Colette


Sidonie Gabrielle Colette é um nome que talvez muitos não conheçam ainda, mas passem a conhecer após assistirem o novo filme estrelado pela maravilhosa Keira Knightley. A película traz a tona a vida da escritora francesa responsável por diversas obras famosas. Entre elas, Gigi, Chéri, La Vagabonde, e os seus primeiros escritos da série 'Claudine'.

Nascida no ano de 1873, Colette era filha de um veterano de guerra chamado Joseph Colette e de Adèle Eugénie Sidonie. A moça se casou aos vinte anos com o amigo da família Henry Gauthier-Villars, ou ainda Willy, e foi morar com ele em Paris. Este era também escritor e editor e inseriu a esposa no mundo intelectual francês bem como incentivou que ela tivesse casos com outras mulheres já que Willy era um grande amante fora do casamento. 

Na trama dirigida pelo inglês Wash Westmoreland (Para Sempre Alice), Colette é vivida pela atriz Keira e Willy pelo ator Dominc West e a dupla consegue com maestria nos revelar um casamento que instigou muito as veias artísticas de Colette, mas também que a queria submissa e na coleira. Afinal, quando a jovem iniciou seu processo de escrita foi o marido que ganhou fama por assinar os livros como seus. Ainda no elenco: Fiona Shaw, Denise Gough, Eleanor Tomlinson, Aiysha Hart, Robert Pugh e Sloan Thompson.

Trailer

Nas cenas iniciais do filme conhecemos uma jovem belíssima e de tranças longas (Knightley) morando no interior com os pais. Vez ou outra, um homem vem visitá-los e na surdina se encontra com ela no celeiro, após uma pequena reunião com a moça e sua família, claro. O casal se casa e muda para a fervorosa Páris e ali a moça descobre quem realmente o homem é. Willy (West), seu agora esposo, é um escritor e editor famoso muito popular entre artistas, filósofos e etc e não demora muito a incentivar a mulher a se tornar uma de suas 'escritores fantasmas'. Aceito o desafio, Colette acaba ajudando o esposo a ficar mais famoso, pois o que cria vira sucesso e logo começa a dar dinheiro ao casal. Contudo, as desavenças por causa das amantes de Willy ou pelos direitos das obras começam a perturbar Colette e ela confronta o marido. Ainda mais quando este começa a tratá-la como uma fonte de renda e minimizá-la como mulher. 

O Casal Willy (West) e Colette (Knightley)
Com roteiro de Richard Glatzer, Rebbeca Lenkiewicz e Wash Westmoreland, o filme retrata a formação e a caminhada de uma mulher incrível. Simples, inteligente e com muita ânsia de viver, Colette foi experimentando sua nova vida e colocou pra fora suas aventuras juvenis em Claudine. 

Apaixonada e interessada em agradar o marido, pouco pensou que a obra faria sucesso e que poderia ser sua carta de alforria de uma relação que viria a se tornar abusiva. Inocente, fez quase tudo que Willy a solicitou - até mesmo vivenciar casos sexuais com outras mulheres ou ainda cortar os cabelos como outra mulher- e aqui e ali percebeu em como todas as ações de 'aparente liberdade' que o marido a deixava realizar eram, na verdade, uma forma de cabresto e controle. E descobriu isto exatamente quando quis exigir seu direito de escritora da série literária que agora fazia a cabeça das jovens parisienses.

 Claudine vira referência e até marca de objetos

A película tem ótimo andamento exatamente por se preocupar com a construção pausada do relacionamento e a soltura das cordas e amarras em momentos derradeiros. Também evidencia visualmente detalhes que trazem categoricamente a força de Colette e as fraquezas de Willy. Destaca o poder de cada um dentro da relação - repare na cena em que andam de bicicletas, quem se deixa conduzir e quem conduz.

Diálogos e frases contextuais também deixam o texto riquíssimo e o aprofundamento das relações de Colette com outras personagens femininas se dão de forma delicada e sem exagero algum. Aliás, cenas mais sensuais não se tornam em momento nenhum gratuitas e todas fazem sentido. Quando a escritora decide entrar para o teatro e viver novos ares é óbvio o seu crescimento e sua luta para ganhar os direitos de seus livros fecham a trama muito bem. 

O filme evidencia alguns dos acontecimentos da vida de Colette ao final de seus créditos, mas em suma ele foca o período em que foi casada com Willy. Depois de Willy, como vemos aqui, ela chegou a ter relacionamentos com mulheres, mas terminou seus dias em outro casamento hétero e já dona de seu nariz e de seu trabalho.


 - Por quê? Por quê eu deveria me acalmar? Você machuca e machuca e machuca e acha que dizer '' Eu sou homem, é o que os homens fazem'', apaga tudo o que fez. - Colette (Knightley)

É sempre bom ver Keira na telona do cinema e suas escolhas quase sempre são para papéis de mulheres fortes, mesmo que elas tenham uma aparência mais franzina e delicada. Seu colega de cena, Dominic é outro que aqui e ali aparece em papéis de homens crápulas e sabe como ninguém ser um. Para quem for fã de Harry Potter vai logo reconhecer a atriz que interpreta a mãe da personagem de Keira. A atriz Fiona Shaw foi quem deu a vida a Tia Petúnia na serie do bruxinho. Keira tem tempo em cena também com duas ótimas atrizes, a estonteante Eleanor Tomlinson e Denise Gough. Ambas vivem interesses amorosos de Colette.

A direção de Westmoreland consegue nos aproximar de uma mulher muito real e nos torna defensoras e seguidoras dela por quase todo o filme. É sagaz e eleva exatamente o que precisa da história real para mostrar como, desde os primórdios, o mundo é presenteado com homens abusivos e deletáveis. Temos uma fotografia branda, mas que é consagrada pelo ótimo design de produção, direção de arte e sim, claro, o figurino. A moda aqui é um plus que traz Colette como um exemplo de mulher clássica e deveras moderna.



 FICHA TÉCNICA
Título Original: Colette. Direção: Wash Westmoreland. Roteiro: Richard Glatzer, Rebbeca Lenkiewicz e Wash Westmoreland. Elenco: Keira Knightley, Dominc West,Fiona Shaw, Denise Gough, Ray Panthaki, Eleanor Tomlinson, Aiysha Hart, Robert Pugh e Sloan ThompsonPaís: Eua, Reino Unido. Ano: 2018.Gênero: Biografia, Drama. Fotografia: Giles Nutttgens. Edição: Lucia Zucchetti. Trilha Sonora: Thomas Adès. Figurino: Andrea Flesch. Design de Produção:  Distribuição: Diamond Films. Duração: 01h52 minutos. Classificação: 14 anos
Avaliação: Três gritos de empoderamento (3/5).
13 dezembro nos Cinemas!
See Ya!



B- 

Escrito por Bárbara Kruczyński

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