sexta-feira, 6 de junho de 2025

O Open Air Brasil já começou: o maior cinema a céu aberto do mundo em Brasília de 03 a 15 de Junho


Open Air Brasil já começou em Brasília e na programação com homenagem a Fernanda Torres, clássico de Almodóvar, noite do terror e muito mais

Maior tela de cinema a céu aberto do mundo retorna à Capital Federal nove anos depois da última edição na cidade, agora com novo patrocinador: Nubank 

Apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Nubank, o OPEN AIR BRASIL está de volta e começa a nova temporada em Brasília, nove anos após a última edição na cidade. A partir de hoje, dia 3, até 15 de junho, o Pontão do Lago Sul vai receber o público da capital para assistir a filmes na maior tela de cinema a céu aberto do mundo, em uma incomparável experiência audiovisual. Na programação, que também apresenta shows e atrações gastronômicas, estão títulos que agradam a diversos públicos, como sucessos de bilheteria nacionais e internacionais, clássicos do audiovisual, animações e filmes de terror. Alguns destaques do evento são a noite em homenagem a Fernanda Torres, o premiado “Anora”, os ainda inéditos “O Esquema Fenício” e “Lilo & Stitch (Live- action), a obra-prima de Almodóvar “Tudo Sobre Minha Mãe”, com sua musa Marisa Paredes, e os recém-lançados “Pecadores” e “Homem com H”, cinebiografia de Ney Matogrosso. A pipoca será gratuita e os ingressos já estão disponíveis na Sympla
  
      Crédito de Imagens: Dvulgação - Open Air 2025 
"Saneamento Básico, O Filme", "Lilo & Stitch - Live-action", "Tudo Sobre Minha Mãe" e "Homem com H"
 
A abertura do evento, uma sessão hoje, dia 3 de junho, com ingressos gratuitos, será com ‘Milton Bituca Nascimento’, documentário que acompanha a última turnê do artista, e um show especial de Ellen Oléria. Amanhã, dia 4, será exibido “Anora”, o grande vencedor do Oscar deste ano. O filme, dirigido por Sean Baker, ganhou cinco troféus, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz (Mikey Madison). A exibição é seguida por show da cantora Larissa Luz. A noite de quinta, 5, vai apresentar uma Sessão Dupla em homenagem à Fernanda Torres, com as comédias “Os Normais”, de José Alvarenga Junior, e “Saneamento Básico, O Filme”, de Jorge Furtado, além do curta “Ilha das Flores”, também de Furtado. Especialmente nessa data, o ingresso de uma única sessão valerá para assistir aos filmes em sequência. A sexta, 6, terá duas sessões: “Kasa Branca”, exibido no Festival de Brasília e premiado no Festival do Rio no ano passado e dirigido por Luciano Vidigal, cria do grupo Nós do Morro; e “O Esquema Fenício”, novo thriller de espionagem de Wes Anderson que conta com um elenco de peso, com nomes como Benicio del Toro, Mia Threapleton, Michael Cera e Tom Hanks.

O primeiro final de semana do Open Air Brasil segue apresentando sucessos. A primeira sessão de sábado, 7, que já tem ingressos esgotados, será especial para a criançada, com recreação para começar o dia e as exibições do curta “A Menina e o Mar”, dirigido por Gabriel Mellin e que aborda temas como diversidade, acessibilidade e o uso excessivo da tecnologia, e “Lilo & Stitch”, de Dean Fleischer Camp, versão live-action da clássica animação. A segunda sessão do dia 7 vai apresentar “Deadpool & Wolverine”, de Shawn Levy, que une os dois grandes heróis da Marvel interpretados pelos astros Ryan Reynolds e Hugh Jackman. No domingo, 8, a programação traz mais uma atração que vai agradar públicos de diferentes idades, “Um Filme Minecraft”, dirigido por Jared Hess e estrelado por Jason Momoa e Jack Black, que também vai contar com recreação antes da sessão; e “As Patricinhas de Beverly Hills”, de Amy Heckerling, clássico que completa 30 anos em 2025 e vai levar os espectadores de volta para os anos 90.

