipe de uma agência modernosa com chefes e coordenadores ocupados que mal prestam atenção ao trabalho da estagiária Lorena e só quando esta vai a um festa de confraternização é notada. Contando com Luiz Miranda, Cacá Ottoni e Johnny Massaro, as cenas que vemos ali tem muito a ver com o espaço das agências e consegue com louvor não só nos fazer rir das trapalhadas da moça como chamar atenção para ambientes de trabalho tóxicos e gente descompensada.
 


O filme não é um documentário, mas registra em algumas das cenas as falas de Ariano nas quais foi baseado e para quem já havia assistido, a memória fica fresca. Ao contrário de quem está conhecendo estes causos pela primeira vez.

Todas as tramas exibidas trazem comédia ao passo que conseguem fazer o espectador se lembrar de cenas do cotidiano que já tenha visto acontecer ou passado em sua pele. E assim é a escrita do paraibano mais honrado deste país, uma que relata ocorridos que qualquer um consegue facilmente se identificar.  

Com menos de uma hora e meia, a produção tem uma boa mão da direção e performance no ponto de seu elenco. Não perde o tom e nem se desequilibra resultando assim em um filme agradável para acalmar as almas tão estressadas e esquentar os corações de gelo.

HOJE NOS CINEMAS

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Conheça o Reserva Imovision


Nesta quarta-feira (21), entrou no ar uma plataforma exclusiva para se assistir os filmes da Distribuidora Imovison. Reserva Imovision chega ao mercado para oferecer não só ao público seleto e que está sempre acompanhando a Imovision, mas para todos aqueles que não se limitam ao cinema de Hollywood.

Em parceria com o Reserva Cultural, a plataforma tem planos de assinatura mensal (R$24,50), anual (R$211,68 - valor inicial com desconto, pois o valor final será R$245), e, caso o cinéfilo não queira assinar, em um primeiro momento, terá a chance de somente alugar os lançamentos e/ou as produções que quer rever (R$ 10,90).

Organizada por temáticas específicas como homenagem a astros do cinema, origem da produção, premiados no Oscar e etc, a Reseva dará dicas separadas por playlists para que não se perca tempo escolhendo uma produção, todavia, é sim possível ver todo o conteúdo disponível em um  quadro maior, aliás, mais de 250 filmes, sem que estes estejam exatamente disposicionados em uma lista.

A tela do cinema independente tem nome: Reserva Imovision


Ainda em fase de teste, o aplicativo da Reseva Imovision terá versão para IPhone e Android


Marquem na agenda: haverá lançamento semanal, toda quinta, de lançamentos e filmes recentes, e toda sexta-feira, produções do catalogo da distribuidora e/ou filmes de destaques diversos estarão disponíveis para os assinantes.

O espectador que adora os grandes Festivais de Cinema também terá acesso a filmes que passaram por três dos maiores, Cannes, Berlim e Veneza. E vai se deliciar também com a chegada de séries exclusivas na plataforma. Como é o caso do primeiro lançamento da Reserva ''Os Luminares''.


Ficha Técnica

Titulo original e ano: The Luminaries, 2020. Direção: Claire McCarthy. Roteiro: Eleanor Catton - adaptação do livro homônimo de Eleanor Catton. Elenco: Eva Green, Eve Hewson, Himesh Patel, Ewen Leslie, Himesh Patel, Marton Csokas, Erik Thomson, Callan Mulvey. Gênero: Aventura/Drama/ Mistério/Época. Nacionalidade: UK/Nova Zelândia. Trilha Sonora Original: David Long. Figurino: Edward K. Gibbon. Direção de Arte: Daniel Birt. Fotografia: Denson Baker. Produção: LisaChatfield,Claire McCarthy, Andrew Woodhead, Claudia Bluemhuber. Total de episódios: 06 - 50min.  
A série, com produção da BBC, é uma adaptação do livro homônimo de Eleanor Catton, que também escreve o roteiro do show. A narrativa se passa em 1865, quando a jovem Anna Wetherell deixa a Grã-Bretanha e parte para a Nova Zelândia em busca de um novo lar. Ainda em auto-mar, conhece Emery Staines e uma conexão mágica se desencadea com o encontro. Ao desembarcarem, contudo, o novo mundo trará desafios e muito perigo a ambos. Ademais, contratempos surgirão para que a dupla não mantenha em contato.

