sábado, 25 de fevereiro de 2023

Oreo realiza reencontro da turma do Castelo Rá-Tim-Bum e traz nostalgia aos fãs do show

 
Junte duas delícias e a mágica acontece! A Oreo, marca da Mondelēz International, reuniu os atores que deram vida aos personagens do show de sucesso nos anos 90 ''Castelo Rá-Tim-Bum'' em um programa especial de uma hora de duração que irá ao ar neste sábado (25), às 22h, na TV CULTURA. No domingo, o episódio imperdível deste reencontro ficará disponível no canal da marca lá no Youtube (@OreoReceitasBrincantes).

O encontro icônico despertará memórias afetivas naquele público que cresceu se encantando com os segredos contidos em um castelo mágico e colorido, que fugia ao estereótipo dos castelos de contos de fadas, transmitindo informação e cultura de forma lúdica e divertida. Impossível não se lembrar das canções criadas por André Abujamra, Hélio Ziskind e Luiz Macedo, que ainda hoje estão guardadas no inconsciente de toda uma geração.

Teaser do reencontro


Durante o evento, o Gato Pintado, boneco manipulado por Fernando Gomes, em sua biblioteca maravilhosa, fará o papel de mestre de cerimônias e apresentará atores e a equipe técnica. Imagens dos episódios originais aparecem mesclados com um bate papo animado entre a equipe. Destaque para a bela homenagem ao saudoso Sérgio Mamberti (Dr. Victor) e aos atores Wagner Bello que interpretava Etevaldo, Cláudio Chakmati, que manipulava os bonecos Mau e Porteiro, e também Gerson de Abreu, que dava vida a Flap. Cassio Caspin (Nino), Cinthya Rachel (Biba), Fred Allan (Zequinha), Rosi Campos (Morgana) são alguns dos atores presentes no reencontro. Além deles, Alvaro Peterson (Celeste/Godofredo), Angela Dippe (Penélope), Eduardo Silva (Bongo), Patricia Gaspar (Caipora), Pascoal da Conceição (Dr. Abobrinha), as passarinhas de Dilma Souza e Ciça Meirelles, bem como as Fadinhas de Fafi Prado e Teresa Athayde.

A iniciativa aconteceu por conta de uma peça publicitária lançada pela Oreo em 2022, além da chegada da data comemorativa de ''30 Anos de Castelo Rá-Tim-Bum''. A marca se uniu a TV Cultura para realizar o reencontro após o vídeo aquecer o coração dos fãs e eles clamarem por uma reunião. Não só isso, as visualizações do comercial atingiram um número muito positivo e foi aval para continuar revisitando o universo encantado do Castelo de Nino e cia. 
 
Assista ao Comercial


O Castelo Rá-Tim-Bum foi ao ar entre maio de 1994 a dezembro de 1997 contando com o total de 90 episódios. Anna Muylaert e Cao Hamburger eram responsáveis pela direção da tele-ssérie infanto-juvenil na TV CULTURA, Hamburger, aliás, é um dos criadores ao lado de Flávia de Souza. O evento com a Oreo trará o criador e muitas doces lembranças que prometem emocionar adultos e encantar os mais jovens, trazendo de volta os bons momentos em família. 

Imperdível!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

As Múmias e o Anel Perdido, de Juan Jesús García Galocha


A animação ''As Múmias e o Anel Perdido'', dirigida pelo espanhol Juan Jesús García Galocha, leva a criançada e seus familiares a conhecer uma cidade perdida no antigo Egito onde múmias estão vivendo suas vidas normalmente e até sonhando em serem cantoras ou competindo nas milenares 'corridas de bigas'' ou ainda sendo prometidas umas as outras para se casarem. O filme é uma co-produção entre Espanha e Estados Unidos e toma palco em Londres onde o ambicioso dono de peças de arte Lord Carnaby (voz original de Hugh Bonneville) quer preencher mais e mais o seu acervo. 

Carnaby tem uma equipe montada pelas redondezas onde se encontram as famosas Pirâmides e consegue acesso a um lugar que o leva a encontrar artefatos que pertencem a Família Real das Múmias. O lugar cheio de escritos antigos e entradas secretas, acaba revelando que a princesa Nefem (voz original de Eleanor Tomlinson), devido a uma tradição de séculos, foi prometida ao corredor de bigas Thut (voz original de Joe Thomas). O Faraó (voz original de Sean Ben) fica feliz em saber que logo,logo tudo se alinhará, porém, a garota não exatamente fica satisfeita com o seu destino. A princesa sonha em cantar e alegrar os ouvidos do povo, mas por levar uma vida real fica obrigada a seguir as condições as quais a foram determinadas desde o berço. Ao passo que conhecemos a história de Nefem, também entramos no arco de Thut (o nome do personagem é uma clara referência ao Faraó ''Tutancâmon'', assim como Nefem remete ao nome de uma princesa egípcia). O rapaz leva uma vida pacata, pois acabou ficando traumatizado durante as corridas de biga que competia. Ele caiu de uma das bigas e causou um enorme acidente. Seu pequeno irmão Sekhem (voz original de Santiago Winder) e um animal de estimação que sempre está com ele é que animam o rapaz e o fazem seguir em frente. Aliás, o animal é um crocodilo em formato mini e uma fofura. Assim, quando por acaso Thut e Nefem se cruzam nada vai bem. E a entrada de Lord Carnaby no cenário tira Thut, Nefem, Sekhem e o pequeno crocodilo do Egito e partem para Londres para recuperar o anel de casamento dos dois, pois caso não seja encontrado rapidamente, trará maldições terríveis a Thut e a ao resto das múmias.

As aventuras que tomam palco em uma Londres animada levam Nefem a seguir seus sonhos de cantora e se aproximar de Thut como não imaginava ser possível. Contudo, essa dupla passará por muitas aventuras até que o tão esperado ''final feliz'' resolva todos os conflitos que adentram os atos. Obviamente, Lord Carnaby fará de um tudo para lucrar de todas as formas e até tentar aprisionar as múmias perdidas na terra da rainha.

Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Mummies, 2023. Direção: Juan Jesús García Galocha. Roteiro: Javier López Barreira e Jordi Gassull. Vozes Originais: Sean Bean, Hugh Bonneville, Joe Thomas, Eleanor Tomlinson, Celie Imrie,. Gênero: Animação, Aventura,Comédia, Família. Nacionalidade: Espanha e Estados Unidos da América. Trilha Sonora OriginalFernando Velázquez. Direção de ArteJuan Jesús García Galocha. AnimadoresAdrián Olivares Coronado, Ernesto Cabeza, Zakaria Bourezk e Mati Benlloch. Distribuição: Warner Bros Pictures Brasill. Duração: 01h28min.
É muito curioso que o roteiro coloque a história para ter cenário entre Egito e Londres, na Inglaterra, afinal, os britânicos dominaram o Egito por décadas e mais décadas retirando todos os seus tesouros e múmias de lá para expor em seus museus. O Museu Britânico (ver aqui) é um dos que mais possui artefatos egípcios no mundo e todos advindos não só de inspeções nas Pirâmides e grandes templos como também da pilhagem quando este estava em guerra com a França, outro grande saqueador de obras de arte na era de Napoleão (ler aqui). É ainda mais instigante que a trama, mesmo que de forma leve, traga essa aula de história mundial as crianças e as faça conhecer o mundo dos faraós sem ser exatamente um momento enfadonho.

