Olmo e a Gaivota


'Olmo e A Gaivota', é um longa extremamente tocante, delicado e complexo. Trata de temas que vão além de uma simples conversa de mulheres, de casais e de quem quer que esteja afim de falar de gravidez, companheirismo, carreira, frustrações e afins. Assuntos tão universais que muitas vezes não conseguiram retratação da forma necessária que a brasileira Petra Costa e a dinamarquesa Lea Glob, diretoras do filme, fizeram aqui (e muito bem).

Listado entre as estreias desta quinta-feira (05), a película é mais que indicada para uma boa uma hora e meia de reflexão.
Sinopse:
Olívia (Olivia Corsini) é uma atriz que está ensaiando a peça "A Gaivota", de Anton Tchekov, quando descobre que está grávida. Enquanto a produção avança, o bebê dentro dela cresce e um acidente a afasta da montagem, que tem seu companheiro, Serge (Serge Nicolai) como protagonista. De repouso em casa por meses, ela lida com as bruscas mudanças em sua rotina, seu corpo e sua vida em geral.


O drama documenta realidade ao mostrar o dilema da gravidez turbulenta, vivenciada pela atriz italiana Olivia Corsini, e é incrementado aqui e ali com um pouco de ficção. As frustrações de Olivia se dão ao descobrir que não poderá trabalhar durante o período de gravidez, pois há uma pequena complicação em seu útero que pode ocasionar um aborto. Desolada por ter de abandonar os ensaios de uma peça em que trabalhava junto a seu parceiro, o ator francês, Serge Nicolai, ela passa todo o período de gestação trancafiada, no quinto andar de seu apartamento, em Paris.

Serge continua a trabalhar na peça e ao mesmo tempo vai se distanciando da parceira. Nessas horas, Olivia nos dá boas pitadas de humor ao cutuca-lo e pedir um pouco mais de atenção ao que eles estão passando. Há um claro descontentamento por parte dos dois, mas que é sentido muito mais por Olivia. Ela que vê sua carreira ficar parada, ela que está gestante, ela que fica acorrentada àquele mundo. Ela que está prisioneira de um corpo instável.

Não vemos em nenhum momento, ambos optarem por não ter o filho, contudo, a dor e a cruz que Olivia tem de carregar sozinha é captada para te fazer sentir o quão depressivo é ser uma gestante ativa e uma pessoa incapacitada de se locomover e se realizar como profissional. Além disso, todos os detalhes da carreira dela, que são juntados as imagens do drama, ampliam ainda mais a ânsia para ver o desfecho desta história tão real e admiravelmente bela.

O tema é muito interessante. E você se depara com um retrato muito factível e notório de situações cotidianas. Petra, conquistou muita gente com o memorável 'Elena' (2014) e, neste segundo trabalho, deve arrebatar um público ainda maior pelo talento e pela atualidade do contexto. Sua parceira também tem uma filmografia pequena (e desconhecida de nós brasileiros), mas estreia bem.

A história e a condução das duas teve ajuda de alguns roteiristas que conseguiram destacar bem o que é e não é realidade. A trilha do filme soa singular e adiciona um tom melancólico compenetrante ao que se passa na tela. E a Direção de arte, fotografia e o figurino tornam os detalhes bastante reais.

Em suma, Olmo e a Gaivota merece sua atenção, pois acredita-se que ele traz à tona uma gama de pontos assertivos para debate em nossa sociedade retrógrada. 
Ficha Técnica: Olmo & The Seagull, 2015. Direção: Petra Costa e Lea Glob. Roteiro: Petra Costa, Lea Glob. Consultores de Roteiro: David Barker, Moara Passoni, Martha Kiss Perrone, Marie Regan, Franz Rodenkirchen. Elenco: Olivia Corsini, Serge Nicolai, Armab Saribekyan, Silvain Jailloux. Gênero: Drama, Documentário. Nacionalidade: Brasil, Eua, Dinamarca, Portugal, França. Distribuidor: Pandora Filmes. Duração: 1h27min.

Trailer



Avaliação: Quatro horas angustiantes de um parto extremamente necessário para o mundo! (4/5)


BRASIL: VEJA ESTE FILME!!!!

Não recomendado para menores de 12 anos.

05 de novembro, nos cinemas!

Visite também:
http://olmoeagaivota.com.br/

See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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