sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Perfeitos Desconhecidos, de Júlia Jordão

 
Em 2016, o roteirista Felipe Bologna apresentou ao mundo o texto de "Perfetti Sconosciuti", uma trama que parte de uma situação tão simples quanto provocadora: durante um jantar, um grupo de amigos decide iniciar um jogo no qual todos concordam em compartilhar o conteúdo de seus celulares, lendo em voz alta mensagens e notificações recentes. A partir daí, a narrativa expõe a universalidade de um sentimento incômodo: a certeza de que todos escondem algo sobre quem realmente são ou sobre o que fazem em sua vida privada. Esse desconforto atinge seu ápice no absurdo cuidadosamente construído pelo roteiro e o sucesso da obra foi tamanho que o filme ganhou inúmeras versões internacionais (República Tcheca, Espanha, Alemanha, entre outros). Agora, a história ganha uma adaptação genuinamente brasileira, revisitando o mesmo jogo sob novos códigos culturais e sociais.

Um churrasco é organizado pelo casal Carla (Sheron Menezzes) e Gabriel (Danton Mello) para reunir amigos e celebrar a convivência. A filha do casal, Alice (Madu Almeida), uma influenciadora de beleza cheia de opiniões firmes, pretende levar ao encontro o namorado nerd Renato (Luigi Montez). A presença do rapaz, no entanto, não agrada inteiramente a Carla, que teme que a filha esteja vivendo uma vida sexualmente ativa, preocupação que beira a vigilância excessiva. Gabriel, por sua vez, adota uma postura mais compreensiva, respeitando o espaço e o amadurecimento da jovem, além de defender que, se houver experiências, que elas aconteçam de forma responsável e segura.

Os primeiros a chegar na casa são Paula (Debora Lamm) e Luciana (Giselle Itié), um casal carismático, intenso e cheio de vida. Todos mantêm uma relação próxima com João (Fabrício Boliveira), o típico bon vivant: solteiro, rodeado de “contatinhos” e sempre pronto para compartilhar histórias de seus romances ocasionais. À medida que o grupo inicia o jogo proposto, conflitos até então submersos começam a emergir. Gabriel aparenta ter vivido um affair fora do casamento; Carla, por sua vez, parece guardar uma relação mal resolvida com João, conhecida por poucos. A pressão de Carla sobre Alice para que revele se ainda é virgem apresenta mais sobre seus próprios medos do que sobre a filha. Renato, deslocado naquele ambiente, teme que sua imagem de rapaz ingênuo seja desfeita, expondo inseguranças profundas que carrega. Para Luciana e Paula, surgem também questões ligadas à traição, não apenas no sentido literal, mas em múltiplas camadas de confiança e desejo. O que começa como uma reunião descontraída rapidamente se transforma em um campo minado emocional, deixando o grupo cada vez mais inquieto, exposto e perturbado. 

A direção é de Julia Jordão e conta com produção da Quitanda Filmes e Arpoador Filmes, e ainda coprodução e distribuição da Sony Pictures International Productions.

Trailer


Ficha Técnica


Título Original e Ano: Perfeitos Desconhecidos, 2025. Direção: Júlia Jordão. Roteiro: Patrícia Corso e Clara Peltier - baseado no texto original de Felipe Bologna. Revisão de roteiro: Janaína Tokitaka. Elenco: Danton Mello, Debora Lamm, Fabrício Boliveira, Giselle Itié, Luigi Montez, Madu Almeida e Sheron Menezes.Gênero: Comédia, Drama. Nacionalidade: Brasil. Direção de fotografia: Kika Cunha. Direção de arte: Iolanda Teixeira. Figurino: Ana Avelar. Caracterização: Marina Beltrão e Miriam Beltrão. Produtora: Quitanda Filmes. Produção: Erica Iootty.  Produtor associado: Jorge Peregrino. Produção executiva: Tathiana Mourão, UPEX e Gabriela Carvalho. Coprodutores: Arpoador Filmes e Sony Pictures Releasing International Corporation. Distribuição: Sony Pictures Brasil. Duração: 01h31min.
O texto adaptado por Patricia Corso e Clara Peltier se difere bastante do original no sentido em que os personagens são lá todos de uma idade mais avançada. Aqui temos um certo frescor com um elenco mais jovial. Há um casal gay de mulheres e não de homens, relações inter-raciais e jovens conectados à internet. Esse combo demonstra bem a diversidade brasileira e as brigas que surgem tem pleno tom e sabor do que vez ou outra acontece nos eventos familiares de todos nós brasileiros, brigas e mais brigas. O machismo também tem um papel grande na trama, pois os homens são a cópia exata de homens reais. Sejam adolescente ou homens grisalhos. O casal de mulheres também vem com muita realidade na veia  e o ciúmes é o grande vilão da vida de Paula e Luciana. A relação de mãe e filha de Carla e Alice também tem um tom "Casos de Família", pois a mãe se demonstra super protetora da cria. 

