sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Listão 2021 - Parte II

 

Chegou a minha vez (Barbara) e a do Petterson. Vamos listar abaixo o que mais curtimos esse ano do mundo da música, filmes e séries. 

BARBARA

Se 2021 foi ainda mais árduo que 2020, a nossa produção de texto para vocês por aqui pode ter certeza que não parou. Tentamos cobrir muitas das estreias, um ou outro festival de cinema e trouxemos também algumas dicas literárias. Confesso que de música falamos pouco, mas sempre estamos deixando listinhas musicais aqui no wbn, espero que as aproveitem de algum jeito. E simbora com os meus destaques para o mundo cultural este ano.

MÚSICA

    • Half Drunk Under a Full Moon, The Fratellis - (Album - Lançado em Abril de 2021, 10 músicas,42min10s)
Escute no Spotify


A banda escocesa ''The Fratellis'' ficou conhecida pelos hits ''Henrietta'' e ''Chelsea Dagger'' ou ainda a adorável ''Whistle For The Choir'', ambas do disco ''Costello Music'', de 2006. De lá pra cá lançaram mais alguns trabalhos e se mantiveram na cena indierock, porém sem necessariamente chegar a fazer um sucessão como The Killers ou Arctic Monkeys. Este ano, nos deram ''Half Drunk Under a Full Moon'', o sexto álbum da banda. Não chegou a ser um tremendo sucesso, mas as canções ''Need a Little Love'' e o título que nomeia o disco chegaram a se destacar. Particularmente, sempre curto acompanhar bandas britânicas e não vejo a hora de assistir os Fratellis ao vivo num Lollapalooza da vida. 


    Fun Tonight (Pabllo Vittar Remix), Lady Gaga - (Single - Lançado em setembro de 2021, 2min20s) - Do Album ''Dawn of Chromatica'' (14 canções, 49min49s).
Escute em todas as plataformas digitais


Mother Monster, ou melhor, Lady Gaga, nos deu o presente de lançar o dançante e fenomenal ''Dawn of Chromatica'', seu terceiro disco de remixes e convidou diversos artistas para reviverem as canções do seu álbum ''Chromatica'' (2020). Entre eles, Charlie XCX e a nossa Pabllo Vittar. O Brasil claro surtou e fez a música com a participação da Drag brasileira ser a mais bombada em todas as redes chegando a ter mais de quatro milhões de views no youtube - três mil são meus, aliás. Infelizmente não rolou vídeo, mas o orgulho foi demais e quem sabe numa próxima rola um feat glamuroso. 


• 30, Adele - (Album - Lançado em novembro de 2021, 12 músicas,58min18s)
Escute no Spotify


No inicio de outubro, alguns lugares dos Eua e do Reino Unido começaram a expor banners misteriosos e eles estavam conectados ao próximo disco da cantora Adele. Assim, em 5 de outubro, ela postou em seu instagram um teaser do que viria a ser o clipe da canção ''Easy On Me'', programada para ser lançada oficialmente dez dias depois. O vídeo, dirigido pelo parceiro de Adele de longa data Xavier Dolan, atingiu mais de 200 milhões de visualizações, um número bem menor que o primeiro Single de ''25'', ''Hello'', que teve mais de um milhão de views somente no primeiro dia e atualmente já bateu quase três bilhões. Bem, saindo dos números, no novo trabalho Adele decidiu exibir uma fase que muita gente prefere deixar debaixo do tapete, o divórcio e a vida de mãe solteira. Se em ''Easy On Me'' ela pede calma e paciência, na canção dedicada ao filho Angelo ''My Little Love'' a artista fala de sua solidão, mas de como ama o pequeno garoto. 30 é daqueles discos que você vai escutar sem pular uma música e, se puder, assista os especiais que Adele gravou para o lançamento do disco em novembro. Um deles, ''Adele - One Night Only'', pode ser assistido no Globoplay, e o outro, ''An Audience With Adele'', você encontra pelos sites da internet, pois ainda não teve lançamento oficial no Brasil.


