► Mostra Competitiva do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro - Quinta Noite


O gás da noite anterior, lá na Mostra Competitiva no Festival de Brasilia, foi propagado pelos gêneros de suspense, drama, período histórico e terror.

Filmes que fizeram refletir bastante sobre um passado que nos assombra e para sempre nos trará traumas e um presente vivido por muitas mulheres brasileiras. 

A produção de Lais Melo, 'Tentei', retratou com clareza o sofrimento que uma mulher passa ao ter que relatar um abuso as autoridades e após o silêncio de seus 15 minutos de duração recebeu grande quantidade de palmas. O que também ocorreu com o longa da equipe Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhesus Tribuzi, 'O Nó Do Diabo'. Um filme que recortou um período de cem anos para mostrar as torturas sofridas por negros em uma fazenda do interior.

Confira os comentários.

MOSTRA COMPETITIVA (CURTA)
TENTEI, de Laís Melo.
Ficção, 15min, 2017, PR, 14 anos.

Sinopse:
A coragem foi se fazendo aos poucos conforme a angústia tomava o corpo. Em certa manhã, Glória, 34 anos, parte em busca de um lugar para voltar a ser.

Exibição:
20 de setembro | 21h | Cine Brasília

20 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)

21 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República


Tentar criar forças para reagir a abusos ou sair de uma relação medíocre é um tema muito atual em nossa sociedade. E é o dilema da protagonista do filme. 

Na real, ela já deve ter sido uma pessoa muito viva. Hoje não mais. Quando a vemos pela primeira vez, logo nos vem a mente o que acontecera ao seu rosto? Porque ela está tão estática? 

Daquele lugar sombrio que é o seu lar ela parte, não muito segura, para um lugar onde é chamada e ali tenta relatar o que sofreu. Porém, é ali sentada que a mulher sente apertarem suas feridas com mais força a cada pergunta constrangedora e sem cuidado. 

O homem que a entrevista tenta se desculpar e tenta não destroçar ainda mais a vitima. Mas o resultado é o mais óbvio possível. O esgotamento dos 2% de coragem que ela encontrara para chegar até ali.

Muito bem desenvolvido e com uma atuação competente, o curta se mostra real e dolorido. Ainda não é o meu predileto da competição, mas deu para sentir o baque.


AvaliaçãoTrês desgraças alheias que podem rolar com qualquer pessoa (3/5).

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MOSTRA COMPETITIVA (LONGA)
O NÓ DO DIABO, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhesus Tribuzi.
Ficção, 124min, 2016, PB, 16 anos.

Sinopse:
Cinco contos de horror. Uma fazenda tomada por horrores há mais de duzentos anos. Cinco encontros com a morte. Um nó que não se desata.

Exibição:
20 de setembro | 21h | Cine Brasília

20 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)

21 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República


A criatividade do longa está em seu recorte. Cem anos de muita tortura a pessoas negras que foram escravas ou serviçais da família Vieira. Um clã vil e poderoso que definhou junto com suas ruindades e a muitos assombraram.

Começamos o longa em 2018. Ali, um segurança paranoico e aparentemente atormentado busca proteger um casebre assustador de todos na vizinhança e comete crimes hediondos. Depois, voltamos aos acontecimentos decorridos 1987, onde um casal chega ao mesmo lugar em busca de trabalho e passa dias de terror com a família. Voltamos ainda mais atrás e vemos duas irmãs escravas sendo exploradas de todos os jeitos possíveis. De lá, passamos a 1871, onde um escravo vê toda a sua familia morrer e decide fugir para chegar ao Quilombo. Por último, conhecemos alguns dos negros que escaparam de um ataque acometido aos habitantes do Quilombo, lá no ano de 1818.

Em todas as cenas o principal elemento é o terror. Sustos são provocados com a ajuda de uma trilha sonora trevosa e altissima - um pouco até demais - e uma série de eventos macabros envolvendo o patriarca da família. O senhor Vieira (que atuação tremenda desse ator). O personagem, inclusive, aparece em todas as cenas e certamente é só para ilustrar que o clã sempre cometeu aquele tipo de ator horrendo. De o bisavô ao tataraneto. 

O longa, trás  sim um elenco preciso e que colabora a forjar todo aquele horror com perspicácia, não obstante, alguns momentos não convencem tanto. Quem lembrar da atriz Zezé Motta, a reconhecerá fácil.

A equipe deixa uma mensagem clara sobre o horror da nossa história e proporciona que o expectador saia da sala se sentindo uma mala com 1000 kilos de chumbo. 

AvaliaçãoDois séculos tristes e oitenta e cinco fantasmas (2,85/5).



See Ya!









B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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