       Créditos: © 4 Cats Pictures SL, Anagu Grup SLA, Moomios Movie AIE 2021 . Todos os Direitos Reservados.     

Lorde Carnaby chegando a entrada do mundo dos mortos, As Múmias

A animação tem na parte técnica e no elenco espanhóis, norte-americanos e britânicos. Uma equipe realmente bem diversa e competente. O diretor, que está debutando no cargo, é um animador premiado e que também perambula pelo departamento de arte há algum tempo. Juan Jesús García Galocha é um dos responsáveis pela incrível animação ''Cuerdas'' (assista no youtube) e deve trabalhar novamente com parte do elenco de ''Mummies'', como o renomado ator Sean Bean, no filme ainda em pré produção ''Buffalo Kids''. Aqui, Juan entrega um longa cheio de conteúdo, ultra colorido e com um traço espetacular que fica por conta dos animadores Adrián Olivares Coronado, Ernesto Cabeza, Zakaria Bourezk e Mati Benlloch.

Se animações usam muito das ferramentas musicais para dar ênfase a jornada de seus personagens, esta aqui busca em uma famosa canção da banda canadense Nickelback (assista o clipe aqui) um tom dramático para o personagem de Thut, em certa cena. Por outro lado, a jovem cantora Nefem ganha um tom mais divertido e é quem faz os egipcios dançarem com a clássica oitentista ''Walk Like an Egyptian'', da banda Bangles. O som acaba fechando os créditos com todo mundo balançando suas faixas mumiáticas.

       Créditos: © 4 Cats Pictures SL, Anagu Grup SLA, Moomios Movie AIE 2021 . Todos os Direitos Reservados.       

A dublagem brasileira manda muito bem na apresentação das Múmias perdidas em Londres

História, amizade, amor e sonhos são temáticas muito relevantes na trama e fazem dela convincente. O filme estreia esta semana no Brasil e em outras tantas partes do mundo, como nos Estados Unidos e Egito. Porém ele iniciou suas exibições lá em janeiro na Austrália. No Reino Unido, As Múmias e O Anel Perdido só estréia ao final de março.

 ASSISTA NOS CINEMAS   

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Casamento em Família, de Michael Jacobs | Sessões Disponíveis


Michael Jacobs, renomado roteirista da tevê norte-americana, responsável pela criação de ''A Família Dinossauro'' (1991-1994) e muitos outros shows, embarca na direção de "Casamento em Família", comédia romântica que não exatamente procura evidenciar o tão desejado "final feliz", mas propõe falar da jornada que pode ou não levar a ele. 

Temos então Michelle (Emma Roberts) e Allen (Luke Bracey). O casal namora e já divide uma vida, pois estão sob o mesmo teto. O relacionamento fica estremecido quando vão ao casamento de amigos próximos e Allen entende que Michelle quer a mesma coisa, chegar ao altar vestida de branco e com o amado ao seu lado. O rapaz entra em curto circuito, pois não sabe exatamente o que quer. Para ele o que tinham estava bom e bastava. Para ela, o próximo passo ressignificaria a vida de ambos. Desse momento em diante, a película nos joga em uma terapia de casal conjunta, pois assistimos os pais dos jovens namorados, Howard (Richard Gere), Grace (Diane Keaton), Sam (William H. Macy) e Mônica (Susan Sarandon), viverem novas perspectivas de seus próprios relacionamentos. Não somente isso, se condicionam a estarem em um emaranhado de encontros um com os outros sem realmente se darem conta de que os filhos namoram, pois estes não chegaram a apresentarem as famílias entre si. 

Ao passo que Michelle e Allen se dão um tempo, retornam para casa e começam a questionar os pais sobre relacionamento e sobre a situação que estão passando. Fazem comparações a vida de casado dos pais à deles de namoro e não necessariamente possuem uma visão ampla de tudo, pois romantizam os progenitores ainda estarem juntos. Michelle tem um pai protetor em Howard e uma super amiga na mãe Grace, já Allen é o oposto. Um pai amigo e sentimental em Sam e uma mãe leoa em Mônica. De cada lado, uma posição é muito certa. Para a família da moça, ela merece ser feliz com o amado, para a do moço "ele não deve se sentir obrigado a nada", contudo, Sam o avisa: "se ele a ama, deve sim se casar". Já Mônica acredita que a liberdade do filho é mais importante. E essas conversas de último minuto trazem um convite da parte de Michelle. As famílias finalmente se conhecerem em um jantar. O fatídico dia coloca em voga então, aquem da situação do jovem casal, aqueles outros dois casais que estavam ou não tendo casos foram da relação ou que chegaram a ter uma noite de conversa com o outro e se propuseram a viver algo diferente por uma noite.
 
                                                                                                                            Créditos: Divulgação
''Maybe I Do'' segue a linha leve de comédias românticas, mas não deixa de fazer você pensar sobre a temática principal: o casamento.

Nessa leitura reveladora de cada dupla, descobrimos como cada personagem na trama é oposto ao outro e como as construções de cada um, ao mesmo tem que são opostas, se complementam. A personagem da maravilhosa Susan Sarandon é o fio instigante do filme, que aliás é baseado em peça da Broadway (Cheaters, de Michael Jacobs) e tem estilo teatral por todo ele. Monica é daquelas mulheres que escolhem viver e opina sobre tudo. É fogosa, quer aventuras e não consegue ficar parada, apesar da idade que as rugas mostram. Sam, vivido por William H. Macy, é um senhor doce. Um homem que não tem exatamente se conectado a esposa, mas que percebe que queria sim poder conversar e amar novamente. E se ele encontra conversas profundas em Grace, em um dia qualquer e sem qualquer compromisso, Howard também vê algo em Mônica, mas um algo que ele mesmo revela querer ter com a tão estilosa e gentil Grace. A Michelle de Emma Roberts é o centro da atenção. Quer casar, quer seu namorado mais atento a ela. Já Allen, vivido por Luke Bracey, que já havia trabalhado anteriormente com Emma em ''Amor com Data Marcada'' (Netflix), é o cara paradão e confuso que apesar de gostar de quem está ao lado, não sabe se quer ficar a vida inteira com ela.

As situações cômicas do filme colocam esses três casais para pensarem sobre o casamento e sobre os relacionamentos que podem ser construídos, vividos ou perdidos a partir de tal união. Dar esse passo é o start de tudo, viver o sonho já pode levar a inúmeros outros tantos lugares e no fim o que todos querem amplamente é se conectarem com aquela pessoa especial e que fez o coração bater mais forte.

Não há um embate filosófico sobre a temática ou muitos conflitos dramáticos, mas a leveza e a comicidade do longa trazem bons momentos e reflexões. Ótimo para ir assistir com amigas, namorados e construírem a ponte de boas conversas. 

Trailer

Ficha Técnica
Título original  e ano: Maybe I Do, 2023. Direção e Roteiro: Michael Jacobs - baseada em peça de Jacobs titulada "Cheaters" (1978). Elenco: Emma Roberts, Luke Bracey, Richard Gere, Susan Sarandon, Diane Keaton e William H. Macy. Gênero: Comédia. Nacionadalide: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Lesley Barber. Fotografia: Tim Suhrstedt. Edição: Erica Freed Marker. Direção de Arte: Lily Guerin. Figurino: Sarah Fleming. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h35min. 

