Casa Gucci | Hoje nos Cinemas

 

O universo da moda por si só já é bem pesado e tóxico e ter a oportunidade de conhecer um pouco da vida das famílias que construíram marcas e grandes empresas do mundo fashion é algo que pode ser ainda mais surreal. Os Versace, italianos como Os Gucci, passaram por um baque quando seu designer e fundador Gianni foi morto, em 1997, por um serial Killer, na entrada de sua mansão. A empresa foi inaugurada ao fim dos anos 80, diferente da concorrente que vigora desde os anos 20 e foi criada por Guccio Gucci. 

Ao fim dos anos 30, os filhos de Guccio, Aldo, Roldolfo, Ugo e Vasco, começaram a trabalhar na empresa e ela se tornou ''um negócio de familia''. Rodolfo, o filho do meio de Guccio, chegou a construir uma carreira artística com o nome artístico de 'Maurizio D'ancora' e quando teve um filho o deu o nome de Maurizio. O menino que anos depois da morte do pai viria a se tornar presidente do grupo Gucci - tendo que batalhar na justiça contra o tio Aldo antes. O homem, anteriormente a tomar posse de sua herança, se casou, mediante grande onda contrária dentro da família, com Patrizia Reggiani Martinelli. A mulher responsável por sua morte. Patrizia não suportou o fim do casamento e o ex-marido ter iniciado um novo caso amoroso e tramou junto a sua conselheira, Pina Auriemma, um modo de se vingar. Maurizio foi morto em 27 de março de 1995, aos 46 anos. Na entrada da empresa. E é essa história, ou ao menos parte dela, que Casa Gucci, novo lançamento da Universal Pictures, tenta recontar na telona. 

Com direção de Ridley Scott e roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna, com texto adaptado a partir da obra de Sarah Gay Forden (veja aqui), a produção tem Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino, Jared Leto, Salma Hayek e Jack Huston no elenco. 

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: House of Gucci, 2021. Direção: Ridley Scott. Roteiro: Becky Johnston e Roerto Bentivegna - baseado no livro de Sarah Gay Forden. Elenco: Al Pacino, Lady Gaga, Adam Driver, Jack Houston, Jared Leto, Jeremy Irons, Salma Hayek, Florence Andrews, Reeve Carney, Alexia Murray, Vincent Riotta. Gênero: Drama, biografia. Nacionalidade: Canadá, EUA. Trilha Sonora Original: Harry Gregson-Williams. Fotografia: Dariusz Wolski. Edição: Claire Thompson. Design de Produção: Arthur Max. Direção de Arte: Cristia Onori. Figurino: Janty Yates. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h37min.

O longa, em sua cena inicial, nos exibe Maurizio (Adam Driver) andando de bicicleta ao chegar no trabalho. Um homem alto, viril, bem vestido. Em minutos, ele é chamado e olha para o lado. Dali somos transportados ao passado dele e entramos nos dias em que estudava para se tornar advogado e conheceu a bela Patrizia Reggiani (Lady Gaga). Os dois, ao que se parece, se conheceram em uma festa e ela passa a se interessar por ele ao ouvir seu sobrenome. Depois deste dia, investe em Maurizio seguindo e tentando fazer com que ele fique cada vez mais próximo dela. Não é atoa, acabam se casando - mesmo que o pai dele, Rodolfo (Jeremy Irons), não queira. Maurizio até chega a se distanciar da familia para ficar com Patrizia, mas as reviravoltas da vida o trazem para perto do Tio Aldo (Al Pacino) e do primo Paolo (Jared Leto). Enquanto isso, o assistente do pai, Domenico (Jack Huston), tenta fazê-lo entender como tudo funciona na empresa do clã luxuoso, isto porquê Rodolfo acaba caindo doente e falecendo. A esta altura, Maurizio já tem filhos com Patrizia e os dois entram nos negócios de vez, mas não necessariamente são experts em nada. Por outro lado, Paolo vive sendo humilhado por seu pai. Aldo acredita que o filho não tem talento algum como designer e nega a ele tal posição dentro da grife.

A nova função de Maurizio, mais próximo do tio e dentro da Gucci, acaba deixando Paolo irritado, mas Patrizia consegue fazer com que o designer entre para o time deles. Todavia, em pouco tempo Aldo é sabotado e Maurizio chega a presidência da empresa. Viagens, roupas e carros caros dão ao herdeiro um status único e com as novas vivências seu casamento esfria. Logo, ele também acha um novo amor e se este lado começa a dar certo, uma crise econômica, devido aos gastos pessoais, assola a empresa e Domenico entende que é hora de reajustar a Gucci e não deixar a marca morrer. Por fora da situação, tem se uma ex-mulher com ego ferido e cheia de raiva articulando com sua conselheira (Salma Hayek), como reverter toda a situação e se vingar de Maurizio.




O filme tem quase três horas de duração e, apesar de não ser tedioso, entrega uma leva de cenas altamente desnecessárias para a construção da história. Ao passo que alguns personagens são  retratados de forma caricata e sem vida, como o Paolo de Jared Leto e até o protagonista de Adam Driver, Lady Gaga consegue agradar com sua ''viúva negra'' italiana. Não é exatamente uma atuação dos deuses, mas ela ganha bons diálogos. Ademais, tem ótimos adereços para se  transformar (inúmeras perucas e figurinos acertadissimos), além de trabalhar na imitação do sotaque italiano ao falar inglês. Al Pacino e Jack Huston tem destaque quando aparecem e Salma Hayek não nos dá nada que já não vimos antes. 

O roteiro em si trabalha por mais de uma hora toda a questão do casamento de Maurizio e, na sequência, seu divórcio e jeito ricaço de ser. Como espectadores, sabemos da tramóia da vingança, mais ao terceiro ato, porém, é rápida a transição para os informes finais e não é exibido nenhum tipo de investigação criminal sobre o ocorrido da morte. Apenas joga-se na tela os dados do julgamento e seu resultado: 29 anos de cadeia para a acusada de assassinato. Além disso, como está a empresa atualmente e quem são seus donos - não mais os Gucci.

Se as atuações são desequilibradas e exageradas, temos explicações para certas situações e para outras não. Como toda biografia, nem tudo em tela é verídico e há erros factuais, como a data que o casal se conhece ou a quantidade de filhos que tiveram. Aliás, as filhas deles não tem força alguma na trama.  Os conflitos principais ficam a mercê do casamento e a personagem vilanesca não necessariamente é tão forte quanto deveria. Não há levante de bandeira em nome dela, ao menos isso. 


Com uma fotografia impecável, um figurino que se destaca e marca as épocas pelos cabelos e estilos dos ternos, Casa Gucci até seria bem visto, mas faltou uma melhor construção da estrutura da trama e, sem sombra de dúvidas, uma edição mais enxuta. A trilha sonora entrega músicas de David Bowie, Blondie, Nancy Sinatra e outros e consegue fisgar o fã de musica dos anos 80, neste ponto.

A direção de Ridley não parece a mesma que seu mais recente filme, O Último Duelo, ou qualquer outro que ele já fez antes, e o resultado aqui é caótico e problemático. 

Avaliação: Dois paletós amassados e meio conhaque amargo (2,5/5).

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński

    Comentários Blogger
    Comentários Facebook

0 comments:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)