Crédito de Imagens: Kika Cunha - Sony Pictures Brasil, Divulgação
Com um elenco diverso e certeiro, a produção entrega humor, drama, e muitas intrigas que fazem a festa do espectador curioso


Júlia Jordão é diretora, produtora e foi assistente de direção em inúmeros filmes brasileiros de sucesso como “VIPs” (Toniko Melo, 2010), “Não Por Acaso” (Philippe Barcinski, 2007), “Durval Discos” (Anna Muylaert, 2002), entre outros. Tem ainda no currículo a direção de inúmeras séries: “O Rei da TV” (Disney, 2022) e “O Negócio” (HBO, 2013)

Na certa, o público ganha mais um exemplo claro de que uma ideia original, quando bem trabalhada e adaptada ao seu contexto de desenvolvimento, pode, sim, alcançar bons lugares. “Perfeitos Desconhecidos” transita com naturalidade entre o cômico e o dramático, revelando a condição humana nos relacionamentos e tomando essas fragilidades como base para refletir sobre tudo o que nos constitui enquanto indivíduos, inclusive nossos erros.

HOJE NOS CINEMAS

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Avatar: Fogo e Cinzas, de James Cameron

 
Com "Avatar" (2009), James Cameron iniciou um projeto que combina desenvolvimento e aperfeiçoamento da tecnologia de captura de movimentos, com uma aventura sci-fi com pinceladas de mensagem de preservação ambiental. Sua continuação, "O Caminho das Águas", lançada em 2022, dobrou essa aposta, com lindas imagens, novos personagens e a expansão do mundo. Agora, uma vez mais em Pandora, "Fogo e Cinzas" tem a difícil missão de continuar expandindo esse universo em seus 195 minutos e justificar todo esse tempo.

Sobre tecnologia, a produção é uma evolução, mesmo que não tão suntuosa quando comparado ao filme anterior, mas a profundidade do 3D, as imagens de Pandora, tudo está ainda mais crível, ainda mais potente.

Nesse terceiro capítulo da saga, acompanhamos a família Sully tentando se reerguer dos eventos que o público acompanhou em O Caminho das Águas. Assim, enquanto Neytiri (Zoe Saldaña) presta o luto devido ao falecimento de Neteyam (Jamie Flatters), Jake (Sam Worthington) busca armamento pesado nos barcos destruídos na batalha. Ambos vivenciam a dor da perda à sua maneira e essas visões se chocam cedo na narrativa. Há, inclusive, um início de discussão sobre fé nesse ponto, é muito interessante como Cameron complexifica e engrandece o universo de inúmeras formas, com diferentes olhares. 

E é o que ele faz com o Povo das Cinzas, liderado por Varang (Oona Chaplin). Depois de orarem para a deusa e não receberem nada, esse clã de Na'Vis se volta para o fogo e para a destruição, performando saques e matando quem passar por eles. E o caminho da família Sully e do Povo das Cinzas logo se cruza, quando Spider (Jack Champion) precisa trocar sua máscara de oxigênio, a família embarca numa espécie de dirigível com mercadores. Esses dirigíveis são puxados por animais e são algumas das cenas mais bonitas do filme e isso não é pouca coisa. A forma com que Cameron filma a aventura, com ação frenética e momentos de respiro contemplativos, é muito especial, de quem sabe fazer Cinema, com letra maiúscula.

Kiri (Sigourney Weaver), Lo'ak (Britain Dalton) e Tuk (Trinity Jo-Li Bliss) seguem também essa jornada. Kiri busca despertar e se conectar com a  Grande Mãe, mas algo ainda a impede. Lo'ak deseja um lugar na sociedade Na'Vi e Tulkun para seu amigo Payakan, bem como quer assumir mais responsabilidades, mas Jake, com medo, não deixa que ele o faça.

Crédito de Imagens: © 2025 20th Century Studios. All Rights Reserved.
Avatar: Fogo e Cinzas tem lançamento previsto para 16 anos, uma semana e dois dias após o Avatar original (2009). Além disso, a produção chegará aos cinemas norte-americanos no 28º aniversário de Titanic (1997), filme de James Cameron vencedor do Oscar, que estreou em 19 de dezembro de 1997.

O comboio de mercadores é atacado e Varang acaba conhecendo Quarlitch (Stephen Lang). A busca por poder acaba por conectar eles, mas é o fogo e o desejo que os une. Tem uma cena em específico, na cabana de Varang, que é surpreendente pela proposta e pela forma que é filmada, um ritual intrigante.

Quarlitch arma o Povo das Cinzas e parte em busca de Spider, seu filho, que agora consegue respirar o ar de Pandora sem a necessidade de máscara. Com a ajuda de Kiri, o menino passa a poder fazer isso e, até mesmo, desenvolve um kuru (calda dos Na'Vi que os conectam à natureza).

Esse também é um importante ponto do filme, quanto da natureza local pode "infectar' quem se deixar conectar. Mesmo Quarlitch, um militar sisudo, ao conhecer Varang, se deixa vivenciar os costumes de seu povo, entendendo como eles se conectam com o todo, com a sua sociedade. Porém, querem Spider para tentar replicar nos humanos, que continuam explorando e destruindo Pandora, a habilidade de respirar o ar daquele planeta.