A segunda semana já começa com a cinebiografia de um dos grandes nomes da música brasileira. Na terça, 10, será exibido “Homem com H”, dirigido por Esmir Filho e que traz Jesuíta Barbosa no papel principal, como Ney Matogrosso. A exibição contará com a presença do diretor, do protagonista e de Jullio Reis, que interpreta Cazuza no longa. Após o filme haverá show com a cantora CATTO. Na sequência o evento apresentará três noites temáticas: a quarta, 11, será dedicada aos cinéfilos clássicos, com as sessões de “Tudo Sobre Minha Mãe”, de Pedro Almodóvar, e “Mickey 17”, de Bong Joon-ho (Parasita); no dia 12, especialmente para a comemoração dos apaixonados, será exibido o clássico romance “Ghost - Do Outro Lado da Vida”, que é seguido por show de Dora Morelenbaum; e os fãs do terror vão poder aproveitar a sexta-feira 13 com as sessões de “Pecadores”, dirigido por Ryan Coogler (“Pantera Negra”) e protagonizado por Michael B. Jordan,  e “Premonição 6 - Laços de Sangue”, da famosa franquia aterrorizante.

No sábado, dia 14, o evento começa com recreação para as crianças e a sessão da versão live-action de “Branca de Neve”, que tem direção de Marc Webb e traz Rachel Ziegler no papel da princesa e Gal Gadot como a Rainha Má. Na segunda sessão de sábado, vem “Bridget Jones - Louca Pelo Garoto”, de Michael Morris, quarto filme da franquia queridinha dos fãs de comédia romântica. No domingo, encerramento do evento, o dia começa com um arraiá comandado pela cantora Juliana Linhares. Em seguida, mais um longa recém-chegado às salas de cinema será apresentado: “Thunderbolts*”. A superprodução da Marvel conta com a participação de personagens já conhecidos e adorados pelo público, como Yelena Belova, interpretada por Florence Pugh, e o Soldado Invernal, papel de Sebastian Stan.

O Open Air Brasil se dedica a criar uma experiência completa para o público, então, além da pipoca gratuita, não vão faltar opções gastronômicas. O Di Dimontini Burguer levará hambúrgueres com um blend suculento e combinações irresistíveis. Já quem busca algo mais leve e prático vai poder se deliciar com os crepes feitos na hora pelo Crepe Voyage, que oferece tanto opções doces quanto salgadas. Os fãs de comfort food também têm vez com o tradicional cachorro-quente, que ganha uma versão afetiva e bem servida no Dog da Igrejinha. Para quem não abre mão de um docinho antes ou depois do filme, o clássico Churros do Tio marca presença, com caldas variadas e muito recheio. E para os que buscam se aquecer no frio do lago Paranoá, o World Wine também estará presente com vinhos para diferentes gostos.

Uma das preocupações do evento nesta temporada é a acessibilidade. Alguns recursos que estarão disponíveis em todos os dias de Open Air Brasil são: receptivo bilíngue e preparado para atender pessoas com deficiência, protetores auriculares disponíveis, guia de rotas acessíveis do evento, Espaço Calma para receber pessoas neurodiversas, quando necessário, e legendas em todos os filmes, inclusive os nacionais.


A programação completa está disponível em https://www.sympla.com.br/produtor/openairbrasil. Os ingressos são adquiridos por sessão e dão direito à pipoca.

O OPEN AIR BRASIL, que teve sua última edição em 2023 no Rio de Janeiro, é idealizado e produzido pela D+3 Produções. O evento une a magia do audiovisual à tecnologia de última geração da exclusiva tela gigante de 325 m² (do tamanho de uma quadra de tênis), que vem direto da Suíça. A projeção em 4K e o potente sistema de som, com 28 caixas Dolby Digital Surround, são um show à parte. Nesta edição de Brasília serão realizadas 18 sessões ao longo das duas semanas e a expectativa é de 1.500 pessoas por sessão. O objetivo é encantar o público e despertar, ou resgatar, a paixão pelo cinema.