O filme ganha sessões antecipadas a partir desta sexta-feira (17) em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Salvador, Recife e Fortaleza. 

Homem Formiga e a Vespa: Quantumania


Iniciando a temporada de lançamentos do MCU,  Homem Formiga e a Vespa: Quantumania é a grande estréia da semana nos cinemas brasileiros. O blockbuster não exatamente cumpre as expectativas que criou nos fãs, principalmente após as participações de parte do elenco, entre eles Paul Rudd, Evangeline Lilly e Jonathan Majors, e do senhor Kevin Feige na CCXP Brasil ano passado. Então, pode ser que uma leva de MarvelManíacos saiam da salas um tanto quanto decepcionados.

Peyton Reed retorna e assume o papel de dirigir a produção e faz um trabalho que se assemelha e muito com o que já foi visto nos filmes anteriores do personagem, representando até certa defesa pela essência do tom e fazendo com que as sequências não destoem de seus antecessores. O fato é que algumas escolhas aqui relembram o passado e talvez provoquem uma quebra, tirando então todo o brilho de algumas cenas que deveriam ter um peso enorme e impactar o espectador.

Não é uma surpresa para ninguém que as novas aventuras de Scott Lang (Paul Rudd), ao lado de Vespa (Evangeline Lilly), Dr. Henry Pym (Michael Douglas), Janet (Michelle Pfeiffer) e Cassie (Kathryn Newton) no mundo quântico trazem não só inúmeros seres ainda não vistos como um novo personagem, “Kang”,  e este último é tido como o responsável por toda a ação, mais até que as leis da física. O mesmo é introduzido de maneira magnifica e fica impossível não se mostrar maravilhado com sua imponência, com suas falas, com seus atos e, claro, com a atuação digna de prêmios do potente Jonathan Majors. No entanto, e em contra partida, temos um filme que tem medo de trazer consequências para o universo - ainda que seus desenhistas tenha projetado que ele seja uma linha direta na fase da Dinastia de Kang que vem por ai. Ao decorrer da história, o enredo focado na vida familiar de Lang, se distancia do todo e põe uma lupa para observar cada vez mais o seu núcleo. Segue a receita clássica de “mocinhos contra bad boys” e até consegue colocar quem assiste, mesmo utilizando de clichês conhecidos, para vibrar e temer juntos dos personagens, entretanto isso só ocorre até o começo do terceiro ato. Dai em diante o longa faz uso de recursos e soluções extremamente banais que conseguem tirar toda a emoção e a construção dos personagens realizadas até aquele o momento. Se junta ao elenco, Bill Murray como Lord Krylar.

                                                                                                                Créditos: Marvel Studios

Quantumania é o trigésimo primeiro filme do MCU.

O visual do filme está impecável. Os cenários que rodeiam o “grandioso micro-verso" podem e certamente serão convertidos em wallpapers nos celulares de fãs do MCU. Toda a ambientação é cheia de corres vivas brilhantes e vibrantes e apresenta um filme extremamente colorido.  Principalmente por conta da fama de seres que se exibem pelo micro-verso. O ponto alto do filme como um todo. A Trilha Sonora, assim como já se é esperado de obras que expandem os filmes Marvel, é novamente impecável e prende o espectador em cada sequencia de ação. E tem sua relevância em deixar quem assiste aprisionado na jornada e torcendo pelo clã do Ant-Man. 

                                                                           Créditos: Marvel Studios                 

Jonathan Majors é o ator da temporada. Pois além de Quantumania, também aparecerá em ''Creed III'' que estreia em breve.

Embora não seja uma das obras mais memoráveis da história do MCU, Quantumania ainda é um filme divertido. Ele só não repete a fórmula em um tópico: ser épico.  Mas acerta em ser um filme para toda a família, além de claramente apresentar aquele que futuramente será o grande vilão da nova fase que a Marvel vem construindo ao longo de suas obras pós Thanos. Sem dúvida,  para os fãs é um material obrigatório. Ademais, suas duas cenas pós créditos trazem conexões fortes as HQs e vai deixar muita gente motivadas a continuar esperando pelos próximos filmes.

Trailer

Ficha Técnica 

Título Original e Ano: Ant-Man and The Wasp - Quantumania, 2023. Direção: Peyton Reed. Roteiro: Jack Kirby e Jeff Loveness. Elenco: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Jonathan Majors, Michelle Pfeiffer, Michael Douglas, Kathryn Newton, Bill Murray e Corey Stoll. Gênero: Aventura, Comédia, Ação. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Christophe Beck. Fotografia: Bill Pope. Edição: Adam Gerstel e Laura Jennings. Figurino: Sammy Sheldon. Direção de Arte: Nick Gottschalk. Distribuição: Disney Brasil. Duração: 02h05min.

EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

A Baleia, de Darren Aronofsky | Assista nos Cinemas


Ao bater na porta de um estranho, o jovem pregador Thomas (Ty Simpkins) ouve o pedido de socorro do obeso mórbido Charlie (Brendan Fraser). Ele está tendo uma crise de hipertensão e, para se acalmar, pede ao assustado jovem que leia em voz alta uma redação escolar sobre Moby Dick ou A Baleia, o clássico romance de Herman Melville. À medida que Charlie se acalma e sua pressão se estabiliza, a amiga e enfermeira Liz (Hong Chau) chega. Aos poucos vamos descobrindo a teia de relações que envolve os personagens sofridos deste longa-metragem de Darren Aronofsky e somos apresentados a Ellie (Sadie Sink), a filha rebelde de Charlie, a ex-esposa Mary (Samantha Morton) e à sombra onipresente do amante suicida Liam (Wilhelm Schalaudek).

O excelente, mas irregular diretor Darren Aronofsky, acerta ao filmar a peça teatral do também roteirista Samuel D. Hunter. Com personagens muito humanos, a péssima relação entre eles vai construindo uma estória de sofrimento, superação e amor. Uma das mais belas da temporada, aliás. Com passagens cruéis e angustiantes, o obeso depressivo Charlie é um dos grandes personagens dos últimos anos. A maneira horrenda como a sociedade o trata, sua depressão e baixa estima, seu desprezo pela própria saúde, dão a Brendan Fraser a possibilidade de brilhar numa performance memorável, honrada com a indicação ao Oscar 2023 na categoria de ''Melhor Ator''. A resposta de Charlie a toda essa repulsa e incompreensão do mundo, com muito afeto e ternura, são momentos sublimes do longa.

Todo o elenco de apoio brilha, especialmente a enfermeira Liz. A atriz Hong Chau inclusive foi indicada ao Oscar na categoria de ''Melhor Atriz Coadjuvante''. A britânica Samantha Morton (Ela Disse e Minority Report - A Nova Lei) é incrível em sua pequena ponta e Sadie Sink (Stranger Things) e Ty Simpkins (Homem de Ferro 3 e Sobrentural) também entregam performances memoráveis. A Baleia é filme adulto, com grandes atores e um tema complexo. Tratar de obesidade mórbida e depressão com delicadeza e respeito é uma grande façanha do roteiro; ninguém é tratado como caricatura, presenciamos personagens complexos, aos quais conseguimos demonstrar empatia e respeito.