Pôster
As filmagens da super produção passaram pelos Estados Unidos da América, Ucrânia e Nova Zelândia

Esse mote gera cenas dignas de tragédias gregas, isso com um texto simples, mas personagens bem definidos. Se Neytiri odeia os humanos, ela também odeia Spider, mas então ela também odeia Jake? Ela odeia seus filhos? Até onde vai seu ódio? Se o ódio queima, o que pode sair das cinzas? Bem, vale essa digressão durante o filme.

Em falar em kuru, Varang tem uma habilidade interessante ao subjugar outros Na'Vi quando conecta os kurus. A vilã possui uma determinação forte e pensamos que isso seria colocado em choque com Neytiri, mas o filme sofre de cortes.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Avatar: Fire and Ashes, 2025. Direção: James CameronRoteiro: James Cameron, Rick Jaffa, Amanda SilverElenco: Sam WorthingtonZoe SaldañaSigourney WeaverStephen LangKate WinsletCliff CurtisBritain DaltonTrinity Jo-Li BlissJack ChampionBailey Bass, Oona Chaplin. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Gênero: Ficção científica, Aventura e Fantasia.  Direção de Fotografia: Russell CarpenterDireção de Arte: Dylan Cole, Ben ProcterDesign de Produção: Dylan Cole e Ben ProcterFigurino: Deborah Lynn ScottEdição: James Cameron, David Brenner, John RefouaTrilha Sonora Original: Simon FranglenEfeitos Visuais: Weta FX Tecnologia - Filmado com tecnologia 3D de alta performance, captura de movimento avançada e HFR (High Frame Rate)Produção: James Cameron e Jon LandauProdução Executiva: Josh McLaglen, David Valdes. Distribuição: 20th Century Studios BrasilDuração:  03h17min.
Se falou em um corte inicial de nove horas do filme, talvez seja exagero, talvez, conhecendo Cameron, não e isso fica evidente no filme. As voltas e voltas que a história dá, entre idas e vindas de um mesmo ponto podem soar cansativas. Talvez até mesmo uns pontos tocados pelo roteiro fiquem pelo caminho, sendo plantados, mas não suficientemente regados.

Mas as mais de três horas de duração são justificadas pelo espetáculo visual apresentado, por uma história fácil de se conectar e pela aventura frenética apresentada. Falando de política, de preservação ambiental, de família e religião, Fogo e Cinzas não só é um grande capítulo nessa saga, mas também é um Blockbuster de tirar o fôlego. O tempo voa enquanto nos divertimos mais uma vez em Pandora.

HOJE NOS CINEMAS

Asa Branca - A Voz da Arena, de Guga Sander

 
A realização de cinebiografias impõe desafios significativos a produtores e artistas envolvidos, sobretudo por se tratar de histórias reais. O público nem sempre se mostra satisfeito com o resultado final, já que muitas dessas obras acabam forçando narrativas que destoam do que se conhece dos fatos ou recorrem de forma excessiva à licença poética que o gênero permite. Este, no entanto, não é o caso de Asa Branca – A Voz da Arena, filme dirigido por Guga Sander, que traz Felipe Simas no papel do protagonista, o revolucionário locutor de rodeios que marcou uma era. Também estão no elenco: Fabio Lago como Jotapê, Ravel Andrade interpretando Miltinho e Carlos Francisco é Wandão. O roteiro foi assinado por Rafael Câmara, Fernando Honesko, Celso Duvecchi e Pedro Penna.

Não que o longa-metragem se proponha a reinventar a fórmula das clássicas cinebiografias que chegam todos os anos tanto ao circuito nacional quanto ao internacional. Ainda assim, ao dar vida a Waldemar Ruy dos Santos, o lendário narrador conhecido como "Asa Branca", Simas confere força e autenticidade à trama, fazendo com que o filme se sustente ao longo de quase duas horas de duração e valorize essa história genuinamente brasileira.

O filme parte de um momento decisivo: a reviravolta que transforma a vida de Ruy e o conduz de volta ao universo dos rodeios. Não mais como o peão que encara o touro, mas como a voz que comanda a arena, usando um microfone em mãos e rimas improvisadas que nascem de suas vivências. Simas entrega uma atuação marcada por autenticidade, carisma e garra. Talvez, em alguns trechos, a narração não atinja o mesmo nível de impacto, mas, em momentos chave da trama, sua locução é potente e capaz de arrepiar o espectador. Surpreende, sobretudo, o quanto o ator consegue ganhar a atenção de quem assiste, imprimindo força e presença à narrativa.

A obra tem a frente da produção, Marcos Araujo e João Queiroz Filho, e nela, acompanhamos a jornada de Asa Branca rumo aos Estados Unidos, para descobrir como transformar os rodeios do interior de São Paulo, em grandes e chamativos eventos. Junto da parceira de locução, a DJ Jiboia, interpretada pela atriz Camila Brandão, Asa Branca pretende tornar os rodeios um espetáculo nunca antes visto. Isso com muito rock, country, microfones sem fio para poder invadir a arena, fogos de artifício, carros e até um helicóptero.

