quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Wicked: Parte ll, de Jon M. Chu

 
A segunda parte do fenômeno Wicked finalmente chega às telas de todo o mundo esta semana. O filme contou com cinco pré-estreias no início de novembro, começando por São Paulo e seguindo para Paris, Londres e Sentosa. Nova York foi a última parada, já próxima à estreia mundial. Filmado inteiramente no Reino Unido, com cenas adicionais no Egito, a superprodução aprofunda a trajetória de Glinda, “A Boa” (Ariana Grande), enquanto ela assume o papel de aliada do Mágico de Oz (Jeff Goldblum) e de Madame Morrible (Michelle Yeoh). A aprendiz de feitiçaria, na verdade, não possui poderes mágicos, e a parceria com ambos a ajuda a parecer competente diante da sociedade de Oz. No primeiro longa isto fica evidente, mas é aqui que vemos Glinda seguir o fluxo conforme a conveniência. É também no filme anterior que se estabelecem os primeiros sinais da perseguição sofrida por Elphaba (Cynthia Erivo), unicamente por ser quem é, uma bruxa de poder inigualável e de pele verde, algo explicado pelo enredo como fruto de relações extraconjugais de sua mãe, revelação que volta a ter destaque nesta continuação.

Rotulada como Bruxa Má do Oeste, Elphaba vive na surdina e continua ajudando os animais a fugirem do controle ditatorial do Mágico - que, na verdade, não é mágico, mas insiste em se manter no poder, declarando-a uma ameaça ao seu reino quando ela se recusa a se aliar a ele. Sua irmã, Nessarose (Marissa Bode), torna-se governadora ao ganhar o posto que era de seu pai e também aceita jogar conforme as regras políticas, restringindo e condenando aqueles que se opõem aos poderosos. Seu adorado Boq (Ethan Slater) trabalha como servo e assistente, embora deseje outra vida. Ao descobrir o anúncio de casamento entre o Príncipe Fiyero (Jonathan Bailey) e Glinda, Boq tenta abandonar Nessa, mas acaba vítima de um feitiço mal executado e se transforma em um Homem de Lata sem coração.  Príncipe Fiyero, agora capitão da guarda real, reencontra Elphaba e foge dali com ela, deixando Glinda devastada ao perceber que não era amada e o aceite de casamento não foi um sonho para ele como era para ela. A situação transforma as antigas amigas em rivais. É então que Madame Morrible manipula os acontecimentos para que todos acreditem cada vez mais que Elphaba é maléfica. Ela convoca uma tempestade que traz de longe a casa da jovem Dorothy (Bethany Weaver), que cai sobre Nessa e a mata acidentalmente. O episódio dá a Dorothy os sapatos da falecida e deixa Elphaba furiosa, ainda mais quando Fiyero é capturado e possivelmente morto pelo Mágico. Dorothy, então, atravessa Oz em busca de ajuda e encontra alguns companheiros pelo caminho: um Leão covarde, um Homem de Lata e um Espantalho. Juntos, eles fazem pedidos pessoais ao Mágico, que, em troca, exige uma prova de que a Bruxa Má do Oeste está morta.

O roteiro insere o contexto de "O Mágico de Oz" (Victor Fleming, George Cukor, Norman Taurog -  1939) como uma camada que auxilia o desenrolar da narrativa, algo esperado, já que o universo de Wicked é uma releitura dos acontecimentos apresentados no longa, por sua vez inspirado na obra original de L. Frank Baum.

Crédito de Imagens: © Universal Studios. All Rights Reserved.
Ariana Grande e Cynthia Erivo ganharam duas músicas inédias para performar em "Wicked For Good", "No Place Like Home" e "The Girl in the Bubble".