Depois de Brasília, o OPEN AIR BRASIL parte para Salvador, onde acontece entre os dias 30 de setembro e 12 de outubro no Centro de Convenções Salvador. Rio de Janeiro e São Paulo também estão no calendário, com previsão de realização em 2026.

Em paralelo ao OPEN AIR BRASIL e também com o patrocínio do Nubank, a D+3 realiza ainda 12 edições do CINEMA INFLÁVEL em outras localidades do Distrito Federal a partir de maio. Gratuito, o evento acontece também a céu aberto, em regiões com acesso limitado ao cinema, seja por questões geográficas ou socioeconômicas. Com uma tela inflável de 60m² e distribuição gratuita de pipoca, a iniciativa contará com uma programação especial. O CINEMA INFLÁVEL vai exibir cerca de 10 filmes por edição, incluindo curtas-metragens e videoclipes de cineastas locais, além de oferecer recreação infantil e apresentar programações e atividades em parceria com importantes Pontos de Cultura locais.



OPEN AIR BRASIL
De 3 a 15 de junho, no Pontão do Lago Sul
Vendas abertas na plataforma Sympla

PROGRAMAÇÃO:


Dia 3 de junho (terça-feira)
18h - Abertura
19h - “Milton Bituca Nascimento”
21h05 - Show de Ellen Oléria

Dia 4 de junho (quarta-feira)
18h - Abertura
19h - “Anora”
21h35 - Show de Larissa Luz

Dia 5 de junho (quinta-feira)
Apenas neste dia, um ingresso será válido para todas as sessões
18h - Abertura

19h - “Os Normais - O Filme”

21h - “Ilha das Flores” (curta)
21h15 - “Saneamento Básico, O Filme”

Dia 6 de junho (sexta-feira)
18h - Abertura 1ª sessão
18h30 - “Kasa Branca”
21h - Abertura 2ª sessão
21h40 - “O Esquema Fenício”

Dia 7 de junho (sábado)
16h - Abertura 1ª sessão
17h45 -  “A Menina e o Mar” (curta)
18h15 - “Lilo & Stitch (Live-action)”
20h45 - Abertura 2ª sessão
21h30 -  “Deadpool & Wolverine”

Dia 8 de junho (domingo)
16h - Abertura 1ª sessão
18h - “Um Filme Minecraft”
20h35 - Abertura 2ª sessão
21h20 - “As Patricinhas de Beverly Hills”

Dia 10 de junho (terça-feira)
18h - Abertura
19h - “Homem com H”
21h25 - Show de Catto


Dia 11 de junho (quarta-feira)

18h - Abertura 1ª sessão

18h30 - “Tudo Sobre Minha Mãe”

21h05 - Abertura 2ª sessão

21h45 - “Mickey 17”


Dia 12 de junho (quinta-feira)
18h - Abertura 
19h30 - “Ghost - Do Outro Lado da Vida”
21h50 - Show de Dora Morelenbaum

Dia 13 de junho (sexta-feira)
18h - Abertura 1ª sessão
18h30 - “Pecadores”
21h35 - Abertura 2ª sessão
22h15 - “Premonição 6 - Laços de Sangue”

Dia 14 de junho (sábado)
16h - Abertura 1ª sessão
18h- “Branca de Neve” (Live-action)
20h45 - Abertura 2ª sessão
21h30 - “Bridget Jones - Louca Pelo Garoto”

Dia 15 de junho (domingo)
16h - Abertura 
16h30 - Show de Juliana Linhares
18h - “Thunderbolts*” 

SOBRE A D+3

A D+3 Produções é uma produtora carioca com mais de 25 anos de história, representante brasileira do Open Air para toda a América Latina, Portugal e Espanha. O evento, que já teve mais de 30 edições, passou por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e também por Lisboa e Madri. A produtora é ainda idealizadora do Cinema Inflável, além de ter realizado eventos icônicos como Rider Weekends, Claro Que É Rock, ArteCore, ColaborAmérica e BraJazz.

