Ponte dos Espiões, De Steven Spielberg



O diretor Steven Spielberg e o ator Tom Hanks se reúnem, pela quarta vez, em um projeto cinematográfico e nos brindam com mais um enredo ímpar. Parceiros também nos longas 'O Resgate do Soldado Ryan', 'Prenda-me se for capaz' e 'O Terminal', a dupla agora traz o competente 'Ponte dos Espiões'. Com uma temática simbolicamente forte, o cenário da película foi perpetuado durante a época da guerra fria, onde os Estados Unidos da América e a União Soviética mantinham um confronto tácito inegável. Assim, o longa vem fundamentado por indícios reais de acontecimentos importantes para ambas as nações. Ele tem roteiro assinado pelos excelentes irmãos Ethan e Joel Coen (Bravura Indômita) em colaboração com Matt Charman e chega aos cinemas nesta quinta-feira (22).

Sinopse:
Em plena Guerra Fria, o advogado especializado em seguros James Donovan (Tom Hanks) aceita uma tarefa muito diferente do seu trabalho habitual: defender Rudolf Abel (Mark Rylance), um  suposto espião soviético capturado pelos americanos. Mesmo sem ter experiência nesta área legal, Donovan torna-se uma peça central das negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética ao ser enviado a Berlim para negociar informalmente a troca de Abel pelo piloto norte-americano Francis Gary Powers (Austin Stowell), capturado e aprisionado pelos inimigos. Além disso, Donovan tentará ajudar também o jovem estudante Frederic Pryor (Will Rogers) que está nas mãos dos alemães.


A trama é interligada por acontecimentos importantes na vida de três personagens cruciais: o misterioso pintor Rudolf Abel (Mark Rylance), o piloto da CIA Francis Gary Powers (Austin Stowell) e o estudante de economia Frederic Pryor (Will Rogers). A sobrevivência de ambos é colocada em cheque e quem tem a missão de lutar por elas é o advogado James Donovan, vivido por Tom Hanks. Donovan não é em si um membro do governo. Mas age pelo bem comum e humanitário das vidas em jogo. Aliás, bate na tecla, com veemência, de que 'toda vida é importante'. Assim, não se deixa vencer pelas críticas negativas de seus compatriotas ao estar defendendo um estrangeiro. Pelo contrário, advoga com classe e busca defender seu cliente com o mesmo cuidado e atenção que daria a qualquer outro de qualquer nacionalidade. Sua perspicácia é tamanha que levado pela intuição e por um júri raivoso, direciona o andamento do caso de Abel para algo muito possível de ocorrer e por muita sorte: o fato ocorre. A força de um cenário de guerra invisível, é o que Donovan talvez não controlava, mas sabia lidar melhor do que imaginava.

O roteiro super bem escrito dos Coen e de Charman apresenta os dilemas da guerra e de quem, provavelmente,venha a sofrer com ela, civis e soldados. Chega a trabalhar bem de leve a conhecida Teoria dos Jogos. Mais precisamente, 'O dilema do prisioneiro' que se define pela entrega ou não de informações pelos prisioneiros aos seus captores. Cooperando, assim, para a construção de um jogo que resulta na traição e/ou na lealdade à sua nação. O olhar democrata e republicano vem encravado também em muitas das atitudes tomadas por alguns dos personagens, E a ambientação do espaço histórico é muito fidedigna - cenas da construção do muro e da separação do lado oriental e ociedental de Berlim, exemplificam bem isto. Claro, o jogo de soberania também entra em destaque, mas ganha outra concepção. Afinal, Spielberg, esse ser poderoso e astuto, apimenta aqui e ali o contexto e entrega uma direção meritória. 

É a primeira vez, em um filme do diretor, que a trilha sonora não é de John Williams, mas Thomas Newman soube mixar um bom domínio de tensão aqui tanto quanto Williams o faria. O figurino de Kasia Walicka Maimone também é muito agregador ao tom da época .

Hanks mais uma vez nos traz um personagem interpretado com maestria. Sua composição fiel ao trabalho de um advogado que luta por seu cliente, seja ele culpado ou não, é magnânima. O ator tem a tarefa de nos entregar uma construção de argumentos muito sólidos e enfaticamente busca meios para ganhar sua causa. Como astro do filme, ele recebe uma carga enorme em tela e se segura bem, como esperado. Seu bate bola com antagonistas e coadjuvantes, vividos por atores frescos e experientes, dão ainda mais força para o personagem que vive. Mark Rylance, que dá vida ao suposto espião russo, interage com Hanks de maneira extraordinária e presenteia o enredo com algumas boas falas recheadas de ironia. Eve Hewson, filha de Bono Vox na vida real que aqui encarna a filha de Hanks, tem um papel singelo e se sai bem e Amy Ryan interpreta a esposa observadora do protagonista.


Ao final do longa, descobre-se que Donovan acabou lutando pela causa de milhares de prisioneiros de guerra. Algo muito inspirador!
Trailer


Ficha Técnica: Bridge of Spies, 2015. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Matt Charman, Ethan e Joel Coen. Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Jesse Plemons, Eve Hewson, Michael Pemberton, Domenicki Lombardozzi, Victor Verhaeghe, Will Rogers, Austin Stowell, Edward James Hyland, Joshua Harto. Trilha Sonora Original: Thomas Newman. Fotografia: Janusz Kaminski. Gênero: Drama, Biografia, Baseado em Fatos Históricos. Nacionalidade: EUA. Distribuidora: Fox Filmes. Duração: 2h12min.

Avaliação: Quatro laudas de discursos democratas, bem argumentados pela defesa, e meio litro de patriotismo republicano descendo pelo ralo.


Não recomendado para menores de 12 anos!
22 de Outubro, nos Cinemas!



See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

    Comentários Blogger
    Comentários Facebook

0 comments:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)