Crédito de Imagens: Ventre Studio, Claro e Paris Filmes - Divulgação
Felipe Simas está no seu terceiro trabalho nos cinemas, após inúmeras aparições em novelas e séries. 

A visão do narrador diante dessa transformação é marcada pela grandeza, e maior ainda é sua ambição. Com a interpretação de Simas, o espectador acompanha de perto como esse impulso não impacta apenas o universo dos rodeios, mas também a própria vida do protagonista. Lara Tremouroux interpreta Sandra, namorada de Ruy e, brevemente, sua noiva, antes de sua incursão pelos Estados Unidos. Ao longo da trama, o casal se separa pouco depois do noivado, e Ruy retorna ao Brasil profundamente transformado e ainda mais determinado a revolucionar as arenas de rodeio. Entre percalços, ele alcança o sucesso, mas demonstra dificuldade em lidar com a fama e o dinheiro, o que o conduz ao abuso de drogas, álcool e a uma vida de excessos. Ainda assim, jamais se afasta da lembrança de seu grande amor. É justamente nesse ponto que o filme parece perder força, já que o roteiro não encontra sempre o tom ideal para desenvolver o romance, comprometendo parte do envolvimento emocional da narrativa.

Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: Asa Branca - A Voz da Arena, 2025. DireçãoGuga Sander. Roteiro: Rafael Câmara, Fernando Honesko, Celso Duvecchi e Pedro Penna. Elenco: Felipe Simas, Lara Tremouroux, Camila Brandão, Fabio Lago, Ravel Andrade, Carlos Francisco. Direção de Fotografia: Carlos Zalasik, ABC. Direção de Arte: Fernanda Carlucci. Direção de Produção: Rafael Dutra. Assistente de Direção: Wally Araújo. Elenco por: Diana Galantini. Preparação de Elenco: Fernanda Rocha. Caracterização: Marcos Freire. Figurino: Flávia Lhacer. Som Direto: Carolina Barranco. Edição de Som e Mixagem: Rodrigo Ferrante. Montagem: Arthur Brito, AMC. Trilha Sonora: André Caccia Bava. Produção: Sentimental Filme. Produzido por: Marcos Araujo e João Queiroz Filho. Produção Executiva: Juliana Bauer, Kátia Nascimento, Marina Aleixo e Justine Otondo. Coprodução: Ventre Studio e Claro. Investimento: Claro, BNDES, FSA, ANCINE e BRDE. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h49min.
Guga Sander acumula uma trajetória sólida na direção de séries televisivas e assinou, em 2015, o documentário "Surfar é Coisa de Rico", obra que revisita e contextualiza o início do esporte no Brasil, lançando um olhar atento sobre as origens e os contrastes sociais que marcaram a chegada do Surfe ao país.
HOJE NOS CINEMAS

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Ministério da Cultura lança manual para apoiar quem trabalha com jogos eletrônicos no Brasil

 
Documento orienta agentes do setor brasileiro de games sobre caminhos de financiamento e consolida a atuação do MinC na área de jogos eletrônicos
 
O Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria do Audiovisual (SAv), lançou durante o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR) + Ibero-América 2025 o Manual Game é Cultura, Game é Audiovisual. A publicação reúne, de forma clara e estruturada, os principais programas e ferramentas do Governo Federal que podem apoiar a criação, o desenvolvimento e a divulgação de jogos eletrônicos no país, articulando ações convergentes para a promoção do setor.

O objetivo do manual é fortalecer a autonomia dos criadores, facilitar o acesso aos recursos públicos e ampliar a presença dos games nas políticas culturais brasileiras.

O material é gratuito e pode ser utilizado por estúdios de jogos, coletivos, desenvolvedores independentes, estudantes e demais agentes do setor de games interessados em compreender como acessar os instrumentos governamentais disponíveis.

“Ampliar e aprimorar o debate a respeito das políticas públicas de financiamento ao segmento de games é muito importante para potencializar essa indústria que mobiliza cultura, movimenta recursos expressivos, gera empregos e renda”, afirmou a Diretora de Formação e Inovação Audiovisual da SAV, Milena Evangelista, durante o lançamento.

Com o manual, quem atua na área passa a encontrar em um único documento informações que antes estavam dispersas em diferentes fontes. Entre os conteúdos abordados, estão:
  • Como acessar a Lei Rouanet (Pronac) — Lei Federal de Incentivo à Cultura — que pode financiar projetos culturais, incluindo jogos;
  • Linhas de crédito e apoio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), fundo federal voltado ao desenvolvimento de atividades audiovisuais;
  • Programas de internacionalização, que fortalecem a presença de jogos brasileiros no exterior;
  • Iniciativas do Brazil Games, programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvedores de Games (Abragames).
A iniciativa também se conecta ao Marco Legal dos Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024), que estabelece orientações e regras para o setor brasileiro de games, reconhece oficialmente os jogos eletrônicos como atividade profissional e define quais empresas e trabalhadores compõem esse mercado. A legislação incentiva o desenvolvimento, a pesquisa e o fortalecimento da competitividade da indústria nacional de games.

