Máquinas Mortais


O escritor britânico Philip Reeve publicou o primeiro livro da série de quatro livros 'Máquinas Mortais - Crônicas das Cidades Famintas' em 2001. Em 2009, o produtor, roteirista e diretor Peter Jackson, mais conhecido pelas trilogias de O Senhor dos Anéis e O Hobitt (comentários aqui), adquiriu os direitos das obras para adaptá-las nas telonas. Anos se passaram e finalmente o longa chega aos cinemas com a direção do estreante Christian River

Na trama, em um futuro distópico, o mundo vivenciou uma guerra que levou grandes metrópoles a se tornarem um tipo de 'cidades sob rodas' e que vivem em função de consumir outras cidades ao redor do globo em busca de recursos naturais e tecnologia de ponta criada séculos antes. No continente Europeu, Londres se torna uma arma das cidades tração mais fatais e perigosas. Sua administração fica por conta do Lorde Magnus Crome (Patrick Melahide) e do seu braço direito, o arqueólogo Thaddeus Valentine (Hugo Weaving). Valentine é um homem querido no lugar e cria sua filha Katherine (Leila George) sozinho, mas esconde um passado obscuro que envolve a arqueologista Pandora Shaw (Caren Pistorius) e sua pequena filha Hester (Hera Hilmar). Um belo dia o jovem Tom Natsworthy (Robert Sheehan), um dos moradores de Londres e filhos de historiadores, descobre parte do segredo de Valentine ao se deparar com Hester. Furioso, o arqueologista expulsa ambos de Londres e começa a colocar em prática seu plano de derrubar os muros de ferro da Liga Antitracionista.

Trailer



Durante os anos que se passaram as ditas 'distopias' rederam um bom caldo no cinema, ainda mais as que colocavam adolescentes como o centro da trama - a trilogia Jogo Vorazes serve como exemplo, caso necessitem de um. 'Máquinas Mortais' que também traz jovens como protagonistas talvez não consiga ter a mesma força. E isto se deve ao fator de que o conteúdo literário é sim mal aproveitado aqui - além de sofrer inúmeras alterações. 

Afinal, a equipe técnica do filme, principalmente, a de direção de arte, figurino e efeitos visuais entregam um primor sem igual e conseguem juntos imprimir nas cenas um mundo pós apocalíptico muito parecido com o que vemos em filmes como o mais recente da franquia Mad Max (ler comentários aqui). Contudo, com o decorrer da película o espectador pode chegar a se esquecer desta referência e lembrar de uma tenebrosa como 'Acquária', longa protagonizado pela dupla Sandy & Júnior, em 2003. Tudo porque uma leva de clichês começam a surfar por todo o filme. Não há apego algum aos personagens e eles somem e aparecem sem muita função durante o longa. Também não temos uma boa construção deles e a profundidade que a história tenta trazer se transforma em uma confusão gigantesca. Além disso, forma-se um romance insosso lá pelo segundo ato e o vilão traz uma fórmula batida de 'conquista pelo poder' que é tão cansativa quanto as explicações e deixas desnecessárias.

Londres é uma 'Máquina Mortal' que lembra bastante a casa ambulante do Mago Howl em 'Castelo Animado'
O elenco, formado por carinhas novas e também atores já consagrados como  Hugo Weaving, não ultrapassa a canseira dos diálogos pré moldados e frases de efeito que doem até a alma do mais lego cinéfilo. Robert Sheehan que esteve também em outro filme de distopia teen fracassado (Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos) repete inúmeras escolhas daquele e tem um personagem altamente similar aqui. 

A direção de River tenta se desvencilhar da culpa de não visualizar bem a jornada que Philipe Reevee criou, mas, aparentemente seu trabalho aparece nulo e não protege a força que os personagens possuem na obra original. As cenas de ação do longa são beneficiadas pelo ótimo investimento, porém a falta de consistência do material como um todo retira esse ponto dele.

Junkie XL que, aliás, é compositor da trilha sonora de Max Max: A Estrada Para Fúria também é responsável por esta (ouça aqui). 
 




Ficha Técnica
Título Original: Mortal Engines, 2018. Direção: Christian River. Roteiro: Fran Walsh,  Philippa Boyens e Peter Jackson - adaptação do livro homônimo de Philip Reeve. Elenco: Hugh Weaving, Hera Hilmar, Patrick Malahide, Robert Sheeran, Leila George, Stephen Lang, Ronan Raftery, Kee Chan, Jihae, Caren Pistorius. Nacionalidade: Eua, Nova Zelândia. Gênero: Fantasia, Ação, Aventura. Trilha Sonora: Junkie XL. Fotografia: Simon Raby. Supervisor de Direção de Arte: Simon Bright. FigurinoBob Buck e Kate Hawley. Edição: Jonathan Woodford-Robinson  Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h08min.

AvaliaçãoUm livro mal adaptado (1/5 ).

10 de janeiro nos cinemas

See Ya!



B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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