SOBRE O NUBANK

O Nu é uma das maiores plataformas de serviços financeiros digitais do mundo, atendendo 110 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia. A empresa tem liderado uma transformação na indústria, usando dados e tecnologia proprietária para desenvolver produtos e serviços inovadores. Guiado por sua missão de combater a complexidade e empoderar as pessoas, o Nu atende à jornada financeira completa dos clientes, promovendo acesso e avanço financeiro com crédito responsável e transparência. A empresa se apoia em um modelo de negócios eficiente e escalável que combina baixo custo de atendimento com retornos crescentes. O impacto do Nu tem sido reconhecido em diversos prêmios, incluindo as 100 Empresas mais Influentes da Time, as Empresas Mais Inovadoras da Fast Company e os Melhores Bancos do Mundo da Forbes. 

Para mais informações, visite https://international.nubank.com.br/about/

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Do Universo de John Wick: Bailarina, de Len Wiseman


Os filmes de ação mais clássicos e que são lembrados até hoje mesclam ao gênero comédia, aventura, e, vez ou outra, um cadinho assim de romance. Com a franquia John Wick (2014–2023, Chad Stahelski), estrelada pelo ator mais amado dos anos 2000, Keanu Reeves, o romance não ganhou palco, visto que o filme nasce da tragédia e o personagem perde a esposa e seu cachorro. Logo, é possível sentir muito mais uma aventura rpgista e um tom sarcástico no texto do que qualquer outro incremento. As cenas, super coreografadas e que levam Wick a lutar inúmeras vezes com vilões que estão em seu encalce, enquanto o homem tenta se vingar de quem o tirou de sua aposentadoria e ainda o feriu gravemente matando sua família, são muito bem fotografadas e realizadas e deram aos fãs de ação quatro filmes repletos de porradaria com muito estilo e história. Uma que começa até mais tosca, por assim dizer, e vai ganhando um nível altíssimo de contexto narrativo.

Ali no terceiro filme, ''Parabellum'', lançado em 2019, John Wick retorna ao templo da máfia ''Ruska Roma'' e pede ajuda a Diretora (Angelica Houston). Quando chega ao local, um teatro, apresenta seus utensílios e o que pode para negociar seu pedido e é "marcado". A conversa entre ele e a Chefona acontece durante um treinamento de ballet e pelos corredores também são vistas inúmeras outras dançarinas, além da jovem que está no palco. O momento acabou dando a Shay Hatten idéias para também escrever uma jornada cheia de vingança e explosões a granada. A personagem que ali estava no palco tentando agradar a diretora ganhou então o spin-off dentro do universo John Wick, ''Bailarina'', no comando de Len Wiseman, responsável pela franquia de vampiros e lobisomens em constante guerra, ''Underworld'' (2006-2016), logo, o mundo criado por Derek Kolstad, se abre para mais um conto de perseguição.

Na trama, Eve Macarro, personagem da sempre extasiante Ana de Armas, acaba perdendo a mãe e o pai, que estão envolvidos com a máfia até o pescoço, ainda criança. Levada pelo Chanceler (Gabriel Byrne) para ter uma vida dentro da Ruska Roma desde pequena, a garota inicia também seu treinamento, mas em inicio, apenas como dançarina de Ballet. Aos poucos, ela ganha a confiança da Diretora e se mete em um mundo de missões e matanças. Dali, estreita seu conhecimento até chegar ao homem que tirou a vida de seus pais e no meio do caminho, mal sabe ela, encontrará parentes que não sabia existir. 

Após o filme ter a estreia alterada de junho de 2024 para junho de 2025, a produção ganha as telas de todo o mundo.

Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: From The World of John Wick — Ballerina, 2025. Direção: Len Wiseman. Roteiro: Shay Hatten — baseado nos personagens de Derek Kolstad. Elenco: Ana de Armas, Gabriel Byrne, Anjelica Houston, Lance Reddick, Ian Mc Shane, Norman Reedus, Juliet Doherty,Victoria Comte, Keanu Reeves. Gênero: Ação. Nacionalidade: . Trilha Sonora Original: Tyler Bates e Joel J. Richard. Fotografia: Romain Lacourbas. Edição: Jason Ballantine e Julian Clarke. Figurinista: Tina Kalivas. Design de Produção: Philip Ivey. Empresas Produtoras: Lionsgate, Thunder Road Pictures, 87 Eleven Entertainment, Hungarian Natioal Digital Archive & Film Institute e Summit Entertainment.Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 02h05min. Classificação Indicativa: 18 anos.


