Papai é Pop, de Caito Ortiz | Corra para os Cinemas

Não é de hoje que o Brasil vive a triste estatística do aborto paternal (expressão usada para denominar o abandono de crianças pelo pai). A Empresa Brasil de Comunicação - EBC relatou, em maio deste ano, que os números que dizem respeito ao registro maternal, sem a presença do pai,  passam dos cinquenta mil com queda entre 2020 e 2021 e aumento em 2022 (leia aqui). 

 

Os dados frustrantes vão além de colocar nos livros as estatísticas, pois servem para ler os avanços da nossa sociedade como um todo. E uma que ainda gira em torno das decisões masculinas nas esferas públicas e de cunho político. No livro de Marcos Piangers ''Papai é Pop'', obra traduzida para o inglês e que alcançou a marca de vendas de meio milhão, o humorista, escritor, e palestrante conta a sua experiência como pai de primeira viagem de forma leve e descontraída. O texto foi adaptado para o cinema em filme com direção de Caito Ortiz e protagonizado por Lázaro Ramos, Paolla Oliveira, Elisa Lucinda, Leandro Ramos e cameo do próprio Piangers. 

 

Na trama, Lázaro Ramos vive Tom, um homem descolado que trabalha na área de T.I. e tem seu momento de lazer no futebol com os amigos ou em seu videogame. É filho de Gladys (Lucinda) que foi mãe solteira e é super próxima do filho, até mesmo para puxar sua orelha quando se deve. Atualmente, Tom é casado com a super Elisa, papel de Paolla Oliveira, e a mulher está prestes a ter um bebê. No dia mágico deste acontecimento, porém,  Tom vai jogar futebol e e Elisa acaba tendo zero suporte para ir ao hospital. Quando finalmente o homem chega por lá, até desmaiar, ele desmaia. Não bastasse esses constrangimentos iniciais nos primeiros dias de vida da pequena recém nascida, Tom dá várias bolas fora quando não entende que é responsabilidade dele aprender a ser pai e cuidar também da filha. Portanto, o filme emociona com a transformação desse menino em homem e, por consequência, em pai. Evidencia também como para a mãe o trabalho é redobrado quando não tem o apoio que merece e esse distanciamento do homem também prejudica a relação homem-mulher.

 

Delicado e sem exatamente se tornar um baita drama, Papai é Pop se sustenta no aprendizado e ele vem, por mais que se precise de uma ajuda do passado. Isto porquê Tom, que não teve um pai presente, precisa ter uma sessão de terapia com o próprio pai ao reencontrá-lo. Sente naquele momento que não pode fazer o mesmo que foi feito com ele, pois além de compreender a barra que Elisa pode estar passando sozinha, ele tem de crescer e se tornar o pai que sua pequena necessita.

A mãe de Tom, Gladys (Lucinda), é uma baita conselheira e quando o filho se desentende com a esposa, apesar de o ajudar, é quem coloca um pouco de noção na cabeça do homem. Até porquê os amigos de futebol, ou da mesa do bar, não são exatamente exemplos de nada e tem comportamentos até piores que o do rapaz. 

Elisa é o exemplo da super mulher e mesmo gostando do marido entende que ele não está se esforçando, mas sim atrapalhando tudo, a principio. As confusões que ele causa, quando ainda não entende seu novo papel acabam interferindo na relação amorosa entre eles e até nisso ele também precisa se mostrar melhor para conquistar novamente a moça.

As atuações de destaque é do trio Lázaro, Paolla e Elisa. Lázaro consegue construir a imaturidade do personagem e também entregar momentos de emoção quando este se torna quem precisa. Paolla vem totalmente desconstruída dos papéis de novela que a assistimos interpretar. Não é mãe na realidade, mas convence bem e tem boa química com Lázaro. Ambos ganham caracterizações que os diferenciam para enaltecer o crescimento, Lázaro um pouco mais por já entrar na história necessitando de transformação. Lucinda é a mãe, a avó e a sogra que todos queríamos ter e mesmo sendo pontual em sua participação acrescenta demais em cena. Leandro Ramos aparece como o amigo fanfarrão que é cômico e acaba tendo uma virada mais ao fim do filme.  

Caito Ortiz tem uma caminhada grande como produtor e diretor de séries, já dirigiu documentários e este é seu terceiro longa. Um que engrandecerá o dia dos pais que está por vir e chamará para conversa desse papel tão importante dentro das famílias da forma que tem que ser, emocionando.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Papai é Pop, 2022. Direção: Caito Ortiz. Roteiro: Ricardo Hostetter, Lusa Silvestre , Maíra Oliveira , Luísa Guanabara - adaptação do livro de Marcos Piangers. Elenco: Lázaro Ramos, Paolla Oliveira, ELisa Lucinda, Leandro Ramos, Dadá Coelho, Thiago Justino, Marcos Piangers. Gênero: Família, Comédira, Romance. Nacionalidade: Brasil. Design de Produção: Mariana Falvo. Montagem: Luisa Cavanagh. Colorista: Luisa Cavanagh. Produção: Pródigo Filmes. Distribuição: Galeria Distribuidora. Duração: 01h48min.

Papai é Pop entrega compreensão, crescimento e fala de como é importante pais e mães estarem presentes na criação de seus filhos. Altamente indicado. 

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Avaliação: Três mamadeiras quentinhas e meio parquinho lotado (3,5/5).

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński