Título original e ano: Downton Abbey: The Grand Finale, 2025. Direção: Simon Curtis. Roteiro: Julian Fellowes. Elenco: Hugh Bonneville, Elizabeth McGovern, Michelle Dockery, Laura Carmichael, Paul Giamatti,Alessandro Nivola, Penelope Wilton, Allen Leech, Tuppence Middleton, Dominic West, Phyllis Logan, Joely Richardson, Robert James-Collier, Kevin Doyle, Michael Fox, Sophie McShera, Raquel Cassidy, Lesley Nicol, Kevin Doyle, Jim Carter, Brendan Coyle. Nacionalidade: Reino Unido e Eua. Gênero: Drama, Histórico. Trilha Sonora Original: John Lunn. Fotografia: Ben Smithard. Edição: Adam Recht. Design de Produção: Donal Woods. Direção de Arte: Philippa Mumford e Naomi Bailey. Figurino: Anna Mary Scott Robbins. Produção: Gareth Neame, Julian Fellowes, Liz Trubridge. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h07min.
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
Downton Abbey - O Grande Final, de Simon Curtis
Downton Abbey chega ao seu derradeiro final nos cinemas, após dois filmes, lançados respectivamente em 2019 e 2022, de sucesso mundial e aclamação crítica. Por trás de todo esse estrondoso triunfo está o roteirista Jullian Fellowes responsável por todos os roteiros dos dramas cinematográficos e pela criação da série. "O Grande Final" repete o diretor de "A Grande Era" (ler texto aqui) e Simon Curtis realmente consegue entregar o ritmo do show e de uma película dinâmica e extremamente bem filmada.
Voltando no tempo, sabe se que no primeiro longa (texto aqui), temos a visita da realeza fazendo não só empregados ficarem nervosos, mas também toda família Crawley por não querer decepcionar e manter sua posição de prestigio. Picuinhas e mil e um casos, amorosos ou não, acontecem, mas tudo se resolve. Já na trama seguinte, a rainha da casa, a Condessa Violet, papel da excelente Maggie Smith, é a personagem central, pois um casinho dela de quando passou um verão na França volta à tona e balança a moral da família. Principalmente de Robert Crawley, vivido por Hugh Bonneville, seu filho e herdeiro, que é sempre discreto, mas ao mesmo tempo um homem emocionado. Alguns problemas financeiros também fazem Downton o palco da filmagem de uma película e a situação muda a vida dos empregados da casa. Aliás, dilemas destes últimos são vistos desde a série e comovem por apresentar vidas reais se dedicando a uma jornada longa de serviço para o bem estar da aristocracia britânica. O roteiro de Fellowes aproveita sempre para contextualizar épocas, como guerras, reis atuais no trono e etc. Além disso, faz a família se desenvolver e caminhar com a chegada de novos tempos ao discutir temáticas das mais diversas possíveis (homossexualidade, relações conjugais ou entre irmãos, o abondono de sua realidade para servir guerras e etc).
Neste novo e empolgante último episódio, Lady Mary, personagem de Michelle Dockery, ganha um recorte especial, pois após um casamento onde o marido faleceu, sua segunda relação também naufraga e Mary agora é uma mulher divorciada. Para os anos 30, um escândalo dos mais devastadores possíveis, pois a sociedade ainda caminhava para a luta eterna da liberdade feminina. Na capital, a elite chega a retirar de festas, pois ela não pode estar na presença da realeza, já no campo e em sua casa, os vizinhos sequer aceitam convites para jantar o que faz sua irmã Edith, papel de Laura Carmichael, mexer os pauzinhos para trazer momentos em sociedade à amada Mary. Mas outro tema que ganha também grande destaque aqui e é a passagem de bastão de uma geração que está indo descansar para que a mais nova assuma seu lugar e consiga manter a posição como antes. A cozinheira da família, Sra. Patmore (Lesley Nicol), e a cozinheira auxiliar Daisy (Sophie McShera), finalmente amigas e companheiras, após um inicio conturbado de Daisy na cozinha. Sra. Patmore está saindo para que a jovem assuma seu posto e ela percebe como ensinou bem a garota, já que esta consegue cobrar como ninguém as auxiliares que agilizem o trabalho. O mordomo aposentado, Sr. Carson (Jim Carter) também assiste o jovem Andy chegar a posição que já foi dele. Já Lady Mary finalmente assumirá o controle da propriedade para que os pais, Robert e Cora (vivida por Elizabeth McGovern), saiam de cena e descansem, talvez custando à ela a presença de sua empregada Anna (Joanne Froggatt), que é casada com o lacaio de Robert, Sr. Bates (Brendan Coyle) e assim necessita estar perto do marido, pois está gravidissima. Lady Merton (Penelope Wilton), mãe do falecido Matthew, começa a ganhar mais afazeres na comunidade, assim como tinha a amiga e Condessa Violet e decide incluir Daisy e Carson no seu time de conselheiros, o que deixa o administrador local furioso. Sr. Moslesley (Kevin Doyle), que abdicou da vida de serviçal para escrever e ser roteirista retorna ao casarão após descobrir que o ator Guy Dexter (Dominic West) deve vir a Downton, acompanhado do ex-mordomo Thomas Barrow (Robert James-Collier). para uma celebração única e com ele trará o escritor Noah Coward (Arty Froushan), que ele muito admira. Outra chegada à casa é do irmão de Cora, Harold (Paul Giamatti), com seu cobrador a tira colo, Gus Sambrook (Alessandro Nivola). O homem é bem suspeito e tenta fazer algo contra Lady Mary, mas todos estão por perto para descobrir tais falcatruas e a proteger, ainda que ela quase tenha sucumbido ao charme do vigarista.
A trama toma tempo visual para evidenciar o passado e, principalmente, falar com leveza da passagem da Condessa, que ainda está muito presente ali, pois um quadro seu figura em uma das grandes salas da casa - o momento acaba homenageando a saudosa Maggie Smith. E relembra também outros personagens que não mais fazem parte dos arcos vigentes, como a irmã mais nova de Lady Mary, Lady Sybil (Jessica Brown Findlay), ou o próprio Matthew Crawley (Dan Stevens) - ambos os atores solicitaram sair da série, para quem não sabe, e esta é a primeira vez que aparecem em cenas dos filmes.
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O filme estréia esta sexta-feira, 12/09, no Reino Unido
Aos primeiros momentos do filme, o personagem Molesley grita em alto e bom sons que ''atores não são nada" sem um bom texto e que o roteirista é a alma das produções. A fala soa como uma leve batidinha no ombro de Fellowes para ele mesmo. Mais para o ato final do filme, o mesmo personagem, que personifica um escritor na trama, diz que "sem bons atores, um texto não chega a lugar nenhum". O parabéns do roteirista continua, mas a todo o time e ao grande elenco que ele conseguiu ter nas produções de Downton Abbey. E sim, ele realmente descreve situações cotidianas simples e consegue com que classes diferentes consigam conviver juntas e ter empatia uma pela outra - algo de extrema valia nos tempos atuais. E a série, mais do que nunca, exibe o poder de relações entre empregados e patrões serem fortalecidas por laços afetivos e de respeito, ainda que a corda sempre quebre para o lado mais fraco. A ousadia do autor também em propor um final feliz e romântico a um personagem gay - ainda que padrão dentro da comunidade - é esperançoso e aquece muito o coração de quem assiste, afinal, em grande parte, o filme tem personagens heterossexuais namorando ou casados. E ele nos leva para o salto inesperado de uma mulher divorciada tomar a frente dos negócios da família ainda em um tempo muito preconceituoso e misógino com tal bravura. É uma escrita quase que libertária e, de certa forma, até mais leve que o tom melodramático que a série ganhava às vezes.
O dinheiro é um dos grandes fios conetores no enredo do filme, afinal, o irmão de Cora, Harold, ganha um aspecto de tolo e é enganado, pois perde algum poder aquisitivo e o status da família ainda fica manchado com as notícias sobre a filha Mary. No entanto, o crescimento de alguns personagens fica muito claro neste final. O Robert da primeira temporada da série, por exemplo, era uma homem muito mais rígido e conservador e agora Lorde Grantham tem um aspecto mais amoroso e fica desconcertado com o desrespeito à sua filha Mary. A união entre os empregados também se difere de um inicio cheio de traições e situações de pouco coleguismo. A vida parece mais certa e confortável para todos, ainda que com suas dificuldades usuais.
Trailer
Ficha Técnica
Elementos atuais e precisos, cenários e design de produção impecáveis, trilha sonora amplamente reconhecida e um figurino de fazer qualquer passarela ficar de queixo caído revelam a excelência técnica que o cinema e a televisão britânicos dominam como poucos.
Downton Abbey – O Grande Final exibe, aliás, o humor britânico em sua melhor forma: inteligente, irônico, hilário e magistralmente bem dosado. A variedade de temas dramáticos confere à obra um refinamento notável, convidando o público à reflexão enquanto garante um entretenimento de primeira linha.
HOJE NOS CINEMAS
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