Filmes sobre doguinhos no geral são extremamente dramáticos e nos deixam com o coração dilacerado. RUIM PRA CACHORRO, película dirigida por John Greenbaum (Duas Tias Loucas de Férias, 2021), vem quebrar esta estatística e dar ao público adulto momentos de muita diversão (sim, a produção não é para criança). O longa é produzido por uma pancada de gente, entre eles, Phil Lord e Christopher Miller, um dos responsáveis por talvez um dos melhores filmes de comédia do ano, O Urso do Pó Branco. Só esta referência já seria o suficiente para que o cinéfilo habitual corresse para a sala mais próxima, mas não para ai. A sinopse da trama é outra ferramenta importantíssima neste momento crucial de escolha do ''que assistir na telona''. O roteiro de Dan Perrault apresenta um ingênuo cachorrinho chamado Reggie, dublado pelo incrível Wendel Bezerra e com a voz original de Will Ferrell, que se vê abandonado por seu dono Doug (Will Forte). Na perspectiva do viralatinha, Doug é um grande parça e adora brincar com ele de ''jogar bolinhas o mais longe possível'', mas a realidade é que o homem sequer gosta do cachorro e o animalzinho só se dá conta da relação tóxica e abusiva que tem vivido quando já nas ruas conhece outros doguinhos e estes os jogam a real. Deixado basicamente no centro da cidade para se virar, Reggie encontra com o desbocado Bug, voz do ator e comediante Fabio Rabin, no original Jamie Foxx é quem está no papel, Maggie, que ganha a interpretação na versão brasileira de Bruna Louise, também atriz e comediante, na versão Hollywoodiana, Isla Fisher é a voz da cadela, e ainda o cão terapeuta Hunter, voz de Wellington Lima na versão dublada e na original de Randall Park. Logo, quando Reggie acorda para a vida ele decide voltar para a casa do dono, mas não exatamente para o fazer bem e sim para arrancar fora o que Doug mais ama, o p-a-u. Momento vingança ativado. Assim, seus novos amigos acabam o ajudando a encontrar o caminho e a aventura toda é um barato daqueles.
O elenco original ainda conta com Sofia Vergara como a voz do sofá em que os cachorros adoram se esfregar e de Josh Gad como o cão narrador. No Brasil, o grupo formado por Thiago Ventura, Afonso Padilha, Márcio Donato e Dih Lopes, Os Quatro Amigos, dão voz a alguns dos cachorros piradões que vemos na tela e a escolha dessa turma para os papéis consegue casar com a ''a idéia original'' de trazer atores comediantes nos papéis centrais da história. (E que elencão! em ambas as versões).
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Strays, 2023. Direção: John Greenbaum. Roteiro: Dan Perrault. Vozes Originais: Will Ferrell, Jamie Foxx, Isla Fisher, Randall Park, Will Forte, Bret Gelman, Josh Gad, Rob Riggle, Sofia Vergara, Greta Lee, Jack De Sanz, David Herman, Jimmy Tatro Harvey Guillén, Jamie Demtriou e Dennis Quaid. Versão Dublada: Wendel Bezerra, Fabio Rabin, Bruna Louise, Wellington Lima, Thiago Ventura, Afonso Padilha, Dih Lopes, Márcio Donato, Marcelo Salsicha. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Gênero: Comédia, Aventura. Trilha Sonora Original: Dara Taylor. Fotografia: Tim Orr. Edição: Greg Haydem, Sabrina Plisco e David Rennie. Design de Produção: Aaron Osborne. Direção de Arte: Erin Cochran. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 01h36min.