                                                                                                                     Créditos: Divulgação
O primeiro filme de Darren Aronofsky filmado em formato digital ganhou seu protagonista após o diretor assistir ao trailer da coprodução Alemanha, Brasil e Estados Unidos ''12 Horas até o Amanhecer (2006), estrelada por Fraser. E ele demorou quase dez anos até achar seu ''leading actor''.

Como cinema, o diretor optou por deixar claro que estava filmando uma peça de teatro. Praticamente cenário único, o apartamento onde Charlie fica recluso por suas dificuldades de locomoção, com entradas e saídas de cena dos personagens bem típicas do teatro, com diálogos bem construídos e um pouco artificiais pois literários, esta peça gerou uma grande película, ainda indicado ao Oscar pela Maquiagem excepcional de Fraser, que tem o corpo todo coberto para caracterizar a obesidade.

A BALEIA tem estréia prevista para 23 de fevereiro com distribuição da Califórnia Filmes, mas poderá ser assistido antecipadamente a partir desta quinta-feira (16) nas seguintes cidades do Brasil: Rio de Janeiro, Niterói, Vitória, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Alphaville, Sorocaba, Campinas, Jundiaí, Indaiatuba, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Porto Alegre, Curitiba, Natal, João Pessoa, Fortaleza, Manaus Teresina, Recife e São Luiz do Maranhão. O longa é extremamente comovente e apresenta personagens humanos e e demasiado sofridos. Não se espantem ao chorarem no final, muitos com certeza se enternecerão com a trajetória de Charlie. Grande filme! 

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: The Whale, 2022. Direção: Darren Aranofsky. Roteiro: Samuel D. Hunter - baseada na peça de Samuel D. Hunter. ElencoBrendan Fraser, Sadie Sink, Hong Chau, Ty Simpkins, Samantha Morton. Gênero: Drama. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Direção de Fotografia: Matthew Libatique. Trilha Sonora Original: Rob Simonsen. Montagem: Andrew Weisblum. Produção:  Jeremy Dawson, Ari Handel, Darren Aronofsky. Distribuição: Califórnia Filmes. Duração: 117 min.

Nota: 9/10.

Morte a Pinochet, de Juan Ignacio Sabatini


“Um povo que é atacado por balas não pode se defender com ‘slogans’”!

Na década de 1970, as obras de realizadores como Costa-Gavras, Elio Petri e Gillo Pontecorvo foram acusadas, por parte de uma crítica de esquerda vinculada ao ideário maoísta, de serem apenas superficialmente políticas. Segundo os seus detratores, alguns destes filmes, apesar de serem consagrados nos festivais e de possuírem enredos ostensivamente combativos, serviam-se de uma abordagem cinematográfica que assimilava os gêneros narrativos tradicionais. Se, por um lado, havia quem defendesse que tais estratagemas de facilitação estilística proporcionavam o acesso de conteúdos marxistas a um público mais amplo, por outro, questionava-se se isso não era uma capitulação frente aos paradigmas de mercado. O recente “Argentina, 1985” (2022, de Santiago Mitre - vide texto aqui) é um exemplo contemporâneo desse debate. O filme chileno ora resenhado também!

Dirigido por um cineasta egresso das produções televisivas, “Morte a Pinochet”, de Juan Ignacio Sabatini, aproveita-se de eventos reais, ocorridos em meados dos anos 1980, para, mais uma vez, demonstrar o quão elaboradas são as produções latino-americanas, no que tange à abordagem conscienciosa dos abusos de poder que ocorreram durante as temíveis ditaduras militares. O problema é que o ponto de partida contestatório é dissolvido em idas e vindas melodramáticas que não se desenvolvem a contento. Ou seja, apesar da narração poética da jovem interpretada por Daniela Ramírez, não nos envolvemos afetivamente com os personagens. 

Essa excelente atriz interpreta Tamara, codinome de guerrilha de uma jovem rica chamada Cecília, cujo pai (Luis Gnecco) é o proprietário de uma fábrica que financia os militares. Por razões óbvias, pai e filha não se falam por muito tempo e, quando ela tenta lhe entregar algumas cartas de despedida, antes de um ousado atentado, ele as rejeita: “como adulto, prefiro que nós nos olhemos nos olhos”. Ela não permite que haja envolvimento sentimental quanto às pessoas que a circundam, não obstante falar de amor o tempo inteiro: para ela, o amor não deve ser concedido a poucos privilegiados, mas a todos os habitantes da nação pela qual ela luta.

Trailer

Fica Técnica
Título original e ano:  Matar a Pinochet,2020. Direção: Juan Ignacio Sabatini. Roteiro: Pablo Paredes, Juan Ignacio Sabatini e Henrique Videla. ElencoDaniela Ramírez, Cristián Carvajal, Juan Martín Gravina, Gabriel Cañas, Gastón Salgado, Julieta Zylberberg. Departamento de Arte: Ricardo Risho Herrera. Design de Produção: Marichi Palacios. Edtor de Efeitos Sonoros: Fernando Ribero. Distribuição: A2 Filmes. Duração: 81min.
Na curta duração do filme (pouco mais de uma hora e vinte minutos), acompanhamos as interações entre Tamara e dois colegas de treinamento, o professoral Ramiro (Cristian Carvajal) e o abnegado Sacha (Gastón Salgado). O primeiro deles possui formação em Educação Física, mas não teve muitas oportunidades para lecionar, enquanto o segundo viveu uma infância bastante pobre, mas deseja erigir um futuro melhor para sua esposa e seu filho pequeno. Junto a outros companheiros, eles planejam assassinar o general Augusto Pinochet (Héctor Aguilar), mas, como de praxe nesse tipo de empreitada, pode existir um traidor infiltrado na célula militante.

Num instante pontual, um dos sobreviventes das circunstâncias verídicas que deram origem ao livro “Los Fusileros: Crónica Secreta de una Guerilla en Chile”, de Juan Cristóbal Peña, relata a sua versão sobre o que acontecera, dotando o filme de honestidade quanto às suas intenções discursivas. Entretanto, o roteiro não sabe qual percurso tomar: se optará pela reconstituição eficaz dos fatos, se aderirá à lógica de ambivalência dramática ou se, em menor grau, incitará o espectador a revoltar-se contra a ascensão atual da extrema-direita em diversos países. A trama finda de maneira anticlimática, ao dedicar o minuto derradeiro à resolução de um suspense tangencial, acerca da identidade de alguém responsável pela narração quase fantasmática da protagonista. Em âmbito político, isso poderia ser considerado um fracasso, infelizmente.

                                                                                                                         Créditos: Divulgação
Lançado em 2020, o longa recebeu duas indicações a prêmios. ''Competição de Estréia em Direção'', no ''Camerimage 2021'', e ''Melhor Primeiro Trabalho'', no Platino Awards for Iberoamerican Cinema 2021''.