O manual completo para download está disponível aqui.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Orgulho & Preconceito, de Joe Wright | 20º Aniversário


Entre julho e novembro de 2005, chegava aos cinemas de diversos países não apenas mais uma adaptação do clássico “Orgulho & Preconceito” (publicado em 1813 por Jane Austen), mas possivelmente uma das melhores versões já filmadas dessa história. O longa, dirigido por Joe Wright e estrelado por um elenco jovem que despontava para o estrelato: Keira Knightley (Elizabeth Bennet), Rosamund Pike (Jane Bennet), Carey Mulligan (Lidia Bennet), Talulah Riley (MaryBennet) e Jena Malone (Kitty Bennet), conquistou o público e a crítica, rendendo quatro indicações ao Oscar 2006: Melhor Atriz (Knightley), Melhor Direção de Arte (Sarah Greenwood), Melhor Figurino (Jacqueline Durran) e Melhor Trilha Sonora (Dario Marianelli).

Embora não seja uma adaptação literal do romance, o filme permanece profundamente fiel à essência da obra. Wright recria não apenas os eventos da trama, mas sobretudo as sensações, a atmosfera e os ritmos emocionais que permeiam a jornada de Elizabeth. Seu toque de romantismo mais visceral e imediato aproxima o público do turbilhão de sentimentos que, no livro, se desenvolvem de forma mais gradual, especialmente na relação fascinante entre a heroína e o homem que, à primeira vista, parece desprezá-la, mas que acabaria se revelando o grande amor de sua vida.

Pride & Prejudice”, título original do filme, ganhou relançamento em diversos países este ano para celebrar os 20 anos de sua estreia. Como parte das comemorações,  Focus Features lançou itens especiais para os fãs  e ainda organizou um baile com direito a um concerto exclusivo com Dario Marianelli, que apresentou ao vivo a belíssima trilha sonora composta para o longa. No Brasil, o filme estreia hoje nos cinemas para deixar os corações quentinhos e a alma renovada visto que o longa merece muito ser celebrado na tela do cinema mais uma vez.

Trailer




Ficha Técnica 

Título original e ano: Pride & Prejudice, 2025Direção: Joe WrightRoteiro: Deborah Moggach, baseado no romance Pride and Prejudice de Jane Austen. Elenco: Keira KnightleyMatthew Macfadyen, Rosamund PikeSimon Woods, Donald SutherlandBrenda BlethynJudi Dench, Kelly Reilly, Tom HollanderJena Malone, Carey MulliganTalulah RileyClaudie BlakleyRupert Friend. Nacionalidade: Reino Unido, França e EUA. Gênero: Drama, Romance, Período. Fotografia: Roman Osin. Montagem: Paul Tothill. Direção de Arte: Sarah Greenwood. Figurino: Jacqueline Durran. Trilha Sonora Original: Dario Marianelli. Cenografia: Katie Spencer. Maquiagem e Cabelo: Fae Hamill, Ivana Primorac. Edição de Som: William Miller. Design de Produção: Sarah Greenwood. Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Paul Webster. Produtor Executivo: Liza Chasin. Empresas Produtoras: Universal Pictures, StudioCanal, Working Title Filmes, Scion Films. Distribuição nos Estados Unidos: Focus Features. Duração: 127 minutos (2h07). Classificação: Livre. 


A paisagem campestre da Inglaterra de 1797 se exibe na tela enquanto Elizabeth caminha de volta para casa, absorvida pela leitura. A câmera passeia pelo entorno da residência, revelando animais soltos pelo quintal, roupas secando no varal e o sol que desponta em mais uma manhã radiante. Dentro de casa, as irmãs Bennet tocam piano, correm pelos cômodos e logo se agitam ao ouvir os pais, o Sr. Bennet (Donald Sutherland) e a Sra. Bennet (Brenda Blethyn), comentarem a tão aguardada chegada do novo morador de Netherfield Park, o riquíssimo Sr. Bingley. O alvoroço rapidamente se transforma em uma animada conversa sobre o baile que acontecerá dali a algumas semanas, quando todos, e especialmente as moças,  terão a chance de dançar e estar na presença do tão comentado e renomado recém-chegado. Não demora e elas começam os preparativos para os vestidos e detalhes necessários para o grande evento. No dia do baile, a Sra. Bennet faz questão de apresentar cada uma de suas filhas ao Sr. Bingley, que chega acompanhado da irmã Caroline (Kelly Reilly) e de seu fiel amigo, o enigmático Sr. Darcy (Matthew Macfadyen).

Durante a festança, o salão fervilha de comentários e fofocas, mas é evidente que Jane e Bingley criam uma afinidade imediata. Enquanto isso, Lizzie (apelido de Elizabeth) acaba ouvindo, por acaso, algumas opiniões pouco gentis sobre si mesma vindas do carrancudo Sr. Darcy. Mais tarde, porém, ao participarem de uma roda de conversa, Elizabeth consegue demonstrar a ele, com inteligência e ironia, que subestimar alguém pela aparência é sempre um erro

Alguns dias depois, Jane é convidada a conhecer Netherfied Park e a Sra. Bennet, percebendo o interesse de Bingley por sua filha mais velha, articula para que tal visita dure mais do que o esperado. O plano dá certo, mas Jane acaba adoecendo durante a viagem, o que obriga Elizabeth a sair de seu conforto e caminhar até a mansão para cuidar da irmã. Assim, ela acaba também passando alguns dias com Bingley, Caroline e Darcy. O que se finaliza com uma visita da mãe e das irmãs para as buscar.