CINEMA

    Shiva Baby, de Emma Seligman (EUA, Canada, 2020 - Comédia/Drama)
Disponível na Mubi


''Shiva'' é o evento de velório para as famílias judias. E na produção a cineasta e roteirista Emma Seligman nos apresenta os momentos constrangedores e embaraçosos por quais a universitária Danielle, papel de Rachel Sennott, passa em um funeral não só com o questionamento repetitivo dos parentes e amigos sobre sua vida, mas também porque encontra de surpresa o seu ''sugar daddy''. O homem que mantem um relacionamento sexual com Danielle aparece ali com a esposa e filho pequeno e a jovem acaba descobrindo que ele conhece a família inteira dela. Ademais, uma amiga do passado e que parece ter vivido um romance tórrido com a garota também a encontra durante o evento.

Essa lindeza de filme leva o espectador a sentir um emaranhado de sentimentos (ansiedade, agonia, raiva, alivio) e ficar embasbacado pela inteligência não só da escrita como da condução de Seligman. A interpretação de Rachel é outro dos pontos positivos. A atriz está perfeita e nos faz entrar em seu eu ''tão perseguido'' e ter vontade de se jogar dentro do vaso e dar descarga. Danielle é questionada sobre tudo, o que come, o que faz, o que vai fazer e a cada cena que assistimos entendemos como famílias controladoras são tóxicas e tendem a ter esse tipo de comportamento muito mais com as mulheres. Quando ela é posta frente a frente com a esposa do seu amante surgem conflitos ainda maiores e uma auto-avaliação de si toma conta e ela sequer consegue controlar o ciúme/raiva que está sentindo do amante. A trilha sonora também tem um papel muito eficiente aqui.


 Plan B, de Natalie Morales (EUA, Canada, 2021 - Comédia)
Não estreou no Brasil ainda.


Sunny e Lupe são duas adolescentes de origens distintas e são amigas. Sunny tem ascendência Indiana e Lupe Latina. Na escola, cada uma age a sua forma e tenta escapar do que os pais querem que elas façam. Querem se integrar ao grupo escolar e viverem sua juventude. Um dos assuntos comuns na idade delas é a questão sexual que começa a surgir e ser o tema do momento. Sunny tem um crush no menino popular da escola e acredita que tem zero chances. E Lupe aparenta ser mais curiosa e aberta quanto as questões sexuais. Na produção, as meninas são interpretadas por Kuhoo Verma e Victoria Moroles.

O filme tem uma baita virada quando Sunny decide fazer uma festa em sua casa e chamar todo mundo. Com medo de não ter chances com o crush, tenta perder a virgindade e algo sai errado durante o ato. Assim, o espectador vai acompanhar a aventura dessa duas tentando a todo custo encontrar uma farmácia e comprar uma pílula do dia seguinte, evitando assim uma gravidez indesejada. 

O roteiro é cômico, jovem, dinâmico e mais que isso abordando o controle pelo patriarcado dos corpos femininos com um exemplo claro. Ademais, por trazer diversidade em todos os aspectos do filme, ''Plan B'' se torna uma comédia adolescente inteligente, divertida e necessária.


 O Último Jogo, de Roberto Studart (Argentina, Brasil e Colômbia, 2021 - Comédia)
Disponível no Telecine


Nesta jóia do cinema nacional - em coprodução com a Argentina e Colômbia - assistimos a rivalidade BrasilxArgentina ganhar palco de forma leve e divertidaça. Temos romance, comédia e causos inusitados. 

Os conflitos do filme se dão quando o jogador principal do time da pequena cidade de belezura está acamado e um jovem e sua amada chegam ao local. O rapaz é bom de bola e conquista o técnico para enfrentar o rival no lugar do jogador debilitado. Logo, o time se prepara para duelar em um jogo com o time da cidade fronteiriça de Guapa, Argentina. Meio ao torneio, acontecem frustrações amorosas e a população também começa a ficar preocupada com o fechamento de uma das fabricas que emprega todos ali.