Não se trata de um filme ruim, pelo contrário: além de possuir um ritmo eficiente, o elenco é muito bem selecionado e o ponto de partida é assaz interessante. Porém, os confusos ‘flashbacks’ impedem o entrosamento com os personagens e, menos ainda, com as causas que eles defendem. Quiçá porque o ponto de vista onipresente é o de uma pessoa que é tratada como “filhinha de papai” por alguns de seus colegas, mesmo que ela seja uma das lutadoras mais aguerridas. Boas intenções, nesse caso, não são suficientes, de modo que as contradições ideológicas atravessam os comportamentos de Tamara/Cecília em mais de uma oportunidade, culminando na ótima cena em que ela visita a sua irmã Sílvia (Julieta Zylberberg), que cuida da filha a quem ela dirige-se como tia. Quando o nome do Chile é pronunciado, por sua vez, todos erguem os punhos cerrados e gritam “viva”!

Num cotejo com as típicas produções brasileiras, a película funciona como um válido incentivo ao aproveitamento dos temas históricos, no afã para que a violência política de épocas traumáticas não seja repetida. Por mais tímido que “Morte a Pinochet” seja em relação ao que é prometido em seu título imperativo, ele proporciona uma dose significativa de reflexão ao espectador, malgrado o seu interesse evidente ser o entretenimento técnico. Levando-se em consideração todos esses aspectos, o recomendamos!

HOJE NOS CINEMAS

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Perlimps, de Alê Abreu | Assista nos Cinemas

 
Perlimps - Quando o simples se torna grandioso! 

Estamos diante do terceiro longa-metragem realizado por Alê Abreu, conhecido por “O Menino e o Mundo”, que concorreu ao Oscar em 2016. Perlimps se dá como uma aventura sensorial. E nele Claé (voz de Lorenzo Tarantelli) é uma espécie de lobo e se auto intitula agente secreto do reino do Sol, detentor de poderes que permitem que ele saiba “como fazer funcionar”. Bruô (voz de Giulia Benite) é uma espécie de urso com rabo de leão que se diz agente secreto do reino da Lua e se vangloria por saber “decifrar códigos”. Ambos são crianças- bichos, seres míticos, criaturas mágicas da floresta. Não são exatamente amigos, muito pelo contrário, mas as circunstâncias os colocaram diante dos mesmos desafios. Terão que superar suas divergências e embarcar em uma jornada exploratória através da exuberante floresta, que pouco a pouco irá revelar suas magias e segredos. Juntos terão que combater os gigantes que ameaçam destruir a floresta. 

Os gigantes precisam da guerra, pois ela os torna mais gigantes. E com sua ganância desmedida criam muros, separam semelhantes e enfatizam as diferenças. Mas para encarar tal desafio, os seres da floresta precisarão encontrar os “Perlimps”, criaturas imateriais, feitas de luz, que protegem o universo. Somente eles têm a capacidade de os guiar para a paz.

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: Perlimps, 2022. Direção e Roteiro: Alê Abreu. Vozes de: Stênio Garcia, Giulia Benite e Lorenzo Tarantelli. Trilha Sonora Original: Andre Hosoi. Departamento de Som: Rafael Travassos, Nicolau Domingues, O Grivo, e Luiz Andelmo Manzano. Animação: Sandro Cleuzo. Efeitos Visuais: Alê Borges. Produção: Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 1h38min.

A animação se vale do não verbal. Com imagens coloridas e ricas em detalhes deixa o caminho livre permitindo que a imaginação corra solta. A trilha sonora original assinada pelo músico Andre Hosoi enriquece a narrativa e conta até com a conhecida canção de Milton Nascimento “Bola de meia ,bola de gude”. A voz de um João de Barro ( um Stênio Garcia perfeito no papel o interpreta) direciona a narrativa. Os pequenos heróis serão perseguidos por ameaçadores militares liderados pelo Capitão Dourado, que destroem a natureza para realizar seus intentos nefastos. A dura realidade é explicada metaforicamente, de forma nada infantil.  A produção de Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi leva a sérias reflexões. O que estamos fazendo de nossas florestas, que espécie de legado deixaremos para as futuras gerações, que exemplos estamos dando para nossas crianças?

                                                                                                               Créditos: Divulgação
Como em ''O Menino e o Mundo'' a trilha sonora é um personagem no filme e auxilia na construção da trama.

Perlimps é uma fábula que fala de preservação, tão necessária após um período tão sombrio de nossa história. A animação estreou no Festival de Annecy e levou o ''Prêmio do Júri Infantil'' como ''Melhor Animação'' no Festival Internacional de Cinema Infantil de Chicago. Também foi apresentada na última edição da Mostra Internacional de São Paulo e do Festival do Rio. A animação está chegando hoje aos cinemas. Imperdível!

HOJE NOS CINEMAS!

Oferenda ao Demônio, de Oliver Park | Somente nos Cinemas


“Não leve muito a sério: a morte costuma despertar o pior nalgumas pessoas”

Há idéias fascinantes na sinopse deste filme que, se fossem adequadamente aproveitadas, poderiam render ao menos três enredos distintos: num deles, conheceríamos as implicações envolvendo o demônio feminino Abyzou, conhecida como a “tomadora de crianças”, responsável por abortos e assassinatos de crianças, segundo as menções em relatos milenares; noutro deles, de caráter expansivo/derivativo, poder-se-ia investigar a riqueza da mitologia judaica das assombrações, preenchendo lacunas bíblicas com fenômenos sobrenaturais, como, por exemplo, as razões que estariam por detrás do pedido de Jeová para que Abrão sacrificasse o seu filho Isaac; por fim, há uma trama contemporânea sobre a avareza e a tentativa de redenção de um filho que briga com o pai, mas que é apaixonado pela esposa, com dificuldades para engravidar.

Na primeira cena de “Oferenda ao Demônio” (2022), percebemos que o jovem diretor Oliver Park parece muito mais interessado em inserir seqüências de ‘jump scare’ – ou seja, ruídos súbitos e altissonantes que assustam o espectador por causa da maneira como irrompem na tela – que em explorar a entidade mística apresentada nos letreiros de abertura: sabemos muito pouco sobre Abyzou, ao desfecho, não obstante o tom enciclopédico com que ela é mencionada em mais de um instante. É como se os traumas dos personagens fossem subestimados pelo roteirista Hank Hoffman, que, no afã por provocar sustos, desperdiça o potencial tramático destes sentimentos.

Avaliemos o que acontece: logo no começo, o idoso Yosille (Anton Trendafilov) digladia-se, no interior de sua biblioteca doméstica, com as aparições assombrosas de uma criança (Sofia Weldon), que parece possuída pela representação demoníaca titular. Lemos uma placa onde consta a mensagem “não a alimente”, enquanto o espírito que tomou o corpo da menininha requer “uma vida por outra vida”. Há muitos gritos, até que Yosille consegue pegar um punhal santificado e esfaqueia a si mesmo. O corpo será enviado à funerária do gentil Saul (Allan Corduner), quando somos apresentados aos verdadeiros protagonistas do filme.

                                                                                                                   Créditos: Divulgação 
O filme da Millenium Media é uma coprodução entre Estados Unidos, Reino Unido e Bulgária.