A série é composta por seis episódios e cada um tem cerca de 55 minutos.

Comentários do 1º episodio - ''Fingerprint''

Neste primeiro episódio, a personagem da atriz Eve Hewson, Anna Wetherell, está indo construir uma nova vida na Nova Zelândia quando conhece Emery Staines, papel de Himesh Patel, de Yesterday. Os dois ao sairem da embarcação combinam de se encontrar às 19 horas em determinado ponto da cidade. Neste meio tempo, Anna é assaltada e é ao conhecer a misteriosa e esperta Lydia Wells, vivida pela estonteante Eva Green, que todos os seus planos mudam de curso. Enquanto isso, Staines está pela cidade se estabelecendo e fazendo contatos. 

Ao tempo que estamos nesta linha do tempo, o episódio também nos leva ao futuro da vida de Anna no lugar e começamos a entender do perigo que ela corre por ali. Um assassinato ocorrerá e provas serão forjadas para incriminá-la. A resolução dos mistérios e de toda a situação com Emery só se saberá ao assistir toda a série, mas fica claro que a produção tem ritmo e chama atenção. Apresenta um figurino esplêndido e a trilha sonora consegue destacar vários dos momentos de tensão. 

Então fica a dica para curtirem esse show de qualidade na plataforma o quanto antes. 

Serviço:

Reserva Imovision

Disponível para teste gratuito de 7 dias. 

Produções do cinema independente com áudio original e legendas em PT. Animações, terão a opção de dublagem, pois atendem o público infantil.

  • Aluguel - R$10,90
  • Valor Mensal - R$24,50
  • Valor Anual - R$211,68 
Acesse pelo computador, no celular ou tablet, com sistema operacional iOS ou Android. É possível também realizar espelhamento para SmartTV e Chromecast. 

Há possibilidade de usar o aplicativo em Smart TV com sistema Android (Sony, TCL, Philco, Philips); sistema Roku (AOC e Philips) e ainda dispositivos com sistema Android TV (TV Box, Mi TV Stick, Mi Box, entre outros), Roku Express e Apple TV.

Visite o site oficial: www.reservaimovision.com.br
atualizado em 21.04.2021, às 22:09.

domingo, 18 de abril de 2021

A Última Floresta | É Tudo Verdade


A floresta é uma ópera: dramática, bela, rica e apoteótica. Os instrumentos sinfônicos são o vento, as águas, os animais, a vegetação. Os sopranos, barítonos, tenores são os indígenas, os garimpeiros, os políticos, nós. Neste documentário impactante, o maestro é o diretor brasileiro Luiz Bolognesi. E que ópera este documentário nos apresenta! A floresta amazônica é um tesouro mundial que é belamente fotografada neste docudrama, que junta a beleza da paisagem e os mitos de criação indígenas com a denúncia da situação política atual, onde uma má gestão ambiental está criminosamente permitindo uma invasão de garimpeiros em uma reserva yanomami.

O filme estreou mundialmente no Festival de Berlim de 2021 e foi escolhido para a sessão de encerramento do 26º Festival É Tudo Verdade: domingo (18), às 19 horas, na plataforma Looke, gratuito e disponível para todo o território nacional. Nestes tempos de pandemia, as plataformas digitais estão sendo usadas pelos festivais para, respeitando as regras de isolamento, disponibilizar seu conteúdo ao máximo de espectadores possível. Essa facilidade de acesso permite aos cinéfilos se banquetearem com filmes excelentes na segurança de sua casa e geralmente de forma gratuita. Esta modalidade de festival digital deu muito certo e provavelmente será uma nova alternativa para acesso às mostras de cinema, rivalizando com o modo presencial no número de espectadores.