Resenha do filme disponível aqui.

TV

    Ted Lasso, dos criadores Brendan Hurt, Joe Kelly e Bill Lawrence (EUA, Reino Unido, 2020 - Comédia/Drama - 2 Temporadas)
Disponível na Apple TV


Nós brasileiros sabemos que na Europa as pessoas gostam de futebol tanto quanto nós, mas é difícil ver os norte-americanos falando do esporte. Afinal, eles tem o jeito deles de jogar. Em Ted Lasso, Jason Sudeikis vive o protagonista da série, um técnico de futebol americano contratado por um time inglês para elevar o status do clube. Ted não necessariamente sabe muito do esporte, mas aceita o trabalho para fugir dos problemas no casamento - temática que é explorada pouco a pouco em ambas as temporadas. 

O show se torna grande não só pela irreverência do personagem, mas pela naturalidade com que ele lida com as situações horríveis que acontecem à ele e a sua volta. Desta maneira, os roteiristas abordam inúmeros assuntos que vão além da questão futebolistica dando a série não só um tom de comédia como de drama. Assim, espere muita consistência e não algo de graça. Temos a oportunidade de falar de términos de relacionamentos, machismo, racismo, saúde mental e ainda ver a mistura de um elenco formado por atores de diversas nacionalidades e onde todos se destacam. A série foi premiada no Globo de Ouro e no Emmy deste ano e já perambula por inúmeras listas de outras premiações.

    Mare of Easttown, do criador Brad Ingelsby (EUA, 2021 - Drama - 1 Temporada)
Disponível na HBO Max


Não é a primeira vez que encontramos a atriz Kate Winslet em uma série de tv. Nos anos 90, ela esteve em Shrinks, Dark Season e Get Back. Com uma carreira de sucesso no cinema, a atriz voltou a tevê nos anos 2000, após ter ganho um Oscar, para ser protagonista da minissérie ''Mildred-Pearce'', produção que também a rendeu prêmios. Em 2019, emprestou sua voz a personagem Mrs. Fillyjonk da série animada ''Moonimvalley'' e este ano Winslet deu o que falar como a Detetive Mare Sheehan. Na série, a detetive está devendo a população local não só o paradeiro de meninas dali como a prisão de seu possível assassino. Conhecemos então o dia a dia de Mare com a família, com os amigos, vizinhos, com o ex-marido, os filhos e os colegas de trabalho. Sentimos como ela é real e complexa e também temos personagens coadjuvantes que nos ajudam a compreender as situações de mistério em que Mare tem trabalhado. Ademais, um detetive jovem é enviado a cidade e passa a acompanhar nas investigações. O final da série é daqueles de te deixar no chão e Kate já abocanhou prêmio no Emmy deste ano. Aparecem no elenco ainda Evan Peters, Julianne Nicholson, Guy Pearce e Jean Smart.

    Loki, do criador Michael Waldron (EUA, 2021 - Aventura, Scifi, Fantasia- 1 Temporada)
Disponível no Disney Plus


Com a reviravolta no mundo do showbusiness, feito pela Netflix, quase todos os estúdios tiveram que se reinventar e fazer parcerias com plataformas de streaming ou até criar a sua própria para exibirem suas produções. No caso da Disney, ela foi lá e fez. No Brasil, o streaming do ratinho da fantasia só veio chegar em novembro de 2020 e desde então séries do mundo Star Wars e Marvel tem estreado por lá. 