Na funerária em pauta, descobrimos que Saul enfrenta desentendimentos longevos com seu filho Arthur (Nick Blood), que volta para casa depois de muito tempo, disposto a reconciliar-se. Ele chega com a sua esposa Claire (Emily Wiseman), que consegue engravidar após um caro procedimento de inseminação artificial, mas o sócio de Saul, Heimish (Paul Kaye) desconfia das intenções de Arthur, o que, lamentavelmente, confirma-se: ele deseja utilizar a residência de seu pai como garantia para um empréstimo bancário, a fim de quitar algumas dívidas pendentes. É quando a maldição de Abyzou entra em cena: durante o processo de embalsamento do corpo de Yosille, Arthur deixa cair um pingente, no qual estava represado o demônio, que começa a perseguir o feto de Claire.

Apesar das intrigas familiares paralelas, o filme não decide o que enfocar, de maneira que as intervenções de estudiosos do esoterismo são insuficientemente exploradas, a despeito de uma frase que poderia desencadear muita repercussão: “os judeus passaram por muitos sofrimentos”. Essa parecia ser uma deixa para que o roteiro aproveitasse a oportunidade de refletir sobre as implicações do Holocausto no cotidiano da comunidade judaica estadunidense, o que tem a ver com o rechaço sofrido por Claire, por parte de alguns parentes de seu esposo, em razão de ela ser uma gói (não-judia). Mas, infelizmente, o diretor estraga tudo ao submeter-se à dependência dos efeitos sonoros estrondosos. O espanto torna-se superficial, meramente epidérmico: grita-se numa seqüência e, no instante posterior, é como se nada tivesse acontecido!

Em defesa do mínimo impacto horrorífico provocado pelo filme, convém enfatizar o enredamento cíclico que ocorre na meia-hora final, quando Arthur e Claire são aprisionados em pesadelos recorrentes, de modo que não diferenciamos o que realmente está acontecendo e o que é mera alucinação. Se, por um lado, isso confirma o vaticínio de um cabalista, que informa que o demônio Abyzou age através da perturbação dos sentidos, por outro, o comportamento afoito do cineasta estreante em longas-metragens Oliver Park faz com que tudo descambe para uma saraivada de clichês. Vale acrescentar que o diretor recebeu diversos prêmios pelo curta-metragem “Strange Events: Vicious” (2015), escrito por ele próprio.

                                                                                                                     Créditos: Divulgação
No filme de terror ''Possessão'' (2012), o demônio Abyzou também é o principal vilão

Ao término da sessão, entendemos pouco sobre as dimensões da “oferenda ao demônio” que o título anuncia e lamentamos que uma obra que tem uma funerária como cenário não tergiverse sobre as questões referentes ao luto. É como se a profissão do pai do protagonista fosse um pretexto fortuito para que o espectador assuste-se frente aos ruídos advindos do ‘rigor mortis’ e que as causas da contenda entre Saul e seu filho não puderam ser exploradas pelo desenvolvimento roteirístico. Nos créditos finais, o veterano compositor Christopher Young, especializado em filmes de terror, comprova a habilidade que não pôde demonstrar na uma hora e meia anterior: tanto quanto os demais elementos do filme, a música é menosprezada pela obsessão assimétrica da equipe responsável por sobressaltos do público, de modo que esta produção filmada na Bulgária é indicada sobretudo para quem deseja curar uma crise de soluços, ao invés de suscitar conversas entre amigos, na saída do cinema.

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Ficha Técnica
Título original e ano: The Offering, 2022. Direção: Oliver Park. Roteiro: Hank Hoffmn - con argumentos de Jonathan Yunger. Elenco: Nick Blood, Emily Wiseman, Paul Kaye, Allan Corduner, Daniel Ben Zenou, Sofia Weldon, Anton Trendafilov Meglena Karalambova. Gênero: Terror. Nacionalidade: Estados Unidos da América, Reino Unido e Bulgária.  Trilha Sonora Original: Christopher Young. Fotografia: Lorenzo Senatore. Edição: Michael J. Duthie e Simon Pearce. Design de Produção: Philip Murphy. Direção de Arte: Ivan Ranghelov. Figurino: Anna Gelinova. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h38min.

SOMENTE NOS CINEMAS!

Till - A Busca Por Justiça, Chinonye Chukwu | Assista nos Cinemas


Em 31 de Agosto de 1955, o corpo de Emmett Till, de apenas 14 anos, foi encontrado desfigurado em um rio, três dias após o seu sequestro. O crime foi cometido por familiares de Carolyn Bryant, a “vítima” do “desrespeito ameaçador” de Emmett, que ousou ser negro e assoviar para uma mulher branca. Esse é um marco da história estadunidense e da luta pelos direitos civis conhecido nos Estados Unidos e que chega ao conhecimento do grande público brasileiro através do filme “Till- A Busca Por Justiça”.

Ao contrário de filmes como Mudbound - Lágrimas sobre o Mississipi ou 12 Anos de Escravidão, este longa-metragem não cai na armadilha sensacionalista de retratar o sofrimento dos corpos negros através de cenas excruciantes de tortura. O “pain porn” passa longe aqui. Apesar de toda a atrocidade do caso, ouvimos os gritos de Emmett apenas uma vez e apenas por alguns segundos - a intenção é somente mostrar que sua dor foi testemunhada pelos vizinhos. Em nenhum momento vemos o tiro que atingiu sua cabeça ou nenhum dos golpes que tanto deformaram seu corpo. O estado desfigurado do cadáver é apresentado apenas por ser essencial à trama. E ainda assim, há muito respeito nos ângulos escolhidos.

Sem Emmet Till, não haveria história. Ele é o personagem central da trama. No entanto, o protagonismo e o olhar da narrativa pertencem à sua mãe Mamie Bradley (Danielle Deadwyler), para quem o garoto, (vivido por Jalyn Hall) é apenas o pequeno “Bobo”. A história que Chinonye Chukwu (Clemência, 2019) decidiu contar não é a de um crime de ódio que prescreveu sem punição, mas sim a de uma mãe que infringiu todas as convenções para lutar por justiça para seu único filho.

                                                 Créditos: © 2022 ORION PICTURES RELEASING LLC. Todos os diretos reservados.
Não só Emmet Till foi assassinado de forma covarde, como seu pai, após o divórcio de sua mãe. O homem foi mandado ao exército em terras estrangeiras e morto por ter sido acusado de ter ''estuprado uma mulher branca''. Notícia que só chegou totalmente completa a Mamie em 1955. Anteriormente, o Exército apenas havia a informado da execução com o status de ''desobediência''. 

No início da dramatização, mesmo quem não conhece nada sobre a película ou seus personagens reais pode sentir a tensão de uma grande tragédia se aproximando. A cada esquina que Bobo vira, nos perguntamos se é ali que ele encontrará seu fim. Isto chega a soar forçado quando a preocupação de Mamie - comum a qualquer mãe - tenta ser encaixada em uma espécie de premonição do que iria acontecer.

O casting foi certeiro na escolha de seus protagonistas. Bobo é carismático, tem um sorriso encantador e um rostinho infantil que escancara o tamanho da barbárie do que lhe foi feito e o ator Jaylin Hall o interpreta com competência. Já Danielle Deadwyler é uma das principais esnobadas da atual temporada de premiações de Hollywood. Tanto seus surtos de sofrimento e crises de choro quanto sua postura contida e olhar decidido e desafiador são de uma performance impressionante. É impossível não empatizar com Mamie. Ainda assim, vale lembrar que a produção recebeu um total de 80 nomeações a prêmios. No Bafta, o Oscar britânico, Deadwyler foi indicada na categoria de ''Melhor Atriz''.