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: A Última Floresta, 2021. Diretor: Luiz Bolognesi. Roteiristas: Davi Kopenawa Yanomami, Luiz BolognesiGênero: Documentário/Drama. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora original: Talita del Collado. Mixagem: Armando Torres Jr., ABC, Caio Guerin. Supervisão de Edição de Som e Mixagem: Caio Guerin, Rosana Stefanoni. Supervisão de Imagem: Luisa Cavanagh. Supervisão de Efeitos Visuais: Eduardo Schaal. Som Direto: Rodrigo Macedo. Montagem: Rodrigo Macedo. Direção de Produção e Assistente de Direção: Carolina Fernandes. Produção Executiva: Daniela Antonelli Aun, Ana Saito, Pablo Torrecillas. Produtores: Caio Gullane, Fabiano Gullane, Lais Bodanzky e Luiz Bolognesi. Produtora: Gullane e Buriti Filmes. Produção Associada: Hutukara Associação Yanomami e Instituto Socioambiental (ISA). Apoio: Amazon Watch, Greenpeace, Rainforest Foundation US, Rainforest Foundation Norway, Survival International. Distribuidora: Gullane. Duração: 74min.

O roteiro do documentário foi escrito a duas mãos pelo diretor Luiz Bolognesi e pelo xamã e “ator principal” Davi Kopenawa. É uma recriação dramática de eventos reais nesta aldeia yanomami em paralelo com a encenação de mitos de criação da religião indígena e os sonhos dos moradores. Esta junção de temas torna o documentário muito interessante e rico de idéias, mesclando a denúncia social e ecológica com o mundo onírico e fantástico do xamã e dos aldeões.

Outro fator que quero destacar é a trilha sonora. A captação de sons reais com as músicas indígenas é admirável. A cereja do bolo é ouvir a língua yanomami misturada com o português. O som das águas, o canto dos pássaros e os ruídos da floresta nos fazem entrar neste mundo indígena, que infelizmente pode estar à beira da extinção, devido os crimes ambientais. A invasão dos garimpeiros é mostrada no decorrer da narrativa e as fotos dos mortos indígenas devido o envenenamento das águas e do solo é de comover qualquer espectador. Quem sabe as cerimônias xamânicas e as denúncias realizadas permitam reverter este quadro desolador.

Debate sobre o filme


Assistam o filme de encerramento e prestigiem este festival de documentários tão importante no cenário cultural paulistano e nacional! Comovam-se, indignem-se, resistência sempre! 

Nota: 8,5/10.

Serviço:
Veja a programação completa disponível aqui.
Serviço
FILME DE ENCERRAMENTO
18.04 19hrs - A Última Floresta
Dir. Luiz Bolognesi / Brasil, 2020, 74’ 
Competição Internacional de Longas

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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Edna, de Eryk Rocha | É Tudo Verdade

 

Não há o que se vangloriar ou exaltar em ditaduras, pelo contrário, tem-se de ter horror e repulsa para que não volte a ocorrer! 

O Brasil, aliás, por muito tempo foi palco de uma dura realidade e sangue inocente manchou as páginas da nossa história, como em toda a América Latina. Edna Rodrigues de Souza, personagem real do mais recente filme de Eryk Rocha, escreveu em cadernos o que viu e viveu por anos e toda uma jornada de dor e reflexões sobre o que se passou é exibida em filme que estreia hoje no É TUDO VERDADE, com reprise e debate marcados para o sábado à tarde.

Uma das sete filhas de sua mãe, Diná, como também é conhecida, não conheceu seu pai, mas viu de perto as invasões em terras amazônicas e a ganância dos homens a deixou marcas profundas. Os conflitos e mortes, ela até chega a contar alguns destes, foram horripilantes. Mulheres foram estupradas, maridos presos e muitos como a sofrida senhora, foram presos e jogados em lugares minúsculos e sem ar por conta da Guerrilha do Araguaia e da Guerra dos Perdidos.