Bem, o irmão do deus nórdico Thor, Loki estreou sua primeira temporada em junho deste ano e conquistou aqueles fãs que amam scifi e tudo relacionado a viagem no tempo - os whovians até compararam algumas das escolhas da produção ao que já foi visto em ''Doctor Who'' (BBC), ainda assim o show tem sua valia. Em detalhes, a série trouxe Tom Hiddleston junto a um elenco maravilhoso (Owen Wilson, Sophia Di Martino, Jonathan Majors, Richard E. Grant, Gugu MbathaRaw) para nos apresentar as travessuras do deus da mentira ao tentar mudar a linha do tempo e alterar certos acontecimentos, porém Loki não esperava ser pego, julgado e condenado pelos agentes da Autoridade de Variância Temporal a mando dos Guardiões do Tempo. Assim, no enredo o assistimos tentar escapar da condenação e se salvar. O interessante é que o vilão ganha camadas e consegue não só achar um ''amor'' como ''acordar'' os agentes que trabalham junto aos guardiões para a realidade na qual realmente vivem.

É raro que falemos de produções Marvel no WBN, mas o show é, além de grandioso, repleto de boas referências da cultura pop e como Wandavision (2020), série também do Disney Plus, ultrapassa o que se é imposto para acontecer na ''jornada do herói'' em produções cinematográficas ou televisivas. Owen Wilson e Richard E. Grant são uma baita surpresa na série e se você não compra a idéia de séries de super heróis/vilões, assista para ver os dois darem um show. Hiddleston é sim o protagonista e divide seu palco aqui com a variante vivida por Di Martino, Sylvie. Um ótimo ângulo do personagem e talvez um que não conhecíamos. Com muita ação, romance e pitadas de humor, Loki nos diverte do seu piloto até a season finale.


PETTERSON
Num ano tão doido e absolutamente desgastante, o entretenimento foi o escapismo que todo mundo precisava pra lidar com... bom, tudo que tem acontecido. Eis aqui uma singela listinha com minhas obras favoritas de 2021 no Cinema, na TV e na Música.

MÚSICA


    • “Logo Ali”, de Bemti - (Album - Lançado em setembro de 2021 - 12 canções, 40min 8s)
Escute no Spotify


O cantor e violeiro mineiro Bemti já havia conquistado meu coração com seu disco de estreia, “Era Dois”. Com “Logo Ali”, ele se aprofunda ainda mais em sua estética Folk/Indie-Pop que combina a sonoridade tradicional da viola caipira com instrumentos de sopro e sintetizadores. A grandiosidade dos arranjos de atmosfera cinematográfica contrasta com a sutileza de suas letras sensíveis que falam sobre amor, solidão e o processo de seguir em frente. Destaque para a canção “Habitat”, que transforma em poesia o isolamento e a frustração, ecoando sentimentos tão familiares da realidade durante a pandemia, apesar de ter sido escrita em 2019, o que prova a universalidade da obra deste representante do movimento “queernejo”. O disco tem participações especiais de Jaloo, Fernanda Takai, Murais, ÀVUÀ e Josyara.


    “MONTERO”, de Lil Nas-X (Album - Lançado em Setembro de 2021 - 15 Músicas, 41min17s)
Escute no Spotify


Quando Lil Nas-X dominou o mundo em 2017 com seu insuperável hit “Old Town Road”, temia-se que ele se tornasse um artista de um sucesso só, como acontece com tanta frequência na indústria da música. Esse receio logo se dissipou quando algum tempo depois a canção “MONTERO (Call Me By Your Name)” chegou ao topo das paradas musicais por todo o mundo, junto com seu videoclipe debochado e provocador. O lançamento do disco “MONTERO” (nome real do rapper) revelou que Lil Nas-X é não apenas um hitmaker como também um artista versátil e criativo. Com canções divertidas e outras reflexivas, Lil vai da farofa dançante ao emo contemplativo num piscar de olhos sem soar forçado. É louvável que um disco comercial de estreia seja tão pessoal como “MONTERO”, tratando de questões familiares e amorosas do artista e, principalmente, os desafios de sua carreira por ser um homem negro e gay numa indústria que resiste a dar espaço a pessoas como ele. Num caleidoscópio de sonoridades musicais embaladas numa roupagem Pop, “MONTERO” prova que Lil Nas-X é um artista completo.  Destaque para “MONTERO (Call Me By Your Name)”as lentinhas “LOST IN THE CITADEL” e “TALES OF DOMINICA”.