                                         Créditos: © 2022 ORION PICTURES RELEASING LLC. Todos os diretos reservados.
Whoopi Goldberg vive Alma Carthan no filme estrelado por Danielle Deadwyler

A partir do momento em que a mulher reconhece o corpo do filho, a obra assume uma dinâmica de filme de tribunal. Mamie faz questão de um funeral público com caixão aberto para que nenhum cidadão estadunidense possa seguir com sua vida sem tomar conhecimento da natureza do que foi feito a Bobo. Com a ajuda da NAACP (em inglês: National Association for the Advancement of Colored People), a família consegue indiciar dois homens brancos do Mississipi pelo crime, algo histórico. No entanto, as conquistas históricas param por aí. Pelo menos em tela. O peso que constaria nas cenas de violência física foi substituído pelo choque e indignação de ver a dor de uma família ser alvo de deboche durante o julgamento do assassinato de um ente querido. Carolyn Bryant (Hally Bennett) se apresenta ao tribunal preparada para uma performance e entrega a atuação de sua vida no conhecido papel de Mulher Branca Indefesa, levando a audiência a ferver de raiva.

Para um filme que se destina a focar no ativismo de Mamie, Till poderia ter ido mais longe. Letras brancas em um fundo preto ao final da história nos dão a dimensão da importância que a mulher teve na história dos direitos civis e informam como ela dedicou sua vida inteira à causa. No entanto, vemos apenas uma provinha disto. A narrativa é poderosa por si só e tem como trunfo o olhar sensível de Chinonye Chukwu, mas ainda peca por seguir demais a fórmula de dramas baseados em fatos reais feitos com o intuito de despertar a culpa e a indignação da elite intelectual sem refino estético.

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Ficha Técnica
Título original e ano: Till, 2022. Direção: Chinonye Chukwu. Roteiro: Michael Reilly, Keith Beauchamp e Chinonye Chukwu. Elenco: Danielle Deadwyler, Jalyn Hall, Jamie Renell, Whoopi Goldberg, Sean Patrick Thomas, John Douglas Thompson, Gem Collins, Diallo Thompson, Tyrik Johnson, Enoch King, Haley Bennett, Carol J. Mckenith. Gênero: Drama, Biografia, Historia. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Abel Korzeniowski. Fotografia: Bobby Bukowski. Edição: Ron Patane. Design de Produção: Curt Beech. Figurino: Marci Rodgers. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h10min.
O longa usa 27 anos de pesquisa sobre o caso feitas por Keith Beauchamp. Foram graças a esses esforços que o caso foi reaberto em 2004. 

HOJE NOS CINEMAS

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Sinfonia de Um Homem Comum, de José Joffily | Assista nos Cinemas

Seleção É Tudo Verdade 2022 - "Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens".

José Joffily é um cineasta atento as frustrações humanas e sempre apresenta ao mundo histórias irremediavelmente angustiantes, mas necessárias. Ativo desde o seu primeiro curta nos anos 70, o diretor tem uma filmografia de gigante. Entre os quais, vale citar "A Maldição do Sanpaku, Quem Matou Pixote,  2 Perdidos numa Noite Suja e, um dos mais recentes, Soldado Estrangeiro" (leia texto aqui). Com temáticas sempre muito distintas e gêneros também, o diretor é uma das pérolas do nosso cinema. Em seu novo filme, Joffily joga luz na história de um brasileiro que ao fazer o seu trabalho de excelência virou uma pedra no sapato do grande e imperialista Tio Sam.

Em "Sinfonia de Um Homem Comum", conhecemos, a princípio, um senhor de blusa listrada que parece estar prestes a se apresentar em uma Orquestra. Ele entra em cena e avalia um piano e percebe que o instrumento não está com a afinação e som alinhados. Troca-se o piano e o homem fica satisfeito. Dali em diante, uma narração se inicia enquanto imagens das praias do Rio de Janeiro se revelam. José Mauricio Bustani, o senhor que assistimos ao início da película, é na verdade, além de um exímio pianista, Embaixador e Diplomata de Carreira. Figura emblemática para a História das Relações Internacionais, Bustani iniciou os estudos no Instituto Rio Branco nos anos 60 e ocupou cargos de grande responsabilidade representando o Brasil, como por exemplo, em posto na missão junto à ONU, ainda nos anos 70. Sua jornada no Ministério das Relações Exteriores foi o levando cada vez mais longe até que o servidor foi indicado pelo governo brasileiro, já na era FHC, para o cargo de diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ, ou OPCW em inglês), em 1997. Ligada a ONU, a OPCW cuida especificamente da questão químico armamentista no mundo. 
 
Na OPAQ, Bustani procurou entregar trabalho competente e seguir a risca a convenção de criação do Organismo. Logo, sua meta era não deixar para trás nenhum dos países ou os inferiorizar perante grandes potências. Membro é membro e teria que passar pelas inspeções necessárias. Ao passo que o trabalho do Diplomata continuou a todo vapor, acontece o fatídico 11 de setembro, em 2001, e os Estados Unidos iniciam uma caçada sem fim por culpados advindos do oriente médio. Aqueles que não eram mais seus aliados, como o Iraque, foram tidos como inimigos e "apoiadores de terroristas". Não demora e um jogo político começa a se dar, afinal, a busca por culpados adentrou o cenário como uma farsa, pois o principal motivo de intervir no Estado iraquiano, naquele momento, era para se encontrar petróleo e obter acesso aos poços do pais, porém para isto, aquela nação de mais de quarenta milhões de pessoas teria que ser destruída. Como mediador, Bustani caminhava pelo lado pacífico e respeitava também os relatórios dos inspetores que eram enviados aos países para encontrar as armas químicas. Assim, ao obter conhecimento de que o Iraque não as possuía, o diplomata tentou fazer com que o país se tornasse membro da organização. A medida acabou indo contra os ideais Estadunidenses que haviam prometido guerra aos seus por conta dos atentados sofridos. Não só isso, poderia afetar os planos econômicos que haviam sido traçados. É então a partir deste momento que a posição do brasileiro na organização é colocada em cheque. 
                                                                                                                           Créditos: Divulgação
Durante o filme, Bustani revisita seus dias de diretor da OPCW e traz fotos que revelam muito do sentimento dele na época da crise no Organismo.
 
Com o uso de reportagens da época e entrevistas relevantes, o documentário salienta como os Euas correram de todas as formas que puderam para não deixar que Bustani provasse que o Iraque não possuía armas químicas. Por fim, pediram que o diretor se demitisse e ele não o fez. O que levou a um processo de demissão manipulado e equivocado. Uma ação baseada apenas em interesses próprios dos Euas. Um desrespeito total a pessoa e ao profissional que é Bustani. No filme, assistimos atores importantes da época declararem que "falaram o que falaram e fizeram o que fizeram", pois a ordem era incapacitar a administração do Diplomata. Hoje muitos deles tem opiniões claras da demissão do brasileiro.  