Os acontecimentos que se seguem envolvem a visita inesperada do primo Sr. Collins (Tom Hollander), a chegada de um regimento de soldados à região e, sobretudo, o escândalo causado pelas mentiras do pouco confiável Sr. Wickham (Rupert Friend), que acaba comprometendo a honra de uma das irmãs Bennet. Soma-se a isso a dolorosa separação entre Jane e Bingley, resultado dos comentários maldosos sobre a família Bennet - especialmente a mãe -, acusada de querer apenas garantir um casamento vantajoso para a filha. É nesse cenário que Elizabeth se vê pressionada a aceitar um futuro matrimônio pelo qual não sente o menor interesse. Ao mesmo tempo, passa a encontrar com frequência o enigmático Sr. Darcy e a ser apresentada ao seu círculo: a tia Lady Catherine de Bourgh (Judi Dench) e o amigo Coronel Fitzwilliam (Cornelius Booth). Entre encontros inesperados, equívocos e revelações, nasce em Elizabeth um sentimento que ela jamais imaginou nutrir por alguém, muito menos por Darcy.

                                         Crédito de Imagens: ©Focus Films/Courtesy Everett Collection
Donald Sutherland foi convencido pelo diretor a participar do filme, pois Joe o disse que ele o lembrava seu pai

A narrativa expõe as críticas de Austen à sociedade da época, um mundo que desprezava quem não possuía riqueza, cultivava inúmeros preconceitos e colocava as mulheres em posição de verdadeira prisão social. Sem direito à herança - já que qualquer posse do pai passaria obrigatoriamente a um herdeiro homem -, elas dependiam de bons casamentos para garantir sustento e respeito. 

Além disso, para serem consideradas “recatadas e desejáveis”, esperava-se que fossem bonitas, soubessem costurar, ler, desenhar, tocar piano e portar-se com perfeição. Qualquer deslize, um comentário inadequado, uma atitude impulsiva, uma situação mal interpretada, poderia manchar sua honra e arruinar definitivamente o nome da família. Há também uma crítica incisiva à ideia de que, enquanto jovens, as mulheres teriam maiores chances de conseguir um bom casamento - mas, passada a faixa dos 26 anos, deveriam aceitar praticamente qualquer pretendente, já que deixavam de ser vistas como “adequadas” ou “desejáveis” pela sociedade da época.

  Crédito de Imagens: ©Focus Films/Courtesy Everett Collection
A produção recebeu ao total 59 indicações em prêmios diversos

Com um texto afiado e performances memoráveis, o filme não apenas apresentou Keira Knightley ao mundo como atriz em ascensão, mas também revelou um grupo inteiro de jovens talentos. Carey Mulligan, por exemplo, fez aqui sua estreia no cinema. O elenco é um acerto absoluto em cada escolha, e a presença de Donald Sutherland e Judi Dench funciona como a cereja do bolo, adicionando peso e sofisticação à narrativa. Já Matthew Macfadyen, hoje celebrado por seu trabalho em Succession (2018-2023, HBO), continua sendo lembrado com carinho pelo público como o Sr. Darcy, o homem reservado e enigmático que se deixa transformar ao conhecer a extraordinária Lizzie Bennet.

Antes do filme de Joe Wright, outras adaptações já haviam marcado época. Entre as mais célebres está a série da BBC de 1995, estrelada por Colin Firth e Jennifer Ehle, cuja repercussão foi tão grande que transformou Firth no “Sr. Darcy definitivo”, influência direta para que ele fosse escalado como o interesse amoroso de Bridget Jones, personagem inspirada no romance de Austen. A trama também rendeu interpretações curiosas ao longo dos anos, incluindo uma versão de ação em que Elizabeth Bennet, interpretada por Lily James, enfrenta zumbis em “Orgulho & Preconceito & Zumbis”, adaptação que ganhou tanto livro (2009, Seth Grahame-Smith) quanto filme (2016, Burr Steers), além de várias outras releituras inusitadas.

Ao longo dos anos, o universo da autora expandiu-se muito além das páginas originais: livros, séries e filmes revisitaram suas tramas, adaptaram-nas para outras épocas ou até mesmo tentaram reimaginar sua vida. Entre esses, destaca-se o longa “Becoming Jane”, que busca retratar a juventude e os dilemas afetivos de Austen (disponível no Diamond+). 