    “Happier Than Ever”, de Billie Eilish (Album - Lançado em Julho de 2021 - 16 músicas, 56min15s).
Escute no Spotify


Ela não precisa de apresentações. Billie Eilish é um dos maiores fenômenos recentes da indústria musical e já conquistou seu espaço no coração do público. Seu disco de estreia “When We All Fall Asleep, Where Do We Go” mostrava bastante personalidade com seu Pop barulhento, vocais distorcidos e maneirismos divertidos. Seu sucessor, “Happier Than Ever”, é muito mais contido e polido. Nele, Billie mostra um amadurecimento musical e um nível de vulnerabilidade surpreendentes. Produzido novamente pelo irmão e parceiro criativo da cantora, Finneas O'Connell, “Happier Than Ever” tem arranjos um tanto quanto sombrios que oscilam entre o imponente e o minimalista, com letras que tratam temas como autoconhecimento, abuso emocional, misoginia e as desventuras do estrelato. Destaque para a pulsante “NDA” e a balada Soul/opera Rock “Happier Than Ever”, facilmente uma das melhores canções de 2021.


CINEMA


    A Lenda de Candyman, de Nia DaCosta (EUA, 2021 - Terror/Thriller)
(Disponível para aluguel e compra em plataformas digitais ou em mídia física - Blu-ray e DVD)



O promissor artista Anthony McCoy expõe numa galeria obras inspiradas numa antiga lenda urbana, inadvertidamente causando uma sucessão de acontecimentos terríveis. O filme de Nia DaCosta resgata o legado de “O Segredo de Candyman”, de 1992, reivindicando o protagonismo negro tanto na frente quanto por trás das câmeras. O filme debate temas como racismo estrutural, violência policial e gentrificação sem tentar ser didático ou expositivo demais. Narrativa e esteticamente impecável, ‘A Lenda de Candyman’ renova a mitologia do filme original e subverte as problemáticas do filme de Bernard Rose, transformando Candyman e seu universo em algo novo, revigorante e contestador. 


    Maligno, de James Wan (Eua, 2021 - Terror)
Disponível na HBO Max


Madison é assombrada por visões de assassinatos brutais enquanto eles realmente ocorrem. Logo, ela descobre que os crimes têm ligação com fantasmas de seu passado que ela julgava já ter superado. James Wan não se tornou um grande nome de Hollywood à toa. Após fazer carreira no Horror (“Jogos Mortais”, “Sobrenatural”, “Invocação do Mal”) e se aventurar em blockbusters multimilionários (“Velozes e Furiosos 7”, “Aquaman”), ele retorna às suas raízes num dos filmes de estúdio mais satisfatórios e inacreditavelmente surtados dos últimos anos. Referências de várias obras do Horror se misturam nesse pesadelo imensamente divertido. É ultra-violento, é camp, é maravilhoso. Obrigado por fazer um filme especialmente pra mim, James Wan. 

A equipe do WBN comentou sobre o filme aqui e aqui.


    Barb and Star Go to Vista Del Mar, de Josh Greenbaum (EUA, México, 2021 - Comédia)
Disponível na HBO Max

Duas amigas planejam uma viagem fabulosa para fugir da frustração de suas vidas monótonas e acabam vivendo as mais imprevisíveis aventuras. Com o imperdoável e inexplicável título brasileiro “Duas Tias Loucas de Férias”, esta comédia frenética quase não oferece tempo pra respirar! Piadas e gags impagáveis, uma edição ágil e caótica e um elenco excelente tornam este um clássico imediato. Um estilo de humor tão particular e sem-vergonha que definitivamente não agrada todo mundo, mas que com certeza vai conquistar legiões de fãs (eu sou um deles).



