Conquistar, Amar e Viver Intensamente



O romance entre um bem-sucedido escritor parisiense (Pierre Deladonchamps) e um jovem estudante bretão quinze anos mais novo (Vincent Lacoste) é o que conduz a narrativa de Conquistar, Amar e Viver Intensamente. No entanto, há diversos outros personagens envolvidos e diversos outros amores também, o que inclusive se torna um problema de foco na história.

O modelo narrativo do filme é daqueles que não explica nada ao espectador de início. Somos jogados no meio da história sem nenhum preparo e aos poucos vamos entendendo o contexto e a relação das personagens. A obra nos leva de volta à década de 1990. Estamos no auge da epidemia da AIDS e isso afeta diretamente a vida dos protagonistas.

No entanto, o longa tem uma delicadeza sublime para tratar de tais assuntos. Tanto os relacionamentos quanto a doença são mostrados de forma muito leve. Sem perder, porém, a sua gravidade. Por exemplo: apesar do protagonista estar infectado com o vírus HIV, isso não toma os holofotes do filme. E o diretor e roteirista Christophe Honoré não perde tempo de tela tentando explicar a atração de um homem pelo outro ou os personagens se descobrindo. Todos estão muito bem resolvidos com sua sexualidade. Inclusive o jovem estudante com tendências bissexuais.

Na obra, os envolvimentos funcionam com uma simplicidade de dar inveja. Amores nascem e acabam. E isso às vezes dói. Mas a vida segue. Carinho e afeto estão presentes de sobra também nas amizades, que não são ditadas pelos parâmetros convencionais. Em um momento, a personagem Isabelle explica com naturalidade: “Eu não sou a esposa dele. Sou uma amiga. O Loulou é filho dele e eu sou a mãe”. 

 
Apesar da grande paixão vivida pelos dois, Jacques (Pierre Deladonchamps) e Arthur (Vincent Lacoste) não são os únicos amores um do outro. Aliás, não temos na obra uma narrativa linear. Sem dar sinal, às vezes uma cena acaba e vemos começar outra que conta uma paixão de outra época. Assim, se estabelece um eixo temático interessante, mas deixa o longa com um aspecto de colcha de retalhos.

Outra característica que dita a simplicidade em questão é o ar “a vida como ela é” que o filme possui. Não há grandes arroubos dramáticos. Paixões, mortes, desentendimentos, sexo... tudo acontece com o despojamento da vida real. E se por um lado há a vantagem de não apelar para o sentimentalismo barato, por outro, há momentos apáticos e até desinteressantes. Faço um destaque para uma das grandes exceções: o belíssimo último plano do filme.

Essencialmente, é uma dramaturgia masculina. No entanto, se trata de uma masculinidade que sempre foi deixada de escanteio e que aos poucos vem ganhando espaço de discussão. Aqui vemos ternura e zelo não só em relações conjugais, mas em laços de amizade e parentesco, prática que ainda demonstra ser tabu. Por isso, os 132 minutos já valem.

Trailer

Ficha Técnica
Título Original: Plaire, aimer et courir vite. Ano: 2018. Direção e Roteiro: Christophe Honoré. Elenco: Vincent Lacoste, Pierre Deladonchamps, Denis Podalydès, Thomas Gonzalez, Adèle Wismes, Clémente Métayer, Tristan Farge, Sophe Letourneur, Marlene Saldana, Luca Malinowski. Gênero: Drama. País: França. Música: Frédéric Junqua. Fotografia: Rémy Chevrin. Edição: Chantal Hymans. Produção: Philippe Martin, Olivier Père, David Thion, Emmanuel Tenenbaum. Distribuição: Imovision. Classificação: 16 anos. Duração: 02h12min.

HOJE NOS CINEMAS

Brasília: Cine Cultura Liberty Mall
Curitiba: Cinépolis Patio Batel
Rio de Janeiro: Cinépolis Lagoon • Espaço Itaú • Estação Net Rio (dia 18/12)
Salvador: Cinépolis Bela Vista • Saladearte Cine Paseo (dia 16/12)
São Paulo: Cinépolis Jk Iguatemi  • Espaço Itaú Augusta  • Reserva Cultural

Escrito por Luana Rosa

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