Obsessão


Chloe Grace Moretz, que aqui vive a protagonista Frances, é um talento um tanto mal explorado em sua curta carreira cheia de bombas. Isabelle Huppert, aclamada por papéis como o que desempenha em Elle (2016), interpreta a vilã Greta a base de carões. Duas grandes atrizes subaproveitadas - é a melhor maneira de descrever Obsessão.

Greta é uma viúva solitária que busca desesperadamente a companhia de jovens moças para preencher o vazio deixado pela ausência de sua filha. Frances, por outro lado, é uma órfã de mãe bastante inocente e recém chegada à Manhattan. “Essa cidade vai te comer viva”, alerta a amiga Erika (Maika Monroe), com quem ela divide um apartamento.

Esse relacionamento tão freudiano entre a senhora e a moça é explorado de forma muito rápida em cenas em que elas caminham pela cidade, cozinham juntas e compartilham as dores de seus passados. A amizade improvável delas, claramente, merecia tempo de tela, assim como um desenvolvimento mais sutil.

No entanto, Frances logo descobre que o encontro das duas não foi um acaso como ela costumava acreditar, mas algo bem premeditado. A jovem corta relações com Greta e tem início o longuíssimo segundo ato do filme. Nele, vemos a vilã tomada por uma obsessão pela jovem, perseguindo-a na rua, com mensagens de texto e em seu trabalho.


A construção de suspense nessa parte da história é até bastante boa. O problema é que ela se arrasta demais nessa ameaça e o que podia ser realmente interessante na trama - a relação prévia das duas ou o terror que dá lugar quando Greta finalmente revela suas reais intenções - fica sem desenvolvimento.

Aliás, o gênero que o terceiro ato traz não apresenta nada de novo e deixa a personagem de Isabelle Huppert ainda mais boba. Seus motivos ocultos e suas práticas macabras seriam muito mais potentes se o filme não criasse um precedente tão recente e uma atitude cíclica. A vilã poderia ser uma personagem profunda cuja obsessão é desenvolvida em tela e entendida pelo espectador. No lugar disso, temos uma criminosa rasa que tem até o clássico momento de explicar o plano maligno para a mocinha.

No aspecto técnico, a direção de arte é eficiente e desenvolve mais as personagens que o próprio roteiro. A trilha sonora (escute aqui) tem temas interessantes, mas é utilizada de maneira abrupta e forçada. Obsessão não é um fracasso completo. Dá até pra engolir algumas coisas, deixar passar outras e se divertir e se deixar levar pelo suspense. A questão é que as atrizes, a temática e a direção na mão do veterano Neil Jordan prometiam mais.


Trailer


Ficha Técnica

Título original: Greta (2018) Gênero: Suspense.Direção: Neil Jordan. Roteiro: Ray Wright e Neil Jordan.Elenco: Chloë Grace Moretz, Isabelle Huppert, Maika Monroe e Stephen Rea. Fotografia: Seamus McGarvey. Edição: Nick Emerson. Trilha sonora: Javier Navarrete. País: EUA – Irlanda. Distribuição: Galeria Distribuidora. Duração: 97 minutos.
13 de Junho nos cinemas.

Escrito por Luana Rosa

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