TV

    Missa da Meia-noite, do criador Mike Flanegan (EUA, 2021 - Terror - 1 Temporada)
Disponível na Netflix

O
retorno de um filho pródigo e a chegada de um padre misterioso sacodem a rotina de uma ilha pacata, enquanto os conflitos de sua pequena população encobrem os acontecimentos misteriosos que começam a acontecer na cidade. Após duas minisséries extremamente bem-sucedidas na Netflix (“A Maldição da Residência Hill”, “A Maldição da Mansão Bly”), o cineasta Mike Flanagan cria uma obra original e pessoal, sem deixar de lado os elementos de Horror já consagrados de sua filmografia. Construindo uma história emocional e personagens profundamente humanos, Flanagan finalmente traz ao mundo a obra que há tempos vivia em sua cabeça. Há tantas camadas desenvolvidas, tantas tomadas preciosas! O diretor ama o gênero do Horror, mas é também um romântico incurável que simplesmente não consegue evitar dar um significado profundo e cheio de beleza a suas obras. Esta “mania” do autor pode ser considerada por algumas pessoas um grande acerto, mas pode desagradar quem espera por violência ininterrupta e muitos sustos. Um conto ao mesmo tempo grotesco e sublime que reflete sobre redenção, família e os limites da fé. 

    Succession, do criador Jesse Armstrong (EUA, 2018 - Drama - 3 Temporadas)
Disponível na HBO Max

Desde antes mesmo do fim de ‘Game of Thrones’ a HBO tenta emplacar outro blockbuster para substituir o drama de fantasia inspirado nos livros de George R.R. Martin., investindo rios de dinheiro em séries como ‘Westworld’ e ‘His Dark Materials’. Quem imaginaria que a obra mais próxima de alcançar um efeito remotamente semelhante ao épico, não necessariamente em audiência, mas em narrativa e relevância cultural, seria um drama com toques cômicos passado no mundo dos negócios? Bom, talvez o sentido do título ‘Succession’ seja mais abrangente do que se imagina. A série acompanha as intrigas da família Roy, dona de um multibilionário conglomerado de mídia. Quando o patriarca do clã apresenta problemas de saúde, inicia-se uma verborrágica e desleal disputa de manipulação e jogo de influência para definir quem herdará o Trono de Ferro, digo, o comando da empresa familiar, a Waystar RoyCo. “Succession” triunfa por inúmeros motivos. A excelência técnica e o design de produção acima da média são um show por si só. Mas a trama atrai pela agilidade de seus diálogos e a estruturação dos conluios que resultam nas mais absurdas reviravoltas. Trata-se de uma obra muito honesta quanto às pessoas que retrata: a família protagonista é composta por seres humanos desprezivelmente privilegiados que zombam da realidade social que os beneficia. Mas estes mesmos personagens também podem ser encantadores, mesmo sendo frequentemente imorais e asquerosos. E é uma delícia se envolver por estas pessoas horríveis! Particularmente, não trocaria as tramas capitalistas dos Roy por dragão nenhum.


    Nove Desconhecidos, dos criadores John-Henry Butterworth e David E. Kelley (USA, 2021 - Drama/ Mistério, 1 temporada)
Disponível no Amazon Prime Video


Nove pessoas se hospedam num retiro para fugir de suas realidades caóticas e acabam se deparando com métodos controversos que as fazem confrontarem seus medos. Depois de “Big Little Lies” o showrunner David E. Kelley presenteia o mundo com mais uma novelinha gourmet baseada num livro best-seller. Um thriller cheio reviravoltas melodramáticas que não tem pretensão de ser muito profundo ou mirabolante, mas que consegue construir um enredo interessante e causar empatia por seus personagens. É um entretenimento divertido, emocionante, envolvente e por vezes bizarro, cheio de pessoas bonitas e problemáticas, presas num barril de pólvora com o pavio aceso. Além disso, conta com ótimas atuações de seu elenco estelar que inclui Nicole Kidman e Melissa McCarthy. 

Continua...


Editado por
Barbara Kruczynski

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