Sexa, de Glória Pires

 
Em Sexa, filme estrelado e dirigido por Glória Pires, a audiência acompanha a história de Bárbara, uma mulher bela e inteligente que está celebrando seus sessenta anos, enquanto enfrenta a frustração com a passagem do tempo e, sobretudo, com o modo como a sociedade enxerga, e cobra, a mulher mais velha. Ou melhor: como ela mesma passou a se enxergar sob esse peso. Sua melhor amiga, Cristina, papel de Isabel Fillardis, tenta incentivá-la a olhar para si com mais gentileza e relembra que dar demasiada importância ao etarismo imposto às mulheres só alimenta inseguranças. Além disso, Bárbara é avó, e seu filho Rodrigo, vivido por Danilo Mesquita, e a esposa ainda dependem bastante dela, tanto nas contas da casa quanto na escola do filho, o que aumenta sua carga emocional e financeira. É então que ela conhece Davi, Thiago Martins vive o personagem, um homem mais jovem, pai e viúvo, que divide seu tempo entre estudo, trabalho, futebol e o cuidado com o próprio pai, interpretado por Eri Johnson. A convivência entre os dois evolui naturalmente, e dessa aproximação nasce um relacionamento que desafia convenções e reacende em Bárbara a vontade de se reconectar consigo mesma.

Com distribuição da Elo Studios, o filme estreia nos cinemas esta semana como uma excelente oportunidade para discutir o papel da mulher em uma fase da vida em que, muitas vezes, ela é injustamente colocada “fora de campo”. Sexa mostra justamente o contrário: mulheres que seguem em pleno vapor, com sede de vida, desejo por novas experiências e total capacidade de reinventar seus próprios caminhos. Aos 62 anos, Glória Pires surge belíssima e jovial, conduzindo o filme com a força e a naturalidade que marcam sua trajetória. Além dela, Rosa Murtinho e Dona Déa Lúcia fazem participações especiais que enriquecem ainda mais a narrativa.

            Crédito de Imagens: Kika Unha - Giro Filmes, Audaz, Elo studios, Paramount Pictures Brasil - Divulgação
A produção marca a estréia de Glória Pires na direção de um longa metragem


A rainha do pop, Madonna, completou 67 anos este ano e segue em plena forma, trabalhando intensamente, criando, se reinventando e vivendo relacionamentos com homens mais jovens sem pedir licença a ninguém. Ela talvez seja um dos exemplos mais contundentes de que mulheres não precisam, e não devem, aceitar os rótulos de “ultrapassadas”, “inadequadas” ou “incapazes de amar” impostos pela sociedade. O filme de Glória Pires, com roteiro de Guilherme Gonzalez, Bianca Lentti, Pires e Bruna Trindade, apresenta uma protagonista que encarna justamente essa recusa aos limites que o mundo tenta impor. Bárbara vive numa realidade que o espectador reconhece: uma mulher madura, cheia de vivência, que encara desafios emocionais, familiares e sociais enquanto tenta reivindicar o direito de simplesmente existir, e de experimentar.

Bárbara, porém, não encontra no filho o apoio emocional de que precisa. Pelo contrário: Rodrigo reage ao novo relacionamento da mãe com preconceito e desconforto, embora nunca hesite em pedir mais um pix quando precisa. Já Cristina, sua melhor amiga, uma mulher sensata e cheia de conselhos, lembra Bárbara de que a vida é maior do que filhos e trabalho, algo que a protagonista sempre levou muito a sério. Quando esse novo amor surge, jovem, presente e cheio de desejo, Cristina é a primeira a defender que ele seja vivido, não engavetado. Bárbara se permite por um tempo, mas também compreende seus próprios limites e reconhece que sua vida não se resume a romances: ela é composta de suas experiências, escolhas e redescobertas.

Davi, vivido por Thiago Martins, não é retratado como um homem perfeito, e é justamente isso que o torna atraente. Ele tem falhas, como qualquer pessoa, mas sua construção é cuidadosa e evita tanto a caricatura quanto o estereótipo do homem emocionalmente indisponível. Davi se mostra maduro, aberto a um relacionamento e consciente de que sua vida é feita de múltiplas responsabilidades. Mesmo tendo uma filha que depende dele, sabe equilibrar, com esforço e humanidade, o tempo dedicado a cada esfera do seu cotidiano. Além disso, sua relação de parceria com o pai é bem delineada na tela, acrescentando camadas de sensibilidade ao personagem.

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Ficha Técnica
Título Original e Ano: Sexa, 2025. Direção: Gloria Pires. Roteiro: Guilherme Gonzalez, Glória Pires, Bianca Lentti e Bruna Trindade. Elenco: Gloria Pires, Thiago Martins, Isabel Fillardis, Danilo Mesquita. Participação especial: Eri Johnson , Rosamaria Murtinho, Dan Ferreira e Déa Lúcia. Gênero: Drama, Comédia. Nacionalidade: Brasil. Fotografia: Kika Unha, ABC. Arte: Mônica Delfino. Figurino: Helena Gastal. Som: Zezé D’Alice. Edição: Livia Arbex. Trilha sonora original: Rodrigo Lima. Produção: Belisario Franca, Bianca Lenti e Mauricio Magalhães. Direção de produção: Olivia Buarque. Produção: Giros Filmes e Audaz. Coprodução: Paramount Pictures Brasil. Distribuição: Elo Studios. Duração: 01h27min.