Figuras como o próprio ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual Presidente Luiz Inácio Lula da Silva contam como cada um agiu perante a situação. O primeiro que diz "não ter conseguido fazer nada para ajudar o então diretor da OPAQ", quando na verdade, foi o mesmo governo que o cedeu ao cargo e se amedrontou perante os Euas. O segundo, entendendo que a administração anterior errou com o servidor, tentou recompensa-lo o colocando em chefias importantes de Missões Brasileiras no Estrangeiro. Bustani, na sequência de sua saída da OPAQ, foi enviado então ao Reino Unido para chefiar a Embaixada Brasileira e o presidente também fez questão de cutucar os ingleses em encontros oficiais, pois ficaram ao lado dos norte-americanos em tudo. Quando uma guerra poderia ter sido evitada e vidas poderiam ter sido salvas se tivessem ido contra os Euas e permitido Bustani evidenciar que o Iraque não possuía armas químicas.
 
O episódio que se deflagrou é uma frustração enorme para o Diplomata e marcou a história mundial como o momento que poderia mudar os rumos de inúmeras vidas Iraquianas. Em certas cenas, ele chega a se emocionar com a leitura de seu discurso de partida já que traz a memória toda a situação vivida. Mas o documentário revela que Bustani é muito mais grandioso do que imagina por ter tentado optar pelo diálogo. Seu talento para a música e seu jeito metódico de trabalho são enaltecidos. De comum ele não tem nada, mas é um homem raro perante a tantos que só buscam poder e destruição. Atualmente, está aposentado, mas se envolve ainda em questões importantes como o "grupo de Berlim" e também continuou sendo muito importante aos inspetores da OPAQ que o procuraram em outras situações parecidas em tempos recentes, como a Guerra da Síria. Outro cenário em que os Euas tiveram grande atuação equivocada.   

Esta semana, paralelo ao lançamento do filme, o Embaixador, esteve no programa "GloboNews Internacional" (veja aqui) onde concedeu entrevista aos jornalistas Marcelo Lins e Guga Chacra a respeito das atuais relações entre Brasil e EUA que começam a se reconfigurar com o Presidente Lula na liderança. Ciente de um novo recomeço internacional para o país, Bustani foi assertivo e vê a reaproximação com positividade. Bustani também falou de como os últimos quatro anos no país foram sombrios. No documentário, há um trecho que exibe a vinda ao Brasil de John R. Bolton, Conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump, para reforçar que aquele governo estava alinhado com Bolsonaro. Também é evidenciado que Bolton foi pessoalmente ameaçar Bustani, pois o homem também teve cargo de Embaixador dos Euas na ONU durante a era Bush e tinha total carta branca no governo. 
 
Ao total hoje em dia, mais de cento e noventa e três países são signatários do documento que regra a OPCW. Mas não se sabe ao certo se existe uma direção sem cabresto norteamericano, após conduções brasileiras, argentinas, turcas e espanholas. Ao que o próprio filme exibe sobre a questão da guerra na Síria, entendemos que não. 
 
Trailer

Ficha Técnica
  • Titulo original e ano: Sinfonia de Um Homem Comum, 2022. Direção: José Joffily. Roteiro: David Meyer, Pedro Rossi, Jordana Berg e José Joffily. Entrevistas: José Maurício Bustani, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Alexander Shulgin, Bob Rigg, Camilla Bustani, Celso Amorim, Celso Lafer, Janine Bustani, John Holmes, Richard Boucher e Scott Ritter. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: Pedro Rossi. Montagem: Jordana Berg. Desenho de som: Felippe Mussel. Mixagem: Bernardo Adeodato. Trilha: Pedro Leal. Produção: Coevos Filmes. Produção: Isabel Joffily. Coprodução: Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil. Distribuição: Bretz Filmes.  Duração: 01h23min.
Avaliação: Quatro bombas de lucidez  (4/5).
 
09 DE FEVEREIRO NOS CINEMAS

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Andança - Os Encontros e as Memorias de Beth Carvalho, de Pedro Bronz


Democracia, negritude e samba são assuntos atuais? Claro que sim! Chegando-se mais uma vez perto da maior festa da cultura brasileira, o Carnaval, percebe-se o quanto estes temas são contemporâneos e definem a identidade brasileira. O diretor, roteirista e montador Pedro Bronz teve a sensibilidade e a oportunidade de editar filmagens caseiras da cantora brasileira Beth Carvalho e realizar um grande documentário: Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho.

Exibido em 2022 no Festival do Rio, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e também no Festival de Aruanda, o filme conta com co-produção da TvZERO, Globo Filmes, Globo News e Canal Brasil. Com estreia esta semana em salas de cinema de todo o país, o filme é uma grande homenagem à trajetória de Beth Carvalho, a eterna Madrinha do Samba, nascida em 1946 e falecida em 2019 na cidade do Rio de Janeiro.

Amante de registrar seus momentos em filmagens caseiras, Beth Carvalho arquitetou um material riquíssimo e extremamente afetivo da história do samba e da cultura brasileira. Desde seu início na bossa nova, passando pelos Festivais de Canção, gravações de clássicos do Cartola, peregrinações pelas rodas de samba dos morros cariocas, disseminação do pagode das comunidades no mainstream das gravadoras e mídias da zona sul carioca, sua vida mescla-se com o gênero do samba, justificando plenamente sua alcunha carinhosa de madrinha e incentivadora de novos talentos deste gênero tão nacional.

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Ficha Técnica 

Título original e ano:  Andanças - Os Encontros e as Memorias de Beth Carvalho, 2022. Direção: Pedro Bronz. Roteiro: Pedro Bronz e Leonardo Bruno. Gênero: Documentário, Biografia, Musical. Montagem: Pedro Bronz. Produção: Roberto Berliner e Leo Ribeiro. Produção Executiva: Leo Ribeiro, Sabrina Garcia e Anna Julia Werneck. Coordenação Executiva: Fernanda Calábria. Coordenação de Pós-produção: Nat Mizher e Cel Mattos. Mixagem: Denilson Campos. Coloristas: Hebert Marmo e Anuar Marmo. Assistente de Edição: Mel Cunha. Produção: TvZero. Coprodução: Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil. Distribuição: TvZero. Produtora associada: Cineclube Pela Madrugada e Luana Carvalho. Patrocínio: Antarctica. Incentivo: Governo do Estado do Rio de Janeiro/ Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Classificação: Livre Duração: 115 min.

O diretor aproveitou bem o material caseiro filmado pela equipe de Beth, registrando momentos belíssimos da história musical brasileira, com nomes do porte de Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso, Cartola, Nelson Cavaquinho, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e muitos outros, brilhando em registros de gravações de sambas hoje em dia clássicos.

A dimensão político-social de Beth também é amplamente demonstrada em suas entrevistas e discursos. Sua defesa da negritude brasileira, da cultura popular, dos gêneros musicais dos morros é registrada em momentos antológicos. Seu posicionamento político nas Diretas Já, no apadrinhamento de talentos escondidos da periferia, na defesa e popularização do pagode, emociona e faz ver ao espectador como uma pessoa pode moldar, com coragem e dignidade, os rumos da cultura brasileira. Como uma verdadeira enciclopédia do samba, este documentário é obrigatório de se assistir, até para se entender melhor o momento atual da cultura brasileira. Assistam e se deliciem com os sambas cantados por Beth Carvalho!

Nota: 9/10.