Gemini: O Planeta Sombrio | Assista nos Cinemas

               

                  “A Esfera é a nossa salvação – e tu és a minha!”

Apesar dos nomes russos nos créditos de “Gemini: O Planeta Sombrio” (2022, de Serik Beyseu), quase nada neste filme aponta a sua origem nacional. Tudo é feito nos moldes genéricos hollywoodianos, com um ponto de partida que tem muito em comum com “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979, de Ridley Scott). Entretanto, o enredo segue um caminho distinto, do meio para o final: a perseguição do ser alienígena surge como pretexto para um mote que se pretende complexo, enquanto exortação filantrópica em âmbito planetário… 

A abertura é promissora: sabemos que um vírus contaminou contaminou o globo terrestre, e reduziu a índices mínimos as condições atmosféricas, de modo que os cidadãos estão prestes a sufocar, por causa da escassez de oxigênio. Um grupo de cientistas, entretanto, a partir da descoberta arqueológica de objetos extraterrestres antiqüíssimos, desenvolve um projeto que, em âmbito espacial, busca encontrar um planeta com condições similares à Terra e, lá, edificar a Terra 2.0. Algo acontece durante a viagem interplanetária, e os membros da equipe começam a morrer… 

Se, inicialmente, a falta de empatia em relação aos personagens faz com que não nos importemos de maneira relevante com os seus desaparecimentos, pouco a pouco vamos compreendendo as suas motivações emocionais, visto que alguns deles possuem angústias relacionadas a perdas familiares: David (Dmitriy Frid), por exemplo, não consegue aceitar o falecimento de sua filha de oito anos de idade, enquanto Steve (Egor Koreshkov) lamenta ter brigado com sua esposa Amy (Alyona Konstantinova), antes de viajar. Em determinado momento, eles estarão em lados opostos, numa disputa da qual depende o futuro da humanidade!

Créditos: Divulgação
O filme tem produção da KD Studios e chegou aos cinemas russos em janeiro do ano passado

Em mais de uma situação, percebe-se que os artefatos arqueológicos que validam a pesquisa que intitula o filme possuem capacidades de teletransporte, abrindo portais que encaminham os astronautas de uma realidade a outra. Nestas situações, os conceitos de Espaço e Tempo terão a sua interdependência realçada, não obstante o enfoque ser direcionado para os cacoetes de terror, o que faz com que notemos um desperdício de aproveitamento das idéias estruturais do roteiro, escrito por Natalya Lebedeva e Dmitriy Zhigalov, que não trabalharam juntos em oportunidades anteriores. Isso talvez explique o aspecto desengonçado da trama.

Outro elemento disfuncional deste filme está na cadência forçosamente melodramática que toma o enredo de assalto, em seu terço final, os ‘flashbacks’ que explicam como a relação entre Steve e Amy foi abalada pelas ambições heróicas dele, ostensivamente egocêntricas, desembocam em clichês familiares, que circundam o fato de ela estar grávida. É quando um diálogo sobre o conceito físico que explica a ligação de partículas conectadas, mesmo que estejam separadas por anos-luz de distância, ressurgirá, a fim de validar o clímax salvacionista. O que não deixa de ser previsível, infelizmente. 

Trailer

Fica Técnica
Título original e ano: Zvyozdniy razum, 2022. Direção: Serik Beyseu. Roteiro: Natalya Lebedeva e Dmitriy Zhigalov. Elenco:  Egor Koreshkov, Alyona Konstantina, Samoukov Kostya, Dmitriy Frid, Nikita Dyuvbanov, Marinez Lisa, Viktor Poapeshkin, Petr Romanov, Aeric Azana, Luis Bermudez. Gênero: Scifi, Aventura e Suspense. Nacionadalide: Russia e Chipre. Trilha Sonora Original: Konstantin Poznekov. Fotografia: Kirill Zotkin. Edição: Serik Beyseu. Design de Produção: Yuliya Charandaeva. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h38min. 
Ainda que seja um filme que desenvolva de maneira rasteira os propósitos que anuncia, ''Gemini: O Planeta Sombrio” beneficia-se de uma curta duração (menos de uma hora e quarenta minutos), proporcionando ao espectador uma diversão desinteressada, caso não sejam depositadas muitas expectativas sobre ele. É como se o roteiro fizesse uma colagem de temas que já foram amplamente desenvolvidos noutras obras, de maneira desajambrada. E os efeitos visuais são contidos, em razão de a maior parte da ação ocorrer em espaços fechados. 

Tal qual ocorre com qualquer produção de ficção científica, é um filme que nos deixa minimamente reflexivos e faz com que pensemos na maneira como nós próprios lidamos com o planeta e com as pessoas que nos circundam. Em sua conclusão, ele demonstra que o modo como tratamos os nossos parentes tem a ver com a lógica ecológica ampliada, visto que a mais imediatista de nossas decisões possui conseqüências globais. Tudo o que fazemos é político, não custa enfatizar. Porém, a ausência de componentes que identifiquem a procedência russa surge como apanágio contrário ao que o enredo apregoa: o altruísmo dissolve-se na estandardização produtiva, de modo que talvez esqueçamos o que foi visto em tempo inferior à sua duração. O consolo: poderia ser pior! 

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Wesley Pereira de Castro

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1 comments:

Anônimo disse...

É um filme horrível...sem nexo e só perdi meu tempo vendo esse filme...

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