Edna conta que ao passo que tudo isto se deu, sequer teve noção de quanto tempo foi. Hoje, madura, sonha em abandonar o lugar que vive e buscar reescrever seus passos. Com uma narração pausada, ao som de vozes cantarolando, a mulher vive sua rotina de simplicidade e fala do tanto que a terra é rica e como todos deveriam agradecer a isto. Mas eles não tem o seu olhar, não sabem o que ela passou para pensar assim. 

Ao lado de seu companheiro, questiona sobre amor e paixão e confirma que amor é algo diferente do que eles sentem um pelo outro. E mesmo com este sentimento, não deixa de se proclamar insegura e sequer ter o que fazer em relação a situações de perigo com os que estão a sua volta. As mortes ocorridas foram muitas e ela teve que apreender a sobreviver, a pensar, a não dar razão a quem é abusivo e autoritário. A se calar.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Edna, 2021. Direção: Eryk Rocha. Assistente de Direção: Gabriela Carneiro da Dunha. Roteiro: Gabriela Carneiro da Cunha, Eryc Rocha e Renato Vallone. Argumento Original: Gabriela Carneiro da Cunha. Com: Edna Rodrigues de Souza e Antonio Maria Cabral (Carlos). Gênero: Documentário. Nacionalidde: Brasil. Trilha Sonora Original: Guilherme Kastrup, Manoel Cordeiro e Ava Rocha. Pesquisa: Paulo Fontele Filho, Marcelo Zelic e Gabriela Carneiro da Cunha. Produção do set: Fernanda Haucke. Produção Associada: Waldir Xavier. Som Direto: Bruno Carneiro da Cunha. Montagem: Renato Vallone. Mixagem: Bernardo Adeodato. Fotografia: Erik Rocha e Jorge Chichile. Duração: 64min.

Rocha nos leva por essa estrada do conhecimento de um passado tenebroso e nos pede que vivamos o que esta mulher viveu. E que tenhamos força para suportar suas falas calmas e sempre de muita dor. Assistimos então um filme sem cor que ao passar reflexão, ganha som, sabor e colorido. 

Não chegando a uma hora e cinco minutos, Edna transparece lucidez. É um dos documentários mais belos desta edição do festival e se faz necessário e importante para a parte da sociedade brasileira que ainda insiste em 'volta da ditadura' ou sequer se arrependem de seus apoios tortuosos os últimos dois anos.

Vinheta Festival ''É Tudo Verdade''


Serviço:

Veja a programação completa disponível aqui.
Serviço
EDNA
16.04, 21hrs
17.04, 15hrs
17.04, 17hrs DEBATE
Dir. Erik Rocha / Brasil, 2020, 64’
Competição Internacional de Longas

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Paraíso | É Tudo Verdade

 

O cineasta Sérgio Tréfaut (Serge Trefaut), que se destaca na produção de filme documentário (sua obra Lisboetas recebeu o prêmio de melhor filme português no IndieLisboa 2004), nasceu no Brasil em 1965, filho de pai português e mãe francesa. Deixou o país ainda na adolescência, levando na bagagem, memórias e recordações. Voltou 40 anos depois para fazer um filme onde tentaria reencontrar tudo aquilo que guardou nas lembranças.

Inicialmente, o filme seria composto por imagens das pessoas que frequentam diariamente os românticos jardins do Palácio do Catete. Este bairro, na zona sul do Rio de Janeiro, se tornou importante após o Palácio do Catete se tornar a sede do Governo Federam em 1897. Tal situação durou até 1960, quando a capital brasileira foi transferida para Brasília. Hoje, o jardim do Palácio do Catete é um complexo formado por chafarizes, lago artificial, pontes, coreto, bistrô, estátuas e parque infantil. Regularmente, realizam-se no parque exposições de fotos, quadros, livros, eventos e apresentações de musica popular brasileira e samba.

O documentário se tornou o registro da rotina de frequentadores, funcionários, jardineiros, pessoal da manutenção e transeuntes, tendo a música como elo de ligação, canções que fazem parte do cancioneiro popular que marcaram uma época. Intercalando com imagens das apresentações amadoras, teremos os depoimentos e conversas espontâneas, repletas de indagações, reflexões e filosofia popular. Seremos expostos à verdades simples de um povo que vive o dia presente da melhor maneira possível, já que a idade avançada não lhes permite pensar adiante no futuro.

