Hebe - A Estrela do Brasil, de Mauricio Farias


A apresentadora Hebe Camargo esteve no ar por quarenta anos e sempre atingiu um público fiel. Passou por quase todas os canais de televisão (Band, Record, SBT, TV Tupi, Rede TV) e entrevistou milhares de celebridades e artistas internacionais e nacionais. Dentre eles, o primeiro homem a chegar na lua, Neil Armstrong, e também a cantora francesa Edith Piaf, mas antes disso tudo, ela também foi protagonista no rádio e, iniciando sua carreira nele, fez sucesso como cantora. 

Falecida desde 2012, ela deixou um vazio não só na programação das segundas-feiras de muita gente como também em seus corações. E agora Hebe ganha uma homenagem sucinta nos cinemas com o novo longa de Maurício Farias "Hebe - A Estrela Do Brasil"

O filme traz um pequeno recorte da trajetória da rainha da tevê brasileira e mostra algumas das suas dificuldades pessoais e profissionais. No longa, Hebe Camargo é vívida pela atriz Andréa Beltrão que chama a atenção pela ótima performance.

Com distribuição da Warner Bros Pictures, o longa chega hoje aos cinemas. 

Trailer


Ficha Técnica

Título Original e ano: Hebe - A Estrela do Brasil, 2019.  . Direção: Mauricio Farias. Roteiro: Carolina Kotscho. Elenco: Andrea Beltrão, Marco Ricca, Danton Mello, Otávio Augusto, Caio Horowics, Gabriel Braga Nunes, Cláudia Missura, Karine Telles, Ivo Müller, Daniel Boaventura, Stella Miranda. Gênero: Biografia, Drama. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Branco Mello e  Emerson Villani. Som Direto: Gabriela Cunha. Direção de Arte: Luciane Nicolino. Figurino: Antônio Medeiros. Fotografia: Inti Briones. Montagem: Joana Kollier e Fernanda Franke Krumel. Distribuição: Warner Bros Pictures Br. Duração: 02h00min.
O roteiro consiste em trazer um texto que evidencia Hebe já como apresentadora e seu início e ascensão não são o tema aqui. Ao espectador é mostrado um pouco dos dilemas que a apresentadora vivia ao ter que se condicionar ao que poderia ou não dizer frente ao controle televisivo que sofria de produtores e também da famosa "censura", ou ainda os órgãos que regulam a concessão de sinal no país. Também visitamos os momentos em que a homenageada troca de emissoras, fato que aconteceu ao fim dos anos 70 e meados dos 80, onde Hebe sai da Bandeirantes e vai para o SBT. 

No mais, a narrativa escolhe também tratar a forte amizade que ela nutria pelas amigas Nair Bello (Cláudia Missura) e Pepita Rodrigues (Karine Telles) ou ainda pelo amigo e maquiador Luiz Carlos, o Carluxo (Ivo Müller), que acabou falecendo vítima da AIDS. O filho Marcelo (Caio Horowics) e o segundo marido, Lélio (Marco Ricca), também aparecem e têm seus arcos construídos na trama. O primeiro sofre com a ausência do pai Décio (Gabriel Braga Nunes) e o último é atormentado por um ciúmes doentio e briga diversas vezes com a artista e esposa. O sobrinho Cláudio (Danton Mello) entra em cena como assistente dela e tem sua valia.


Assistimos com nostalgia Hebe (Beltrão) receber em seu famoso sofá não só Dercy Gonçalves (Stella Miranda) e Roberta Close, mas também convidados musicais desde Menudos, a Chacrinha (Otávio Augusto), Titãs e também o seu grande ídolo, Roberto Carlos (Felipe Rocha).

E todas essas participações vem com sutileza e não caem no caricato. Até mesmo a de Daniel Boaventura que tem a função de interpretar Silvio Santos. Aliás, nem Andréa caiu nessa e entrega uma Hebe com trejeitos, tiques e um 'eerrree" na medida. Quem vez ou outra se repete é Ricca, mas acredita-se que a direção tem com isso a vontade de explorar as fraquezas do marido que não se contenta com a atenção que a mulher recebe. 

A relação de Hebe com os amigos e o filho toca fundo. Com Carluxo, seu também maquiador, se mostra preocupada e intensamente triste pelo seu falecimento quando este ocorre. Defensora dos LGBTs, que no passado eram identificados pelo termo 'bixa', ela mostra sensibilidade e amor. Também empodera as mulheres e outras minorias. Ao filho, dedica tudo que tem e não passa um dia sem o mimar e dizer que o ama. Um carinho que cerca o garoto e o deixa ainda mais próximo da mãe, já que o pai não o procura tanto quanto deveria. Algo que o filme também explora aqui é o gosto da apresentadora pela bebida e como isso a fazia a sentir constrangimento visto que perdeu brincos caríssimos e deixar todo alarmados sobre a possível chance de roubo quando na verdade eles estavam dentro de um pote na sala postos ali por ela mesma.

A questão política e social no país também tem tempo em tela. Hebe que sempre mandou seus recados aos telespectadores deixa claro o que pensa e em quem vota e se diz sem partido. Como parte da elite, fica do lado de políticos que hoje já não são mais considerados "ficha limpa" e temos essa dualidade da luta contra o errado na qual tanto dizia ser uma de suas causas.

Portanto, quando o filme chega ao seu fim percebe-se que ele apresenta uma ambiguidade de valores e não quer exatamente julgar ou analisar a figura pública que ela foi, o que condena a direção e a deixa dormir pelo tom episódico que a produção têm. 


Em suma, o longa não vem com uma intenção maior do que homenagear e com essa meta chega onde pode. O destaque é todo da produção técnica que vangloria o figurino e traz todos os looks clássicos da apresentadora (maquiagem e cabelo também são enaltecidos). Ademais, a direção de arte e a fotografia também brilham.

Avaliação: Dois amores intensos e 50 pontos na audiência (2,5/5)

HOJE NOS CINEMAS

See ya!

B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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