Bingo - O Rei das Manhãs


"Bozo, The Clown", é um personagem de sucesso criado por Alan Livingston para entreter os lares norte-americanos, durante os anos 40.

No Brasil, o palhaço teve versão licenciada para um canal de televisão, na década de 80, e contou com inúmeros intérpretes. Um deles, o ator de pornochanchada Arlindo Barreto.

A transformação de Barreto em um palhaço apresentador e popstar da tevê virou tema de filme produzido por Dan Klabin e dirigida por Daniel Rezende.

Titulada 'Bingo - O Rei das Manhãs' por motivos de licença e direitos autorais, a trama é protagonizada por Vladmir Brichta e tem ainda Leandra Leal, Augusto Madeira, Ana Lúcia Torres, Cauã Martins, Emanuelle Araújo e Tainá Muller, no elenco.

Trailer


No enredo, Brichta vive Augusto Mendes. Um ator de pornochanchada, filho da ex-vedete Martha (Torres) e pai de Gabriel (Martins), criança gerada na relação que teve com a também atriz Angelica (Muller).

Um dia, o artista é chamado para um teste de um novo trabalho e descobre que no estúdio ao lado estão fazendo audições com palhaços para um programa infantil. É onde ele vê a oportunidade de mostrar seu talento e decide participar da audição.

Augusto consegue ser aprovado fazendo graça com o gringo que está testando os atores, mas deixa a produtora do programa, Lúcia (Leal), com um baita pé atrás.

Aos poucos, ele vai pegando o jeito e sua construção desbocada do personagem ganha fama, contudo, os exageros com drogas começam a atrapalhar o show e também a relação com o filho.


O recorte da vida deste homem ímpar na história da tevê brasileira é emblemático e realmente cativante. Bingo/Bozo era o retrato explícito da malandragem mesclado ao doce sabor da inocência. Sua história fez história e o roteiro de Luiz Bolognesi contabiliza tanto os bons momentos de glória e sucesso do Palhaço como a sua queda.

Há um direcionamento claro que evidencia o impacto positivo e negativo que a carreira do apresentador teve nas relações com o filho, com a mãe, com a ex e até com a equipe do programa. Alusões e criações fictícias que funcionam muito bem.

Cauã Martins, interprete de Gabriel, acha o tom certo para o seu drama de filho abandonado e levianamente trocado pelo amor que o pai tem pelos palcos. Mas a trama não esquece de relatar como os dois tem uma forte e única relação. Constrói-se, inclusive, lindos e afetivos momentos entre eles - o costume de brincar com as sombras ou tirar onda por andarem em um carro do momento. A relação chega ao ápice quando o pai do garoto dorme e o menino descobre algo impróprio para sua idade e deixa a todos preocupados com sua saúde. 

Augusto é um grande admirador de sua mãe, Martha. Atriz aposentada que agora leva a vida como jurada em programas de canais b. Acostumado desde pequeno com os palcos, foi com ela que aprendeu a amar o brilho dos holofotes e querer sempre estar no foco deles. Assim, tem Martha também como uma grande amiga e confessa todos os passos e decisões artísticas a ela. Se revela ainda um filho que torce pelo sucesso da matriarca e sofre com o esquecimento do seu nobre talento deixando também transparente como a presença de Martha é sua base.


Da equipe do programa quem mais traz movimento a carreira de Bingo é o câmera man Vasconcelos (Madeira) e também a produtora Lúcia, vivida por uma Leandra Leal forte e religiosa. Vasconcelos é o parça de Bingo para todas as farras e orgias e Lúcia acaba não só virando a condutora do apresentador como também a sua vítima de assédio constante. O quase-talvez romance entre os dois fica nublado, porém, pelas aventuras do ator com celebridades importantes daquele momento. Uma delas, a cantora Gretchen, com quem o real palhaço teve um tórrido romance.

Brichta é rei em todos os 111 minutos de duração do longa e entrega um personagem mítico e verdadeiro. Sem máscaras. Sua interpretação faz valer muito o ingresso e não há porquê se recordar que o papel seria de Wagner Moura, que não pode estar aqui por conflitos de agenda. Augusto Madeira também está espetacular como um grande mediador da alegria de Bingo.

A direção de Daniel exibe um elenco determinado que caminha junto e imagens altamente belas. Takes que fazem ótimas correlações a vida real. A direção de arte, o figurino, a fotografia, todos se sobressaem na película e a deixam mais completa.  

A lista de canções oitentistas que ouvimos no filme fazem valer bastante a volta aos anos 80, desde 'Humanos' do grupo liderado por Supla, Tokyo, a 'Televisão' dos Titas, e 'Bring On The Dancing Horses' dos sensacionais Echo & The Bunnymen (ouvir aqui).

Bingo é sim a boa surpresa do cinema nacional este ano e abrilhantará as opções nos cinemas com muita força e consistência. 


Ficha Técnica: Bingo O Rei Das Manhas, 2017. Direção: Daniel Rezende. Roteiro: Luiz BolognesiElenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Augusto Madeira, Ana Lucia Torre, Emanuelle Araújo, Cauâ Martins, Tainá Muller, Soren Hellerup, Domingos Montagner e Pedro Bial. Gênero: Drama, Biografia. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Beto Villares. Montagem: Márcio Hashimoto. Direção de Arte: Cassio Amarante. Maquiagem: Anna Van Steen. Fotografia: Lula Carvalho. Distribuidora: Warner Bros. Pictures. Duração: 111min.
Boa pedida!

AvaliaçãoTrês ligações sacanas e meio copo de Whisky (3,5/5).

24 de Agosto, nos cinemas!

See Ya!












B- 

Escrito por Bárbara Kruczyński

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