O Destino de Uma Nação, de Joe Wright


Um Gary Oldman quase irreconhecível, por culpa de um trabalho estupendo de maquiagem e cabelo, encarna com todo o talento que lhe possui  um dos maiores políticos que o mundo já viu, Winston Churchill. Dirigido por Joe Wright (Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação), o filme conta como aconteceram os preparativos para a chegada de Churchill ao posto de primeiro ministro e se desenvolve durante as quatro semanas iniciais de seu novo cargo perante os dias nublados da segunda guerra mundial que assolava o mundo. 

Oldman foi ganhador do Globo de Ouro na categoria de melhor performance em um filme drama por um ator e no total o filme tem de cerca de cinquenta e duas indicações a premiações, entre elas os Baftas, reconhecimento da academia de artes britânica.

A votação do Oscar está marcada para se encerrar nesta sexta-feira (12) e conheceremos todos os indicados em 23 de janeiro. É quase certo que o filme esteja na lista.

Trailer

Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, o destino do Reino Unido toma novo rumo quando os partidos decidem indicar um novo primeiro ministro para liderar a nação e resolver os problemas que o então chefe do governo, Chamberlain, não fora capaz de conter, além de tentar acalmar o parlamento e os movimentos trabalhistas. A movimentação das cadeiras pede então que Hallifax, partidário que tem extrema vocação para as relações exteriores, seja indicado, mas o mesmo não acredita estar pronto para assumir o cargo naquele momento e logo surge o nome de Winston Churchill. Com vasta experiência no serviço público, Churchill sabe da missão árdua que tem pela frente e não corre. Pelo contrário. Aceita a tarefa mesmo sabendo que seus atos nem sempre o deram uma boa fama. Chamberlain requisita então que ele forme seu governo, pois a seguir ele pedirá a demissão ao Rei George VI e os procedimentos para sua posse se darão. A majestade aceita o pedido e fica insatisfeito com a recusa de Hallifax, contudo, pondera que Winston é a única opção. De personalidade ímpar e resistente as idéias de acordos de paz com Hitler, Churchill vai em busca da luta e preza pela sobrevivência dos exércitos britânicos, pois assim que toma posse um largo grupo de soldados ingleses e franceses ficam presos ao sul da França, cercados pelos Alemães.

Desistir não é um opção!

O roteiro esbanja detalhes centrais dos fatos ocorridos e se volta para uma bela construção dos personagens. Churchill, como protagonista, tem uma visibilidade incrível, mas a escrita não esquece a realeza, os comuns, a família de Churchill e os políticos ao seu redor.  

Churchill tinha um lema: lutar sempre, não se render e " nunca, nunca, nunca, nunca, nunca, nunca desistir!" (lembram da cena em que um jovemzinho repete isso no filme " Ensinando a viver"). E seus primeiros dias no poder, conforme os relatos históricos e o próprio filme, determinam que ele tinha uma personalidade forte e que sabia exatamente onde queria levar o Reino Unido, a vitória. Vemos ele se movimentar meio a um sistema partidário " maria vai com as outras" , é desacreditado de todos os lados, perde a ajuda dos norte-americanos, quase a dos franceses, e ainda assim insiste em um planejamento estratégico de avanço e não retrocesso, como alguns persistem que ele o faça. Churchill alimenta ainda mais sua vontade de seguir em frente quando em uma das cenas conversa com britânicos, durante uma ida ao parlamento de metrô. Ali é convencido que baixar a aguarda é a opção que o povo não quer. 


Vamos lutar nas motanhas, se for preciso.

As personagens de Kristin Scott Thomas e Lilly James são as mulheres que ganham destaque no longa. A primeira interpreta a esposa do primeiro ministro, Clammie, e é de uma precisão fenomenal. A segunda encarna a secretária Elizabeth. A moça fica responsável por datilografar os discursos e cartas oficiais para Churchill. A principio, ela se vê indefesa e atacada por seu novo patrão, mas com as dicas de Clemmie ao marido as relações dele com outras pessoas vão ficando menos conflituosas.

Gary Oldman aparece com muitos quilos a mais, muito mais velho do que realmente é e ainda mais vibrante do que nunca. Seu Churchill é, sem dúvidas, consistente, impecável e deveras simpático, quando deve ser. Sua voz, trejeitos, olhar, andar trazem aos nosso olhos outro homem e nele pouco reconhecemos o galã de "Drácula de Branstoker" ou o lunático de "Leon", dois dos meus personagens prediletos que Oldman fez no cinema. O casting de Jina Jay foi certeiro e criativo já que poderia ter escolhido um ator muito mais encorpado (em 2017, Brian Cox também interpretou Churchill e não necessitou de tantas alterações na maquiagem), porém foi além e buscou não só surpreender como trazer alguém que daria conta do trabalho de um jeito marcante. 

Joe Wright é conhecido por filmes com a temática de época ou biográfcos e mais uma vez entrega uma condução singular. Não há um minuto que você feche os olhos e durma e a dinamicidade dele propõe que o filme não fique chato ou lento demais. Aqui as duas horas de duração vão deixar a todos muito atentos. 

A fotografia escura casa bem com os acontecimentos da época e ainda cai bem a ambientação do parlamento e toda a sua histeria. A trilha de Dario Marianelli (escute aqui) é outra que faz bons contrastes dentro do filme. 


Ficha técnica: Darkest Hour, 2017Direção: Joe Wright. Roteiro: Anthony McCarten. Elenco: Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Ben Mendelsohn, Lilly James, Stephen Dillane e Samuel West. Gênero: Biografia, histórico, drama. Trilha Sonora: Dario Marianelli. Figurino: Jacqueline Durran. Cabelo e Maquiagem: David Malinowski, Ivana Primorac, Lucy Sibbick e Kazuhiro Tsuji. Edição: Valerio Bonelli. Fotografia: Bruno Delbonnel. Distribuidor: Universal Pictures do Brasil. Nacionalidade: Reino Unido. Duração: 02h06min.

Avaliação: Quatro parlamentares  e  trinta quatro votos a favor (4,34/5).
Não recomendado para menores de 12 anos

11 de janeiro nos Cinemas!

See Ya!


B.

Escrito por Bárbara Kruczyński

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