As cenas são simples e singelas, de enternecer o coração. Velhos amigos que se encontram para cantar e tocar uma seresta, a comemoração do aniversário da amiga, que de tanto convívio já se tornou família, o sussurro da letra da música ao pé do ouvido da idosa, que se sente acolhida e importante. Em sua maioria são pessoas humildes, com residências simples, mobília antiga, sem luxo algum. A fotografia é rica em detalhes. Um toca discos antigo, discos de vinil, a tv de tubo sobre a geladeira, fotos grudadas no vidro da cristaleira. É como se o tempo houvesse parado para esses idosos solitários, cuja única diversão é se reunir para cantar. Afinal, já dizia o velho ditado, quem canta seus males espanta!


O que fica muito claro nas imagens do documentário é a importância desses encontros diários na vida dessas pessoas. O passado romântico e simples que o diretor guardou na memória ainda vive no dia a dia desses idosos. Essas pessoas não deixam a seresta morrer. As letras das canções de outrora ainda fazem parte da memória. É musicoterapia no sentido mais puro e real.

Ao ver a senhora que se veste a passa sua maquiagem como uma adolescente que vai ao primeiro encontro; outra que conta detalhes de sua vida sempre cheia de atribulações e com a morte do companheiro, enfim, a chance de cantar; ou a que fala de como superou a depressão, percebemos como a música tem o poder de cura. Eu me emocionei ao relembrar as canções que ouvia meu pai cantar. E cantei junto.

Neste sentido o filme cumpre seu papel de reviver sentimentos puros. Talvez a geração mais jovem não perceba essa riqueza. O que ninguém podia imaginar era que uma Pandemia viria interromper as filmagens. As últimas cenas são de fevereiro de 2020. A partir de então, as serestas que aconteciam diariamente foram suspensas. A cantoria cessou, o choro tomou seu lugar.

E o que era para ser um registro feliz se tornou um tributo à essas pessoas que perderam a luta contra o vírus. Onde estarão hoje os que sobreviveram? Tristes e deprimidos por não ter o contato diário, certamente. Trefaut diz: "O Brasil que amei desaparece com eles." E nós choramos juntos essa perda!

*Obrigada Sergio Trefaut por imagens tão tocantes!


Serviço:
Veja a programação completa disponível aqui.
Serviço
16.04,às 19hrs - PARAÍSO 
Dir. Sérgio Tréfaut / Portugal, Brasil, França, 2021, 74’ 
Competição Internacional de Longas

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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Zimba | É Tudo Verdade



Zimba, apelido do ator e diretor polonês Zbigniew Ziembinski, revela ao público quem foi esse homem tão aclamado para as artes e para o teatro brasileiro falecido no ano de 1978. Inclusive, sua ida para o hospital e sua derradeira partida é narrada com emoção ao inicio do filme, por Camila Amado, ao passo que esta se dá de forma bastante teatral. O documentário de Joel Pizzini não só homenageia o artista como exibe imagens de seu trabalho e Zimba aparece conversando com o espectador por meio de áudios e entrevistas que vão se mesclando no filme. 

Narrado não só por Amado, mas ainda por Natália Timberg e Nicette Bruno, o filme traz uma importante pesquisa dos primórdios do teatro e também da tevê no Brasil. Logo que começamos a ouvir a voz de Zimba, este nos conta que sua vinda ao Brasil foi concedida pelo embaixador Souza Dantas que estava em exercício na França a época em que este fugiu para lá. Assim, ele inicia sua demorada viagem para bananaland em 1941. 

O polonês saiu de seu país, obviamente, devido aos acontecimentos de guerra. Uma que assolava a Europa e deixou a todos assustados. Diz ele que certo dia, já em Varsóvia, o radio define que os homens devem sair dali e ele que ainda tinha espetáculos na surdina, mesmo meio as bombas sendo jogadas, deixa a família para trás e segue um novo rumo.

