sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Eternidade, de David Freyne

Uma mistura entre as séries "The Good Place" (Michael Shur 2016-2020) e "Upload"(Greg Daniels, 2020-2025) resultou neste filme em que os personagens dos atores Miles Teller e Callum Turner disputam, na vida após a morte, o amor eterno da amada, interpretada por Elizabeth Olsen. Essa comédia romântica dirigida por David Freyne (Meus Encontros Com Amber, 2020) é a escolha perfeita para ir ao cinema e ter a dose certa de comédia e reflexões sobre as escolhas que cada um faz ao longo de sua jornada. Estreia desta quinta-feira, dia 4 de dezembro, em salas de cinema de todo o Brasil, . 
Porque, se há uma única certeza, é a de que sobre a morte sabe se muito pouco, e justamente por isso ela alimenta a imaginação humana há milênios, gerando filmes, livros, músicas, pesquisas e até buscas terapêuticas. Falar sobre a morte, portanto, é sempre uma forma de refletir profundamente sobre a vida que escolhemos viver.
Nesta obra, acompanhamos o casal Larry (Barry Primus) e Joan (Betty Beckley), que chega a velhice, carregando a memória de uma vida plena, no entanto, agora diante de deus capitulos finais. O primeiro a partir é Larry, interpretado nesta nova fase por Miles Teller (Whiplash, 2014, Damien Chazelle). Quando adentra o pós vida é recebido por sua ajudante Anna, vivida pela ganhadora do Oscar Da’Vine Joy Randolph (Os Rejeitados, 2023, Alexander Payne). Assim, ele se vê em uma espécie de aeroporto dos mortos, um entrelugar onde cada alma precisa fazer sua escolha final: decidir onde deseja passar a eternidade. Muitas opções são apresentadas e vendidas como pacotes de viagem - e é aqui que as semelhanças com a metalinguagem de The Good Place (2016–2020, Michael Schur) e Upload (2020–2025, Greg Daniels) aparecem.
Larry deseja esperar por Joan para que juntos possam desfrutar de uma eternidade tranquila à beira mar. Depois de filhos, netos e uma vida inteira compartilhada, ele sonha apenas em prolongar essa plenitude ao lado de seu grande amor. Ele está quase no fim de sua primeira semana no pós-morte quando sua esposa finalmente chega à estação. Mas, ao encontrá-lo na plataforma, Joan, que no filme é vivida por Elizabeth Olsen, se depara também com Luke, personagem de Callum Turner, seu primeiro marido, que morreu na Guerra do Vietnã.
Créditos de Imagem: A24 e Star Thrower Entertainment. - Divulgação
O filme passou pelo Festival de Torino, no último mês, e teve sua estréia no Festival de Toronto em setembro deste ano.
Joan tem uma escolha a fazer, além de decidir onde quer ter o descanso dos justos, precisa escolher com quem vai estar nesse cenário: Luke ou Larry. A preferência parece inclinada para o eterno jovem Luke, que passou os quase 60 anos em que esteve morto esperando na plataforma, trabalhando por lá, recebendo as almas e aguardando pela esposa. Ele é bem conhecido pelos ajudantes do local, e todos torcem por ele. Inclusive o público, até então.
Um homem belíssimo, que esperou pela amada durante anos, parece à primeira vista perfeito, mas Luke insiste em afirmar que não é. De fato, quando ele e Joan estão saindo para “se conhecerem” no pós-morte, para que ela possa escolher, ele aponta estar irritado quando a mulher menciona a neta, que faz parte da família que eles não tiveram. Ele quer escutar sua história, ao mesmo tempo que gostaria de ter vivido tudo aquilo com ela.
Enquanto Larry passou toda sua vida ao lado de Joan, é um tanto quanto difícil lembrar o porquê de ela ter se apaixonado por ele, já que nem ele mesmo se recorda. Ele não é um cara ruim, só é mediano. Os ajudantes de Joan e de Larry têm suas preferências: é claro que Anna torce para o seu “cliente”, enquanto Ryan (John Early) torce para o primeiro marido dela. Os dois têm um histórico amoroso, por isso também competem para ver quem Joan vai escolher. Até os mortos têm seus passatempos e a atuação de Da'Vine aqui é divina, com um tempo de comédia impecável, contrabalanceando o drama do núcleo principal. Inclusive, a química entre ela e Miles é muito boa.
Por fim, essa escolha não se trata de Larry ou Luke, mas sim de Joan. A mulher vai aos poucos notando detalhes relevantes que o espectador já captou ao longo do filme. O que não é ruim, só evidencia o quanto ela trilha um caminho que a leva a enxergar aspectos de si mesma que antes não teria percebido.
Trailer

Ficha Técnica
  • Título original e ano: Eternity, 2025. Direção: David Freyne. Roteiro: David Freyne e Alice Birch. Elenco: Elizabeth Olsen, Miles Teller, Callum Turner , Lashana Lynch, John Gallagher Jr., Hong Chau, Da'Vine Joy Randolph, Betty Beckley, Barry Primus, Christie Burke. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Gênero: Drama, Fantasia e Romance existencial. Trilha Sonora: Devonté Hynes (Blood Orange). Fotografia: Autumn Durald Arkapaw. Direção de Arte: Grant Armstrong. Montagem: Luke Dunkley. Figurino: Miren Arrieta. Empresas. Produtoras: A24 e Star Thrower Entertainment. Distribuição: A24. Duração: 01h54min.
O diretor David Freyne é roteirista e produtor e chamou muito a atenção da indústria com o filme "Meus Encontros Com Amber''  (2020). Aliás, desde sua estréia com "Os Curados", de 2017, tem passado por festivais e ganhado inúmeros prêmios relevantes. Aqui faz um trabalho distinto e chama o espectador para refletir sobre jornadas, amores e conhecimento de si mesmo. 
O filme se perde nos 40 minutos finais, mas o fator não estraga o todo. A fotografia é impecável: as cores vivas e com muitos significados e simbolismos estão todas lá. O mundo sintético, falso e artificial daquele aeroporto é quase real, já que os tons nos transportam para cada destino em que eles adentram e depois nos devolvem para aquele mundo irreal em que as pessoas, nesse universo cinematográfico, devem passar antes de decidir para onde vão.
EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS

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