É extremamente divertido acompanhar a jornada dos quatro doguinhos para retornar ao ex-dono de Reggie. Eles passam quase que por um dia de ''Se Beber, Não Case'' de cachorros. Vão ao parque de diversões procurar comida, fogem dos fogos de artificio (totalmente prejudiciais à eles e que ganham na sala de cinema o barulho que eles escutam em formato real), se encontram com ''cachorros policiais'', fazem ''merda'' literalmente e figurativamente, tem inúmeros momentos divertidos entre eles e o melhor de tudo, superam traumas de abandono. Se Reggie é mega inocente e começa a perceber a vida real, Bug é o mais entendido de tudo. Desbocado, raivoso, traumatizado, e muito descolado, o cachorrinho com a pelugem preta e branca é o grande destaque da aventura. O norte que Reggie precisava encontrar. Já Maggie e Hunter vivem um amor platônico e tem um quê de mais ''experientes'' do grupo. Ele é um cão terapeuta e ainda não consegue sair sem o seu colar eliazabethano, já ela tem suas neuras por ter sido trocada por um cachorrinho miniatura e que cabe na bolsa da dona, uma patricinha escancarada.
Créditos: © Universal Pictures. All Rights Reserved.
Sim, 95% dos cachorros usados no filme são reais
A comédia escrachada e cheia de palavrões tem teor sexual pesado. O título em português é de uma criatividade enorme, afinal, a palavra ''Cachorro'' toma o lugar de um palavrão muito usado e que é uma das expressões mais fáceis de se ouvir quando algo vai indo mal na vida de alguém. E se o título foi bem formulado, pode se dizer que a escolha dos dubladores bate a meta e ainda dobra. Wendel Bezerra é a perola das dublagens que não poderia faltar, mas a idéia de trazer Fabio Rabin, Bruna Louise e Os Quatro Amigos foi uma ótima sacada. Bruna sempre é bem desbocada em seus espetáculos de stand-up comedy e Rabin ultrapassa os limites da zoeira. Os dois caíram como uma luva nos personagens. Thiago Ventura que traz uma malandragem de rua em seus shows é outro que ganhou passagens muito insanas como um Rottweiller maloqueiro e valentão. Os atores com certeza tem talento para estar na dublagem da produção e arrebentam.
Créditos: © Universal Pictures. All Rights Reserved. O longa traz uma participação de Dennis Quaid, o astro esteve em alguns filmes sobre Cachorros, entre eles ''Quatro Vidas de Cachorro'', de 2017, e ''Juntos Para Sempre'', de 2019.
O conflito principal do filme tem embasamento em uma problemática real: o abandono de pets. No mundo inteiro milhares de cachorros e gatos são abandonados todos os dias, alguns conseguem ser resgatados por Ongs e outras instituições e conseguem um lar, mas é impressionante como nas grandes cidades ainda vemos muitos bichos soltos e jogados nas ruas. Segundo as estatísticas levantadas pelo ''The Zebra'', mais de 80 milhões de famílias norte-americanas são donas de pets e quase cerca de 7 milhões de bichinhos acabam chegando aos abrigos, onde até metade deles conseguem um novo lar. Imaginem então aqueles que não conseguem entrar nesses dados, um número ainda maior e alarmante, já que os pets abandonados muitas vezes não são castrados e se proliferam de forma indeterminada. No Brasil, segundo dados da Universidade de Brasília (leia aqui), se tem hoje cerca de 30 milhões de pets nas ruas. Algo imensamente revoltante e triste.
Bem, se Reggie consegue sua vingança ao som de ''Wrecking Ball'', de Miley Cyrus, e ainda ganhou muitos amigos. Espera-se que outros cães e gatos por ai consigam lares e seus ex-donos tomem consciência de que o abandono não é o mais indicado em nenhuma situação. Aliás, já pensou em adotar um bichinho hoje? (clique aqui).
Pra fechar, vale lembrar que a produção estava prevista para chegar as salas em junho e acabou não tendo a mesma data de estreia que em outros lugares. Nos Euas, e em uma leva grande de países, o filme estreou em meados de agosto. Mas falando de coisa boa, o brasileiro que for ver o filme nas telonas entre 28 de setembro e 04 de outubro, vai encontrar ingressos pela bagatela de R$ 12 reais, pois esta é a ''Semana do Cinema'' e os ingressos em diversas redes vão ter apenas um preço para qualquer filme, exceto para as salas em IMAX, VIP, 3D e tc. Imperdível!
Avaliação: Cinco uivos de alegria (5/5)
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