A atriz Natalia Timberg comenta sobre o último papel dele ainda na Polônia e afirma que a peça ridicularizava Hitler, Mussolini e Franco, em obra de Bernard Shaw. Assim, com a prisão do ator que dava vida ao líder alemão pela gestapo, as chances de vida de artista continuar estavam mínimas.

Trailer

Ficha Técnica

Título original: Zimba, 2021. Direção: Joel Pizzini. Roteiro: Joel Pizzini, Henrry Grazinoli e Reinaldo Amaro Mesquita. Com: Zbigniew Ziembinski. Narração: Camila Amado, Nicette Bruno, Natalia Timberg. Participações: Jardel Filho, Walmor Chagas, Paulo José, Paulo Autran, Domingos de Oliveira, Krzysztof Ziembinski, Luiza Barreto Leite.  Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Idiomas: português, polonês. Montagem: Idê Lacreta. Assistente de Montagem: Sofia Guimarães. Fotografia: Luis Abramo. Trilha Sonora Original: Livio Tragtenberg. Edição de Som e Mixagem: Ricardo Reia Chuí e Miram Biderman. Produção: Vera Haddad e Urszula Groska (in memorian). Produção Executiva: Vera Haddad, Marina Couto e Clarice Laus. Produção polonesa: Zbigniew Domagalski. Cordenadora de Produção na Polônia: Monika Blachnio. Pesquisa: Antonio Venâncio. Consultoria Biografica: Aleksandra Pluta. Produção em Londres: Mia Groska. Duração: 78 min. Classificação indicativa: livre

Para o Brasil, Zimba trouxe toda a sua formação e experiência que obteve na escola de Drama da Cracóvia. Sua mãe foi clara que ele necessitava terminar os estudos e como seu pai já havia falecido, devido a ter pego uma doença de um paciente, não optou por Medicina como achava que faria. No entanto, julga que toda a sua aclamação por esta estão nas análises de personagens e suas construções afim de tratar e curar os seus estados.

A classe artística comenta todo o apreço que tem pelo homem e pelo baita professor que ele foi. ''Um gênio com fome de papéis, um ator em explosão'' declaram os colegas. Paulo José e Fernanda Montenegro são alguns dos atores que o homenageiam aqui. Outra que aparece, comentando seu tempo de estreia e toda as orientações de Zimba que recebeu aos 15 anos de idade, é  Nicette Bruno. 

Sabemos lá pela metade do documentário como Zimba teve contato com os artistas brasileiros e o inicio do movimento teatral ocupando espaço com obras e textos originais da terrinha. Bem, o diretor vai a um evento oferecido pela imprensa a um pianista polaco e tudo se dá a partir dai.

Sem exatamente apresentar sotaque, Zimba comenta que o português não é sua língua materna e por isto faz um trabalho composicional para ter segurança com a língua e dominá-la, já que precisa transformar o que apresenta em verdade. Porém se no Brasil tem plena consciência de seu trabalho, o diretor se quer lembra da primeira peça em que esteve ainda em sua terra natal.

Considerado um ''workaholic'' por aqueles que trabalhavam com ele, o artista era um perfeccionista e agregou ao teatro muito da sua sapiência em diversos departamentos (iluminação, cenários, Mise-en-scène). Até chegou a se unir a Nelson Rodrigues e juntos obtiveram muito êxito nos palcos.

O diretor não deixa de comentar sobre as divas com quem trabalhou, como Cacilda e Tônia Carrero, do seu método fora da caixinha, do inicio da tevê, da perda dos atores amigos, do seu extinto contato familiar com o filho e a mãe, e lembra de como foi crescer após a morte do pai. 

Por fim, o espectador sai da sessão tendo a sensação de ter tido uma aula de teatro e de vida.

Festival É Tudo Verdade

Serviço:

Veja a programação completa disponível aqui.
Serviço
14.04 19hrs - Zimba
15.04.15hrs - Zimba
Dir. Joel Pizzini / Brasil, 2020/2021, 78’
Competição Internacional de Longas

Como Acessar o Looke:

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