Se no primeiro filme já era explícita a manipulação da opinião pública pelo Mágico e seus comparsas, aqui fica ainda mais evidente como o falsiano consegue fazer com que todos em Oz acreditem no que ele quiser, sobre quem ele quiser que seja atingido. Elphaba nunca é vista atacando ninguém, mas é rotulada como Bruxa Má por se recusar a ser controlada e a agir conforme a vontade alheia. Se na época da escola ela já sofria com o afastamento e perseguição dos outros apenas por ser “verde” - um paralelo claro que se relaciona ao casting de Cynthia Erivo ao papel visto ao racismo enfrentado diariamente por pessoas pretas - em "Wicked For Good" sua jornada é aprender a aceitar que as pessoas terão opiniões equivocadas sobre ela e, ainda assim, seguir adiante, lutando pelo que acredita.

Crédito de Imagens: © Universal Studios. All Rights Reserved.
O primeiro trailer do filme recebeu 113 milhões de views apenas em vinte quatro horas

Apesar de a trama sugerir rivalidade entre Elphaba e Glinda em vários momentos, é a compaixão e a sororidade entre as duas que ganham destaque em ambos os filmes. Elphaba entende por que a amiga está aliada ao Mágico, enquanto Glinda compreende que Fiyero realmente ama Elphaba - e reconhece também que a imagem de Elphie é manipulada pelos aliados do Mágico, muitas vezes com a ajuda quase involuntária dela própria. Mesmo quando Glinda tenta trazer a Bruxa Má para perto, isso se torna impossível diante das artimanhas do Mágico, que sempre acabam prejudicando alguém. Algo que até mesmo os animais encantados de Oz percebem e que acreditam se tratar de uma luta difícil e quase sem esperança de vencer. 

Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Wicked For Good, 2025. Direção: Jon M. Chu. Roteiro: Winnie Holzman, Dana Fox - baseado no livro de Gregory Maguire e no musical de Stephen Schwartz e Winnie Wolzman com os personagens criados no universo de L. Frank Baum. Elenco: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jeff Goldblum, Michelle Yeoh, Jonathan Bailey, Ethan Slater, Marissa Bode, Colman Domingo, Bowen Yang, Bronwyn James, Aaron Teoh Guan Ti, Keala Settle, Sharon Clarke, Bethany Weaver. Nacionalidade: Eua. Gênero: Drama, Musical, Romance, Aventrura. Trilha Sonora Original: John Powell e Stephen Schwartz. Fotografia: Alice Brooks. Edição: Myron Kerstein e Tatiana S. Riegel. Design de Produção: Nathan Crowley. Direção de Arte: Ben Collins. Figurino: Paul Tazewell. Produção: Universal Pictures  e Marc Platt Productions. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h18min.
Neste segundo filme, as músicas carregam significados tão potentes quanto as do primeiro. A canção que dá título ao longa, Wicked For Good, por exemplo, revela que certas pessoas cruzam nosso caminho e nos transformam para melhor simplesmente por existirem em nossas vidas. “No Place Like Home” também tem grande importância ao definir por que Elphaba continua lutando por um lugar que, quase sempre, só lhe devolve ódio. Se no primeiro filme as emoções estão à flor da pele e as lágrimas são inevitáveis, aqui alcançamos um ponto de maturidade e compreensão.

A direção de Jon M. Chu confere ao segundo filme ainda mais vigor, conduzindo seu elenco com precisão renovada. A edição é certeira ao oferecer aos fãs cenas que retornam aos acontecimentos do início da trama, permitindo revisitar esses momentos com calma e dar tempo ao tempo para cada ápice da jornada de Elphie e Glinda. Os figurinos também ganham novas camadas: Glinda abandona o rosa claro e adota tonalidades mais escuras, quase lilases, em certas cenas, uma escolha que reflete as transformações vividas pela personagem de Ariana Grande. Já Elphaba recebe ainda mais trabalho em seus longos vestidos, e até o simbolismo de seu chapéu é carregado de significados ao fim da trama.

Wicked: Parte II entrega tudo o que os fãs dos livros e dos musicais ao redor do mundo tanto amam: um espetáculo grandioso, vibrante e repleto de cores.

PS: O álbum com as músicas do filme será liberado no Spotify (ver aqui) à meia noite.

HOJE NOS CINEMAS



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