A narrativa também evidencia os desejos sexuais da protagonista de maneira leve, orgânica e sem exageros. Essa abordagem remete imediatamente a outro filme: Boa Sorte, Léo Grande” (Sophie Hyde, 2022), em que a extraordinária Emma Thompson interpreta uma mulher madura que decide viver um relacionamento estritamente sexual com um garoto de programa. A diferença é que, naquele caso, a história se desenrola quase inteiramente entre quatro paredes, explorando momentos íntimos e profundamente delicados da personagem central. Sexa, por outro lado, amplia o cenário e permite que sua protagonista circule, viva e se transforme em diferentes espaços.

Com canções nas vozes de Rita Lee, Maria Bethânia, Gal Costa, Ana Morais e Rodrigo Lima, o filme se colore de afetos, memória e identidade. É uma obra de atmosfera vibrante e de ótimo gosto, que se abre com trechos de Clarice Lispector, extraídos do livro "Um Sopro de Vida" (ver aqui), quando a autora reflete sobre não se reconhecer na própria imagem refletida no espelho. Talvez esse estranhamento, esse presente ou futuro que às vezes parece difícil de encarar, seja algo que todos e todas atravessam em algum momento da vida. Mas, como lembra Cristina a Bárbara, cada caminhada nos conduz até nós mesmos, e quase sempre nos evidencia que chegamos aqui por razões e motivos que só a vida é capaz de explicar.

HOJE NOS CINEMAS

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Traição Entre Amigas, de Bruno Barreto


“Traição Entre Amigas”, adaptação da obra de Thalita Rebouças (ver aqui), marca o retorno da autora ao universo adulto. Publicado originalmente em 2000, o livro foi seu primeiro trabalho e, ao contrário dos títulos que a consagraram no público teen, mergulha em temas mais maduros e densos.

O roteiro, assinado por Rebouças em parceria com Marcelo Saback, acompanha a trajetória das inseparáveis Penélope (Larissa Manoela) e Luiza (Giovanna Rispoli). Apesar das personalidades opostas, as duas se completavam… até que um deslize de Penélope envolvendo o amor platônico de Luiza, o charmoso Vicente (Dan Ferreira), rompe o laço entre elas. A vida segue, cada uma toma um rumo diferente, mas a vontade de dividir o mundo com a melhor amiga permanece latente, ainda que guardada a sete chaves.

Crédito de Imagens: LC Barreto Productions, Filmes do Equador, Bronze Filmes e Zencrane Filmes - Imagem Filmes, Divulgação
O filme contou com exibições antecipadas na primeira semana de dezembro

Penélope, aventureira e impulsiva, parte para Nova York em busca de uma carreira como atriz, incentivada pela mãe. Já Luiza, mais reservada e tradicional, investe no sonho de um futuro estável ao lado de Gabriel (André Luiz Frambach), enquanto compõe músicas anonimamente para as redes sociais, seu escape emocional.

Mas o destino tem seus próprios planos. No processo de amadurecimento, as duas enfrentam tropeços, acertos, reencontros e afastamentos. Entre risos e lágrimas, o filme investiga se aquele vínculo tão profundo, agora distante, ainda tem chance de renascer.

A obra chega em um momento simbólico para as protagonistas, que se arriscam em personagens mais adultas e emocionalmente complexas. A direção de Bruno Barreto, cineasta conhecido por construir personagens femininas ricas e multifacetadas, acrescenta densidade e elegância à produção.

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Ficha Técnica

Título Original e Ano: Traição Entre Amigas, 2025. Direção: Bruno Barreto. Roteiro: Thalita Rebouças e Marcelo Serback- baseado na obra homônima da autora. Elenco: Larissa Manoela, Emanuelle Araújo, André Luiz Frambach, Nathalia Garcia, Gabrielle Joie, Giovanna Rispoli. Gênero: Drama, Comédia, Amadurecimento, Amizade. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Rodrigo Scarcello. Fotografia: Kika Cunha. Montagem: Leticia Giffoni e Mandy Paiva. Designer de Produção: Isabelle Bittencourt. Direção de Arte: Isabelle Bittencourt. Empresas Produtoras: LC Barreto Productions, Filmes do Equador, Bronze Filmes e Zencrane Filmes. Distribuição: Imagem Filmes. Duração: 01h59min.

O filme lança um olhar sensível, e ao mesmo tempo inquisitivo, sobre questões que atravessam o amadurecimento emocional, sem entregar respostas prontas ou julgamentos fáceis. Cabe ao público refletir e extrair suas próprias conclusões.

O roteiro atualiza os temas do livro original, incorporando discussões contemporâneas como relações homoafetivas, aborto, PrEP (profilaxia pré-exposição), além de sentimentos como mágoa, arrependimento, vergonha e ressentimento que permeiam tanto amizades quanto laços entre mães e filhas.

Visualmente, o longa é um deleite. A fotografia destaca Curitiba e seus icônicos pontos turísticos, com atenção especial para as belas sequências do trem Curitiba–Morretes. Os números musicais interpretados por Giovanna Rispoli também são um dos pontos altos da produção.

Traição Entre Amigas é uma produção da LC Barreto em parceria com a Imagem Filmes, e chega como um drama sobre cura, crescimento e a força, às vezes rompida, às vezes renascida, dos laços femininos.

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