Bailarina se torna distinta da saga de John Wick ao entregar mais seriedade e poucos alívios cômicos. É tão diverso quanto, mas não tão salpicado do humor Wickiano que o fã aprendeu a amar, e, talvez, somente este grupo tenha esta frustração com a película. Afinal, do que a audiência do gênero gosta, ele se reveste: muitas cenas estapafúrdias de lutas e mortes escabrosas. 

Ana de Armas, e que aqui faz o uso de todas elas, granada, facões, metralhadoras e etc, está sanguinária, sexy e vingativa. Sua performance tem um sabor latino e isto é contagiante. É a segunda vez que a atriz trabalha com Keanu Reeves. Os dois estiveram juntos no suspense flopado "Bata Antes de Entrar" (Eli Roth, 2015). Na produção, a personagem de Armas se junta a uma amiga para sair punindo homens tarados, Reeves é o homem em questão, e não termina muito bem para ele. Já na dança que os atores entram agora, há pesos e arcos distintos. E Wick e Macarro se encontram quando o assassino é chamado para por a cabeça da nova super matadora na bandeia da Diretora, já que a garota acabou indo se vingar do chefe de outro grupo mafioso e que não deveria ser tocado. E, claro, tudo por vingança, algo que Wick entende após algumas boas porradas com Macarro. A jovem fica ainda mais acometida em ir atrás do que lhe fez mal e lhe dar fim, pois encontra com Daniel Pine (Norman Reedus) e sua pequena filha sendo perseguidos, um Déjà Vú de sua própria jornada


                                          Crédito de Imagens: © 2025 Lionsgate - Paris FIlmes - Divulgação
A produção ganhou destaque na CCXP, Cinemacon, e premieres ao redor do mundo como em Londres, Paris, Berlim e uma sessão de exibição especial em Los Angeles.


Chad Stahelski é um dos produtores do filme, após ter comandado a franquia de Wick com pulso e muita expertise. Len Wiseman já presenteou o mundo com a direção empoderada de Kate Beckinsale nos filmes "Underworld", então ele acaba dando a Armas muito espaço para ir crescendo na tela até que ela se torne alguém a se temer. O longa troca de espaços e localidades e tem planos explicativos de cada passo vingativo da protagonista até que esta chegue ao seu ápice. 

Como um filme origem, Bailarina tem um caminhar sério e comedido, longe de ser tão orgástico quanto os dois primeiros filmes onde Wick é o centro da história. A produção é dedicada ao ator Lance Reddick, devido a sua morte repentina em 2023. Ele interpretava o gerente do Hotel Continental, espaço onde todos os assassinos frequentam e nada pode acontecer. Esta é a segunda baixa no time. Michael Nvqvist, vilão do primeiro filme, também faleceu em 2017. 


EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Ernest Cole: Achados e Perdidos


O documentário Ernest Cole: Achados e Perdidos conta a triste história de um talentoso fotógrafo sul-africano que foi vencido pela vida. Não há desonra alguma nisto, há resistentes como Nelson Mandela que passam 27 anos numa prisão e conseguem liderar a África do Sul a superar o regime do apartheid, mas também há pessoas como Ernest Cole que, mais sensíveis aos dissabores da vida, acabam sucumbindo a um ciclo vicioso de autodestruição.
 
Nascido em 21 de março de 1940, em Eerstrust, Pretória, África do Sul, e falecido em 19 de fevereiro de 1990, em Nova York, Estados Unidos, exilado de sua terra e afastado de suas raízes. Excelente fotógrafo negro, sofreu na pele o regime cruel do apartheid do seu país, onde os brancos europeus subjugavam seus conterrâneos nativos, destruindo suas moradias, deslocando-os para favelas, obrigando-os a trabalhos braçais de baixíssimos salários e diminuindo suas chances de educação. Nesse regime de muita violência e vigilância, qualquer tentativa de sublevação era castigada com assassinatos e torturas.
Esse mundo cruel foi retratado em fotos lendárias pelo jovem Ernest. Com sua câmera fotográfica e correndo muito risco, seus registros eternizaram os abusos da época, onde os negros eram subcidadãos em sua própria terra, privados de sua dignidade e desprovidos de direitos básicos. Em 1966, ele se exilou nos Estados Unidos e em 1967 conseguiu publicar seu livro de fotografia ''House of Bondage'', ou melhor, ''Casa da Escravidão'', em português, que o alçou à fama instantânea por sua grande coragem e talento.
Crédito de Imagens: Arte France Cinéma e Velvet Filme / Imovision - Divulgação
A produção passou por inúmeros festivais de Cinema, em 2024, entre eles, o Festival de Cannes e a Mostra Internacional de São Paulo.

Mas esta vivência anterior em um regime opressor, que o condicionava a ser menos que seus algozes, e longe agora dos seus amigos, família e da sua cultura, levou o rapaz a uma espiral de sofrimento e angústia da qual não conseguiu se livrar. Fotografando incansavelmente nos Estados Unidos ou em países da Europa nos quais transitoriamente morava, era muito sensível às críticas de que tinha perdido o talento. Os trabalhos e o dinheiro começaram a escassear, numa existência de solidão e angústia.

Chegou então ao extremo de virar sem teto, vagando pelas ruas das cidades norte-americanas e sem conseguir tirar mais fotos, por bloqueio mental e criativo. Até seu final melancólico, com apenas 49 anos, vitimado por um câncer e amparado em seus momentos finais por sua mãe, seu último vislumbre da África do Sul, a qual nunca tinha conseguido retornar, desde sua partida em 1966.

O diretor haitiano Raoul Peck, diretor também do filme indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, 'Eu Não Sou Seu Negro', faz desta história triste um relato muito íntimo, como se o próprio Ernest contasse sua trajetória, na voz de LaKeith Stanfield, ator americano indicado ao Oscar de na categora de ''ator coadjuvante'', em 2021, pelo fora de série ''Judas e o Messias Negro''. Aliado a esse recorte pessoal, emoldurado até por vídeos de entrevistas do talentoso fotógrafo, a própria história da África do Sul também é mostrada, bem como a de outros exilados. Nesse mundo de sofrimentos, batalhas, mortes, a esperança ressurge quando o apartheid é vencido. Mas para Ernest, essa vitória não significou muito, sua morte estava próxima e seu desejo de não mais fotografar já era um indício que tinha desistido, tinha sucumbido aos seus próprios pesadelos.

O acaso da vida, porém, permitiu que se fosse descoberto um grande segredo em 2018. Por razões desconhecidas, grande acervo de fotografias do artista, um total de sessenta mil negativos, estavam guardados e a salvo num banco sueco. Essas fotografias maravilhosas são mostradas no documentário. Muitas delas, mesmo não publicadas em vida, demonstram o grande artista que se perdeu, vencido pelas macrotragédias que assolavam seu país e seu povo e que foram internalizadas pelo sensível fotógrafo, na prova inconteste que o público e o privado se mesclam na vida das pessoas. É um grande filme e foi  premiado no Festival de Cannes, em 2024, com o ''Golden Eye'', evidenciando a riqueza desta história.

Trailer
 
Ficha Técnica
 
  • Título original e ano: Ernest Cole - Lost And Found, 2024. Direção e Roteiro: Raoul Peck. Narração: LaKeith Stanfield. Arquivo de Imagens: Ernest Cole, Leslie Matlaisane, Jürgen Schadeberg, Gerrie Hugo, Joe Mamasela, Benzien Jeffrey. Gênero: Documentário. Nacionalidade: EUADireção de fotografia: Wolfgang Held, Moses Tau. Música: Alexei Aigui. Montagem: Alexandra Strauss. Produção: Laurence Lascary, Raoul Peck. Empresas Produtoras: Arte France Cinéma  e Velvet Filme - com apoio de Canal+, Netflix. Distribuidora: Imovision. Tempo: 105 min. Classificação: 14 anos. 
Nota: 9/10.
EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS